Capítulo 397 - — RAWR! —
O espaço se rompeu, ventos dimensionais afiados derrubaram o solo como milhares de punhais. Mas, o portal não apenas despejou magia, despejou também um solitário homem do nada.
Ele se viu em um mundo transbordando de mana, muito diferente de qualquer outro que conhecera, sem nenhum sistema para recebê-lo. De alguma forma, deu uma sensação muito primitiva.
O vento carregava o cheiro de ferro do sangue enquanto as grandes folhas das gigantescas árvores da selva balançavam. Trepadeiras espinhosas espalhavam-se por todo o lugar enquanto rugidos ecoavam ao longe.
— RAW! —
Mas, o homem não se importava com nada disso.
Ele tinha olhos e ouvidos apenas para a luz rosa suavemente brilhante em sua mão, que parecia pulsar junto com sua respiração – um fragmento de alma, algo que era, mas não deveria ter sido.
Veio das almas poderosas de seres fortes, resilientes o suficiente para sobreviver à separação de seus corpos — ou era assim que deveria ter sido.
‘De alguma forma, a Rainha Súcubo era uma portadora de fragmentos, mas não uma qualquer. Era uma parte de SUA alma despedaçada. Mas como?! Isso não deveria ser possível! Isso foi-’
Uma pontada aguda de dor interrompeu seus pensamentos. A enxaqueca era interminável desde que ele “derrotou” a súcubo.
Ela queria fazê-lo pagar. Ela tentou chupá-lo até secar. Quanto tempo eles vagaram entre os Andares? Quanto tempo eles lutaram? Durou uma eternidade, na verdade, muito mais.
Ele havia prevalecido. Não porque ele era mais forte, mas porque ELA pertencia a ele, porque o poder DELA o ajudou por dentro.
Ele havia deixado a súcubo uma bagunça encharcada, de volta a algum mundo aleatório. O paradeiro do monstro não era importante, e ele esqueceria tudo em breve de qualquer maneira.
Suas memórias eram fugazes. Às vezes ele via as cenas na Terra. Às vezes, ele se encontrava em uma selva ou até mesmo tinha visões vívidas que pareciam sonhos.
Tudo o que ele sabia era que ele tinha que salvá-la. Ele sabia desde o início, mas sentia isso ainda mais agora. Esta era a única razão pela qual ele ainda estava respirando…
— RAW! —
Uma criatura escamosa saiu de um arbusto, saltando sobre ele. Não havia nenhum status em sua cabeça, nenhum nível, apenas fileiras de dentes afiados apontando para sua veia jugular e um rabo balançando de excitação.
Ele atacou o humano, felizmente o mordendo. As presas esmagaram o braço, penetrando na carne e quebrando o osso. A criatura se alegrou: essa nova presa estava deliciosa!
Foi quando finalmente viu a luz rosa nas mãos do homem. Assim que a percebeu, ficou extremamente. O quão bom isso seria?!
A criatura abriu uma boca gigantesca…
– Crack! —
O homem reagiu instintivamente, esmagando a espinha do monstro. “Ela é minha….” Ele falou em um sussurro suave, seu braço sangrando, mas mostrando sinais de recuperação.
Seus olhos estavam vidrados: parecia que suas experiências recentes haviam abalado os próprios fundamentos de sua alma. Afinal, viajar entre mundos não era algo que um mero mortal pudesse lidar.
Monstros se alegravam sempre que testemunhavam seu estado. Pequenos, grandes, de aparência enganosamente pacíficas, de aparência selvagem, havia todos os tipos, mas todos eram tão escamosos quanto famintos.
Eles inevitavelmente pousavam os olhos na presa “indefesa” antes de se concentrar no cristal. É quando eles morreriam. Seu sangue se misturou com o deles, manchando o solo escuro enquanto incontáveis rugidos ecoavam.
— RAW! —
— RAW! —
— RAW! —
Ele tinha que protegê-la: isso é a única coisa que importava. Os lagartos eram um incômodo, eles queriam prejudicá-la e, portanto, todos tiveram que morrer!
Seu corpo imóvel finalmente mostrou iniciativa pela primeira vez. Ele deu um passo decisivo em direção a seus inimigos, ansioso para extinguir suas vidas.
