Arco 3: Capítulo 86 – Cobaia 110
No meio da conversa, todos presentes naquela sala puderam ouvir a voz daquela mulher. Ela falava coisa equivalente ao que falou para Dante, quando o capturou: “Você será a minha boneca.”, “Seremos grandes amigas.”, coisas do tipo.
O medo assolou o corpo de Dante por completo, fazendo as suas pernas e mãos tremerem. Antes de raiva, ele ainda possuía um grande medo por aquela mulher.
— Merda! É melhor vocês dois acharem um jeito de sair daqui logo! — alertou Margot.
— Como?! — Dante sussurrou em desespero.
Até que Yuri começa a escalar seu corpo, parando em seu ombro.
— Vamos subir pelo duto de ventilação pelo qual entrei. — sussurrou em seu ouvido.
Dante olha ao redor, avistando um grande quadrado ao alto, acoplado na parede. Esse era seu próximo destino. Sem perder tempo, foi em direção ao duto e tentou subir.
— Droga… eu não alcanço! — Não ter a altura certa tinha certamente as suas desvantagens, no entanto, o desespero do garoto cessou, quando sentiu seu corpo inteiro ser levantado e posto dentro do duto. Não era como se alguém o estivesse levantando, era algo feito de forma não humana. Então, deduziu quem poderia ter feito essa proeza.
— Eu vou ficar de olho nela por enquanto. Qualquer coisa eu venho avisar vocês dois. — falou a fantasma.
Antes que o garoto pudesse agradecer, a porta abriu. Em desespero, saiu se arrastando por aquele duto de ventilação.
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— O quê? Cadê ela? Janet? Janet?! Janet!! —Aos sons de gritos de Allana, ecoaram, junto dela, sons de dor masculino. Pelo que parecia, aquela mulher estava descontando toda a raiva e frustração por ter perdido Dante se vista, na pessoa que acabara de capturar.
O garoto nem gostava de pensar o que ela estava fazendo, e o que poderia fazer mais com aquele homem capturado.
Normalmente, não seria fácil pro garoto abandonar uma pessoa em perigo assim, mas ele não sabia se aquele homem poderia ser tão perigoso pra ele quanto Allana, ou as outras pessoas fora do ambiente dessa maluca. Ele não queria se arriscar. Era uma necessidade, uma sobrevivência. Ele não era forte nem para se defender sozinho, imagina para defender uma outra pessoa? Apesar de já ter ajudado uma pessoa em perigo, naquela vez que salvou Chloe, ele agiu por impulso.
Nesse pensamento de não ter força, ele percebeu: tinha a filha do Rei Demônio ao seu lado, será que ela não conseguiria matar Allana de uma só vez?
— Yuri, você não pode usar seus poderes de demônio para matar ela? Ou qualquer outra coisa?
Yuri, que estava em sua frente pelos dutos, respondeu:
— Quando o Rei Demônio me selou dentro do corpo deste animal, os meus poderes também foram. Em combate, eu sou tão inútil quanto um personagem random de um filme de terror ruim.
Se decepcionou com a resposta. E se nem aquela mulher que acabara de aparecer pudesse ajudar, ele teria que enfrentar Allana sozinho. Isso já o fazia ficar ansioso, mas, de certa forma, a raiva que sentia o fazia seguir em frente.
Uma passagem pelo duto estava aberta, Yuri pulou na frente, restando apenas o jovem cair para baixo. No entanto, antes que fizesse isso, olhou para a raposa com um olhar preocupado. Ela entendeu o que estava passando pela sua cabeça, e o tranquilizou.
— Aqui está seguro. Vamos rápido! Antes que ela apareça!
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Dante engoliu seco, e decidiu fazer. Então, com dificuldade devido ao espaço, virou seu corpo no sentido contrário e desceu aos poucos, tentando ao máximo fazer o mínimo de barulho. Suspendeu seu corpo, com receio, soltou-se para baixo, sendo a primeira vez que fazia isso. Acabou tropeçando na aterrissagem e caindo de bunda no chão, mas nada que pudesse se preocupar.
