Capítulo 3 - Esclarecimento/Desafio.

Eu estava sentado de frente para Satoshi, que também estava sentado em uma cadeira de frente para mim. Estávamos no espaço branco e vazio que materializei em minha mente.

— Me chamo Satoshi Suzuki. Tenho em torno de 25 anos de idade, já passei por tantos corpos que é difícil lembrar minha idade real. Sou de uma espécie na qual a nossa única diferença para os humanos é nosso fluxo, nossa origem e afinidade inata com “magia”.

— Entendi… Mas, por que você tá me contando isso? Achei que essas informações deveriam estar escondidas de mim.

 Vou ter que cooperar com você. Vamos trabalhar juntos. Que tal um trato? Eu te ajudo, te ensinando sobre o mundo e auxiliando no que precisar, porém, após conseguir o que deseja você deverá me ajudar. O que acha? — disse Satoshi.

— Eu não corro risco por me aliar à um criminoso? Não confio em você. — respondi.

— Sim, corre risco, porém é só ter cautela, ajudarei você.

— “Se tenho uma oportunidade, devo abraçá-la”, porém não confio em você então não se engane.

Após a conversa, senti o cansaço ir embora e acordei, enquanto o espaço mental se desmaterializou. Me levantei e caminhei até o banheiro, lavando meu rosto e escovando os dentes. Fui até meu quarto, abrindo o guarda-roupas e vestindo uma blusa cinza de manga longa junto de uma calça moletom preta. Chequei o horário em meu celular e vi que era tarde, lembrando do exame militar nesse mesmo período do dia. Rapidamente saí de casa, correndo até o quartel e torcendo para não chegar atrasado.

Chegando lá, notei que cheguei bem na hora certa. Vi muitas pessoas diferentes umas das outras, em torno de 100 indivíduos, todos ali esperando o momento que o exame começaria. Entrei no edifício e me direcionei até o pátio, me orientando por placas. Ao mesmo tempo em que adentrei a localidade, vi uma mulher com cabelos rosas e mechas violeta surgindo na frente de todos, sendo coincidentemente a mesma moça que havia me informado do exame. Ela vestia roupas de tons escuros, e mantinha um semblante sério enquanto observava os participantes.

 — Atenção!! — disse a moça, com voz forte e seriedade. Todos ficaram em silêncio, virando a atenção para ela. 

— Me chamo Hana Tanaka, e serei a inspetora desse exame de admissão. Hoje, vocês passarão por testes para adentrar na Força Tática dos Inquisidores, a divisão militar especial do país. Primeiramente, todos irão realizar uma simples prova teórica para determinar quem irá passar para a próxima etapa. 

Ao pegar a prova, li de cara a primeira questão: “O que é um ‘Impuro’ e que perigo representam para sociedade?”. Sinceramente eu estava em dúvida. Eu precisava da ajuda dele, eu tinha certeza que minhas respostas seriam ruins. Será que eu podia confiar? Era tudo ou nada…

 — Relaxa, moleque. Sei que precisa responder a prova e está nítido seu desconforto. Apenas escreva: “É uma raça cujo seu fluxo é tóxico para nós humanos, além de sua origem e essência maligna, possuem habilidades amaldiçoadas de nascença.” 

Respondi como fui orientado e parti para a próxima questão: “Como identificar um Impuro?”. 

— Apenas escreva: “Um teste sanguíneo.” Continuei seguindo as orientações de Satoshi, respondendo assim como me disse. 

Logo após responder, li a terceira questão: “Agentes Inquisidores em sua maioria, lidam com situações sobrenaturais em equipe, por quê?”. 

— Responda: “Pelo fato de que tal raça possui capacidade sobrenatural inata, e representam perigo para civis. O trabalho em grupo facilita a neutralização de tais seres”. 

Seguindo o auxílio de Satoshi, respondi as três questões, nervoso. Então li a próxima questão: “O que é o fluxo?” 

— Escreva: “É a energia mística que percorre todo ser vivo”. Respondi conforme Satoshi me orientou, logo li a última questão: “Como são chamadas as habilidades especiais vindas do fluxo?”. 

— Se chamam Aspectos. 

Após um tempo depois que todos haviam entregue a prova, chegaram os resultados. Até que foi rápido, eu estava nervoso… Muitos foram dispensados, se for ser mais exato, em torno de 60 dos participantes se foram… A metade. Aparentemente aquilo não era de conhecimento geral. 

Ao receber minha prova, vi que fui aprovado e discretamente comemorei comigo mesmo. 

— Isso…! Então, fomos retirados da sala usada para a realização da prova e fomos até um outro local, entrando em mais um salão. Tal salão se assemelhava com uma academia, porém com alguns ringues, eu já conseguia prever o teste. A inspetora chegou na frente de todos e começou seu pequeno discurso. 

— Agora, esse teste será uma luta um contra um, com um pareamento por “potência”. Façam uma fila até aquele aparelho, onde iremos medir suas “potências”. Deem seus golpes mais poderosos no aparelho. Todos fizeram uma fila, e medindo suas “potências” alguns se destacaram e outros nem tanto. Eu estava ansioso e nervoso, eu era o próximo… O homem à minha frente então se preparou, entrando em postura de combate, posicionando o ponto de golpe do aparelho. Então, o jovem de cabelos carmesim desferiu um poderoso uppercut, tremendo o aparelho e fazendo a contagem chegar em 9,2 de potência, impressionando todos ali. 

Agora era minha vez, eu devia usar toda minha força, era minha chance… Entrei em postura, firmando minha base como no boxe após ter posicionado o aparelho. Avancei rapidamente, girando meu eixo e posicionando a perna direita à frente, desferindo um soco de direita com toda a minha força. Após a contagem do aparelho ser feita, a potência do meu golpe foi contabilizada em 8,8. Isso!! Após todos realizarem seus testes de potência, as lutas foram formadas. Como esperado, foi definido meu oponente. O homem que conseguiu atingir 9,2 de potência. 

Então, cada par de participantes entraram em um dos três ringues, sendo as três primeiras lutas dos três pares de oponentes. As lutas foram anunciadas, e então todos assistiram os combates ferozes entre os participantes, e após um tempo, cada luta chegou ao seu fim e das próximas três lutas, eu participei de uma delas… 

— Vamos lá, chefe. Você parece relativamente forte. Não caia no primeiro golpe. — disse meu oponente.

 Para realizar o segundo teste do exame de admissão da Força Tática dos Inquisidores, os participantes testaram o poder de seus golpes mais fortes os medindo através de um aparelho, e então, foi feito um pareamento entre os participantes para decidir as lutas nos três ringues. 

Kenji Yoshida, um jovem com dívidas lutaria contra James Morgan, um jovem desconhecido mas habilidoso. Ambos com o mesmo objetivo, ingressar na Força Tática dos Inquisidores, por quais motivos sejam. Os dois jovens entraram no ringue, utilizando as vestimentas adequadas para o combate, então, se posicionando e preparando-se para aquela batalha. Batalha essa na qual definiria quem passaria para a próxima etapa do exame de admissão.