Quando a explosão acabou, Kieran não se apressou em ligar o gerador. Ao invés disso, ele esperou pacientemente para checar se os bandidos continuavam vivos.

    A granada causou uma explosão poderosa em um curto alcance. Não era possível que eles sobrevivessem, mas Kieran queria ter a certeza. Ele ainda não podia se permitir baixar a guarda.

    Ele esperou até que não houvesse mais nenhum som vindo do cômodo, e então andou em direção ao gerador e o ligou.

    O gerador soou como uma máquina antiga. A energia estava de volta no corredor e em todos os quartos, exceto no qual os bandidos estavam.

    A granada tinha destruído suas paredes e com elas todas as luzes.

    Embora Kieran já estivesse familiar com o cheiro de sangue, o seu estômago ainda revirou quando ele se deparou com a cena dentro do quarto.

    Ele teve que se segurar para não vomitar.

    Ele forçou a si mesmo a confirmar se cada um dos bandidos estavam mortos antes de coletar seus bens.

    Infelizmente, os bandidos já tinham explodido em pedaços e todos seus equipamentos foram destruídos no processo.

    Kieran ainda procurou, no entanto. Ele queria ficar acostumado com os sangramentos, por que ele encontraria até mais que isso no futuro. Ele encararia mais mortes dos dias que estavam por vir, e ele precisava ser forte o suficiente para lidar com isso.

    Dois minutos depois, ele saiu do cômodo parecendo pálido.

    Ele respirou fundo, tentando limpar o odor persistente de sangue enchendo seu nariz.

    “Ainda não, huh?” ele riu às suas próprias custas enquanto começava a checar os outros quartos.

    A maioria deles eram mais pontos de descanso para os bandidos, com pouco mais que uma cama e um par de lençois dentro.

    A única exceção era um quarto que parecia com um armazém de ferramentas.

    Kieran achou serras, pás e muitos baldes de óleos dentro, mas mais importante, ele achou um carrinho. O que deu a ele uma ideia.

    Considerando o monte de suprimentos que ele descobriu no quarto do Abutre, sua mochila não seria grande o suficiente para carregar tudo. Mas se ele usasse o carrinho, ele poderia levar com ele pelo menos metade dos suprimentos.

    Kieran posicionou a pá e a serra no carrinho e se moveu em direção ao quarto do Abutre.

    As ferramentas seriam úteis para ele no futuro, e se os baldes de óleos não fossem tão pesados, Kieran teria os levado também.

    Dentro do quarto do Abutre, Maggie ainda estava na cama. Ela não tinha movido um centímetro desde que Kieran havia saído para cuidar dos bandidos.

    Quando ela ouviu a explosão do lado de fora, e então viu Kieran entrar pela porta com o carrinho, sua expressão se tornou sombria. Ela recuou um pouco instintivamente.

    Maggie podia estar se escondendo durante a guerra, mas ela não era estúpida.

    Ela sabia exatamente o que tinha acontecido agora.

    Kieran percebeu o movimento e o medo inexplicável em seus olhos.

    Ele não explicou nada, no entanto. Ele ainda não podia confiar nela completamente, então ele pensou que seria melhor mantê-la assustada, então ele poderia mantê-la sob controle.

    — Me ajude a pôr a comida e a água dentro do carrinho. — ele disse a Maggie.

    Antes que ele pudesse terminar sua frase, Maggie já estava pondo os suprimentos no carrinho. Ela parecia assustada ao assistir Kieran  tirar a serra e a pá para fora. Ela tinha se movido numa pressa que ela não tinha nem mesmo colocado seus sapatos.

    Kieran também não ficou ocioso. Ele tinha começado a mover os suprimentos para dentro do carrinho também.

    Em menos de dois minutos, metade dos suprimentos já tinham sido movidos. De acordo com os cálculos de Kieran, eles durariam para ele e Colleen por cerca de um mês.

    “Nada mal!” ele disse a si mesmo quietamente enquanto colocava a bolsa de joias e as ferramentas no topo do carrinho. Depois que ele tinha pego as armas de fogo restantes, ele estava pronto para partir.

    — Obrigado por ajudar a encher o carrinho. Os suprimentos restantes são seus. Se eu fosse você, eu iria embora antes de amanhecer. — Kieran disse antes de ir embora com seu prêmio.

    De madrugada, os rebeldes iriam chegar e iriam descobrir que tudo tinha sido uma mentira. Ele só conseguia imaginar a raiva no rosto do líder deles uma vez que o Major soubesse a verdade.

    Qualquer um que estivesse por trás terminaria definitivamente morto.

    Se fossem apenas os bandidos, ele não teria se importado, mas Maggie era uma civil e ele pensou que deveria avisá-la. Isso era tudo que ele poderia fazer por ela. Kieran por pouco podia se manter vivo durante tais tempos terríveis.

    Puxando o carrinho com os saques, ele deixou o armazém subterrâneo e posicionou a snipe improvisada no topo do carrinho, ele estava pronto para voltar ao esconderijo quando Maggie correu até ele com um embrulho nas costas. O embrulho foi feito de lençois que ela tinha achado no quarto do Abutre.

    — Posso… Eu posso ir com você? — ela perguntou a Kieran com apreensão, assustada que ele pudesse recusar.

