Capítulo 2- Memórias e Caça

Diversos sons de notificações apitaram em sua cabeça:

Ele ignorou e deu um passo em direção à comida, visto que a fome era um sentimento irritante, quando uma tela semitransparente apareceu em sua frente. Notou que havia duas opções para escolher, mas não tinha a mínima ideia do que eram todas aquelas informações, então bateu a mão na tela na intenção de tirá-la da frente, pois seu instinto dizia para comer, e acabou tocando a segunda opção.

Assim que tocou na opção, começou a sentir uma dor excruciante na cabeça, a dor era tanta que perdeu a consciência por algum tempo. Quando abriu os olhos, estava encharcado de suor; a cabeça havia parado de doer, mas foi inundado com memórias. Vários momentos e lembranças passavam por sua mente rapidamente.

Então finalmente lembrou: era um humano, vivia na Terra, mas provavelmente ninguém sentiria sua falta. Era sozinho, sem família, vivia a vida monotonamente, sem o sentimento de pertencer a algum lugar ou ambição de algo. Já havia sido casado, mas fora traído pela esposa e pelo amigo. “Não perdi nada”, pensou consigo mesmo. Estava a caminho de casa quando notou um clarão e, de repente, acordou ali.

Ficou parado durante um tempo digerindo tudo. “Bom! Não há nada que eu possa fazer… monstro, fera ou humano, não importa, agora viverei conforme a minha vontade, sem grilhões que me prendam.” Com esse pensamento, ele aceitou a nova realidade.

“Se eu não tivesse passado por essa evolução, teria perdido minha consciência e me transformado realmente em um monstro sem inteligência”, pensou. “Agora sou um goblin, um ninguém da cadeia alimentar, sou como um urubu ou uma hiena que vive de restos, mas eu não vou ser assim!” Agora que sabia que podia evoluir e ficar mais forte, não viveria sob nenhuma lei ou autoridade. “Eu comando o meu próprio destino agora.”

Enquanto ainda perdido em pensamentos, a fome lhe deu boas-vindas novamente. Rapidamente, ele foi em direção à fera que tinha acabado de finalizar e começou a devorá-la. Saciado, notou as mudanças: seu corpo estava um pouco mais magro e mais leve; fora isso, não havia outras mudanças no corpo. “Bom, não tive a oportunidade de escolher minha evolução por vontade própria, mas pelo menos minha memória voltou e controlo a mim mesmo agora.”

Foi novamente em direção ao rio, olhou-se no reflexo novamente, agora com a mente totalmente clara. Respirou fundo, se lavou e voltou para a raiz da árvore onde dormira na noite passada. “Status”, disse ele, e uma tela translúcida apareceu na sua frente:

” Bom, parece que a criatura que finalizei dá bastante experiência por ser muito mais forte que eu, provavelmente 273 pontos de experiência para ser exato. A primeira evolução precisei de 100 pontos de experiência, ja para a segunda mil pontos como mostra na barra, então para a terceira dez mil ou talvez mais”, pensou. ” Vou sair e olhar ao redor para ver se acho outras presas e tomar cuidado para que a presa não seja eu. Depois da próxima evolução, se eu estiver forte o suficiente, vou explorar mais ao redor e ver se acho outros goblins.”

Com o objetivo traçado, rastejou para fora por baixo das raízes da grande árvore e começou a olhar ao redor. A floresta era realmente de outro mundo; as árvores eram tão grossas que provavelmente duas pessoas abraçadas de mãos dadas não dariam a volta completa em seu tronco, a altura era de centenas de metros. Flores e plantas que ele nunca tinha visto antes. Continuou andando e de repente notou um pequeno coelho:

A tela translúcida logo apareceu na sua frente mostrando a descrição, o que para ele era bom, já que com base na descrição, além de saber algumas informações, poderia calcular o risco. Então usou rapidamente a habilidade Instinto de Emboscada e foi se aproximando devagar; quando estava a uns três metros de distância, o coelho começou a ficar inquieto, provavelmente era o limite de distância que a habilidade cobria. Abaixou-se com cuidado, pegou uma pedra e jogou com toda força; o coelho, sem esperar, foi atingido e caiu morto sem saber o que o matou.

Antes de aproximar de sua caça, chamou a tela de status novamente:

Foi como um balde de água fria! O coelho selvagem dava somente 2 pontos de experiência, mas ele não desanimou; era muito mais fraco que ele. “Quanto mais forte o oponente, mais pontos de experiência eu ganho. Da última vez dei sorte de estar no lugar certo na hora certa e matar aquela fera”, pensou.

Foi em direção ao coelho e o devorou, andou ao redor e conseguiu matar mais cinco coelhos, elevando sua experiência para 185/1000. Pegou o cadáver do último para comer durante a noite e retomou para sua “morada improvisada”. Já tinha onde ficar, um rio perto e agora sabia o que caçar; por mais que a experiência fosse pouca, não queria se arriscar muito, então nos próximos dias sua rotina foi essa.

Ele estava atrás de alguns arbustos, e mais à frente estava localizado o ninho dos coelhos selvagens, que conseguiu localizar depois de alguns dias caçando; seguiu o último em vez de matar.

Estava bolando um jeito de chegar mais perto quando os coelhos começaram a guinchar alto. Escutou sons de galhos sendo quebrados e algo se aproximando muito rápido próximo de onde ele estava. Escondeu-se ao máximo entre os arbustos, controlou sua respiração e não fez barulho algum, com sua habilidade Instinto de Emboscada ativa.

Então viu: pele verde como a sua, alto, bem alto, cerca de dois metros e meio de altura, com o corpo musculoso e cheio de cicatrizes. O rosto era ameaçador, presas grandes surgiam de sua mandíbula inferior curvando para cima como duas lâminas, cabelos escuros e desgrenhados e mãos grossas. Daquela criatura emanava uma aura de pura violência e agressividade.

Sentiu um medo instintivo, um pavor vindo das profundezas do seu ser assim que bateu o olho na criatura. Tirando o pavor e o medo, seu primeiro pensamento foi “feio!” Não que pudesse falar alguma coisa sobre beleza. Ficou ali apavorado enquanto a criatura atacava os coelhos com extrema violência. Ele destruiu o ninho somente com um soco no chão, os coelhos selvagens se amontoaram em cima dele dando várias mordidas, mas para a criatura parecia como se fossem cócegas. Em menos de 5 minutos, dezenas de coelhos estavam mortos e o restante fugiu. Enquanto ele olhava aquela cena, a tela translúcida surgiu na sua frente: