Capítulo 07 – “Primeira melodia em Ataraxia!”
1
Ayasaka levantou a cabeça repentinamente em sua cama, batendo a cabeça em algo duro e escutando um barulho alto, semelhante a um saco de batatas caindo no chão.
— Aí… caramba, isso não vai deixar um galo, e sim um chifre completo… — disse Ayasaka, ainda sonolenta, soando fria por causa de seu sonho.
Ayasaka escutou um gemido agonizante da lateral de sua cama, para onde olhou, e notou Tuphi caída no chão com a mão na cabeça, parecendo um espantalho mal-feito.
— Eu escutei barulhos estranhos do seu quarto, vim aqui checar o que estava acontecendo, e vi você se remexendo na cama como se estivesse vivenciando um pesadelo, cheguei mais perto para analisar e fui nocauteada… ai… — disse Tuphi, enquanto sentava no chão coçando o galo que tinha formado em sua cabeça, ao lado de Kazewokiru.
Ayasaka deu uma leve risada, sentou-se na cama com os pés para fora do lençol.
— Obrigada por vir me ajudar, Tuphi — Ayasaka agarrava o braço da menina lobo, ajudando-a a levantar.
— Não foi nada, eu apenas estava de passagem para a cozinha, mestra — disse Tuphi em resposta a Ayasaka, arrumando suas roupas usuais e olhando para o lado.
Ayasaka levou a mão à boca e deu uma pequena risada ao perceber que a cozinha estava na direção oposta do seu quarto, deixando claro que Tuphi era uma mentirosa de primeira.
— O café da manhã está pronto, estamos te esperando lá embaixo — Tuphi falou enquanto se afastava na distância, e Ayasaka a observou, especialmente sua cauda, com um olhar brincalhão.
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— Bom, hora de se arrumar para mais um dia, não é mesmo? — disse Ayasaka, levantando-se e fazendo uma série de alongamentos matinais, semelhante aos que costumava fazer nos fins de semana quando vivia em Tóquio.
— Oito… nove… dez — Ayasaka concluiu a série de agachamentos, seguindo para o banheiro para lavar o rosto. Em seguida, ela dirigiu-se à sala de estar, onde encontrou Beatrice e Tuphi discutindo sobre assuntos que Ayasaka não conseguiu entender completamente, já que chegou ao final da conversa.
— Bom dia, Ayasaka. Dormiu bem? — Beatrice perguntou olhando para Ayasaka, ciente de que Tuphi havia mencionado que a garota estava se remexendo na cama. Ela fez a pergunta de propósito para ver como Ayasaka reagiria.
Ayasaka olhou para o lado, mexendo os dedos pelos cabelos desgrenhados.
— Normalmente, Beatrice — respondeu com um leve suspiro.
Beatrice observou a postura de Ayasaka com atenção e depois lançou um olhar de cumplicidade para Tuphi, que comentou:
— Preparada para conhecer a cidade com a melhor companhia possível? — disse Tuphi, balançando sua cauda peluda enquanto mantinha as orelhas eretas.
Ayasaka, notando a reação de Tuphi, brincou com ela:
— Então, Beatrice vai me acompanhar? Já que você disse “a melhor companhia possível”. — Ela olhou para Beatrice, que riu suavemente.
Tuphi pareceu murchar como um pneu de carro recém-furado, fazendo um som de agonia com sua cauda quase entre as pernas. Ayasaka riu de forma contida com a mão na boca.
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Tuphi, parecendo uma casca sem vida, arrastou-se até uma poltrona, seus olhos perdendo o brilho, suas orelhas caídas, lembrando um cachorro abandonado por seu dono.
— Estou brincando. Já estou pronta. Para onde vamos primeiro? — Ayasaka disse, olhando para Tuphi, que estava derrotada na poltrona.
Tuphi cruzou os braços com um bico de desdém.
— Sem graça! — Tuphi exclamou, virando o rosto e levantando as orelhas como sinal de desprezo para Ayasaka.
Ayasaka riu e se dirigiu à porta.
— Eu vou sozinha então. Se eu não voltar, a culpa é sua.
Ayasaka girou a maçaneta da porta, mas Tuphi se levantou rapidamente, ainda fazendo bico.
— Está bem, eu te levo. Vamos começar pelo centro comercial! — disse Tuphi, caminhando com passos propositadamente pesados e barulhentos em direção à porta principal.