    Ela ainda tinha medo dele, mas ela não tinha outra escolha.

    Depois de ter sido capturada pelos homens do Abutre e tudo que se seguiu, seu instinto lhe dizia que ela não deveria permanecer em um local perigoso como esse.

    Ela poderia ter pego os suprimentos restantes e retornado ao seu antigo esconderijo, mas o que aconteceria quando eles acabassem?

    Ela teria que sair do esconderijo novamente e se colocar em perigo.

    Ela seria tão sortuda para ter alguém a salvando de novo como Kieran tinha feito?

    A resposta era não.

    Melhor que enfrentar esse tipo de perigo no futuro, ela também podia ignorar seu medo e segui-lo agora.

    Ela podia estar assustada sobre seus métodos de sobrevivência, mas Kieran ainda tinha provado ser um cavalheiro no final. Ela podia ser cautelosa ao redor dele, mas ele era inofensivo se comparado com os bandidos, que haviam feito ela se sentir como uma presa.

    Depois de hesitar um pouco, ela correu para alcançá-lo.

    — Eu sou enfermeira. Eu tenho conhecimento médico e sei como tratar feridas! — ela tentou provar sua utilidade para ele.

    E ela obteve sucesso.

    Tendo em mente que todos os civis tinham potencial para se tornarem bandidos, Kieran não tinha planos de deixar mais ninguém se juntar a ele além de Colleen, com quem ele tinha compartilhado uma experiência de vida ou morte.

    No entanto, ele precisava adquirir mais habilidades se ele quisesse ficar mais forte.

    Agora havia uma habilidade de cura em potencial sendo apresentada a ele, ele não queria deixar isso passar. Ele não tinha nenhuma confiança de que não se machucaria em brigas futuras.

    Se não fossem pelas habilidades de cura e incerteza de Kieran sobre como funcionavam quando referente a tratamento de feridas, ele teria tentado cortar a si mesmo com uma adaga a muito tempo atrás.

    Agora ele tinha alguém que poderia ensinar algumas habilidades de cura, e ele não queria perder essa oportunidade.

    — Okay!

    Ele continuou movendo o carrinho para frente rapidamente.

    Levou algum tempo para perceber que Maggie ainda estava para trás onde ele a havia deixado, olhando fixamente para o nada.

    — Depressa! — ele disse a ela.

    — Sim… Sim! — ela balançou a cabeça e seguiu ele rapidamente.

    Ela não sabia por que Kieran tinha aceitado, mas ela não queria perder essa oportunidade. Seus passos se tornaram mais rápidos até o alcançar.

    Ambos foram depressa até que desaparecessem na escuridão.

    Dez minutos depois deles terem deixado o shopping, uma silhueta com uma capa camuflada apareceu em frente à construção. A figura rapidamente olhou os arredores e pareceu sentir que algo não estava certo. Então entrou no prédio e saiu depois de um tempo.


    — VOCÊ MATOU O ABUTRE!?

    Colleen não conseguiu esconder sua surpresa ao ver Kieran novamente. Seus olhos cinzas traíram seu entusiasmo.

    — Claro. Onde você acha que eu peguei todo esse suprimentos, de um evento de shopping? — Kieran sorriu, colocando o carrinho em frente a ele.

    — INACREDITÁVEL!

    Como ela expressou seu entusiasmo, ela não podia deixar de notar a figura parada atrás de Kieran. Era Maggie, que estava tirando seu fôlego.

    Embora estivesse escuro, Colleen podia dizer que Maggie era linda.

    Sua delicada e lamentável aparência deixou uma grande impressão nela.

    Colleen sabia qual era o tipo de garotas que mais atraíam os homens.

    Não era realmente sobre rostos ou corpos, era o comportamento e a atitude que despertava os instintos protetores dos homens.

    Se uma garota possuía um rosto e um corpo bonito e o comportamento e a atitude certa, ela poderia atrair homens como as flores que atraem abelhas.

    Era óbvio que Maggie era uma dessas garotas.

    — Quem é ela?

    Colleen xingou silenciosamente, mas ela tentou parecer amigável e acessível do lado de fora.

    Ela já tinha decidido se tornar parceira de Kieran, e ela poderia parecer rude na frente dele.

    Algo como isso poderia afastá-lo. Ela precisava parecer como uma mulher com uma atitude gentil e amigável.

    Só então ela poderia ficar cada vez mais próxima de Kieran.

    Até que ela pudesse…

    Ahem 

    Colleen nunca tinha sido uma boa garota. Ela tinha muito mais experiência lidando com caras durante seus dias nas ruas.

    — Essa é Maggie, eu achei ela na base. Ela foi capturada pelo Abutre. Ela é uma enfermeira e ela sabe como tratar feridas. Eu pensei que ela poderia ser útil para nós, então eu concordei em deixá-lo vir junto. — Kieran introduziu Maggie.

    Quando ele acabou, Colleen sorriu amplamente.

    Ela podia dizer que Kieran não tinha trazido ela por sua aparência, mas por ser uma enfermeira e poder se formar útil para eles.

    — Bem vinda, Maggie. Me chamo Colleen! — Colleen disse.

    Ela soou como se estivesse falando com uma criada.

    Nota