“Velmora… odeio essa mulher”
— A. L.
Capítulo 11 - Plano (1)
1.
O sol incomodava enquanto permanecia deitado no gramado, não o suficiente para o fazer se levantar, a brisa o convidava a permanecer ali, um pouco mais.
— Caio, está chegando a hora — disse uma voz se aproximando à distância.
Ele então cadenciou seu pescoço para o lado — Olá Melissa.
— Que voz de tristeza que é essa? — Melissa se sentou ao lado na grama logo após realizar a pergunta.
Caio pensou por um tempo antes de responder — Não é nada — disse.
— Está pensando em desistir do plano?
— Não, eu acho que Velmora merece isso — expressou com um pouco de raiva em sua voz.
— Então oque é? Parece que alguém pisou no seu machucado.
— Acha que a raposinha está bem?
— Como eu vou saber? Foi uma babaquice sem tamanho ter envolvido ela — a voz de Melissa carregava rancor de acontecimentos passados.
— Eu sei.
Melissa se virou com um olhar desconfiado para Caio — Você está bem? Concordando comigo…
— Só pensativo. Fui dar uma olhada nela hoje mais cedo, ainda estava dormindo.
— Talvez seja colateral, ela parecia ter usado muito lumem.
— Mas, cinco dias dormindo?
— Não sou especialista Caio, é só oque eu acho, quando a gente cansa de trabalhar a gente come e dorme para voltar a vida, vai ver que ela só precisa dormir para voltar com o lumem dela ou coisa assim.
— Uma teoria interessante — disse retirando sua visão de Melissa e voltando para o céu.
— Eu acho que deveria esquecer essa garota rys.
— Talvez… Você chamou ela de Sol antes e isso estava rodando na minha cabeça…
— Eu nem sei bem o que vi — respondeu, desviando o olhar para o chão. — Foi só o que me pareceu no momento, uma sensação estranha.
— Hmmm.
— Talvez vire um problema toda a comoção que gerou aquele trabalho — alertou Melissa.
— Não vai ser um problema — respondeu Caio, como se já tivesse alguma garantia do futuro.
Melissa riu — Parece ter muita certeza do que diz. Diplomatas de todos os cantos chegando até Lizume — se aproximou do rosto de Caio. — Atrás de um boato que diz que o Sol está vivo e andando pelas passarelas da fenda — Finalizou deitando com a cabeça sobre a barriga de Caio, olhado para o céu assim como ele.
— Rumores são só rumores.
— Velmora fechou todas as passagens para a cidade vertical, só por causa de um rumor.
— O medo a fez fazer isso.
O silêncio correu.
Os dois perdidos em seus pensamentos, observando a passagem das nuvens pelo céu, finalizando suas próprias conclusões.
— Acha que devíamos entregar a garota? — Melissa perguntou, sem pretensão.
— Por que a gente faria isso? — Caio perguntou.
— Não sei se seria legal deixar alguém como ela andar por Lizume.
— Então a corajosa Melissa está com medo de uma guerra civil?
— Foi muito mala da sua parte dizer isso. E não foi isso que quis dizer — replicou com um rosto amargo.
Caio soltou um sorriso bobo — Perdão.
— Você sabe que ela não é uma: ‘simples rys’. E se ela recuperar as memórias e se tornar algo pior que o Sol?
— Eu não acho ela uma má pessoa.
— O Sol também não era no começo — Melissa finalizou, com uma resposta curta e rápida.
Caio se espreguiçou, Melissa levantou de sua barriga.
— O avidor está pronto? — questionou Caio tentando mudar de assunto.
— Deixei ele ligado — Melissa respondeu.
— Esquece isso sobre a rys e vamos, ela deve estar estressada de tanto esperar.
Caio se levantou e ofereceu a sua mão para Melissa levantar também, ela aceitou e bateu em seu vestido antes de seguir.
Eles estavam em uma colina com gramado, relativamente longe do reino.
— Como Bravo está? — perguntou Caio enquanto caminhava.
— Ele ainda está se recuperando, talvez fique alguns dias de cama.
— Que bom que ele está melhor.
— Você deveria parar de aceitar esses trabalhos de alto-risco, antes que todos nós vamos para o caixão de verdade.
Um tempo andando e eles finalmente chegaram em um veículo voador. Era um tipo de embarcação com hélices e um tipo de tecido que funcionava quase como um balão de ar quente.
Caio subiu em cima desse veículo que estava planando um pouquinho acima do chão, o veículo desceu um pouco, mas logo se estabilizou novamente. Ofereceu sua mão para Melissa e ela aceitou novamente.
— Todos nós precisamos de ouro, Melissa. Risco alto, retorno alto — disse Caio.
— Hmph, esqueceu da parte da possível morte iminente.
Os dois andaram até a cabine de direção enquanto conversavam.
— Sabe, você anda muito de mau-humor ultimamente, acho que você precisa de um namorado.
— Mudar de assunto não vai deixar o que eu disse menos verdade.
— Eu posso ser se quiser — disse Caio com um sorriso despretensioso.
Melissa corou e virou seu rosto para o lado — Você é um idiota, Caio.
Ele riu e, ainda sorrindo, pousou as mãos sobre os controles. O veículo subiu e tomou rumo à cidade.
2.
O céu estava relativamente vazio, com poucos veículos sobrevoando a capital do reino.
O aviador voou até um estacionamento de veículos voadores, no meio da cidade.
Caio e Melissa desceram, pagaram uma taxa para a pessoa que cuidava daquele lugar e começaram a andar pelas ruas.
— Como era o nome da contratante? — questionou Caio.
— Anna — Melissa respondeu.
— Anna…
— Como você esqueceu? Achei que era super ligado com o pessoal do último suspiro.
— Não, na verdade, quero distância.
— Fala isso, mas fica bajulando eles.
— Impressão sua, sou totalmente ininfluenciável — Caio deu uma pausa — é assim que se fala?
— Hmph, sei — Melissa virou o rosto Lara o lado.
— E além de tudo, essa coisa toda de revolução nunca foi muito do meu gosto.
— Repete isso quantas vezes quiser até acreditar no que diz.
Depois de muito andar, Caio parou, olhou para um papel que estava em suas mãos e logo em seguida voltou sua visão para uma mansão logo a sua frente.
— Parece que chegamos — Caio afirmou conferindo o papel mais uma vez.
— É menor do que eu imaginava — comentou Melissa.
A mansão se encontra em um lugar relativamente pobre da cidade, contava com dois andares e uma arquitetura refinada, com muitas janelas e um jardim bem cuidado.
Um tempo encarando e uma pessoa que mais parecia um mordomo se aproximou do portão frontal, dirigindo à palavra aos dois.
— Posso ajudá-los? — questionou o mordomo.
Caio tomou a frente — Anna está?
— Quem pergunta? — o mordomo olhou com cautela.
— Viemos pelo trabalho, ela disse que teríamos passagem livre — respondeu Caio com confiança.
— Tridente…?
— Sim, eu sou Caio e essa aqui do meu lado é a Melissa — afirmou apontando para sua colega.
— Me disseram que viriam três de vocês.
— Bravo está com alguns problemas, somos só nós.
O mordomo suspirou — Me acompanhem — disse enquanto abria o pequeno portão e andava em direção à mansão por um caminho ladrilhado.

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