“Quem diria que meu último gesto de amor seria me obrigar a nunca mais te ver”
— A. L.
Capítulo 09 - Promessa cumprida
1.
Os olhos se abriram aos poucos.
Estava deitada.
A visão que tinha era de um entardecer, um lugar alto em uma sacada, a vista panorâmica do reino.
Havia uma pessoa admirando a vista do alto, sentada na borda do horizonte.
Uma torre construída na borda do reino.
A consciência retornava.
“Onde estou?”, pensou com a mente meio nublada.
Helena tentou se levantar e ir em direção daquela pessoa sentada, mas tropeçou e se segurou em uma mesa que havia ali, derrubando um jarro, “Minhas pernas estão fracas…”
Com passos trôpegos e apressados, a pessoa foi para a sua direção, ajudá-la — Você acordou! Vai com calma, deve estar meio mal ainda — disse, guiando ela para o limite da sacada.
Ele a ajudou com delicadeza, a fez se sentar e então se sentou ao seu lado.
Helena, logo após, se pôs a encarar o rosto dele, finalmente conseguia ver agora que não estava do lado oposto do sol — Eu te conheço? Não me é estranho — perguntou meio inconclusiva.
Ele fez uma cara de surpresa — Oque? Não! Você deveria ser uma rainha má na sua vida passada, como pode se esquecer de mim? — questionou com uma feição caricata.
Helena riu — Perdão.
— Perdão? Isso é como um pecado capital.
Ela apoiou sua mão no queixo enquanto olhava para cima tentando se recordar — Ka… Ca… O… Gai… Gafo! É Gafo não é?
— Caio, meu nome é Caio.
— Ah, passei perto.
— Fala sério, nem de longe.
Helena expressou mais um sorriso meigo e olhou para a cidade logo a sua frente — Oque estamos fazendo aqui? — perguntou olhando para o horizonte.
— Conhecendo — respondeu.
Helena olhou para ele e depois para todo o resto, a paisagem e as construções.
Ele então coçou a garganta e começou: — Como eu havia prometido, se bem que você não deve se lembrar pelo jeito… Mas eu sou um homem de palavra.
— Não tem muita coisa para conhecer aqui, legal mesmo é a fenda, mas vamos pular essa parte da cidade — um sorriso sem graça escapou, todavia, Helena o olhou sem entender muito bem o que ele estava querendo dizer.
Caio continuou: — Ali — apontou o dedo — É o castelo de Velmora. Tem toda aquela coisa de realeza e tal, é um Castelo estranho porque ele meio que foi construído escalando a montanha.
— Eu achei criativo, bonito para ser sincera — respondeu Helena.
— É… uma maneira de ser ver, não tenho uma história muito legal ali. Curioso como uma colher e um espelho podem causar uma explosão.
Helena riu e logo em seguida se encostou no ombro de Caio.
— Essa me parece uma história interessante — disse ela com os olhos pesados.
— Minha cor oficial após esse acontecimento foi rosa, realmente não foi legal. Falando em Velmora, por que não participa do festival? — questionou Caio, mudando de assunto.
Helena olhou em silêncio para ele — Sobre o que se trata? — perguntou.
— Um festival que acontece na praça em frente ao castelo. Todos dançam em volta de um cetro estranho, dizem que traz a boa sorte de Velmora.
— Isso… me parece divertido… — disse abrindo a boca bocejando, sua fala lenta. Seus olhos se fechando.
— Um pouco, eu mesmo não gosto muito de ir, Melissa semp—
A consciência de Helena se esvaiu.
De volta para o mundo dos sonhos.
2.
*Fush*
Cortina sendo aberta.
*Tac!*
Janela se chocando com o batente.
E então a luz começou a incomodar.
Os olhos apertaram.
Aos poucos Helena despertou. Suas pálpebras se abriram. Começaram a coçar.
Quando observou ao redor, percebeu que estava deitada na cama daquela pousada.
Alice estava ali, observando o beco pela abertura. Foi quando se virou.
— Helena? — Alice ficou surpresa assim que se virou. Ela então se aproximou e se sentou próxima à cama.
— Alice… Já é de manhã? — perguntou Helena com a voz ainda rouca.
— Você está dormindo desde que chegamos. Devia ter me dito que estava mal.
— Minha boca está seca… — reclamou tentando procurar saliva.
Alice rapidamente pegou um jarro de barro que havia em um criado mudo ali perto, encheu um copo de água e levou até Helena — Aqui, bebe.
A garota estava com o rosto um pouco menos abatido agora que estava hidratada.
— Está melhor? — perguntou Alice.
— Sim, só estou com um pouco de dor de cabeça…
— Que bom — replicou colocando o copo em cima do criado mudo.
— Sabe Alice, eu… tive um sonho estranho — relatou esfregando os olhos.
Alice suspirou — Eu já disse que não ligo para os seus sonhos e alucinações, Helena. Mas fico feliz que tenha acordado.
A mulher se levantou, pegou um tipo de pijama que estava em cima de uma cadeira e jogou em cima da cama que Helena estava.
— Veste isso — ordenou.
— Um pijama?
— Sim, cinco dias dormindo, você fez bagunça na cama, tive que te trocar.
Helena arregalou os olhos, ergueu rapidamente as suas cobertas e olhou para seu corpo. Não havia nada ali, ela estava como veio ao mundo. Seu rosto corou, em um piscar de olhos se escondeu embaixo dos lençóis, deixando apenas seu rosto à mostra.
Alice revirou os olhos — Se veste logo.
Após terminar de falar, Alice saiu e fechou a porta do quarto, Helena ia falar algo, mas não conseguiu a tempo. O quarto em que estava, se encontrava igual de como se lembrava.
Helena se levantou e começou a vestir suas roupas. Alice havia lhe dado um tipo de camisola branca com babado, uma coisa realmente simples.
Pouco tempo se passou até Alice voltar para o quarto, e com ela outra mulher, muito jovem, ela carregava alguns materiais de costura consigo.
A mulher, quando pôs os olhos em Helena, transpareceu uma felicidade repentina e genuína.
— É ela? — questionou a mulher em êxtase.
— Sim Nic, é ela — replicou Alice.
Helena olhava confusa para as duas.
Assim que escutou a resposta de Alice, a mulher correu na direção de Helena, quando chegou, tocou em sua bochecha e moveu a cabeça da menina raposa para o lado, ampliando a visão de seu pescoço, e nele, uma marca no formato de uma estrela foi revelada.
— Ela é mesmo uma deles — se virou de volta para Alice com um sorriso inocente.
— Eu disse que ela era — disse Alice, adentrando mais para o quarto e buscando uma cadeira.
— Quem é essa pessoa, Alice? — questionou Helena.
— Minha amiga Nicoli — Alice se sentou e começou a olhar para o teto antes de responder.
Nicoli continuava a admirar Helena, percebeu mais uma marca em seu braço, pegou-o e olhou como se fosse um tesouro.
— Quantas ela tem? — perguntou Nicoli se virando para Alice novamente.
— Contei sete estrelas, não sei ao certo, fêmeas não são do meu gosto Nic. Não fico olhando para o corpo delas.
— Não que você saiba… — murmurou Nicoli.
— Como é? — Alice se ajeitou na cadeira.
— Nada! Enfim, isso não coloca ela no patamar da realeza? Ainda mais que a Ayla.
— Amo a maneira como sempre estou perdida — Helena fitou com desdém.
— Estamos falando da sua família — revelou Alice com a voz séria.
— Oque??? — Não mais confusa, Helena agora estava surpresa.

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