Arco 3: Capítulo 85 – Uma Ajuda Inesperada
— Filha… do Rei Demônio? — Dante congelou. Estava apreensivo. Por que a filha do Rei Demônio estava ali para ajudar? Por que ela queria se vingar do pai? Foram questionamentos que passaram dentro de sua mente, mas decidiu que aquele não seria o melhor momento para conversar mais a fundo sobre isso, o garoto precisava sair dali, e se a única pessoa que poderia ajudá-lo fosse a filha de um psicopata, que assim fosse.
— Eu sei o que está passando pela sua mente. É previsível, independente se você é uma pessoa imprevisível ou não. Mas aí, não tenha medo de mim, ok? Sou apenas uma garota inofensiva. Ou melhor, a porcaria de um animal que anda sobre quatro patas, chamado de raposa.
— …Acredito… até porque, se você quisesse me ver morto, já teria feito isso há muito tempo, né? — Julgou isso pela quantidade de tempo que passaram juntos, e ela não tentou, em nenhuma vez, o matar, mesmo estando super vulnerável. E, felizmente, seu julgamento estava certo. Se Dante ainda tivesse seus olhos, certamente poderia a ver acenando com a cabeça.
— Sim. — Ao perceber o erro que cometeu, o corrigiu rapidamente. Esse erro foi instintivo.
— Então você vai agir como meu animal guia, ou coisa parecida, não é mesmo?
— Me respeite! Posso estar em um corpo de animal, mas eu não sou um! — O tom de raiva em sua fala fez Dante perceber que ela não gostava de ser chamada assim. Provavelmente nem era porque isso poderia ser levado como insulto, dependendo do contexto, e sim por causa da posição dela. Não tinha certeza, mas talvez aquilo fosse um assunto pessoal. Enquanto não sabia ao certo, decidiu evitar isso. — E respondendo sua pergunta, sim. Eu serei sua guia. Isso vai ser difícil, mas não tenho muito o que fazer além de…
— Então, talvez eu possa ajudar. — Uma feminina voz desconhecida pairou por aquela sala.
Yuri se virou para a direção daquela voz, ficando surpresa com o que acabara de ver: uma mulher loira com a metade do corpo para dentro daquela sala.
— Quem está aí? — falou Dante, preocupado.
— Não se preocupe, não vim para fazer nenhum mau. — A mulher saiu da parede, de tal facilidade que deixava claro que não era mais humana. Com seu corpo todo, dava para ver suas vestimentas. Ela usava uma jaqueta de couro marrom longa, que ia até os joelhos. Junto de uma calça, botas e luvas sem dedos, feitos de couro, da mesma cor da jaqueta. Além disso, usava uma camisa cinza à mostra, já que sua jaqueta estava aberta. Ela também tinha uma máscara branca com detalhes em vermelho, que estava encaixada ao lado de seu rosto.
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— Você é um fantasma. — falou Yuri, ainda um pouco surpresa.
— Um fantasma?! — Dante não podia acreditar, apesar de não ser algo muito difícil de ser real, considerando tudo o que viu até agora.
— Quem é você e o que faz aqui? — Yuri perguntou.
— Meu nome é Margot Simons. E eu posso falar mais sobre mim. Mas antes, vocês tem que ir até o lugar onde eu morri.
— O quê? Não tá achando que tá apressando as coisas? E porque eu iríamos até o local que você morreu? — disse Yuri, achando essa situação conveniente, até demais.
— Eu posso explicar tudo, quando vocês chegarem lá. Pode parecer estranho na primeira impressão, mas eu tenho boas intenções, eu juro.
Yuri não se deu por convencida. Toda essa tentativa daquela mulher de fazê-los aceitar essa ideia, além de muito rápido e conveniente, era completamente estranha. Além do mais, nem Dante estava feliz com isso. Ele apenas passou por maus bocados desde que chegou naquele lugar, e ele apenas encontrou uma pessoa lúcida naquela terra cheia de loucos. Quem iria garantir que aquela mulher não era uma ameaça como os outros, ou até mesmo maior? Considerando que já não era mais humana.
— Por que deveríamos confiar em você? — falou o garoto, recusando-se a colaborar com a garota.
Bem, se não podia os convencer com palavras, bastava fazer ações, e foi isso que ela fez. Estendeu a sua mão em direção ao jovem. Ela brilhou por uns breves segundos, mas não pareceu ter acontecido nada.
Yuri, confusa com aquilo, perguntou:
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— O quê você fez? — Olhou para Dante, reparando que o jovem estava franzindo as sobrancelhas. — O quê ela fez contigo? — questionou.
— Eu não sei… É estranho… eu consigo enxergar, mas a minha visão está completamente preta e branca…
— O quê?
A atenção dos dois foram chamadas ao ouvir as risadas de vangloriação da mulher de longe.
— O que eu fiz com você foi passar uma habilidade minha para você. Com ela, você adquire uma visão única baseada completamente nos seus sentidos. Eu gosto de chamá-la de Visor.
Yuri arregalou os olhos, em descrença com a mulher. Logo, foi se preocupar com o seu companheiro.
— Como que tá, Dante?
—…Eu consigo te ver, mas é como se fosse um borrão branco, e estranho. Além de que consigo ver… uma bola preta em você.
— Mesmo?
Ele ainda continuava sem visão, mas ao mesmo tempo, conseguia ver coisas em volta. Uma imagem era mandada para o seu cérebro, com a ajuda de todos os seus sentidos. O que estava próximo do garoto, era como uma silhueta ou uma linha branca borrada. Se ele se afastasse muito daquilo, ela desaparecia. Não era o melhor exemplo de uma boa visão, mas quebrava um galho.
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— Viu? Vocês ao menos podem confiar em mim agora? Se eu ajudei então significa que eu não tenho más intenções, certo? — Esperava que, com isso, um pouco de confiança fosse estabelecida, mas a resposta que veio a seguir a decepcionou um pouco.
— De boas intenções o inferno tá cheio. Afinal, se você quer mesmo nos ajudar, porque não mata aquela mulher perigosa? Você tem poderes, certo?
Apesar de ter se decepcionado um pouco, gostou da pergunta que a raposa fez.
— Bem, eu não poderia mesmo se eu quisesse. Eu estou morta, e meus poderes não são focados ofensivos. Além de que aquela mulher não pode me ver.
— E por que não? — Yuri perguntou, confusa.
— Você não sabe raposinha? Só pessoas que presenciaram o sobrenatural ou estão acostumados com isso podem ver e ouvir fantasmas. E ninguém aqui, nessa droga lugar, já presenciou isso. Sabe, é solitário. Tô há anos sem conversar com alguém, até que vocês aparecem.
— É por isso que parece tão animada?
— Pode-se dizer que sim. Eu ouvi a conversa de vocês, e quando você disse que era a filha de um demônio, eu imaginei que esse garoto poderia me ouvir, já que sem olhos seria um pouco complicado.
Yuri ainda estava cética sobre isso. Mas decidiu não questionar, não por ora. Eles tinham que sair daquele lugar em primeiro lugar.
— E onde você quer que nos encontremos?
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— No subsolo tem uma parede falsa que aquela mocreia não tem acesso, muito menos sabe da existência. Venham para lá pelas escadas. O elevador, apesar de ainda funcionar, está bambo e a dois palitos de cair.
Porém, Yuri ainda não estava decidida entre ir ou não. Ainda tinha uma pessoa para decidir isso.
— Dante, está de acordo? — perguntou a raposa.
— …Desde que seja um local seguro para eu descansar antes de seguir em frente, eu não me importo. Na verdade, eu quero isso. Eu não aguento mais ficar um segundo nesse inferno de lugar, mas também tô cansado de correr e me machucar. Estou cansado de ficar acordado. Tô com fome. Tô com sede. Quero dormir. — falou isso de forma desesperada, como se fosse mais uma súplica do que estar concordando com uma sugestão.
As duas se entreolharam com essa resposta. A mulher fantasma apenas respondeu:
— Eu não posso te dar comida, mas posso te dar água quando chegarmos lá. E te garanto que você poderá dormir por quantas horas que você quiser, meu jovem, sem precisar sentir medo.
Ouvir isso o fazia sentir-se alegre, porém, receoso, e esperava que fosse verdade.
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