Índice de Capítulo

    — Bom dia. E aí, garoto.

    — Ahn…

    Dante não soube como responder, de repente, havia uma linda mulher com um tapa-olho na sua frente, era essa a situação que ele estava. Ponderando ela, o garoto viu as roupas dela e associou que poderia ser uma enfermeira do local.

    — Você é uma enfermeira, né?

    — Acho que é meio óbvio. Inclusive, sou a mais sexy daqui.

    — Ah, certo? Bem, bom dia.

    A mulher colocou o cigarro em seus dedos novamente na sua boca. Inspirando, ela o removeu novamente, e expeliu a fumaça na cara do garoto. Dante tossindo, perguntou:

    — Por que está fumando em um hospital…?!

    Uma pergunta considerada bastante sensata, não era nada bom fumar dentro de um hospital e perto de um paciente, ainda mais se estivesse com um sério problema de saúde.

    — Minha sala, minhas regras.

    — Sua sala?

    — Exato. Mandaram você para a minha sala de trabalho. Além de enfermeira, sou médica e cirurgiã, sou basicamente um conjunto de cargos de um hospital… — falou dando mais uma fungada no cigarro, e expelindo sua fumaça, desta vez, para sua direita, longe de Dante.

    Pela descrição dela, parecia que esse hospital funcionava de um jeito bastante peculiar. Os pacientes eram mandados para os seus respectivos médicos em suas salas, e o dono da sala tinha total liberdade para fazer o que quisesse, até mesmo fumar. Provavelmente isso não caberia a atos criminosos.

    — A propósito, quer dar uma fungada também? — ela disse enquanto aproximava o cigarro nos lábios do garoto.

    — Quê?! Não, não, não, eu não quero, obrigado — disse usando os braços para fazer um xis, basicamente um sinal que significava “não”.

    — Poxa, é chato não ter ninguém pra fumar comigo…

    — Faz mal pros rins… Pera, tem mais gente que fuma perto dos seus pacientes?

    — Nem. — Ela enfim jogou o cigarro pela janela aberta, e pegou uma planilha que estava em cima da escrivaninha e afastada da vela. Pelo escuro de anteriormente, o garoto não havia percebido nada em cima da escrivaninha, além da vela.

    — Que é isso?

    — Ahn…? Documentos. — Lendo a planilha, ela disse: — Dante Katanabe, dezesseis anos e estrangeiro. Hm, você teve algumas costelas quebradas e perdeu muito sangue. Você participou da luta contra a pelugem imortal, pelo visto.

    — Pelugem imortal?

    — Esse é o nome que estão dando para aquele bicho que fez uma algazarra há três dias.

    — Pelugem imortal… Pera, três dias? Eu estive dormindo por três dias?

    Ela se levantou da cadeira. Pegando um outro cigarro no bolso de sua roupa. Após isso, colocou-o em sua boca e as mãos em sua cintura.

    — Olha, cê tem que me agradecer muito por não ser uma funcionária linguaruda.

    — O que quer dizer?

    — Vários médicos aqui às vezes caçoam de seus pacientes, falando de coisas vergonhosas que disseram ou aconteceu com eles, e tals. Enfim, o negócio é que, como você dormiu por três dias direto, acabou se mijando mais de uma vez.

    — Agradeço a compreensão…

    Após isso, a mulher foi em direção a porta de saída daquele quarto, e disse:

    — Deve estar com fome. Irei pegar sua comida.

    — Ah, okay.

    Enquanto ela foi buscar comida para Dante, o garoto observou atentamente o quarto que estava. Não era um local muito grande, mas também não era pequeno. Havia uma outra escrivaninha no lugar, mais afastada da cama. Sobre ela tinha: a roupa dele, o celular e uma pequena escultura de madeira.

    A estatueta em questão mostrava a imagem de um homem forte com um rosto rabugento e com uma grande marca vermelha que ia da cabeça ao abdome. Esse rapaz era barbudo, uma careca reluzente e parecia ter sérios problemas de raiva, e também tinha um machado nas suas costas. Sua imagem poderia ser ligada à um Deus da Guerra.

    De repente, a porta se abriu, aquela mulher havia voltado com um prato de comida. Indo em direção do garoto, ela se sentou novamente na cadeira, e perguntou:

    — Consegue comer sozinho?

    — Ah, eu consi… consigo não. — Ele parou para pensar melhor no que ia dizer.

    — Tudo bem então. Diga; “ah” — disse ela botando a língua para fora, pegando um pouco de comida com a colher e levando à boca de Dante.

    O garoto comeu a comida com vontade. Ele estava sendo mimado por uma enfermeira auto-proclamada a mais sexy daquele hospital.

    — Delícia.

    — Não fale de boca cheia — falou enquanto pegava mais comida com a colher e o dava.

    Depois de acabar com o prato, Dante deitou-se novamente para relaxar, foi quando seu descanso após comer foi interrompido pela mulher. Ela estava com o seu celular em mãos, e isso deu um mau pressentimento.

    — Fala aí, garoto, o que é isso?

    Dante pegou o aparelho de suas mãos, e respondeu:

    — É um mecanismo mágico da terra de onde eu vim.

    — Isso é mágico?

    — Sim, sim, olha só.

    Um flash de luz piscante atingiu os olhos da mulher. Esfregando seus olhos freneticamente, ela logo reclamou:

    — Ei, que isso? Tá querendo me matar?

