Caminhavámos apressadamente pelos corredores da sede dos Inquisidores, quando trombamos com Yuna Kobayashi, e então Yüjin a chamou.

    — Só faltavam vocês dois. Venham. — disse ele.

    Seguimos mais alguns corredores e salas, e sem demora descemos os andares do prédio.

    Chegamos até o térreo e saímos do prédio, então encontramos os outros membros do esquadrão.

    Apenas os membros do setor de inteligência estavam lá: Yuri Suzuki e Koda Ishikawa, alguns outros membros e eu, além de Yüjin, o líder do esquadrão.

    — Trouxe vocês novatos para aprenderem um pouco. Vamos interrogar uma vítima, para descobrir mais informações sobre o agressor. — disse Yüjin.

    Então, ele sinalizou com a mão para entrarmos no veículo que nos esperava ali na frente do prédio.

    — Certo… Vamos lá.

    Entramos todos no veículo, com Yüjin entrando por último no carro. Ele se sentou, recostando-se no banco do motorista. Fechou os olhos e suspirou, parecia cansado.

    — Que dia cheio… — disse ele.

    Yüjin então corrigiu a postura, colocando a mão esquerda no volante e então trocando a marcha do carro com a outra. Colocou o pé direito sobre o acelerador levemente, fazendo o carro dar um leve ronco, sinalizando que estava ligado.

    Eu não tinha certeza se ele era um motorista tão bom…

    — Existem mais informações do caso que não saibamos? — falei.

    — Sim, algumas. — respondeu.

    O carro então começou a se mover, em uma velocidade mediana, nos levando ao destino.

    — Aquele homem já era procurado, e até perigoso… O impuro já havia assassinado algumas outras pessoas e causado outras confusões por aí, até mesmo com a polícia e alguns de nós. — Yüjin disse.

    — Certo… — disse Yuri Suzuki, insinuando para que prosseguisse.

    — Ele aparentava ter alguma intriga com a família dessa vítima, e já havia ferido um irmão dele, mas membros da nossa organização chegaram e conseguiram resgatar esse jovem. Ele atacou em um local público… Foi o último ataque dele antes desse, onde finalmente o capturamos. — disse Yüjin.

    — Entendi… — eu e Koda dissemos simultaneamente.

    — É só isso? — indagou Koda.

    — Infelizmente sim, mas vocês, delicadamente, vão conseguir mais informações dele. — respondeu Yüjin.

    O carro percorreu por mais alguns minutos na cidade, até chegarmos em um hospital.

    Todos desceram do carro, saindo um por um. Encaramos o hospital e uns aos outros, então caminhamos na direção do prédio.

    O edifício era grande e imponente, provavelmente um dos hospitais pagos e caros da cidade.

    A figura daquela estrutura imponente emanava uma boa energia, acolhedora…

    Adentramos o edifício, olhando ao redor e vendo os funcionários com expressões levemente confusas.

    — Somos inquisidores, viemos interrogar um homem. — disse Yüjin, mostrando um distintivo.

    — Sim senhor. Podem passar. — disse uma moça que trabalhava no hospital, e fez um sinal para que seguíssemos até a recepção.

    Caminhamos até a recepção e Yüjin seguiu na frente de nós. Chegou até a recepção, conversou com a moça que trabalhava ali e rapidamente conseguiu a permissão para subirmos até o quarto em que o homem estava.

    Fomos até um dos elevadores, entramos nele e selecionamos um andar.

    — O resto eu vou deixar que aprendam sozinhos, tudo bem? — disse Yüjin.

    — Tudo bem. Acho que não vai ser tão difícil assim. — respondeu Yuri Suzuki.

    — Certo.

    Então ouvimos um som agudo, e olhei para a pequena tela acima da porta do elevador, que indicava que havíamos chego no andar desejado.

    O dia estava monótono. Eu me sentia entediado, e acho que os outros também, julgando por suas expressões faciais.

    — É o quarto número 13. — disse Yüjin.

    Caminhamos pelos corredores, seguindo até o quarto de número 13 onde o homem que interrogariamos se encontrava.

    Chegamos até a porta e a abrimos. Notamos que ali haviam três figuras dentro da sala.

    Havia um homem baixo de cabelos grisalhos e pele enrugada, notavelmente era de idade. Ali também se encontrava uma mulher de cabelos brancos, e parecia ter a mesma idade do homem. Por último, uma criança pequena, de cabelos loiros, uma garotinha.

    Provavelmente eram a família da vítima, que estavam ali para apoiá-lo após os apuros que passou na mão daquele monstro que Hanran era… Ao menos agora ele está bem.

    Por fim, deitado na cama de hospital estava a vítima: Yachi Honda. Estava tão abatido… Sua pele estava pálida, olheiras nítidas e um corpo muito magro. Seus olhos eram visivelmente profundos e cansados.

    Senti pena logo que o avistei, a situação em que estava se parecia com a minha anteriormente e eu consegui me identificar.

    — Eu e Yuna vamos ficar do lado de fora, como guarda-costas de vocês. Façam o trabalho. — disse Yüjin, saindo.

    Yuri concordou a cabeça, sendo o primeiro a se mover até a família da vítima.

    — Eu sinto muito pelo ocorrido… — ouvi Yuri dizer.

    O homem velho se virou, olhou para ele e respondeu.

    — Obrigado, mas… Quem é você?

    — Sou um Inquisidor, membro de uma organização que lida com os Impuros e ocorridos sobrenaturais. Viemos conversar com Yachi para coletarmos informações. — Yuri respondeu.

    A mulher, que provavelmente teria uma idade próxima a do homem, já estava encarando Yuri com um olhar atento.

    — Meu filho é a vítima… A polícia não deveria vir interrogar ele! — disse a mulher.

    — Senhora, não somos a polícia… Não viemos interrogá-lo, nem prendê-lo, apenas coletar informações por meio de uma simples e amigável conversa. Isso facilitaria evitar que ocorresse novamente, e possivelmente capturar outras dessas criaturas. — respondeu Yuri.

    Eu ouvia atentamente a conversa de Yuri e a família Honda, quando a voz de Satoshi ecoou em minha mente.

    — Criaturas… Impuros… As vezes esqueço como vocês são arrogantes.

    — Desculpa, Sato… Eu não sei que pensamento devo ter em relação a vocês. Todos os meus encontros com os Impuros até agora foram ruins, você é a única exceção. — sussurrei para Satoshi.

    — Pare de nos chamar de Impuros.

    — Desculpe…

    Vi Koda Ishikawa se mover em direção a Yuri e a família. Ele tinha um olhar frio e sério em sua face.

    — Vocês vão fazer a gentileza de nos deixar a sós com o seu filho, e nós vamos interrogá-lo. — disse Koda, rispidamente.

    Os pais de Yachi encararam Koda, com um olhar perplexo em suas faces.

    — Você sabe quem somos? Como tem coragem de falar assim conosco?! Nosso filho foi sequestrado e atacado, está nessa cama de hospital e você fala assim com a família da vítima? Eu vou contatar seu superior, vou destruir seu emprego!!! — disse a mãe de Yachi.

    — Nós salvamos a vida do seu filho. Nós permitimos que ele vivesse. Apenas saiam, precisamos de um ambiente livre de ruídos que atrapalhem nossa coleta de informações importantes para nossa investigação. — Koda respondeu, ainda com sua feição vazia e séria.

    A aura de Koda me causava calafrios, e só agora percebi isso. No meu pouco tempo de trabalho, Koda sempre passou despercebido por mim e nunca voltei minha atenção para ele, mas agora posso notar o quão assustador ele é. Ele não parece tão jovem, e isso é nítido desde o dia em que o vi no exame de admissão. Certamente um mistério e dúvida paira sobre Koda Ishikawa.

    Yuri o olhou, surpreso com sua forma de agir diante dos familiares da vítima.

    — Isso não vai ficar assim. — disse o pai de Yachi.

    Koda apenas continuou o olhando nos olhos friamente, e após alguns segundos direcionou seu olhar vazio para a garotinha que estava segurando a mão de sua mãe.

    Notei que a menina se assustou, se encolheu e se moveu mais para trás de sua mãe.

    A família de Yachi logo saiu do local, resmungando e reclamando da situação que acabou de acontecer.

    — Pode começar, Yuri. — Koda sinalizou com a cabeça, apontando para Yachi.

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