Capítulo 25- Monarca
Glartak estava de joelhos, no chão frio da caverna, as mãos cravadas nas rochas como garras que seguravam o próprio mundo. Não havia mais dor, não havia mais quebras, feridas ou limitações. Estava de joelhos sobre a pedra fria, mas não pela fraqueza — era como um guerreiro que se ajoelha pela última vez, antes de se erguer para governar.
Ele ergueu o corpo devagar, cada centímetro se revelando uma nova existência.
Seu corpo agora alcançava cerca de um metro e oitenta e cinco de altura — um crescimento notável em comparação à forma anterior. Mas não era apenas a estatura que impressionava, e sim a nova composição. A musculatura, antes bruta e funcional, tornara-se refinada, esculpida em uma harmonia de força e autoridade. Cada fibra parecia moldada não só para o combate, mas para inspirar respeito. Os ombros estavam mais largos, o peito projetava-se com imponência, e sua postura ereta transmitia uma presença tão marcante que até o ar ao redor parecia hesitar antes de tocá-lo.
Sua pele havia mudado. Não era mais o tom escuro e acinzentado da forma anterior. Agora exibia um verde vívido, vibrante, como o de uma floresta em seu auge. Veios dourados percorriam seu corpo com sutileza, como marcas naturais gravadas sob a pele.
Sua face continuava carregando a herança goblinoide: orelhas longas e pontiagudas, mandíbula levemente projetada. Mas agora os traços estavam angulares, esculpidos com nobreza selvagem. Era o rosto de um rei bárbaro. Os olhos, antes âmbar intenso, haviam se tornado fendas douradas flamejantes — duas brasas eternas que pareciam arder sem nunca se apagar.
Seus dentes mantinham o formato afiado, mas agora pareciam mais organizados. As garras em suas mãos haviam escurecido ao ponto de refletirem a luz como lâminas metálicas negras. Quando estendidas, revelavam bordas finas e rúnicas, como se tivessem sido forjadas e não crescido.
Glartak se levantou por completo. A atmosfera na caverna mudou. O ar, antes denso de umidade e cheiro de morte, parecia hesitar, pesado e carregado de uma presença que não se podia ver, mas se sentia nos ossos.
Ele respirou fundo.
Agora, não era mais um monstro em ascensão.
Era o Monarca.
O rei não proclamado de uma raça esquecida.
O primeiro pensamento surgiu com clareza. Se enfrentasse o Ursarok agora, sentia que poderia derrotá-lo sem grandes dificuldades. Quanto ao troll… ainda havia incertezas. Não conhecia a extensão de sua força ou possíveis habilidades além daquela regeneração absurda. Talvez escondesse algo mais, algo ainda não revelado em combate. Mas uma coisa era certa: Glartak poderia enfrentá-lo, trocar golpes sem fugir desesperadamente como antes. Poderia olhá-lo nos olhos e medir forças, mesmo que não saísse vitorioso. A diferença era que, pela primeira vez, ele tinha escolha.
Com o corpo ainda se adaptando à nova forma, Glartak chamou mentalmente o status, ansioso para observar as mudanças. Sentia os músculos pulsando com energia instável, como se cada célula estivesse em processo de calibração. Seu peito subia e descia com lentidão pesada, enquanto o calor interno se dissipava gradualmente.
As informações apareceram em sua mente de forma nítida e organizada: uma estrutura familiar, mas agora muito mais robusta, como se o próprio sistema reconhecesse a nova fase de sua existência.
Nome: Glartak
Raça: Goblin Monarca
Habilidades:
- Sombra Predatória evoluiu para → Caçador Silencioso
- Arremesso Preciso
- Domínio Cruel
- Sangue Impiedoso
- Regeneração Bruta evoluiu para → Regeneração Instintiva
- Aura Soberana → Sua presença impõe respeito e terror. Inimigos mais fracos têm chance de hesitar. Aliados próximos tornam-se mais resistentes ao medo e efeitos de controle.
- Corpo do Monarca → Seu corpo foi aprimorado. Força e resistência aumentam permanentemente.
- Magia Bruta
Pontos de Magia: 10/10
Regeneração de PM: 1 ponto a cada 30 minutos
(Nota: O tempo de regeneração pode ser reduzido ao cumprir certos requisitos.)
Subordinados: 1
< Afinidade mágica ainda bloqueada. Deseja desbloquear agora? >
Sem hesitar, Glartak confirmou mentalmente. Uma leve tensão percorreu sua espinha, e gotas de suor brotaram em sua testa. Por um instante, temeu que sua afinidade mágica fosse inútil — algo como magia de flores, ou controle de poeira. Mas então, o sistema respondeu:
< Afinidade mágica desbloqueada: Gravidade >
Glartak soltou um suspiro profundo, aliviado. Um leve sorriso se formou em seu rosto.
— Gravidade… — murmurou. — Isso tem… potencial.
Pensou em dezenas de aplicações: imobilização, controle de movimento, destruição, até mesmo voo em estágios avançados. Se conseguisse manipulá-la com precisão, poderia esmagar inimigos sem tocá-los, ou paralisar monstros gigantescos com um gesto. Um poder versátil, poderoso… e seu. Diferente de tudo que já havia visto — talvez, único.
Mas junto da empolgação, veio a cautela.
Os pontos de magia pareciam ter muitas limitações. Precisaria fazer testes para entender quantos pontos eram consumidos por uso, ou até por tentativa.
E fazia sentido — se não houvesse limites, poderia usar magia infinitamente. Isso quebraria o equilíbrio do mundo. O sistema parecia justo.
Sem magias pré-definidas à disposição, Glartak buscou sentir a magia dentro de si, como se houvesse algo oculto esperando ser despertado. Mas não havia nada tangível. Nada além do silêncio da caverna e a nova energia latente em seu corpo.
Talvez precisasse ser criativo.
Respirando fundo, fechou os olhos e visualizou-se mais leve. Imaginou que seu corpo desafiava o peso natural do mundo. Quando abriu os olhos, correu em direção à saída da caverna para testar o efeito.
Só que, ao invés de correr, seu corpo saltou com uma força absurda, como se tivesse se tornado quase sem peso — e ele bateu com a cabeça violentamente no teto da caverna, despencando logo depois ao chão.
— Ugh… — gemeu, esfregando a cabeça.
Nesse momento, o som familiar do sistema ecoou novamente em sua mente:
< Você aprendeu uma nova magia, gostaria de nomeá-la? >
O sorriso voltou aos lábios de Glartak, mesmo com a dor latejando em sua testa.
— Então é assim… basta criar — murmurou, mais para si mesmo do que para o sistema.
Agora, mais do que nunca, tinha certeza de que estava no caminho certo.
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