    O garoto apontou a tela do celular para a garota, e o que ela viu a deixou espantada: sua imagem estava gravada naquele dispositivo “mágico”. Obviamente, isso não se passava nada além de uma foto, porém, para pessoas que viviam na idade média.

    — I-Incrível esse item da sua terra natal! — Ela se aproximou de Dante com um grande interesse no eletrônico — Ele faz mas o quê?

    — Bom, podemos assistir… Como explico…? Dá para ler histórias que as pessoas postam na interne… em um grande grupo! Isso, um grande grupo! — O garoto viu que era mais difícil explicar sobre algo do tipo, mais do que pensava. Como explicar sobre uma tecnologia tão avançada na sua terra para uma pessoa que com certeza não vai compreender palavras como: “rede social” ou “internet”. Pensando nisso, ele já estava querendo desistir de explicar qualquer coisa sobre o seu celular — Têm histórias chamadas; “novels“, eu lia constantemente.

    — Interessante. E como funcionaria o método de leitura?

    — Bem… não adianta explicar de qualquer forma, não dá pra acessar a internet em um local que ao menos tem sinal de telefone. Por falar nisso, lembro de um vizinho ter me recomendado uma boa novel para poder ler. Qual era o nome dele mesmo? Kitsune…? Kitsuia…? De qualquer forma, não importa.

    — Mais alguma função?

    — Várias, na verdade.

    — Quais?

    “Talvez não seja muito inteligente ficar mostrando o celular por aí, melhor parar.” O garoto pensou, rapidamente colocando seu celular sobre a escrivaninha e desistindo dessa conversa complicada.

    — Acho que estamos nos distraindo muito aqui, enfermeira-médica-fumante.

    — Espera, tem algo que queria saber?

    — “Quando poderei ir embora”, essa é minha pergunta.

    A mulher pegou o cigarro que já estava na sua boca e o jogou fora, pela janela e, depois, expeliu a fumaça. Colocando a mão na sua roupa, ela pegou outro e começou a fumar novamente.

    — Daqui alguns dias, imagino eu.

    — Entendi… Vem cá, tu goste de fumar, né? É vício?

    — Não, não sou uma viciada — falou enquanto tirava o cigarro da sua boca e expelia sua fumaça novamente no rosto de Dante, fazendo o garoto tossi.

    — E por que você está de tapa-olho?

    — Ahn…? — Esboçou dúvida, enquanto mexia na venda tampando seu olho — Ah, é porque aconteceu uma coisinha comigo, aí uso esse tapa-olho… Tô com preguiça de explicar, depois explico.

    — Certo. E, seu nome? Qual é? Não sei como devo te chamar.

    — Meu nome é Anny — disse indo em direção à saída — Por falar nisso, você tem visita — falou abrindo a porta.

    — Desculpe o incomodo. — Um homem alto junto de um senhor de idade entraram no quarto.

    — Chap? Que cê tá fazendo aqui? — Dante ficou surpreso com a presença de seu ex-chefe no local. O garoto também prestou atenção no senhor de idade, ele parecia familiar — E você… é o chefe do vilarejo, né? — Aquele senhor foi responsável por comprar as terras do nobre e criar uma pequena vila. Provavelmente, o rapaz conheceu o velho em uma das suas visitas ao local.

    — Se me derem licença — disse Anny.

    Após ela sair do quarto e fechar a porta, Chap limpou sua garganta e começou o assunto:

    — Para começar, você está bem, Dante?

    — Ahn, tô sim.

    — Tudo bem. Simplificando, foi você quem derrotou aquela criatura ateando fogo, né? Nós queríamos agradecer pelo que fez.

    O garoto lembrou que Angel havia comentado que tinha matado o demônio, então isso significava que a garota não pegou os créditos pelo finalizamento da besta demoníaca. Dante não se sentiria bem pensando que matou uma criatura, mesmo que fosse um ser maligno, ele era bem pacifista. De qualquer forma, por ter participado e ajudado na derrota de Gharamb, não seria surpresa que fosse reconhecido por tal feito.

    — Agradecer? Até o chefe do vilarejo?

    Ouvindo o que o garoto disse, o senhor respondeu:

    — Claro. Muito de meus amigos poderiam ter morrido se não fosse você, dar-lhe o que pedir como forma de recompensa é o mínimo.

    — Pera, cês vão me dar o que eu pedi?

    — Sim. — Chap e o senhor confirmaram.

    Dante vendo uma situação que poderia sair possível com milhões em dinheiro, ponderou no que queria ter de recompensa. Até que ele decidiu-se.

    — Chap, já sei o que quero — disse apontando para o homem à sua frente — Eu quero trabalhar como seu empregado novamente, desta vez, definitivamente, nada de trabalhar por três meses.

    — Oh! — Essa resposta surpreendeu Chap, era como se fosse isso que ele queria, porém, não esperava conseguir tão cedo — Tudo bem, tudo bem, a partir de hoje, Dante Katanabe será meu funcionário novamente, trabalhando como mordomo na Mansão Elliot.

    Dante fechou sua mão e comemorou mentalmente. Virando-se para o senhor de idade, o garoto disse:

    — Senhor Neril, posso decidir minha recompensa mais tarde?

    — Claro, sem problemas. Venho amanhã para receber sua resposta — ele disse.

    Chap aproximou-se de Dante, e lhe estendeu a mão. O garoto fez o mesmo, e os dois deram um aperto de mão.

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