Takashi deu um passo firme à frente e me encarou de forma sombria. Notei que seu corpo se inclinava levemente para trás e o braço direito se armava para golpear-me.

    Ao perceber seu movimento, rapidamente me movi para sair do alcance do capitão. Saltei para a direita enquanto já armava minha posição de combate.

    O poderoso soco do capitão foi lançado à frente, e sua onda de choque fez o lugar estremecer. O golpe felizmente não me atingiu, porém foi potente o suficiente para me fazer perceber que apenas um daqueles seria o suficiente para me derrubar.

    Seu punho era um canhão e disparou aquele tiro poderoso, que se me atingisse, acabaria comigo. Era assustador… Eu não podia apenas atacá-lo, devia esperar “a minha vez”.

    Respirei ofegante, e dei passos para trás, com movimentos lentos e cautelosos. Mantive meu olhar fixado em Takashi, que se aproximava com passada firme e lenta.

    O capitão se aproximava e eu segui me afastando. Indo para trás, notei que já estava perto demais da parede e ficando encurralado.

    — Cuidado, Kenji! — disse Satoshi mentalmente.

    Tentei fugir, me afastar para sair daquela situação, porém Takashi me surpreendeu com um movimento rápido. O homem moveu sua mão esquerda em um agarrão e tentou me segurar.

    Esquivei para o lado, evitei o golpe mas me aproximei ainda mais da parede. Rapidamente fui surpreendido com o punho de Takashi em meu rosto. A pressão do golpe me lançou de cabeça na parede e me deixou totalmente desnorteado.

    Droga! Que porra é essa? Esse cara é um monstro…

    Senti o sangue quente escorrer do meu nariz e descer para minha boca. Uma dor aguda permeava toda minha cabeça, e meus sentidos estavam totalmente desorientados. Em meus ouvidos havia apenas um zunido agudo e alto que abafava todos os sons ao redor.

    Coloquei a mão na boca de forma instintiva, então senti algo cair nela. Alguns dentes meus estavam em minha palma, junto de muito sangue e saliva.

    — Puta merda…! — falei.

    — Eu acho que me subestimou, Yoshida. Já quer parar? — disse o capitão.

    — Não posso. — respondi enquanto olhava profundamente em seus olhos.

    Retomei a postura e armei a posição de combate, mesmo de costas para a parede, que agora estava com uma rachadura pelo impacto anterior.

    — De novo. — disse, desafiando Takashi.

    Oshiro resmungou baixo, e então armou o golpe novamente. Seu punho direito estava recuado, e seu corpo se inclinava levemente para trás. Ele me encarava friamente, e seu olhar era assustador.

    O punho rapidamente se projetou para frente enquanto trazia uma pressão esmagadora consigo. Ao notar o início do golpe, aproveitei-me da diferença de altura e do ângulo para me abaixar e avançar ao mesmo tempo.

    Esquivei por pouco do golpe e segui correndo alguns passos até chegar próximo ao estômago de Takashi, onde golpeei com toda a força acumulada durante a trajetória do meu avanço rápido.

    — É isso? — disse o capitão.

    Olhei para a área golpeada e logo após para o rosto do homem, e estava perceptível que meu golpe não fora nada. Aquilo não era o suficiente para feri-lo.

    — Acho que você me subestimou, garoto. — disse Takashi.

    O capitão então agiu rapidamente e agarrou meus pulsos juntos um ao outro. Após imobilizar meus braços, Takashi me ergueu do chão e me segurou no ar por alguns instantes antes de me lançar na parede mais próxima daquele salão.

    Merda!!! Eu não sou tão fraco assim. Que força absurda é essa?

    Fui erguido como um rato, e como uma pequena pedra fui lançado. A força física do capitão era brutal, e eu mesmo me enfiei nessa ratoeira.

    Eu já devia esperar isso…

    — Vou pegar leve com você. — disse o homem.

    Choquei contra a parede e meus sentidos se bagunçaram novamente. Apenas conseguia sentir o cheiro metálico do sangue que escorria de meu nariz. Ouvia um zunido agudo em meu ouvido, e os outros sons estavam abafados. Minha visão estava turva e embaçada, e apenas conseguia enxergar a silhueta de Takashi se aproximar.

    — Vamos lá, Kenji! Vou infundir mais energia em você. Você não vai cair aqui. — disse Satoshi mentalmente.

    — Beleza. — respondi mentalmente.