Uma arma apareceu em sua mão, uma que mudava a cada segundo, mostrando mil maneiras de matar lagartos.
As palavras às vezes flutuavam na frente de seus olhos, mas ele as afastava. Por que ele deveria se preocupar com o nivelamento das habilidades? Contanto que isso o ajudasse a trazer paz a ela…
— RAWR!!—
“Muito barulhento, muito barulhento.” Ele mal podia ouvir seu próprio pensamento. “Eu preciso encontrar o seu resto… sim. Ela está lá fora em algum lugar-“
Um brilho selvagem brilhou em seus olhos sem vida enquanto ele olhava para as centenas de répteis que o cercavam. “Todos vocês devem morrer…”
Ele não tinha nenhuma pena das criaturas, matando-as sem piedade. Sempre que ele se sentia com pouca energia, ele jogava um pedaço de carne crua em sua boca.
Sua pele já estava uma bagunça sangrenta, totalmente coberta de bolhas, a floresta ao redor queimava tão brilhantemente quanto o sol do meio-dia, mas onde ele estava, havia uma sombra gigantesca acima dele.
Ele continuou matando e matando… sem se importar com o quão estranhos os inimigos se tornaram. Ele mal reagiu mesmo quando começaram a aparecer uns que tinham asas e cuspiam fogo.
Enquanto eles quisessem roubá-la, eles teriam que perecer!
Talvez o homem estivesse ficando louco, mas quase podia ouvir seus inimigos o xingando. “Humano, como você se atreve a desafiar este poderoso dragão!”
Seu corpo agiu instintivamente, se teletransportando atrás de seus oponentes para chover golpes em suas escamas. Sua arma sempre brilhava com mana, tão brilhante que quase eclipsava o fogo.
Eventualmente, todos os lagartos recuaram… ou morreram queimados. A calma voltou para a floresta, que agora era apenas cinzas. Mas mesmo assim, por causa da rica mana, já tinha novas raízes brotando.
À medida que o alívio o dominava, o mesmo acontecia com as memórias.
“Veja isso!!” Seu sorriso parecia tão radiante enquanto ela exibia orgulhosamente o pequeno vaso de plantas como se fosse um tesouro nacional. “Eu te disse, esta planta é como eu!”
“Posso pensar em algumas diferenças, especialmente no peito.” Ele deu a ela um sorriso provocante enquanto olhava para seu corpo inteiro.
“Pfft- estou falando sobre nossa resiliência, olhe!” Ela apontou para o solo com grande prazer.
A própria planta parecia morta. Se era por falta de água ou estava doente, não sabia o porquê, mas era como um zumbi. No entanto, uma nova raiz apareceu, cheia de vitalidade.
“Você está certo. É tão resistente quanto você.” Ele elogiou de coração.
“Veja! Tenho certeza de que logo irá florescer a mais bela planta.” Ela comentou com luz em seus lindos olhos.
“É assim mesmo?” Ele fez questão de parecer o mais sério possível. “Acho que vou manter a planta D como uma possível candidata a um novo casamento se alguma coisa acontecer com você.”
“Pfft- Como se isso acontecesse! Isso deve ser abuso as plantas: vou ligar para o IBAMA!” Ela fingiu uma ameaça, mostrando seus dentes brancos.
Isso aconteceu quando ele ainda estava vivo…
—
Quando ele olhou para o fragmento rosa em sua mão, ele deu um sorriso nostálgico, uma leve clareza finalmente retornando a ele.
“Você realmente é resistente, não é? Mesmo morta, você ainda está aqui…” Ele não conseguia entender como ela tinha acabado assim, mas não importava.
Ele gentilmente abraçou o fragmento enquanto parecia derreter em seu próprio corpo, fundindo-se com ele. Ele o protegeria para ela enquanto procurava por mais…
Assim que ele resolveu sua nova tarefa, uma voz chocada ecoou perto dele. Aparentemente veio de um monte de terra.
“O-o que diabos aconteceu?! V-você fez tudo isso?!”
Foi quando Josh finalmente olhou para a destruição que havia causado. Felizmente, o IBAMA não existia neste mundo, ou ele estaria em apuros.
Ele se virou para o recém-chegado, um que ele esperava que pudesse lhe dar respostas…
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