Beatrice riu da situação, encostada na lareira, esquecendo completamente que Ayasaka não tinha sido sincera sobre sua noite.
— Voltem logo! — disse Beatrice, acenando com a mão direita e seu belo sorriso habitual.
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— Espera aí… — Ayasaka voltou para buscar Kazewokiru em seu quarto, pois não se sentia confortável saindo sem ele.
— Agora sim, sou toda sua.
Ayasaka saiu da aconchegante casa, acompanhada de Tuphi, adentrando as entranhas da pequena cidade.
2
Ayasaka olhou para todas as direções, impressionada com o cenário medieval extremamente vivo a sua volta. Crianças corriam atrás das outras rindo, adultos pareciam estar felizes o tempo todo, e até mesmo os comerciantes, diante do sol escaldante do meio-dia, pareciam se divertir ao vender seus itens com esmero e empolgação.
Tuphi, percebendo a empolgação de Ayasaka, resolveu comprar algo para ela experimentar, pois já era hora do almoço.
— Venha! — Tuphi puxou Ayasaka pela mão e correu em direção a uma banca de frutas repleta de diversas cores, fazendo os olhos de Ayasaka brilharem apaixonadamente.
— Dois rangos, por favor — Tuphi pediu ao vendedor com um olhar fofo em seu rosto.
— É para já.
O vendedor preparou os rangos, que eram maçãs em palitos de churrasco, caramelizando as em uma espécie de calda de açúcar queimado, que estava em uma grande panela rústica no fundo da banca, entregando-as a Tuphi com um sorriso no rosto.
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— Obrigada!
Quando Tuphi pegou os itens, uma energia verde emanou de seus pulsos, passando pelos rangos lentamente. Ao entrar em contato com o vendedor, essa energia se transformou em um laranja claro, desaparecendo à medida que percorria o braço dele. Os dois sorriram constantemente um para o outro enquanto faziam contato.
Ayasaka, impressionada com o fenômeno, deu um pulo de empolgação e fez sons empolgados enquanto olhava para Tuphi, que balançava sua cauda segurando as maçãs em suas mãos.
— Pegue. — Tuphi estendeu a mão para Ayasaka, segurando uma suculenta maçã avermelhada, de tamanho certamente exagerado.
— Você não vai pagar? — Ayasaka perguntou enquanto pegava uma das maçãs das mãos de Tuphi.
— O que é pa…gar…? — Tuphi respondeu, inclinando a cabeça em sinal de curiosidade.
Nesse momento, Ayasaka percebeu o que Fos queria dizer com o sistema de socialização chamado Raxy e perguntou a Tuphi sobre o brilho que emanava de suas mãos segundos atrás, achando que estava relacionado.
— Ah, verdade, você não conhece muito sobre o Raxy, vou te explicar então — disse ela, empolgada, levantando o dedo como se estivesse prestes a dar uma aula. — Em Ataraxia, o comércio de qualquer tipo de item é baseado na troca de vibrações entre as pessoas. Basicamente, o detentor de um item avalia se você é merecedor ou não com base em sua afinidade com seu interior. Quanto mais gentil e puro for o seu Raxy, mais chances você terá de conseguir um item de grande valia. Não estabelecemos preços para os itens, de acordo com a nossa filosofia, quanto mais puro você for, mais coisas merecerá.
Tuphi completou a explicação enquanto olhava para Ayasaka, puramente concentrada em sua fala.
— Pelo menos, Ataraxia costumava funcionar assim.
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3
Tuphi, enquanto saboreava sua rango e caminhava com Ayasaka pela feira movimentada e alegre, falava de boca cheia.
— É aí que você entra, mestre. — Tuphi olhou de canto para Ayasaka, que estava olhando ao seu redor com os fortes raios da luz exótica do sol daquele mundo refletindo em seus curtos cabelos pretos.
— Ataraxia, após a queda da família celestial e a derrota da guardiã de Ataraxia, acarretada pela personificação da maldade e da trapaça, foi corrompida por ódio e violência, tornando-se uma terra sem lei, um lugar onde raxy não tem nenhum valor. Atualmente, o que importa é o quão esperto você é na arte da trapaça. Ou o quão forte você é para roubar itens, ou até mesmo terras… Milhares de pessoas tiveram seus raxy interiores corrompidos pela ganância e maldade logo após a derrota da família celestial, terminando o reinado de paz e igualdade de Ataraxia, começando uma era sombria de escuridão e violência, onde nos encontramos atualmente.
