“Velmora… odeio essa mulher”
    — A. L.

    1.

    O sol incomodava enquanto permanecia deitado no gramado, não o suficiente para o fazer se levantar, a brisa o convidava a permanecer ali, um pouco mais.

    — Caio, está chegando a hora — disse uma voz se aproximando à distância.

    Ele então cadenciou seu pescoço para o lado — Olá Melissa.

    — Que voz de tristeza que é essa? — Melissa se sentou ao lado na grama logo após realizar a pergunta.

    Caio pensou por um tempo antes de responder — Não é nada — disse.

    — Está pensando em desistir do plano?

    — Não, eu acho que Velmora merece isso — expressou com um pouco de raiva em sua voz.

    — Então oque é? Parece que alguém pisou no seu machucado.

    — Acha que a raposinha está bem?

    — Como eu vou saber? Foi uma babaquice sem tamanho ter envolvido ela — a voz de Melissa carregava rancor de acontecimentos passados.

    — Eu sei.

    Melissa se virou com um olhar desconfiado para Caio — Você está bem? Concordando comigo…

    — Só pensativo. Fui dar uma olhada nela hoje mais cedo, ainda estava dormindo.

    — Talvez seja colateral, ela parecia ter usado muito lumem.

    — Mas, cinco dias dormindo?

    — Não sou especialista Caio, é só oque eu acho, quando a gente cansa de trabalhar a gente come e dorme para voltar a vida, vai ver que ela só precisa dormir para voltar com o lumem dela ou coisa assim.

    — Uma teoria interessante — disse retirando sua visão de Melissa e voltando para o céu.

    — Eu acho que deveria esquecer essa garota rys.

    — Talvez… Você chamou ela de Sol antes e isso estava rodando na minha cabeça…

    — Eu nem sei bem o que vi — respondeu, desviando o olhar para o chão. — Foi só o que me pareceu no momento, uma sensação estranha.

    — Hmmm.

    — Talvez vire um problema toda a comoção que gerou aquele trabalho — alertou Melissa.

    — Não vai ser um problema — respondeu Caio, como se já tivesse alguma garantia do futuro.

    Melissa riu — Parece ter muita certeza do que diz. Diplomatas de todos os cantos chegando até Lizume — se aproximou do rosto de Caio. — Atrás de um boato que diz que o Sol está vivo e andando pelas passarelas da fenda — Finalizou deitando com a cabeça sobre a barriga de Caio, olhado para o céu assim como ele.

    — Rumores são só rumores.

    — Velmora fechou todas as passagens para a cidade vertical, só por causa de um rumor.

    — O medo a fez fazer isso.

    O silêncio correu.

    Os dois perdidos em seus pensamentos, observando a passagem das nuvens pelo céu, finalizando suas próprias conclusões.

    — Acha que devíamos entregar a garota? — Melissa perguntou, sem pretensão.

    — Por que a gente faria isso? — Caio perguntou.

    — Não sei se seria legal deixar alguém como ela andar por Lizume.

    — Então a corajosa Melissa está com medo de uma guerra civil?

    — Foi muito mala da sua parte dizer isso. E não foi isso que quis dizer — replicou com um rosto amargo.

    Caio soltou um sorriso bobo — Perdão.

    — Você sabe que ela não é uma: ‘simples rys’. E se ela recuperar as memórias e se tornar algo pior que o Sol?

    — Eu não acho ela uma má pessoa.

    — O Sol também não era no começo — Melissa finalizou, com uma resposta curta e rápida.

    Caio se espreguiçou, Melissa levantou de sua barriga.

    — O avidor está pronto? — questionou Caio tentando mudar de assunto.

    — Deixei ele ligado — Melissa respondeu.

    — Esquece isso sobre a rys e vamos, ela deve estar estressada de tanto esperar.

    Caio se levantou e ofereceu a sua mão para Melissa levantar também, ela aceitou e bateu em seu vestido antes de seguir.

    Eles estavam em uma colina com gramado, relativamente longe do reino.

    — Como Bravo está? — perguntou Caio enquanto caminhava.

    — Ele ainda está se recuperando, talvez fique alguns dias de cama.

    — Que bom que ele está melhor.

    — Você deveria parar de aceitar esses trabalhos de alto-risco, antes que todos nós vamos para o caixão de verdade.

    Um tempo andando e eles finalmente chegaram em um veículo voador. Era um tipo de embarcação com hélices e um tipo de tecido que funcionava quase como um balão de ar quente.

    Caio subiu em cima desse veículo que estava planando um pouquinho acima do chão, o veículo desceu um pouco, mas logo se estabilizou novamente. Ofereceu sua mão para Melissa e ela aceitou novamente.

    — Todos nós precisamos de ouro, Melissa. Risco alto, retorno alto — disse Caio.

    — Hmph, esqueceu da parte da possível morte iminente.

    Os dois andaram até a cabine de direção enquanto conversavam.

    — Sabe, você anda muito de mau-humor ultimamente, acho que você precisa de um namorado.

    — Mudar de assunto não vai deixar o que eu disse menos verdade.

    — Eu posso ser se quiser — disse Caio com um sorriso despretensioso.

    Melissa corou e virou seu rosto para o lado — Você é um idiota, Caio.

    Ele riu e, ainda sorrindo, pousou as mãos sobre os controles. O veículo subiu e tomou rumo à cidade.

    2.

    O céu estava relativamente vazio, com poucos veículos sobrevoando a capital do reino.

    O aviador voou até um estacionamento de veículos voadores, no meio da cidade.

    Caio e Melissa desceram, pagaram uma taxa para a pessoa que cuidava daquele lugar e começaram a andar pelas ruas.

    — Como era o nome da contratante? — questionou Caio.

    — Anna — Melissa respondeu.

    — Anna…

    — Como você esqueceu? Achei que era super ligado com o pessoal do último suspiro.

    — Não, na verdade, quero distância.

    — Fala isso, mas fica bajulando eles.

    — Impressão sua, sou totalmente ininfluenciável — Caio deu uma pausa — é assim que se fala?

    — Hmph, sei — Melissa virou o rosto Lara o lado.

    — E além de tudo, essa coisa toda de revolução nunca foi muito do meu gosto.

    — Repete isso quantas vezes quiser até acreditar no que diz.

    Depois de muito andar, Caio parou, olhou para um papel que estava em suas mãos e logo em seguida voltou sua visão para uma mansão logo a sua frente.

    — Parece que chegamos — Caio afirmou conferindo o papel mais uma vez.

    — É menor do que eu imaginava — comentou Melissa.

    A mansão se encontra em um lugar relativamente pobre da cidade, contava com dois andares e uma arquitetura refinada, com muitas janelas e um jardim bem cuidado.

    Um tempo encarando e uma pessoa que mais parecia um mordomo se aproximou do portão frontal, dirigindo à palavra aos dois.

    — Posso ajudá-los? — questionou o mordomo.

    Caio tomou a frente — Anna está?

    — Quem pergunta? — o mordomo olhou com cautela.

    — Viemos pelo trabalho, ela disse que teríamos passagem livre — respondeu Caio com confiança.

    — Tridente…?

    — Sim, eu sou Caio e essa aqui do meu lado é a Melissa — afirmou apontando para sua colega.

    — Me disseram que viriam três de vocês.

    — Bravo está com alguns problemas, somos só nós.

    O mordomo suspirou — Me acompanhem — disse enquanto abria o pequeno portão e andava em direção à mansão por um caminho ladrilhado.

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