— C-consegui!
— Por que ficou com tanto receio disso? Você já enfrentou desafios maiores!
— Não enche! Não estou acostumado a fazer essas coisas!
— Bem, então trate de se acostumar. Passaremos por mais dessas situações complicadas.
Entendeu o recado. Se levantou do chão, pronto para seguir em frente.
— Por onde agora?
— …Espera, Dante.
Yuri analisou melhor o lugar em que estava. Os dois caíram dentro de um escritório. Havia um monte de papelada espalhada pelo chão, além de um daqueles antigos computadores brancos, ao lado de uma impressora.
No entanto, o que chamou sua atenção foi um papel impresso, um relatório.
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“Cobaia número 110, Allana.
Relatório 33: Vigésimo quinto dia após o início do tratamento. Depois de muita resistência física e mental, conseguimos mudar a mente de Allana. Foi um processo difícil. Muita terapia de choque fez bem pra ela. Quando o Dr. Michael Francisco deu a ideia de quebramos a sua mente, quebrando primeiro, sua inocência infantil. No início eu achei uma loucura, porque ela tem apenas 15 anos. Mas, aí, depois de tanto tempo, funcionou. Parece mesmo que ela regrediu de idade ao passar do tempo. Eu não vou dizer que essa foi a solução ideal, mas, se deu resultados positivos, quem sou eu para negar a eficiência dela? Por fim, quando terminamos com ela, a mandaremos para a creche. Caso todo o processo dê errado, pode a jogar no poço, para apodrecer, junto com aquelas outras crianças.
— Dr. Steve Ford.”
Yuri, ao terminar de ler esse documento, ficou enojada com a situação. Então, ela não era uma simples psicopata, tinha muito mais coisas envolvidas de fundo de toda aquela história.
— O que foi, Yuri? — Dante perguntou, curioso com o que a raposinha estava olhando.
— Você consegue ler?
Dante pegou o relatório que a garota estava olhando, e para sua surpresa, conseguia ler. Não era a mesma coisa como a sua visão normal, além de que as palavras eram um pouco embaçadas, mas se fizesse um esforço, conseguia.
O jovem leu aquele documento, perplexo com a situação. Lembrou-se do que Nett falou sobre a Boreal Corporation.
“Então é esse tipo de coisa que faziam aqui?”, o garoto largou aquele relatório no chão, o pisoteando.
— Yuri, se todas as pessoas daqui sofreram lavagem cerebral e ficaram loucas por causa dessa empresa, será que é justo culpar essas mesmas pessoas por todos os assassinatos e loucuras que fizeram?
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A raposa pensou um pouco sobre isso. Com uma resposta em mente, disse à ele:
— Se essas pessoas realmente são loucas, então não acho que seja justo culpá-las por essas atrocidades, afinal, elas perderam completamente seu senso comum e sanidade. Mas, eu não acho que todo mundo aqui seja realmente louco, então, fique esperto sobre isso. É a minha opinião.
O relatório deu a entender que Allana sofreu abusos e lavagem cerebral até chegar no estado que está agora. Se tornando alguém cruel, com os pensamentos de que suas ações são coisas inocentes, como se ela fosse realmente uma criança. Dante ainda estava com raiva pelo o que ela fez, mas, entendendo agora o porquê dela ter feito, seus sentimentos sobre toda essa situação estavam o confundindo.
Yuri percebeu toda essa confusão e ansiedade que o garoto estava sentido, e tentou-o tranquilizar.
— Dante, apenas não pense muito sobre isso.
O garoto ficou surpreso com a resposta dela. Mesmo sendo apenas um adolescente que não deveria estar naquela situação, em primeiro lugar, ele não conseguia parar de pensar naquilo.
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