Acordei com um leve ar frio sobre minha pele. Ouvia os apitos seguidos e depois contínuos de algo no fundo da minha cabeça. O cheiro do lugar era suave, e se parecia com flores. Abri meus olhos devagar, a luz estava um pouco forte demais para quem acabara de acordar.

    — Bom dia. — ouvi duas vozes familiares falarem ao mesmo tempo.

    Quando finalmente meus olhos se acostumaram com a iluminação e pude enxergar perfeitamente, notei que ali estavam Yüjin e Aiko, ao lado da cama de hospital em que eu estava deitado.

    — Bom dia… — respondi, com a voz meio rouca.

    — Bom dia também, Kenji. — disse Satoshi mentalmente.

    — Bom dia, Sato. — respondi.

    Parece que o combate de hoje não terminou nada bem… Takashi era assustadoramente forte. Eu tô quebrado…

    — Está com fome, Ken? Já faz um tempinho que você não come algo bom de verdade. — disse Aiko com um leve sorriso no rosto.

    — Estou… Mas, eu comi hoje mais cedo, antes da luta com o capitão. — respondi, confuso.

    — Bem, Kenji… Já se fazem dois dias desde sua luta contra o capitão Takashi. Você ficou apagado por um bom tempo. — disse Yüjin.

    Dois dias?! Foi tão grave assim…? Que droga!!! Eu perdi muito tempo com isso. Minha mãe… Preciso de trabalho, dinheiro, agora.

    Tentei me levantar com pressa, desconectar os aparelhos ligados à mim e sair dali até o escritório para aceitar alguma missão e conseguir meu dinheiro, o mais rápido possível.

    — Kenji, se acalma! Relaxa… Você precisa repousar. — disse Yüjin, que me segurou e me manteve na cama do hospital.

    — Eu trouxe flores para você. — disse Aiko, enquanto segurava um pequeno jarro de vidro com algumas flores lindas e coloridas dentro.

    — Não sabemos se o capitão vai aceitar… Ele ainda não nos deu uma resposta. — disse Yüjin.

    Que merda. Eu realmente espero que aquilo tenha sido o suficiente para o capitão… Eu preciso disso.

    — Obrigado, Aiko, realmente sou grato por essa gentileza. — respondi Aiko, com um sorriso amigável em meu rosto.

    — Ainda sente dores, Kenji? — indagou Yüjin.

    — Mais ou menos. Sinto dificuldade para respirar, e muita dor de cabeça, porém o resto do corpo não dói tanto assim… — respondi, com uma leve feição de desconforto em minha face.

    — Os outros logo chegam, eles estão em uma pequena missão. — disse Yüjin.

    — Eles não precisam vir… Mal me conhecem. — respondi.

    — Eles são seus companheiros, Kenji. Se preocupam com você. — disse Yüjin.

    — Certo… — concordei, feliz.

    Fechei os olhos e respirei fundo, senti uma leve dor no rosto pelos golpes que levei do capitão porém não me abalou. Dei um leve sorriso, feliz que ao menos tinha tentado, mesmo que o medo da reprovação e de que minha mãe sofresse ainda me assombrassem no fundo do meu peito.

    Notei a porta do quarto se abrir lentamente, e então quatro figuras adentraram a sala: Koda Ishikawa, Yuri Suzuki, Yuna Kobayashi, James Morgan e Aiko Takahashi; os meus companheiros de esquadrão, vieram me ver.

    Fico feliz em saber que se importam comigo ao ponto de pausarem o trabalho para vir me ver. Talvez eu possa confiar neles…

    Morgan se aproximou e ficou ao lado da cama, se sentou e me encarou por alguns segundos. Após alguns instantes enquanto me encarava, James riu e disse.

    — Você não cansa de apanhar, cara? Você só pode ser masoquista.

    Yüjin deu uma leve risada, encarou a mim e a Morgan e então assentiu discretamente com a cabeça.

    — Se sente melhor, Kenji? — indagou Yuna.

    — Acho que sim… Nem sei como estava antes haha. — respondi, com um riso leve.

    Koda se aproximou um pouco da cama. Me observou atentamente por alguns segundos e estão disse.

    A presença e o mistério que pairava sobre aquele homem ainda me assustava e me deixava levemente desconfortável, porém naquele momento não era tão ruim.

    — Acho que seus ferimentos vão se curar logo. A enfermaria dos Inquisidores tem uma ótima estrutura e equipe.

    — Espero que melhore logo mesmo, Kenji. — disse Yuri Suzuki, com um sorriso gentil.

    — Obrigado galera… De verdade. — respondi, com um sorriso amigável em meu rosto.

    Me virei para estender o braço e pegar uma garrafa d’água que estava em uma cômoda ao lado da cama. Senti diversas agulhas perfurarem meu corpo quando me movimentei, então realizei a ação rapidamente e voltei para a posição inicial. Dei um suspiro, abri a garrafa e estiquei o pescoço para beber a água.

    — Não precisa agradecer, Ken! Somos seus companheiros, é o mínimo. — disse Aiko, gentilmente.

    Sorri gentilmente de volta para todos. Eu realmente era grato por essa preocupação, pelo carinho e por se importarem comigo. Significava muito para mim.

    — Kenji. — chamou Satoshi mentalmente.

    — Oi, pode falar Sato. — respondi.

    — Não esqueça do capitão, você não tem tanto tempo assim para juntar o pagamento da dívida. Precisa ver ele o mais rápido possível e convencê-lo a permitir você ficar. — disse Satoshi.

    — Sim, eu sei… Preciso salvar minha mãe. Vou resolver isso. — respondi.

    Quando viu que terminei de beber, Yüjin pegou a garrafa de água de minhas mãos e a colocou sobre a cômoda ao lado da cama novamente.

    Aproveitei que Yüjin havia se aproximado mais, e então o chamei discretamente. Os outros conversavam quando falei com o líder.

    — Senhor… Preciso ver o capitão. Preciso saber sua decisão. Você pode chamá-lo? — falei baixo para Yüjin.

    — Kenji, eu não sei… Após aquela luta, ele não me disse mais nada, apenas pediu para que não te deixassem morrer. — respondeu Yüjin.

    — Eu fiz o meu máximo. Eu sou capaz, eu provei a ele, senhor. — falei, como se implorasse.

    Yüjin me encarou por alguns segundos com uma leve feição de tristeza, preocupação e talvez até pena. Ficou em silêncio por instantes e então respondeu.

    — Ele é um homem muito rígido e sempre busca seguir as regras de forma estrita. O capitão sempre foi assim… É difícil de lidar, não é tão flexível. — respondeu Yüjin, com um peso na voz.

    — Confie que vai ficar tudo bem. Ele não quis te deixar morrer, aceitou sua proposta e até fez um leve elogio para você durante a batalha. Você vai conseguir, Ken! — disse Satoshi mentalmente, no objetivo de me animar.

    Suspirei, e então mudei minha atenção para meus colegas, que conversavam entre si ali na sala, menos Koda que estava quieto.

    Vi a porta se abrir e uma enfermeira entrar no quarto. Ela estava com uma feição de leve espanto, e também parecia apressada. Falou rapidamente, enquanto organizava algumas coisas no quarto.

    — O capitão Takashi Oshiro está aqui. — disse ela, rapidamente.

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