    Senti o poder fluir e permear meu corpo. A energia banhou meus músculos e senti a força em cada movimento pequeno que fazia.

    Levantei lentamente, com certa dificuldade. Ao ficar de pé, corrigi a postura e encarei o capitão, determinado a continuar a luta.

    Takashi arregalou seus olhos levemente e ergueu um pouco as sobrancelhas. O homem ergueu sua mão e apontou para mim, então disse.

    — Você é capaz de usar fluxo? — disse Takashi.

    Apenas afirmei com a cabeça, ainda firme na postura de combate, e atento aos movimentos do capitão Takashi.

    — Interessante. Já é mais competente que boa parte dos recrutas. — disse o homem.

    Avancei no meio da fala de Takashi, sem perder tempo. Me aproximei rapidamente em uma disparada e desferi alguns socos rápidos na direção do estômago do capitão.

    Olhei para o rosto do capitão e por um instante notei uma leve feição de incômodo. Estava funcionando… Segui golpeando, e ele permaneceu imóvel, então concentrei a energia em meu punho direito e ataquei com toda a minha força.

    Takashi fez uma feição discreta de dor, e então voltou a se mover. Aquilo foi um aviso de que aquele momento era o seu turno.

    O velho então tentou um agarrão em minha cabeça, porém esquivei rapidamente para baixo e rapidamente me levantei. Quando me levantava rapidamente, fui surpreendido com uma poderosa joelhada no queixo, que me destorteou assim que me atingiu.

    — Kenji, não caia! — disse Satoshi.

    Mantive os pés firmes no chão, mesmo ao receber um golpe poderoso. Retomei a postura e então me movi rapidamente para as costas de Takashi. Aproveitei-me do fator altura, e tentei chegar até a nuca do capitão, porém com apenas um balanço e uma cotovelada, fui lançado longe pelo homem.

    Não me deixei cair, e quando fui lançado pousei com a base firme. Disparei na direção de Takashi, com toda minha velocidade.

    O capitão golpeou com um soco pesado vindo de cima para baixo, no objetivo de atingir minha cabeça. Esquivei com um salto para o lado, e Takashi acertou apenas o ar, porém com o outro punho atacou novamente.

    Por pouco desviei do segundo golpe, e senti a pressão do punho próxima ao meu corpo. Isso é assustador. Um golpe bem dado e eu sei o resultado… Eu me aproximava cada vez mais e me aproveitava dos golpes de Takashi que desestabilizavam sua postura.

    Essa é minha hora! Eu não vou cair aqui. Eu fui longe demais pra desistir agora…

    Ao entrar em meu alcance, concentrei o fluxo em meus punhos e foquei toda a energia no ataque, consequentemente aquilo me tornava mais vulnerável. Desferi socos poderosos na região do estômago de Takashi com toda a minha força, eu precisava causar o máximo de dano possível naquele curto período de tempo.

    — Não é tão fácil assim, garoto! — disse o capitão, firmemente.

    Takashi corrigiu a postura em meio a minha enxurrada de golpes, o tempo acabou. Arregalei os olhos ao ver que o homem preparava outro golpe, ele era incansável. Redirecionar a energia para outras partes do meu corpo não era possível naquele curto espaço de tempo, seria inútil. Eu devia golpeá-lo, só mais uma vez. Só preciso de mais um golpe…

    O capitão ergueu seu braço mais forte rapidamente, e pude ver seu punho chegar até meu rosto com uma pressão absurda. Vi meu punho próximo ao estômago de Takashi, com toda a energia focada naquele ponto. Só mais um golpe, por favor… Me obedeça, corpo! Não trema agora, agora não!! Só mais um.

    Utilizei toda a minha força e a rotação do meu corpo naquele movimento, com a energia focada no meu punho para aquele único golpe. Senti meu punho atingir o corpo rígido de Takashi, e então a resistência contra meus punhos diminuiu levemente. Havia causado dano, eu consegui sentir.

    O som do impacto fez o corpo do capitão tremer levemente, e a esperança me fez esquecer por um instante do perigo que estava debaixo do meu nariz. Quando eu abria um leve sorriso pelo sucesso e resultado do golpe, senti uma pressão esmagadora sobre meu queixo, que me lançou para cima e me fez chocar contra o teto da sala. Então, com aquele golpe final, simplesmente apaguei, mas antes ouvi a voz de Takashi dizer.

    — Não é tão ruim.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota