Capítulo 297 - Recém-chegado ingênuo!
(POV)
Era uma vez um jovem órfão que cresceu e se tornou um ladrãozinho. Ele se recusou a se enrolar e morrer, então tomou sua sobrevivência em suas próprias mãos.
Então, um dia, toda a sua existência mudou. Isso aconteceu antes dos Créditos, da Torre e dos Escaladores. Era uma época muito mais simples: quando dedos ágeis e raciocínio rápido podiam alimentar alguém. Foi antes da moeda se tornar virtual.
Naquele dia fatídico, esse ladrão estava vasculhando as ruas em busca de um bom alvo. Deixando de lado a moralidade, era bastante lucrativo, e a profissão em si era uma arte. Escolher o alvo certo era o primeiro passo que era preciso dominar.
O ladrão por acaso notou um homem que parecia particularmente agitado e perdido em pensamentos. Ele estava vestindo uma jaqueta de couro que não estava na moda, mas era cara.
O que o tornava uma boa nota era que ele segurava inconscientemente o bolso direito. Saber onde atacar era vital para um ladrão. Cada encontro precisava ser o mais breve possível, impossibilitando uma busca.
Depois de encontrar a marca veio o próximo passo: esperar pela oportunidade perfeita. Em algum momento, o homem chegou perto de uma faixa de pedestres. Ele foi apertar o botão que controlaria o semáforo e permitiria uma passagem segura.
Sem esperar, o garoto explorou a fraqueza! O homem não estava mais segurando o bolso e estava distraído. Um movimento fluido discreto e rápido depois, o ladrão estava se afastando suavemente. Em carteiristas, era preciso ser rápido como um raio. Pegue o saque e saia!
Ele finalmente parou em um pequeno beco próximo, observando sua recompensa: era um envelope preto estranho com uma adaga de prata inscrita no topo. O ladrão rapidamente abriu, esperando notas valiosas, mas não! Era uma carta com um único endereço.
Ele só podia suspirar, lamentando sua má sorte. Qual era o ponto de possuir isso? Esta informação provavelmente era valiosa nas mãos certas, mas era inútil para um rato de rua como ele. Foi um desperdício!
Assim que ele se virou para retomar sua caçada, ele congelou abruptamente e quase se mijou. Na frente de seus olhos, havia uma adaga. Um homem que ele reconheceu muito bem estava ali com um sorriso calmo. A vida do ladrão estava agora à mercê do homem que acabara de roubar!
A criança sentiu vontade de chorar. Isso foi um desastre! Se ele soubesse sobre o item, ele não teria se incomodado. O homem o mataria? Ele o entregaria às autoridades? De qualquer forma, o ladrão não teria um bom final.
O brilho frio da adaga parecia anunciar sua morte iminente. O homem disse lentamente:
“Eu acredito que você tem algo que me pertence.” Sua voz estava calma demais. Não havia nenhum traço de raiva ou estresse. Era como se ele ameaçasse as pessoas com um punhal diariamente.
O garoto só conseguiu engolir em seco antes de entregar a pequena carta. O homem tinha visto, então ele não podia nem tentar blefar para sair. Ele estava totalmente desamparado. O homem a agarrou, balançando a cabeça lentamente, mas não moveu a arma.
“V-você vai me matar?” O garoto perguntou.
“Eu devo?” Ele respondeu indiferente.
Como ele deveria responder a isso? Se o homem deveria ou não, ele não sabia. Certo ou errado eram conceitos estranhos para alguém apenas tentando sobreviver. Mas de uma coisa ele tinha certeza: “Quero viver”. Foi tudo o que ele disse.
O homem avaliou o jovem:
“Você é muito bom em bater carteiras. Eu posso ter me distraído, mas você ainda conseguiu me enganar por um tempo. Há quanto tempo você está fazendo isso?” Ele perguntou.
“T-três anos.”
“Três anos, e você já é tão proficiente. Você tem roubado todos os dias, não é? Eu vou te dizer uma coisa. Eu vou te dar uma escolha. Ou você pode trabalhar para mim, ou você pode sair agora, e nunca nos encontraremos novamente.”
O garoto se sentiu perdido. Ele estava recebendo uma oferta de emprego? O que poderia ser mesmo? O homem continuou.
“Claro, se você roubar de mim novamente, eu vou te matar.” Não era uma ameaça. Era uma promessa.
O garoto não tinha ideia do que estava acontecendo, mas de uma coisa ele tinha certeza: ele não passava de lixo. Ele era uma praga para a sociedade, uma praga com a qual ninguém se importava. Ele então decidiu jogar os dados com esse homem misterioso.
“Eu vou trabalhar para você…”
O homem riu enquanto sorria para ele. “Você não vai me perguntar o que o trabalho envolve? E se eu quiser que você mate pessoas?” Ele acrescentou maliciosamente.
“Então eu vou aprender a matar pessoas.” O garoto respondeu com convicção.
“Droga, acalme-se, garoto. Isso é muito sombrio para alguém da sua idade! De qualquer forma, siga-me. Vamos comer alguma coisa, vamos? Você é muito magricela!” O homem exclamou.
Esta única decisão mudaria sua vida para sempre…
Depois de alguns anos, o jovem ladrão cresceu até que chegou a sua vez de participar do teste para o LoA.
Só recentemente ele aprendeu o verdadeiro significado da carta que viu há muito tempo. Ele agora estava determinado a passar nessa avaliação para poder seguir os passos de seu mentor. Mas, ele já havia alcançado uma parede aparentemente intransponível.
À sua frente havia outro candidato bloqueando seu caminho, o mais violento de todos. Ele sabia que não seria capaz de derrotá-lo em uma batalha frontal, pois sua especialidade era o furto. Por isso resolveu fugir.
Mas, o homem tinha reforços que bloquearam as saídas. Quais eram as chances de vitória de um ladrão solitário contra uma dúzia de alpinistas? Porra nada! Esta era uma armadilha mortal. Tudo o que ele podia fazer era cerrar os dentes e colocar sua vida em risco.
Ele fixou seu olhar no candidato inimigo na frente. Nunca esteve tão concentrado! Ele avançou usando toda a velocidade que conseguiu reunir. O martelo selvagem desenhou um arco no ar, apontando para seu peito. O ladrão esperou até o último momento e de repente mudou de direção!
Ele podia sentir a ventania do balanço agitando suas roupas enquanto se esquivava do golpe mortal. Ele tinha evitado! Ele só tinha alguns metros para correr, e tudo ficaria bem!
Mas de repente, ele sentiu uma dor intensa quando seu corpo foi lançado no ar, catapultado como uma bala de canhão. O golpe poderoso despedaçou seu ombro e suas esperanças. Ele então caiu pesadamente em algumas latas de lixo.
— Clang Clang!—
O homem estava sorrindo, seu plano funcionando perfeitamente: o golpe do martelo tinha sido uma simulação desde o início. O perigo real tinha sido o punho poderoso seguindo. O ladrão estava com muita falta de experiência em combate, e isso seria sua ruína.
O ladrão levantou-se lentamente com as pernas tremendo enquanto seu corpo parecia tão pesado! Ele não aceitaria morrer no chão. Ele tinha que fazer o oponente deixar um pouco de carne!
O homem se aproximou, avançando com a confiança de um conquistador: “Você realmente achou que tinha uma chance?” Ele olhou para ele como se estivesse olhando para o lixo.
Mas de repente, a tensão foi quebrada por uma voz incrivelmente calma que parecia tão fora de lugar.
“Aquele soco foi muito bom.” Um homem de aparência jovem estava saindo das sombras, batendo palmas preguiçosamente.
Todos os presentes não puderam deixar de pular. Esse cara estava assistindo o tempo todo?!
“Quem você pode ser?” O cara do martelo perguntou com suspeita.
“Eu? Não se preocupe, eu venho em paz. Desde que alguém seja eliminado e meu lugar esteja garantido, então está tudo bem.” O recém-chegado disse amigavelmente.
Ele era um concorrente?! Espere, isso só poderia significar que ele era aquele que estava desaparecido mais cedo. Tanto o ladrão quanto o cara empunhando o martelo reagiram fortemente a essa revelação. Este último falou primeiro.
