Índice de Capítulo

    1

                — Sinceramente… essa cidade parece não chegar nunca.

                Tuphi olhou levemente para trás na direção de Ayasaka, que parecia estar tendo um mal tempo com o sol escaldante da viagem que fazia por horas a fim.

                — Espera, espera! Aquilo ali é uma cidade? Tô vendo miragens?! Tô vendo coisa hein?! Né possível não!

                Tuphi com uma voz doce, riu da situação.

                — Sim mestre, estamos chegando em Uevyat.

                — É nada! Tá brincando?!

                Conforme a montaria de Ayasaka e sua trupe se aproximava de Uevyat, Ayasaka ficava animada pela visão de construções rusticas que se estendiam pelo tapete urbano medieval até onde a vista permitia. Grandes muros rodeavam seu perímetro.

                — Bem-vinda a Uevyat Cavaleira. Era conhecida por ser uma das cidades mistas de Ataraxia, uma cidade que foi fundada um pouco antes do fim da Era das Divindades, também depois da Guerra das Raças Mortais.

                — Guerra das Raças?

                — Um acontecimento histórico que teve início após o fim dos Tratados da Liberdade de Gale.

                — Basicamente o fim da Era dos Deuses deu liberdade ao ódio e o preconceito que se fortificava nas entrelinhas nas relações entre as raças. — Beatrice completou a fala de Sannire.

                Ao passarem por um grande portão de ferro fundido e entrarem na cidade não muito movimentada, Beatrice continu ou:

                — As cidades mistas foram criações feitas por empresários importantes de todas as quatro raças, mas eles nunca visaram união, a intenção deles sempre foi o lucro, e deu o que deu.

                Ao ver que Beatrice abaixou a cabeça como se estivesse decepcionada com o desenrolar da atitude dos senhores que ela citou, Ayasaka resolveu concentrar sua atenção na cidade a sua volta que a cercava, com uma expressão surpresa.

                A cidade, mesmo mantendo a aparência medieval que Ayasaka se deparou em toda volta na sua aventura dentro do mundo de Ataraxia, possuía uma atmosfera triste. O que surpreendeu Ayasaka, já que ela não esperava isso de nenhum lugar nesse novo mundo.

                — Esse lugar parece abandonado. Não tem ninguém nas ruas… as casas parecem velhas, que estranho.

                — Pois é né? Talvez visar lucros no lugar de vidas não seja uma boa ideia no fim das contas. — Beatrice balançou a cabeça.

                Tuphi guiava o cavalo pelas ruas principais da cidade a pé com a guia enquanto Ayasaka permanecia sentada no cavalo olhando em volta. Beatrice e Sannire acompanhavam Tuphi, uma taverna não muito distante se aproximava, próxima a esquina de uma viela que possuía algumas crianças correndo em volta, se divertindo

                — Parece estar rolando uma festa ali dentro hein — Ayasaka comentou curiosa.

                Tuphi olhou na direção da taverna após amarrar os cavalos não muito distante da trupe.

                — Que curioso essa felicidade por aqui.

                — E tem hora para ser feliz agora? — Sannire retrucou animado para Tuphi que olhava com incertezas. — Vamos lá dar uma olhada, não custa nada afinal!

    2

                Os cristais luminosos que faziam a iluminação da taverna forneciam uma ambientação aconchegante para o interior à medida em que eles adentravam o ambiente movimentado. Mesas e cadeiras estavam aglomeradas em extremidades do salão de madeira e pequenos grupos interagiam ao som de vozes altas junto de risos e bebidas alcoólicas que regavam as histórias que passavam de boca a boca pelos sujeitos humildes ali presentes.

                Ayasaka caminhava entre as mesas acompanhada de Tuphi e os outros de sua trupe. Eles estavam a rumo de uma mesa um pouco afastada, perto do balcão.

                 — Init Tibt viajantes, por favor, aceitem essa cortesia.

                Uma garçonete chegou com uma bandeja carregada de algumas canecas que ela estava distribuindo pelas mesas de viajantes que acabaram de chegar na movimentada taverna.

                — Cortesia? — Ayasaka indagou com a mão apoiada no rosto.

                — Aparentemente aquele cavalheiro tem algo a ver, estou correto?

                Sannire de braços cruzados, perguntou a garçonete que confirmou timidamente.  

                — Correto senhor. Este bom homem… fez questão de deixar todas as contas por cortesia dele até o Solus descansar.

                Ayasaka olhou na direção da pessoa que eles se referiam com curiosidade, e viu um homem esbelto sentado na ponta de uma mesa rodeado de pessoas que pareciam se divertir, imersas no assunto que alimentava seus olhares de curiosidade.

                — Que cara esquisito…

                O homem sentado por trás da mesa tinha um semblante sorridente e confiável. Ele vestia uma exótica túnica junto de calças bufantes que deixava parte de sua barriga amostra. Seus braços tatuados escondiam um físico esbelto, musculoso, sem ser exagerado. Seus cabelos, cobertos por um pano que era preso por um grande rubi repousavam em seus ombros refletindo uma cor azul em grossas tranças bem-feitas.

                — Parece importante. A pergunta é o que um sujeito desses tá fazendo por aqui. — Beatrice respondeu, também observando o homem misterioso.

    Ayasaka e sua trupe, mantendo um olhar discreto na direção do homem intrigante, conversavam entre si, especulando sobre a presença incomum do forasteiro.

    — O que você acha, Sannire? Talvez seja um nobre ou um comerciante influente dessa cidade. — Tuphi sugeriu, tentando desvendar o mistério.

    Sannire coçou a cabeça, com uma expressão pensativa.

    — Não sei, algo me diz que ele não é apenas um nobre comum. Parece ter uma aura peculiar ao seu redor.

    — Só sei que essa cerveja está muito boa!

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