Capítulo 25 - De volta ao trabalho.
Já faziam algumas semanas desde a minha “readmissão” nos Inquisidores. Não considerei uma verdadeira readmissão já que eu não havia sido dispensado, porém fui finalmente aceito na organização dentro da posição que eu mereço e sou capaz de exercer.
Haviam muitos dias monótonos, onde o pagamento era abaixo da pretensão e a diversão também, porém era bem melhor do que apenas lidar com a papelada… Isso significava que era bom, já que casos sobrenaturais não deviam ocorrer com tanta frequência. E eu sei que não estava ali para me divertir.
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— Ken! — a voz de Aiko soou do celular.
— Oi, pode falar! — respondi.
Coloquei o celular próximo ao ouvido para escutar claramente as palavras de Aiko. Fiz um sinal para que a senhora em minha frente esperasse até a chamada terminar.
— O Yuri aceitou uma solicitação de urgência e me ligou, precisamos de três membros do setor de segurança agora. — disse Aiko rapidamente.
— Eu estou respondendo uma solicitação agora… Acabei de chegar. — respondi.
— Está faltando apenas um, Ken! Não tem alguém pra ficar no seu lugar?
— Morgan está aqui… Nós viemos juntos, não sei se seria justo com ele. — respondi.
James se virou para mim, levemente confuso por ouvir seu nome ser citado. Ele me encarou com um olhar de desconfiança.
— O que foi? Ouvi meu nome. — disse Morgan.
— É urgente Ken! — exclamou Aiko do outro lado da chamada.
Levantei a mão para Morgan, abri a palma em um sinal para que esperasse. Levei o dedo até a boca e pedi para que fizesse silêncio.
— Fala logo idiota! — exclamou Morgan.
— Eu vou ir então, Aiko. — falei enquanto sorria levemente.
— Certo. Venha logo! — disse Aiko antes de desligar a chamada.
Tirei o celular do ouvido então o guardei no bolso. Olhei para a senhora que estava presente ali e então falei.
— Senhora, eu sinto muito mas preciso atender um chamado urgente nesse momento.
— Tudo bem… Mas quem vai me atender? Eu preciso de ajuda! — disse a senhora, preocupada.
— Que chamado é esse, Kenji? — indagou Morgan, enquanto pegava o celular em seu bolso.
— Um chamado urgente, e eu preciso ir logo. — respondi.
— 10 chamadas perdidas?! Que droga! Vamos logo Kenji. — disse Morgan, apressado.
— Senhora, o meu companheiro irá lhe ajudar. Ele é um ótimo agente, pode confiar nele. Agora preciso ir, tchau! — falei apressadamente e corri rapidamente para o veículo em que eu iria até o local de encontro.
— Como assim? E eu, seu merda?! Eu não vou ficar aqui! — disse Morgan, confuso e irritado.
— Você precisa atendê-la, Morgan! — gritei para James de longe e então parti.
— Pilantra! — disse Morgan.
— Você foi rápido, ainda bem. O Morgan roubaria seu trabalho. — disse Satoshi.
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Cheguei na localização enviada por Aiko. Desci do carro e rapidamente fui até os membros do esquadrão que estavam presentes ali. De primeira avistei Aiko e Yuna, e mais distante Yuri, que conversava com um senhor de baixa estatura, cabelos grisalhos e entradas visíveis na sua cabeça.
O homem parecia confuso, com feições de preocupação e confusão em sua face. Ele ouvia Yuri e respondia suas perguntas com um leve tom de indignação, porém calmo.
— O que houve aqui? — indaguei confuso.
Aiko sorriu ao me ver, rapidamente caminhou até mim com um pequeno caderno e uma caneta em mãos, aparentemente anotava algo ali.
— Esse homem é agricultor de uma grande plantação de arroz. Estava tudo bem alguns dias atrás, porém hoje de manhã quando ele veio fazer sua revisão do estoque, ele viu algo diferente. — disse Aiko.
— Diferente… Tipo? — perguntei.
— Havia um desenho dentro do estoque, feito com arroz e tudo mais. Uma flor, aparentemente o símbolo de algo. — prosseguiu Yuna, que havia se aproximado.
— Flor? Que tipo de flor? — indagou Satoshi mentalmente.
— Posso ver?
— Acho melhor. Apenas vamos esperar o Yuri um pouco. — disse Aiko.
Yuri conversou por mais alguns minutos com o agricultor e conseguiu adquirir mais algumas informações. O jovem se aproximou de nós então falou.
— Podemos entrar. Vamos?
— Vamos. — falei.
— Uma flor… Estranho. — disse Satoshi mentalmente antes de entrarmos.
Todos foram atrás de Yuri, que seguindo as orientações do agricultor entrou no galpão e chegou no exato local onde estava o sinal de invasão: a flor no chão, formada por arroz espalhado.
— Calma… — disse Satoshi.
Todos observaram a figura, confusos com o desenho e intrigados de qual seria o significado daquela imagem no chão do galpão.
— O que foi, Sato? — indaguei mentalmente.
— Reconheço esse símbolo…
Yuri se agachou em frente ao símbolo e buscou analisar mais de perto, tentando encontrar algum detalhe que havia passado despercebido por uma observação superficial.
— Pétala Celeste. — falou Satoshi mentalmente.
— Pétala Celeste? O que é isso, Sato? — perguntei mentalmente.
— É um sinal, Kenji. Acho que chegou a hora de me retribuir. — Satoshi respondeu, com um leve tom de felicidade em sua voz.
— São seus amigos? — perguntei.
— Sim, são eles. Isso é um chamado pra você ir até eles. Querem minha presença de volta. Tudo bem para você?
— Tudo bem sim. Sei que quer um corpo novamente, deve ser horrível ser apenas um espectador…
— Não é tão ruim assim haha, mas eu sinto falta de…ser eu mesmo, entende?
— “Eu mesmo”, meio irônico pra alguém que troca de corpos haha.
— Você entendeu. — disse Satoshi em um tom leve.
— Eu entendi. — respondi no mesmo tom descontraído.
— Acredito que deve encontrá-los em breve. Eles são meio excêntricos, acho bom se preparar…
— Excêntricos? O que quer dizer com excêntricos…?
— Não se preocupe, eles são boas pessoas.
Me aproximei do símbolo desenhado com arroz no chão, agachado ao lado de Yuri. Fingi observar atentamente para a figura com o objetivo de “encontrar” um significado. Eu queria evitar desconfiança deles.
— Olha… Talvez algum ladrão, ou um grupo deles. Ladrões habilidosos, mas acho que nada além disso.
— Ladrões? Mas nem levaram nada… — disse Yuri, confuso.
Droga… Não pensei no que falar.
— Não levaram?
— Não… Acho que você se confundiu. Seus palpites já foram melhores, Ken haha! — disse Yuri rindo.
— Desculpe… Vou tentar pensar em outras coisas. Vamos seguir a investigação.
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