“Então você é o quinto competidor! Você parece um sujeito esperto. Eu tenho uma treta com esse carinha no lixo. Você não se importa, certo?” Ele cuidadosamente perguntou.
“Não. Vocês, crianças, divirtam-se agora!” Seu sorriso era tão brilhante.
O ladrão ficou pasmo. Quem era esse cara chamando de crianças?! O cara do martelo podia ser visto se contorcendo ao ouvir isso, mas ele também não fez barulho.
O ladrão estava destinado a morrer, mas ele faria pelo menos uma última coisa antes de chutar o balde. Ele gritou um aviso para o homem misterioso:
“Tome cuidado. Todos os recrutadores odeiam o cara que recrutou você até o osso. Bem, todos menos meu mentor. De qualquer forma, há uma recompensa pela sua cabeça, então nunca dê as costas para nenhum outro candidato.”
“Uma recompensa?” Ele olhou para ele, confuso, mas não assustado.
“Eles querem que você morra nas primeiras rodadas para envergonhar seu recrutador. Não estou a par dos detalhes. Tudo o que sei é que haverá muitos problemas vindo em sua direção!”
O homem virou-se para o cara do martelo: “Isso é verdade?” Ele perguntou indiferente.
Será que o assassino lhe contaria a verdade? Qual era o ponto de perguntar?! Mas em vez de negar, o homem concordou com a cabeça.
“De fato. O ódio é até um eufemismo. Não tenho certeza do que aconteceu entre todos eles, mas eles realmente são vingativos.” Ele deu de ombros casualmente.
“Entendo. Qual é a recompensa então?” O homem misterioso perguntou.
“Alguns milhares de créditos. De qualquer forma, você pode relaxar. Eu não me importo com uma quantia tão insignificante. Basta olhar ao seu redor.” Ele apontou para a dúzia de Alpinistas que estavam obedecendo suas ordens.
“Alguns milhares de créditos?! Porra, esses idiotas com certeza são mesquinhos! Se não for perto de um milhão, por que as pessoas se incomodariam?” O homem misterioso estava balançando a cabeça.
Todos os espectadores não puderam deixar de ficar surpresos quando alguns começaram a rir loucamente. Esse cara era burro?! Uma vida valia muito menos que um milhão de créditos! Inferno, um líder de MTA valia apenas algumas centenas de milhares, não ficava mais caro.
“Irmão, venha ficar atrás de mim para não batermos em você com nossas habilidades por engano.” O cara do martelo disse amigavelmente.
O ladrão tentou ajudar uma última vez: “Não vá, é uma armadilha!” Ele sussurrou enquanto o homem o ignorava alegremente e caminhava para frente.
Ele assistiu com horror quando o homem misterioso caminhou ao lado do cara do martelo e até deu um aperto de mão. Enquanto os dois apertavam as mãos, o ladrão esperava que o homem matasse o recém-chegado a qualquer momento.
Mas nada aconteceu. Ele o havia julgado mal? Esse cara de repente se tornou gentil? Não, ele ainda o observava com o olhar brincalhão de um predador. O sorriso do homem tornou-se ainda maior, e de repente ele fez seu movimento.
Seu martelo moveu-se rapidamente em direção à cabeça do recém-chegado. Este ficou tão surpreso que não se moveu nem um pouco.
“Rápido, esquive!” O ladrão gritou, mas já era tarde demais. De tão perto, já estava acabado.
Mas então, logo antes do impacto, o martelo escorregou da mão do homem. Foi quando o ladrão notou o sangue, tanto sangue! Estava jorrando do pescoço do agressor, perfurado por um caco de vidro verde.
Através da fonte de sangue, ele podia distinguir o recém-chegado sorrindo serenamente. De onde veio esse demônio?!
Mas, ainda havia tantos Escaladores restantes…
Pensamento do Criador
Que legal ele me avisar! Honestamente, esse cara do martelo era meio idiota. Eu não tinha motivos para matá-lo antes daquele movimento estúpido dele. Qual é o sentido de ser rápido como um relâmpago se você emite uma clara intenção de matar um minuto antes de agir?! Tão burro!
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