Meu olhar se voltou para a primeira figura. Uma mulher… Era baixa, magra e seu corpo possuía curvas sedutoras. Seu rosto era atrante, esculpido para atrair a atenção. A cor dos seus cabelos era azulada com tonalidades de violeta, e abaixo dos seus olhos afiados havia uma lágrima tatuada.

    — Kafka. — disse Satoshi quando apontou, ao meu lado no espaço mental.

    Desviei o olhar para outra figura. Um garoto…? Possui baixa estatura, e os traços de seu rosto são frágeis como os de uma criança, porém sua expressão é séria. Reparei em seus olhos novamente e notei que…ele não possui o olho direito e o buraco vazio apenas possui uma tatuagem vermelha ao redor. Se parece com alguma flor…

    — Kenshi.

    Uma outra figura se apresentou, tal como um leão que impôs sua presença dominante naquele local. O indivíduo se apresentou por conta própria, de forma rápida e direta.

    — Sora. — disse com voz grave.

    O homem possuía cabelos negros penteados para cima, levemente bagunçados, e algumas mechas brancas tingidas se destacavam entre sua cabeça. Ele era alto, maior que todos ali presentes, e seu porte físico era robusto, superior aos demais. Suas roupas eram extravagantes e mostravam um pouco demais de seus músculos. Acho que ele gosta de se mostrar…

    — Apenas três pessoas? — perguntei, confuso.

    — Quatro, burro. Eu sou um também, esqueceu? — respondeu Satoshi.

    Kafka tampou a boca com a mão e deu um leve riso. A moça olhou para Satoshi e para mim, e a cada vez que seu olhar transitava entre nós, ela soltava mais alguns risos.

    Sora, o homem extravagante, fechou os olhos com um leve sorriso de canto. O homem abaixou sua cabeça e balançou ela como se negasse algo.

    — Você vai apanhar, Sato. — Sora e Kafka falaram em uníssono.

    Uma presença forte surgiu de repente no lugar e fez com que meu corpo tremesse com a pressão. Observei e vi Kenshi, o mais baixo presente se levantar lentamente, com a cabeça baixa e não era possível ver seu rosto.

    Kenshi se levantou e caminhou lentamente até mim e Satoshi, ainda de cabeça baixa. O jovem parou na frente do meu parceiro, e então ergueu sua cabeça e sua feição estava séria, com a raiva que emergia em seu semblante.

    O garoto claramente ficou irritado, e rapidamente desferiu um soco na região do estômago de Satoshi, que se curvou após sentir o impacto do golpe. Meu parceiro gemeu baixo de dor e colocou as mãos no estômago.

    — Que desrespeito! Você simplesmente se esqueceu dela…? — disse Kenshi, irritado.

    Satoshi murmurou algo baixo, ainda se contorcia, curvado e com uma feição de dor nítida em seu rosto.

    — Eu não ouvi. Repete! — disse Kenshi para Satoshi.

    — Desculpa… Eu não esqueci…. Só… Só me referi aos que estão aqui. Kenshi, se acalma por favor. — respondeu Satoshi.

    Kenshi havia entendido, sua feição indicava isso, com a expressão de raiva que suavizou lentamente, porém novamente ele se fez de irritado, virou o rosto e fez bico.

    — Não sabe admitir o erro… Se bem que imaginei que ele era criança. — sussurrei.

    Kenshi ouviu e virou seu rosto para mim, com uma expressão de: “foi isso mesmo que ouvi?”. Logo em seguida, recebi um soco em meu estômago e me curvei também, assim como Satoshi.

    Uma criança bem forte…

    Kenshi se virou para Satoshi novamente e irritado esbravejou.

    — Amaterasu sempre pensaria em você, mesmo que não estivesse presente.

    — Desculpa… — respondeu Satoshi.

    Kenshi se virou para mim e levantou a sobrancelha, como se me perguntasse algo apenas com o olhar. A dor me impedia de responder de imediato.

    — E você, nada a dizer?

    — Desculpe também, senhor…

    Olhei para Satoshi discretamente, e mesmo que estivéssemos em um espaço mental criado por alguma conexão estranha, eu ainda podia me comunicar com meu parceiro via telepatia.

    — Ele tem a mão pesada… Mas afinal, quem é Amaterasu? — perguntei confuso.

    — É a nossa líder… A fundadora do nosso grupo. — respondeu Satoshi, com um tom levemente cabisbaixo.

    — O que foi?

    — Ela sumiu já fazem meses. Sem deixar rastros.

    — O pequeno é bem apegado nela, não é?

    — Todos somos, mas Kenshi tem uma conexão especial com ela… O sumiço dela abalou todos nós. Tudo começou a dar errado desde que ela se foi. — respondeu Satoshi.

    — Sabem se tem algum motivo? Ela disse algo antes? — perguntei.

    — Nada.

    — Eu sinto muito por isso, Sato…

    — Tudo bem.

    Kenshi se virou de costas, se virou e se sentou, irritado, ao lado dos outros membros do grupo.

    — É… Qual o motivo de nos contatarem pelo broche de flor? — indaguei.

    Kafka gesticulou, moveu suas mãos e respirou fundo para explicar a situação em que nos encontrávamos.

    — Sabe, os Inquisidores são um pé no saco… Como pôde ver, seus amigos estão na nossa cola por um mero detalhe, e nós precisamos do nosso parceiro. Nos encontrar pessoalmente talvez deixasse algum rastro, e esse espaço mental criado pelo broche torna tudo mais seguro. Tem um homem do seu esquadrão que é um perigo para nós. Não podemos correr esse risco.

    — Posso saber o motivo de precisarem dele com tanta urgência? Acho que isso foi cedo demais… — respondi.

    Kenshi virou seu olhar para mim. Sua feição pareceu ficar mais irritada. Vi seu maxilar se contrair, como se quisesse falar algo para mim, mas Kafka colocou a mão em sua cabeça e deu uns tapinhas.

    — Se acalma, Ken. Não precisa disso. Já vimos que ele é confiável, Sato pode afirmar. — disse Kafka.

    — Ele é confiável, Kenshi. O Yoshida não é como os outros. Tá tudo bem. — disse Satoshi, que tentou convencer Kenshi.

    — Vocês ficaram moles. Como um humano qualquer, um humano, pode entrar no nosso espaço, saber as nossas informações e ele ainda está nos Inquisidores… Esqueceram quem são os Inquisidores? — exclamou Kenshi.

    Todos ficaram de cabeça baixa, quietos depois dessa fala. Alguns olhares foram lançados para mim e Satoshi, e outros para Kenshi. O silêncio ecoou naquele local.

    — Você age exatamente como eles. — disparou Satoshi, como uma sentença para Kenshi.

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