Capítulo 36 – “A Canção da Profecia é uma música solo”
1
O café da manhã era farto em cima da mesa posta por empregados que aguardavam pacientemente no canto da parede perto da porta de entrada da sala de refeições.
Sucos, doces e lanches estavam dispostos sobre uma toalha de seda de cores claras. A mesa era grande, e Ayasaka junto de Tuphi e a trupe estavam desfrutando do café da manhã colorido naquela primeira manhã relaxante em Uevyat.
— Isso aqui está muito bom!
Tuphi, com um pão doce mordido na mão ofereceu para Ayasaka que estava pensativa.
— Ei… o que foi?
Ayasaka que estava distraída olhando para o vazio retornou o olhar para Tuphi com um sorriso.
— Nada, está tudo bem.
Tuphi, de braços cruzados com um bico irritado em sua boca, retrucou:
— Está tudo bem nada! O que você tem?!
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Ayasaka se sentou na mesa e suspirou.
— Você não vai se sentar para comer não? Comer de pé faz mal.
Tuphi suspirou e se sentou ao lado de Ayasaka.
Beatrice estendeu o braço e serviu um suco que Ayasaka não conhecia em sua caneca.
— Esse suco faz cara ruim ir embora.
Ayasaka encarou a caneca que Beatrice deixou em sua frente e deu uma leve risada enquanto mantinha os braços cruzados.
— Obrigada, Beatrice.
— Vamos, vamos. Beba.
Ayasaka bebeu o suco da caneca e expressou um sorriso singelo no rosto ao olhar para as garotas que a encaravam ansiosas.
— Obrigada gente, sério.
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— Mas estava bom o suco? Eu quero também! — Tuphi avançou em Ayasaka na intenção de pegar sua caneca.
— Ei! Você tem a própria caneca! Por que tem que beber na minha?!
— Porque é tipo um beijo! Deixa eu te beijar!
— Sai daqui velho!
Enquanto Ayasaka mantinha a mão no rosto de Tuphi para afastar ela de sua caneca, a figura etérea de Agnus entrou na sala com um sorriso no rosto ao dar de cara com a cena de Tuphi quase subindo em cima da mesa para pegar a caneca de Ayasaka.
— Bom dia! …parece que estão animadas, não é mesmo?
— Ah! — Tuphi foi empurrada para o chão por Ayasaka em uma atitude desesperada ao ver o anfitrião entrar na sala repentinamente.
— Bom dia. — Beatrice e Sannire responderam enquanto Ayasaka olhava para Tuphi que aparentava estar desmaiada no chão.
— …elas estão bem?
— Ignore. — Beatrice e Sannire responderam ao mesmo tempo com um sorriso no rosto.
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2
— Então você quer que a gente recupere um colar? — Ayasaka respondeu com os braços cruzados. — Isso era a ajuda que você queria?
— Precisamente.
— Não é como se você não conseguisse isso sozinho, não é mesmo?
— E colocar a Tuphi e Ayasaka juntas para isso… — Beatrice completou, pensativa.
— Eu acho que vai ser uma boa oportunidade para as duas ficarem mais próximas — Agnus respondeu enquanto olhava para as garotas.
— Está tudo bem, Sannire, Beatrice. Afinal, a gente quer fazer isso também, né Tuphi?
Tuphi olhou para Ayasaka em silêncio.
— Sim, sim.
— Vai ser uma aventura legal no fim das contas, acho que temos tempo para uma parada pequena por aqui no mais de tudo. — Ayasaka concluiu.
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— Bom, acho que está tudo certo em relação a isso, não?
3
Agnus observou a trupe sair da sala de refeições um a um até que chegou a vez de Ayasaka passar pela porta.
— Posso falar com você mocinha? — Agnus chamou atenção de Ayasaka.
— Ahn? Claro.
— Você está bem? — Agnus olhou nos olhos de Ayasaka com suas pupilas esotéricos.
Ayasaka desviou o olhar, incomodada com algo que estampava sua expressão.
— Estou bem sim.
— Okay… agora pode ser sincera? Vamos começar com… dormiu bem?
A pergunta de Agnus encheu os olhos de Ayasaka de incerteza instantaneamente. Ela tentou não olhar em seus olhos, mas foi inevitável a sua atenção repentina a ele.
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— Parece que não.
Agnus cruzou a perna esquerda por cima da direita com um suspiro.
— Beatrice….? Sannire…? — Agnus disse o nome dos dois para ver se Ayasaka mudava sua expressão, e nada aconteceu até ele citar outro nome.
—…Tuphi…?
Ayasaka virou o rosto.
— Então parece que o problema está aqui.
Ayasaka olhou na direção de Agnus, balançando a cabeça em negação.
— Não… não é isso. O problema está aqui dentro — Ayasaka disse com a mão no peito. — Eu não consigo entender. Tive inúmeros sonhos, sonhos macabros, sombrios… são sonhos que mostram apenas fatalidades que me esperam. Sonhos que mostram um lado que eu não conhecia meu… eu matei a Tuphi.
Agnus olhou na direção do teto da casa, intrigado e pensativo, respeitando o momento.
— Um lado… sombrio?
Ayasaka balançou a cabeça positivamente enquanto lágrimas escorriam de seu rosto.
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Agnus suspirou.
— Você sabe o que é a profecia, correto?
Ayasaka olhou na direção de Agnus enquanto criava fôlego para responder.
— Salvar Ataraxia?
— É isso, mas não é isso… Você sabe ao menos, que a profecia é uma canção?
— Uma canção…? Não. Não sabia.
— Pois é, pois é! — Agnus respondeu empolgado. — A profecia é uma canção passada pelas gerações de Xodiks. Sempre foi uma pequena apresentação, que inclusive, com o passar do tempo foi adaptada pelos bardos.
Ayasaka estava pensativa, digerindo a informação, Agnus concluiu:
— …mas você sabe o que a Canção da Profecia tem de mais peculiar…?
Agnus se levantou e começou a observar uns quadros da sala, em silêncio.
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Ayasaka interrompeu sua curiosidade com uma pergunta:
— O que a canção tem de peculiar?
— A Canção da Profecia é uma música cantada solo. Isso te soa familiar?
Ayasaka arregalou os olhos enquanto mantinha a sua vista fixada no chão. Um arrepio percorreu por sua espinha enquanto sua visão ficava cada vez mais embaçada. Seu choro ecoava baixo pelo quarto.
4
— Cantada solo… — Ayasaka repetiu a informação, sua voz entrecortada pelas lágrimas. — Como uma solitária melodia em meio à escuridão…
Agnus virou-se para Ayasaka, compreendendo a profundidade de suas emoções.
— Essa canção… ela é uma jornada solitária, não é? — Ayasaka indagou, mesmo que mais para si mesma do que para Agnus.
— A Canção da Profecia é uma trilha que apenas o profeta pode trilhar. Uma jornada que transcende os laços pessoais. Às vezes, a profecia pesa não apenas nos ombros, mas também no coração — explicou Agnus, sua voz carregada de sabedoria.
A nevoa dos sentimentos nublava os olhos de Ayasaka, e ela continuou a falar, desabafando sua alma atormentada.
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— E nessa canção, eu vejo sombras, morte, e um lado meu que desconheço. Sinto a dor daqueles que amo… daqueles que não sei se poderei proteger. É um fardo, uma carga que parece aumentar a cada nota dessa melodia sombria.
Agnus permaneceu em silêncio por um momento, respeitando a dor que transbordava de Ayasaka.
— Ayasaka, ser a profeta não significa que você precise suportar tudo sozinha. Há força nas conexões que você construiu, nas amizades que floresceram. A jornada pode ser solitária, mas isso não significa que você esteja verdadeiramente sozinha.
Ao ouvir as palavras reconfortantes de Agnus, Ayasaka levantou o olhar, encontrando nos olhos dele uma mistura de compreensão e compaixão.
— Você tem uma escolha, Ayasaka. Você pode deixar que essa canção a afogue na escuridão, ou pode encontrar luz nas conexões que formou. Cada profeta molda sua jornada de maneira única. Não deixe que a profecia a defina; defina-a você mesma.
A tristeza nos olhos de Ayasaka começou a ceder espaço para uma determinação renovada. As lágrimas, agora, eram como a chuva que prepara o solo para o renascimento.
— Eu… eu quero encontrar a luz, Agnus. Quero trilhar meu próprio caminho, não importa o quão sombrio ele possa parecer.
Agnus sorriu, reconhecendo a coragem que brotava nas palavras de Ayasaka.
— Então, que sua jornada seja guiada pela sua vontade, e não pelas sombras do destino. Estamos aqui para apoiá-la, Ayasaka.
A troca de olhares entre eles transmitiu um entendimento mútuo, e Ayasaka, finalmente, sentiu um vislumbre de esperança rompendo as nuvens sombrias que obscureciam seu coração
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Agnus colocou uma mão gentil sobre o ombro de Ayasaka, transmitindo conforto.
— Ayasaka, eu também já estive à beira da escuridão. Havia momentos em que as sombras ameaçavam consumir minha alma. Mas percebi que, se eu caísse, muitos ao meu redor também estariam envolvidos pela escuridão. Essa é a carga daqueles que carregam a luz; ela os mantém fortes, mas também os desafia.
Ayasaka olhou para Agnus, intrigada pelas revelações do anfitrião.
— Você… conhece a escuridão?
— Sim, Ayasaka. Sou conhecido pela luz que irradio, mas para alcançar essa luz, precisei enfrentar as sombras. A jornada de um guia não é isenta de desafios. A luz que brilha forte é aquela que resistiu à escuridão.
Agnus afastou-se um pouco, olhando para a paisagem fora da janela.
— Se eu tivesse cedido à escuridão, muitos que dependiam da minha orientação também teriam sucumbido. Às vezes, a luz que carregamos não é apenas para nós mesmos, mas para aqueles que buscam direção na escuridão.
A intensidade do olhar de Agnus aumentou enquanto ele se voltava novamente para Ayasaka.
— Portanto, Ayasaka, seja forte. Encontre a luz em seu próprio coração, e ela iluminará o caminho não apenas para você, mas para todos aqueles que compartilham deste destino entrelaçado.
As palavras de Agnus ecoaram no silêncio, como uma promessa de orientação e apoio. Ayasaka sentiu uma nova determinação se erguendo dentro dela, alimentada pela compreensão de que, mesmo nas sombras, ela poderia encontrar sua própria luz.
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— Obrigada, Agnus. Vou trilhar esse caminho, enfrentar as sombras e encontrar a minha luz.
Agnus sorriu, um sorriso de encorajamento.
— Conte sempre conosco, Ayasaka. Sua jornada é também a nossa, e juntos enfrentaremos o que quer que o destino nos reserve.
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