Cheguei em uma casa a apenas algumas ruas de distância do trabalho. Observei sua estrutura, analisando sua aparência levemente consumida pelo tempo, não tão bem conservada.

    De acordo com o documento, essa era a casa do indivíduo desaparecido. Os policiais investigaram e encontraram um cenário de luta corporal, junto de gotas de sangue da vítima e de seu agressor, que de acordo com suas pesquisas, era um indivíduo já procurado, porém alvo dos Inquisidores, onde a jurisdição da polícia não se estendia.

    Avancei, atravessando o gramado e chegando até a porta, colocando luvas e adentrando a casa velha. Ao entrar, avistei as faixas e placas que a polícia deixou na cena, então segui em frente para examinar o local.

    — Por onde começo, Satoshi?

    — Tente começar por ali, a cozinha.— ele respondeu.

    — Certo.

    Me dirigi até a cozinha, calmamente caminhando até o cômodo e analisando o local.

    — Sabe, eu não sou tão bom com essas coisas.. Não é meu forte.

    — Preste atenção, tente imaginar o ocorrido em sua mente, monte cenários e siga as evidências se baseando nisso.

    — Ok..

    Observei o local, e vi que faltava uma faca do porta-facas, além de uma rachadura no balcão e pegadas descalças no piso de madeira que iam até a sala. Segui as pegadas, chegando até a sala, vi o sofá rasgado com cortes, um pouco de sangue respingado no chão e sofá, uma mesa quebrada e objetos jogados pelo chão.

    — Talvez o agressor tenha invadido a casa e imediatamente ido até a cozinha, pegando uma faca e tentando eliminar a vítima, porém o alvo notou e eles entraram em luta corporal.. É a minha hipótese.

    — Tente sair um pouco da caixa, Kenji.. O agressor é um criminoso já procurado e com certa fama, não acho que ele tenha sido tão simplório em seu ato. E se entraram em luta corporal, até onde chegaram? — ele respondeu.

    — Você tem razão..

    — Talvez a vítima estivesse sendo feita de refém pelo agressor, então a vítima foi até a cozinha buscar uma arma para se defender e eles lutaram. O que acha? — disse Satoshi, indagando.

    — Boa ideia!

    — Sou capaz de visualizar o fluxo com mais efetividade, ande pela casa e deixe-me ver se encontro algo.

    — Certo..

    Andei pela casa, passando por todo o andar de baixo e permitindo que Satoshi visualizasse através dos meus olhos.

    — Nada por aqui, talvez haja algo lá em cima. — disse Satoshi.

    — Ok.

    Fui na direção direção das escadas e subi, passando pelos cômodos e corredores do local, tentando ver atentamente para que Satoshi encontrasse algo.

    — Aqui! Fixe seu olhar por aqui.. Essa janela.

    Observei atentamente a janela, porém não consegui enxergar nada.

    — Vejo um pequeno rastro de energia, abra a janela.

    Rapidamente abri a janela, olhando para fora e avistando pequenas manchas de sangue na parede do lado de fora.

    — Há um discreto rastro de energia.. O agressor fugiu por aqui, vamos seguir esse fio. Pule.

    — O que?! Eu não vou pular essa altura..

    — Temos que ser rápidos, Kenji! Isso é recente. Vou tentar infundir fluxo no seu corpo, mas não tenho certeza se isso vai funcionar.

    — Ta bom..

    Subi na janela, ficando com medo de pular daquela altura. Mas então fechei os olhos e pulei, esperando que Satoshi tivesse êxito em sua ação. Senti um pequeno poder envolver meu corpo, e abrindo os olhos, vi o chão se aproximar e uma fraca aura me cobrir, então cheguei ao solo, sentindo uma dor aguda em meu tornozelo esquerdo.

    — Droga, Satoshi!!! Eu quebrei um osso.. — disse, irritado.

    — Não, você não quebrou um osso, apenas fraturou o tornozelo.. Precisamos chegar lá, vamos! — ele respondeu.

    — Culpa sua, não devia ter te ouvido! Droga!!

    — Não era hora de brigar, Kenji, vai!

    Irritado, me levantei, seguindo as instruções de Satoshi que seguia os rastros mágicos, até chegar ao local.
    Chegando no local, avistei um homem estranho conversando com outro mais jovem.

    — Ali, o de capuz!

    Ao ouvir Satoshi, segui discretamente, tentando me aproximar despercebido pelo alvo, tentando não chamar sua atenção e pegá-lo de surpresa. O homem mais jovem me avistou, e percebendo meu uniforme, alertou o outro, fazendo com que ele fugisse. Correndo rapidamente para longe entre as casas. Vendo que não podia o alcançar, cheguei até o mais jovem, o agarrando pela roupa e impedindo-o de fugir.

    — Para onde ele foi? — gritei.

    — Eu não sei..! Me solta!

    — Eu sei que sabe, e você vai me falar..agora!

    Finjo que ia socar seu rosto, tentando intimidá-lo, o puxando novamente pela blusa e aproximando meu rosto do seu.

    — Fala!

    — Kenji, deixe o garoto.. Apenas siga minhas instruções, é melhor seguir ele logo. — disse Satoshi.

    Então segui as instruções de Satoshi, tentando ir o mais rápido possível até o alvo, enquanto meu tornozelo doía de forma aguda. Cheguei até um velho prédio, subindo as escadarias e andando pelos corredores do lugar, chegando até um apartamento no fundo de um corredor, guiado por Satoshi. Apenas girei a maçaneta, cuidadosamente, mesmo desarmado, então ouvi uma voz vindo de dentro do lugar.

    — Socorro… Banheir-

    Então, uma batida forte pôde ser ouvida, e logo após um silêncio assustador. Abri a porta, emitindo o som de rangido das dobradiças velhas, enquanto pude ver o interior de um apartamento velho, destruído e sujo. Senti um frio na espinha, lembrando que aqui dentro desse lugar havia um criminoso perigoso, capaz de me matar agora mesmo, porém não podia parar, precisava seguir em frente.

    — Kenji, não posso mais ver rastros, nem sentir nenhuma energia, ele descobriu nosso método.. É esperto. — disse Satoshi.

    — Eu sei. — respondi, sussurrando.

    Dei um passo à frente, adentrando o apartamento silencioso e frio, atento aos meus arredores, avancei ainda mais dentro daquele lugar. O silêncio me assustou, e a sensação de perigo eminente me tomou, porém continuei avançando cada vez mais dentro do apartamento, tentando localizar o banheiro por ali. Quebrando o silêncio, ouvi um objeto cair e quebrar, como vidro, então rapidamente me virei para o lugar de onde veio o som, quando fui surpreendido, sentindo algo me perfurando pelas costas.

    — Me seguir foi sua pior escolha, caçador.. — disse uma voz masculina atrás de mim.

    — Hanran..Senno… Encontrei você.

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