Ayasaka olhou para a feira, tentando entender melhor o cenário e questionou:
— Mas tudo a nossa volta parece tão alegre e feliz, eu não consigo entender o motivo de você se referir a isso tudo como uma era de escuridão e violência.
Tuphi continuou a explicação:
— Nós somos a resistência, os rebeldes. É assim que se referem ao povo que tem força de vontade e vai contra a personificação do mal que governa Ataraxia no momento, é assim que se referem a grupos que propagam bondade e cultuam o antigo sistema de socialização baseado em seu raxy interior. Esse grupo de pessoas é odiado por todos, pelo simples motivo de verem o próximo acima de si mesmos.
— O que seria a personificação do mal que você fala? — perguntou Ayasaka, olhando para a suculenta maçã a sua frente, que já estava pela metade.
Tuphi suspirou e respondeu com um olhar pesado:
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— Ninguém sabe ao certo o que é. Apenas sabemos que é uma entidade tão poderosa ao ponto de derrotar nossa antiga guardiã, matando todos os membros da família celestial em seguida. Há lendas antigas que se referiam a essa entidade como uma grande sombra negra cuja qual engolia tudo em que o horizonte tocava, transformando completamente o ambiente em um verdadeiro purgatório, como também boatos de uma silhueta de aparência perturbadora que corrompia tudo a sua visão, trazendo o caos junto de sua presença…
Ayasaka ouvia atentamente as palavras de Tuphi, começando a entender melhor o contexto de Ataraxia.
Tuphi completou sua explicação na movimentada rua da feira, mas Ayasaka parou no meio do caminho, olhando para o chão e sem proferir uma palavra. Ela sentia a pressão em suas costas, uma sensação que não experimentava desde que deixou Tóquio.
Finalmente, Ayasaka rompeu o silêncio com lágrimas sinceras escorrendo por seu rosto. Ela balançou a cabeça com um gesto negativo, desabafando sobre como se via:
— Eu não sou capaz. Sinceramente, não sou capaz. Sou apenas uma colegial de dezesseis anos do Japão. Não tenho muitas qualidades. Tenho medo de pessoas. Tenho medo de responsabilidades. Tenho medo do futuro. Você realmente acha que uma garota assim mereça ser chamada de a garota da profecia?
Tuphi com um suspiro, chamando Ayasaka de mestre, comovida com o estado da garota que chorava como uma criança triste diante dela, deu passos delicados até se aproximar de Ayasaka. Ela pousou a mão no ombro direito da garota, onde estava a amarra do belo violão de cordas transparentes, fazendo com que Ayasaka ficasse imóvel diante de tal gesto. Tuphi a olhava com um olhar de benevolência.
— Nós sabemos que você é a garota da nossa profecia, porque você foi escolhida — Tuphi puxou levemente a amarra de Kazewokiru, fazendo o instrumento se mexer ligeiramente. — Nós sabemos que você é a garota da profecia por causa de Fos, que a trouxe em suas costas em uma noite de intenso luar, como nas fábulas sobre a profecia. Nós a escolhemos porque, apesar de tudo o que ainda precisa aprender, você é nossa esperança, a chama de vida que queimará alegremente pelos campos de Ataraxia, mestre Ayasaka. — Disse Tuphi, descansando suas duas mãos em seus ombros.
Um pouco corada e ainda olhando para os lados, Ayasaka finalmente respondeu:
— Vamos andar.
4
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Ayasaka e Tuphi passaram o dia em paz no pequeno vilarejo até a chegada da noite, quando Tuphi expressou uma ideia empolgante.
— Quer ver algo que você nunca viu na vida, mestre? — disse Tuphi, com entusiasmo em seu rosto.
Ayasaka, observando o pequeno vilarejo iluminado por um fraco luar, respondeu:
— Considerando que tudo o que estamos vivendo é uma experiência única para mim desde o início, será difícil você me surpreender a essa altura.
Tuphi segurou gentilmente a mão de Ayasaka e começou a guiá-la com passos acelerados, afastando-se da rua principal e adentrando as vielas secundárias do vilarejo. Conforme corriam, o ambiente ao redor ficava cada vez mais deserto e silencioso, deixando Ayasaka um pouco apreensiva.
— Ei… Tuphi? — disse Ayasaka enquanto era puxada pelo braço.
Tuphi não olhou para trás, apenas deu uma pequena risada e respondeu:
— Estamos quase chegando, mestre. Será o nosso pequeno segredo.
