Capítulo 14- O Batedor Orc
Glartak acordou com os primeiros raios de sol tocando sua pele. Ao se levantar, notou que seu ombro já estava completamente curado.
— Essa habilidade é realmente útil… — murmurou, surpreso com a rapidez da regeneração.
Com a mente ainda despertando, refletiu sobre a conversa que tivera com o garoto no dia anterior.
— Pensando bem em tudo o que ele me disse, seja lenda ou não, já consigo ter uma boa noção de como esse mundo funciona. O sistema de poderes já começa a fazer sentido pra mim.
Glartak se recordou das estruturas sociais. Entre os humanos, o rei ocupava o topo da hierarquia, seguido pelos cavaleiros. Provavelmente existiam capitães ou outros oficiais logo abaixo, e então os soldados comuns.
— Para os elfos, o rei também é o mais poderoso, mas seus arcanos e guardiões parecem ocupar posições de destaque logo abaixo. Interessante…
Seus pensamentos então se voltaram à lenda contada pelo garoto. Um reino de monstros, comandado por um Rei Monstro que claramente havia passado por inúmeras evoluções. Seus generais também deveriam ter alcançado um alto grau de poder.
— O que me pergunto é… será que esse reino era formado por uma única raça? Ou o rei conseguiu unir diferentes espécies sob sua liderança?
Por fim, balançou a cabeça, afastando os pensamentos por ora.
— Bom… não adianta ficar pensando demais nisso agora. Tenho muita coisa pra fazer por aqui — disse, soltando um longo suspiro.
— Status.
Nome: Glartak
Raça: Goblin Tirano
Habilidades:
Instinto de Emboscada evoluiu para → Sombra Predatória
Arremesso Preciso
Domínio Cruel
Sangue Impiedoso
Regeneração Bruta
Subordinados: 1
Exp: 7824/20.000
Glartak não via seus status desde que havia ganhado Primal como subordinado. Olhando agora, teve um aumento considerável de experiência. Os humanos haviam dado muitos pontos de experiência, pelo visto. E não era que eles fossem fortes — ele é que ainda estava muito fraco e precisava evoluir rapidamente.
— Ainda há muitas coisas a serem feitas. Tenho que completar mais uma evolução pra me sentir mais confiante para quando mais humanos vierem… e com certeza eles virão.
— Tirando as duas fêmeas, tem por volta de 30 goblins ainda na caverna, já contando os que voltaram comigo. Agora não posso me dar ao luxo de ficar de babá, vou terceirizar o trabalho. Quando Primal voltar, vou mandar levar mais dois com ele para evoluir. E se os dois que voltarem com ele tiverem evoluído como ele, cada um leva mais dois também.
Glartak tinha muito o que fazer, e o dia estava apenas começando.
— Bom, decidi. Vou trazer mais comida e depois vou procurar inimigos para evoluir.
Decidido, saiu em rumo à floresta, em busca de alguma presa que pudesse trazer de volta ao ninho. A floresta em que estava localizado desde que chegou era enorme, provavelmente com dezenas de quilômetros, mas ele havia explorado bem pouco. Não se atrevia a arriscar demais e talvez encontrar algo com que não pudesse lidar.
Enquanto caminhava, o terreno começou a mudar — onde antes se viam grandes trechos de terra e rochas, a vegetação começou a se tornar abundante. Caminhando por mais algum tempo, notou sinais como se fossem de uma trilha no meio da vegetação.
Então, ativou sua habilidade de Sombra Predatória e passou a seguir a trilha silenciosamente, com os sentidos aguçados. Talvez fosse a presa que estava procurando.
Caminhou por mais de uma hora, até que seus olhos captaram uma clareira à frente. Escondeu-se entre as árvores e observou com cautela: havia um acampamento orc rudimentar montado ali.
Seu corpo enrijeceu. O medo apertou seu peito — ainda não sabia se tinha força suficiente para enfrentar um único orc, e ali havia vários. Sem hesitar, manteve a habilidade ativa e recuou rapidamente, pisando com o máximo de cuidado para não ser notado.
No caminho de volta, seu coração disparava a cada som que ouvia na floresta. A adrenalina queimava em suas veias.