À medida que as duas garotas exploravam as entranhas do vilarejo, Ayasaka notou uma mudança impressionante no ambiente. Elas chegaram a uma pequena ponte sobre um riacho, onde a água corria calmamente, criando um som relaxante. O local era suficiente para acalmar qualquer pessoa com a sorte de estar ali naquele momento.
Ayasaka e Tuphi pararam sobre a ponte de madeira rústica. A luz do intenso luar se misturava com os pequenos vagalumes, criando um suave brilho azulado que iluminava a pele branca de Tuphi. Ayasaka observou a beleza exótica da garota de cabelos cinzentos com um par de orelhas de lobo e foi gentilmente interrompida pelo calmo sorriso de Tuphi enquanto ela apreciava o pequeno rio à sua frente, com as mãos juntas.
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— Eu não sou o que eu queria mostrar — Disse Tuphi, dando uma pequena risada e olhando para Ayasaka, que corou e desviou o olhar.
Tuphi fechou os olhos heterocromáticos e uniu as mãos sobre o peito, em um gesto de prece. Luzes fracas começaram a cintilar ao redor da menina lobo enquanto ela permanecia à beira da ponte iluminada pelo luar. O ambiente tornou-se cada vez mais silencioso, e Ayasaka observou as luzes pairando ao redor de Tuphi, como se mantivessem uma conversa silenciosa com a garota lobo.
Ela emanava uma fraca luz verde de seus pulsos, semelhante àquela que Ayasaka tinha visto mais cedo na banca de frutas. Tuphi estava envolta em um círculo de pequenos pontos brancos que cintilavam à sua volta, criando a imagem de um anjo que irradiava delicadeza e doçura. Essa visão encheu os olhos de Ayasaka de paz e ternura, fazendo-a vibrar em silêncio.
As pequenas luzes que giravam ao redor de Tuphi mudaram de direção e, em um movimento fluido, começaram a orbitar Ayasaka, que estava próxima de Tuphi. Ayasaka imediatamente abriu um largo sorriso, impressionada com a situação. Ela estendeu o braço à frente, com os dedos esticados, e as pequenas luzes pareciam dançar ao redor de sua mão.
Em questão de segundos, os pequenos pontos brancos que cintilavam na mão estendida de Ayasaka desapareceram sob o luar, fazendo com que Ayasaka ficasse parada na mesma posição, observando os detalhes de sua mão incrédula.
Tuphi caminhou lentamente em direção a Ayasaka com um pequeno sorriso no rosto e pegou gentilmente a mão estendida dela.
— Eles sabem quem você é — disse Tuphi enquanto segurava a mão de Ayasaka. — Eu tenho afinidade mágica com espíritos. Consigo me comunicar com espíritos inferiores, já que a vibração do meu raxy interior pende para a afinidade com magia do tipo luz. Sempre que posso, venho a esse local pouco populado para conversar com espíritos e manter minha afinidade equilibrada.
Ayasaka, impressionada com o que a garota havia lhe dito, perguntou:
— Eu tenho afinidade a que?
— Hmm… Essa é uma boa pergunta, é difícil dizer a afinidade da vibração de seu raxy interior; poucas pessoas conseguem fazer essa análise. No geral, só magos de alto escalão, o que são poucos nos dias de hoje… — disse Tuphi, levando a mão ao queixo em sinal de dúvida.
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— Agora fiquei triste
Ayasaka se sentou na beira da ponte, submergindo seus pés descalços nas águas geladas do riacho, e olhou para a pequena lua que brilhava no céu, acompanhada de estrelas prateadas.
— Sente-se aí
Tuphi, aceitando o convite de Ayasaka, sentou-se no chão da ponte úmida de madeira rústica, dobrando suas pernas, e observou o céu estrelado junto com Ayasaka.
— Esse mundo é maravilhoso… Queria ter observado os dias de glória desse lugar
5
Tuphi observava silenciosamente Ayasaka com as orelhas levantadas, vendo a garota puxar Kazewokiru de suas costas. O instrumento refletia uma cor apagada de seu corpo devido à luz fraca da lua. Ayasaka acomodou o grande violão de aparência medieval em seu colo, achando uma posição confortável para ele. Ela sorria enquanto acariciava o topo do instrumento, que cintilava um azul translúcido em suas quase invisíveis cordas.
— Eu já tive medo de você… Quem diria que um violão empoeirado que eu achei guardado em minha casa iria me trazer para outro mundo que depende de mim — disse ela sorrindo, enquanto levantava sua mão pronta para desferir um acorde de sol maior no instrumento. Ayasaka delicadamente abaixou seu braço em direção às cordas do violão em um movimento majestoso de seu corpo inteiro, fazendo com que a manga larga de seu manto, que tinha levantado, voltasse à altura de seus pulsos.
Ayasaka baixou delicadamente o braço em direção às cordas do violão com um movimento majestoso de todo o corpo, fazendo com que a manga larga de seu manto, que tinha se erguido, retornasse à altura de seus pulsos.
Logo após o acorde ter sido tocado no instrumento, uma colisão de realidades pareceu se impor sobre Ayasaka e Tuphi, marcada pelo brilho rosa nas cordas do violão. Tudo ao redor das garotas começou a se mover em um ritmo mais lento, incluindo a água do riacho que acariciava os pés de Ayasaka.
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Tuphi permaneceu imóvel, observando vagalumes que pareciam flutuar ao seu redor, suspensos no ar por segundos. Ayasaka sorriu para Tuphi e tocou um segundo acorde, um som indistinguível que parecia ser uma combinação de duas notas, produzido com a ponta das unhas raspando nas cordas do instrumento. Novamente, uma resposta estranha envolveu o ambiente, tornando as cores do entardecer cada vez mais vibrantes, enquanto o eco das cordas do instrumento reverberava nas paredes dos becos e vielas das casas de aparências cansadas do pequeno vilarejo.
Ayasaka recuperou o fôlego com seu típico sorriso sádico, preparando-se para começar a cantar. Seus dedos deslizavam sobre as cordas do instrumento, produzindo um som estrondoso, mas doce. De repente, ela alterou a melodia, emitindo uma melodia fina com os lábios quase selados, um tom que certamente surpreendeu Tuphi, deixando-a de boca aberta.
Ayasaka e Kazewokiru estavam em perfeita sintonia. O instrumento produzia uma melodia poderosa e sólida, enquanto Ayasaka, com os lábios quase selados, liberava o ar de maneira curta e nítida por entre os dentes inferiores e superiores.
De olhos fechados, ela fazia movimentos bruscos e vigorosos com os braços e pulsos, que brilhavam em um azul forte, transmitindo energia para o instrumento. O violão ressoava em um tom grave e alto, enquanto Ayasaka entoava uma melodia áspera, parecida com o canto de uma sereia.
— Não pode ser… — Tuphi murmurou enquanto se levantava lentamente, observando o mundo à sua volta.
Tuphi estava diante da capital de Ataraxia de quinhentos anos atrás, a lendária Ataraxia antiga tão elogiada pelos rebeldes. As altas e pontiagudas construções se erguiam diante dela, ligadas por pontes elevadas, criando um cenário exuberante que deixaria qualquer jovem Lobian sem palavras. Era a primeira vez que ela presenciava aquela visão.
Crianças brincavam alegremente na movimentada rua principal, onde seres de diferentes raças se cumprimentavam e conversavam. Vendedores ofereciam seus produtos com entusiasmo exagerado, todos pareciam orgulhosos de suas vidas. Tudo isso acontecia em uma rua de pedras vivas e repleta de cores. Ayasaka estava sentada no meio da rua, cantando e tocando com os olhos fechados. Parecia que o Kazewokiru infundia o ambiente com uma alegria contagiante, fazendo Tuphi gargalhar de forma empolgada, pulando e girando no meio das centenas de pessoas que levavam suas vidas sem perceber a garota de cauda macia dançando ao redor delas.
As crianças brincavam com uma alegria que era contagiosa, suas risadas enchiam o ar enquanto corriam pelas ruas, suas roupas coloridas formando um contraste vívido com as construções antigas de pedra e as pontes elevadas. Seres de raças diversas, cada um com sua peculiaridade, caminhavam pela movimentada rua principal, cumprimentando-se com sorrisos amigáveis e trocando histórias do dia. A atmosfera estava impregnada de um orgulho coletivo, como se todos naquela cidade soubessem que faziam parte de algo especial.
A rua de pedras vivas, com suas cores deslumbrantes, parecia uma tela viva que se desenrolava diante dos olhos de Tuphi. Ela via edifícios antigos, com detalhes arquitetônicos impressionantes, e as pontes elevadas que ligavam as construções, criando uma paisagem deslumbrante. A cada passo, novos detalhes chamavam sua atenção, desde a vegetação que crescia nas sacadas das construções até os pequenos detalhes artísticos esculpidos nas fachadas.