Foi então que sentiu — um arrepio na espinha. Algo, ou alguém, estava perto.
Antes que pudesse reagir, uma sombra surgiu entre as árvores, rápida e silenciosa. Um grunhido abafado foi a única advertência antes de um machado cravar-se no tronco ao lado de sua cabeça.
< Orc Batedor >
Descrição:
Responsáveis por patrulhar os arredores dos acampamentos das tribos. São treinados para rastrear, caçar e eliminar ameaças silenciosamente. Apesar de sua fala rude, possuem inteligência suficiente para interpretar ordens complexas e executar emboscadas com precisão. São mais perigosos do que aparentam, especialmente em território familiar.
— Achei você… coisa esquisita — disse uma voz gutural, carregada de selvageria, mas surpreendentemente articulada.
Glartak saltou para o lado, girando o corpo e assumindo uma posição de combate. O orc batedor estava ali, imponente, mais alto e robusto, com músculos tensos e olhos amarelos cravados nele. Suas presas inferiores despontavam com orgulho enquanto o machado era puxado de volta.
— Vocês goblins não andam tão fundo assim na floresta… O que faz aqui? Espionando?
A pergunta fez Glartak franzir o cenho. O orc… falava? E mais do que isso — pensava. Não como um animal, mas como um guerreiro em patrulha. Havia intenção em suas palavras.
— Não esperava que soubessem conversar — murmurou Glartak, já se movendo em círculos ao redor do orc, em busca de aberturas.
— Hah! Eu pensar, eu caçar, eu matar — respondeu o orc, batendo no peito. — Você? Fraco.
Então o combate começou.
O orc investiu com força bruta, seu machado cortando o ar com um som seco. Glartak desviou no último instante, sentindo o vento rasgar sua pele. Em resposta, avançou com um golpe direto, as garras mirando a garganta do inimigo — o orc ergueu o antebraço, protegendo-se, mas se ferindo no processo.
Os dois se separaram, respirando com intensidade. Glartak estava surpreso — o orc não era apenas forte, ele sabia lutar. Cada movimento tinha intenção, cada defesa era pensada.
— Não só força, hein? — murmurou o goblin tirano. — Interessante…
O orc rosnou, cuspindo no chão.
— Você diferente… seus olhos…
Eles voltaram a se chocar. A luta foi brutal, cheia de investidas e esquivas. Glartak usava sua velocidade, tentando contornar o inimigo, mas o orc era persistente, girando o corpo e bloqueando cada ataque com reflexos aguçados. Um corte leve surgiu no braço de Glartak. Outro risco cruzou a coxa do orc.
Sangue começou a pingar no chão da floresta.
Glartak rosnou baixo, os músculos tensionados, os sentidos em alerta total. Ele precisava de uma brecha — qualquer coisa.
— Por que não volta pro seu acampamento, orc? — provocou, tentando distraí-lo.
— Porque você viu. E quem vê, morre — retrucou, avançando novamente.
Mas agora Glartak já o esperava. Fingiu um recuo e, quando o orc ergueu o machado para o golpe final, ele se jogou para o lado, girando com as garras estendidas. Elas cravaram no flanco da criatura, arrancando um grito de dor e raiva. O orc cambaleou, mas tentou contra-atacar com o cabo da arma — atingindo de raspão o rosto de Glartak, que sentiu o gosto de sangue na boca.
Aproveitando a distância criada, Glartak saltou, agarrou o orc pela cintura e o derrubou com força, caindo sobre ele. Os dois rolaram pelo chão, grunhindo, lutando por controle.
Por fim, com uma sequência de golpes violentos, Glartak cravou suas garras na garganta do orc e rasgou com força, terminando a luta em um jorro de sangue.
Ofegante, com o corpo sujo e ferido, ele se manteve sobre o corpo do orc por alguns segundos, recuperando o fôlego.
— Eles são mais perigosos do que pensei… — murmurou. — E não… não são apenas bestas. Eles são organizados. Tenho que saber mais, eles devem ter mais informações.
Levantou-se, ainda sentindo a adrenalina correr por suas veias.
— Mas isso também quer dizer que… talvez eu possa usá-los?
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