Enquanto Ayasaka entoava sua melodia e tocava o Kazewokiru com paixão, a magia do instrumento parecia conectar todos os presentes, envolvendo-os em uma alegria contagiante. A música de Ayasaka enchia o coração de todos, e eles se permitiam levar pelo ritmo, alguns até começando a dançar espontaneamente.
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Tuphi não conseguia conter sua empolgação, pulando e girando no meio das pessoas, suas orelhas de lobo se destacando enquanto sua calda macia acompanhava seus movimentos. Ela ria e gargalhava, como se estivesse experimentando uma alegria genuína que há muito tempo não sentia. Era como se a antiga Ataraxia tivesse voltado à vida, e ela fazia parte desse renascimento.
À medida que a música fluía e as pessoas se juntavam à celebração, Tuphi percebeu que a magia daquele momento era única. Ela estava testemunhando a história ganhar vida diante de seus olhos, e sua alma se enchia de gratidão por fazer parte daquela experiência especial.
Com o coração leve e alegre, Tuphi dançou junto com as pessoas, sentindo-se parte daquele mundo mágico que parecia ter sido congelado no tempo. O calor do abraço daquela antiga Ataraxia a envolvia, e a sensação era indescritível. Era como se ela estivesse vivendo uma lenda, um conto de fadas que se tornara realidade.
Enquanto Ayasaka continuava a tocar, o som do Kazewokiru envolvia todos os presentes, criando uma atmosfera de harmonia e felicidade. As cores da rua ganhavam vida, brilhando de maneira intensa e mágica. Era como se as pedras vivas sob seus pés soubessem que estavam sendo testemunhas de algo especial e se juntassem à celebração, brilhando em resposta à música.
À medida que a noite avançava, as estrelas no céu prateado se tornavam mais visíveis, adicionando um toque de encanto à cena. Os habitantes da antiga Ataraxia continuavam a dançar e a sorrir, compartilhando momentos de alegria com Tuphi, que finalmente se sentia acolhida e parte de algo maior.
Ayasaka deu sua última dedilhada nas cordas metamórficas do instrumento e gentilmente abriu seus olhos coloridos. Ela observou Tuphi parar de dançar ao seu lado na rústica ponte de madeira, enquanto o ambiente voltava à escura noite em que haviam conversado sob a luz da lua.
— O que foi isso? — Tuphi perguntou, de pé ao lado de Ayasaka, seus olhos cheios de lágrimas.
Surpresa com a reação da garota e com o violão ainda em seus braços, Ayasaka respondeu sorrindo:
— Eu não sei… sério! Apenas toquei uma melodia que veio à minha mente
Tuphi ponderou:
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— …talvez esse seja um dos destinos desconhecidos do Kazewokiru, mas você ainda não tem total controle sobre ele…
Ayasaka olhou na direção de Tuphi, pensativa.
— …destinos?
— Bom, vamos lá!
Tuphi levantou Ayasaka, segurando o Kazewokiru com a mão esquerda e colocando-o nas costas da garota após levantá-la.
— Está realmente anoitecendo. Acho bom a gente voltar né?… Beatrice deve estar preocupada — Tuphi disse enquanto limpava suas meias, que haviam ficado levemente sujas após sentar-se na antiga ponte.
Ayasaka e Tuphi percorreram o mesmo caminho de volta pelas vielas estreitas do vilarejo, conversando pacificamente enquanto desfrutavam da serenidade da noite. Finalmente, emergiram na rua principal e seguiram em direção à casa onde Beatrice os aguardava.
Tuphi puxou delicadamente Ayasaka pela porta de entrada, e ambas adentraram a casa. Beatrice estava sentada em um sofá, imersa na leitura de um livro de capa vermelha. Ela ergueu os olhos quando as duas garotas entraram.
— Chegamos — declarou Tuphi, um leve tom de cansaço em sua voz, enquanto abria a porta com gentileza.
Beatrice observou as duas do alto de seu livro, com um olhar misterioso. Ela finalmente sorriu de forma calorosa e sincera, fazendo com que Ayasaka e Tuphi respondessem com sorrisos igualmente gratos.
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— Sejam bem-vindas de novo, meninas — disse Beatrice, indicando que a casa era agora o lar de todas elas. — Vão tomar um banho. Depois, teremos algo gostoso para comer
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