Capítulo 06

Cena 2: Beleza que chama a morte

— Precisamos reinvestigar a tentativa de assassinato da princesa imperial, — disse Rezef, desamarrando os cordões de sua capa. Ele parecia que sua alma havia sido drenada para fora dele. Rezef voltou-se para seu ajudante, Zenon Evans. 

— Quantas vezes orquestramos a queda de algum nobre? Escolha alguém entre eles com uma família para sustentar, alguém que aceitaria enfrentar a guilhotina em troca de dinheiro.

— Como você ordenar.

Zenon Evans achou que Rezef estava agindo de forma bastante estranha. O príncipe frequentemente parecia cansado ou irritado depois de visitar Cayena, mas Zenon nunca o vira tão desanimado antes.

— … além disso, coloque mais pessoas ao redor da Princesa Cayena. Monitore cada movimento dela.

— Sim, sua Majestade.

Quanto mais Rezef pensava nisso, mais estranho era.

Rezef sempre pensou que Cayena estava sob seu controle. Será que foi o contrário?

Ele achava que não. Ela não era inteligente, sensata, nem sabia o suficiente para fazer isso.

“Então, alguém perto dela está lhe dando conselhos?” Pode ter sido o conde Hamel, mas por que ele revelaria suas próprias fraquezas para Rezef assim?

Antes de Zenon sair para cumprir sua ordem, Rezef o chamou novamente.

— Encontre informações sobre Olivia Grace.

— Como você manda.

Zenon saiu. A cabeça de Rezef estava uma confusão de pensamentos, e ele passou a mão pelo cabelo.

— O que você realmente está fazendo, Cayena?

O imperador estava velho e doente. Ele já estava quase morto. Embora tivessem filhos nascidos fora do casamento, Rezef e Cayena foram seus únicos filhos oficialmente reconhecidos. A única outra pessoa com direito ao trono era o meio-irmão do imperador, o arquiduque Heinrich…

Normalmente, Heinrich não teria nenhum direito ao trono, pois era uma criança bastarda, não reconhecida pela igreja. Além disso, ele sofria de uma doença incurável, e ninguém prestou atenção a isso.

Mas de repente, um jovem aristocrata apareceu, chamando a si mesmo de filho de Heinrich. Seu nome era Yester Heinrich.

Depois de ser reivindicado pelo Arquiduque, Yester rapidamente posicionou a mãe do Arquiduque na posição de Imperatriz, e ele foi, portanto, reconhecido como um potencial sucessor legítimo ao trono.

As pessoas falavam, se perguntando se a idade avançada ou a doença do imperador o haviam feito agir de forma tão irracional. Mas não foi esse o caso. Foi Yester quem manipulou e arruinou o Imperador tomando controle

— Pensar que ele a tomaria como refém…

O imperador, em vez de deixar Catarina e sua família à sua condenação, legitimou o arquiduque Heinrich.

Rezef sentia sua raiva aumentar cada vez que era desamparado pela chamada família do arquiduque Heinrich. Família? Era mais como uma gangue.

Rezef estava pensando em usar Cayena para enviar o arquiduque Heinrich para o inferno, mas os eventos de hoje o forçaram a revisar seu plano.

Rezef passou muito tempo manipulando Cayena. Ele amarrou lentamente suas mãos e pés, fazendo-a depender dele para tudo, até que ela não pudesse fazer nada por conta própria. Ele pensou que tinha conseguido, mas….

Rezef deitou no sofá. Ele não conseguia esquecer os olhos azuis que olhavam diretamente para ele. Eles eram completamente diferentes de seus olhos anteriormente vazios que apenas buscavam o prazer. Rezef nunca tinha visto um olhar tão profundo de ninguém entre seus pares.

“Minha irmã mais velha sempre teve olhos tão bonitos?”

— Cayena…

Rezef cobriu os olhos com a mão, bloqueando a luz das janelas. Então, ele ergueu a mão novamente. Foi a mesma mão que Cayena beijou.

“Minha boneca tola, mas linda.”

Com a outra mão, ele gentilmente tocou as costas daquela mão. Então, examinando a mão, ele a abaixou lentamente, deixando-a roçar em seus lábios.

Seus olhos a olhou friamente e diretamente….

— O que devo fazer com você? — ele sussurrou.

A febre deu lugar a pesadelos.

— Você pode fazer isso bem, certo? Subordinado Jung.

O pesadelo era uma confusão de cenas de seu local de trabalho e da família imperial.

— E ainda assim você se chama a princesa imperial! 

— É tudo culpa sua! 

— …! — As entranhas de Cayena se retorceram de dor quando seus olhos se abriram.

“… foi apenas um sonho.”

Ela ficou imóvel em sua cama, olhando fixamente enquanto as lágrimas corriam ao longo de seu rosto. Então, ela voltou a si.

As lágrimas não tinham sentido. Ela já estava entorpecida com a tristeza e a dor de suas memórias.

— Você está acordada, minha senhora?

Vera veio para o seu lado e começou a enxugar as lágrimas de Cayena com uma toalha umedecida em água morna.

“Que tipo de pesadelo a fez chorar assim?”

— Você deveria beber um pouco de água, Sua Alteza.

Com isso, ela trouxe um pouco de água com limão para Cayena.

Já fazia duas semanas desde que Cayena falou cara a cara com Rezef Desde então, Cayena foi subjugada. Não era apenas que ela estava se recuperando. Ela precisava agir modestamente para acalmar as suspeitas de Rezef.

Rezef era realmente mau. Ele era alguém que mataria o — culpado — que envenenou Cayena sem piedade. Para sua própria segurança, ele sacrificaria outros sem hesitação.

Uma vítima típica desse comportamento foi a própria Cayena.

Meu casamento não deve afetar o fluxo da história. Só preciso encontrar uma posição que seja difícil para os outros manipularem.

Só então ela estaria segura, e a história não entraria em colapso sem ela.

Rezef estava desconfiado e continuaria testando Cayena.

— Eu preciso impedi-lo de matar Olivia, no entanto, só interferirei até esse ponto.

Em todo caso, Cayena foi quem tentou envenenar Olivia, tendo sido enganada por Rezef Mesmo que seu crime tivesse sido apagado com seu retorno a esta vida, ela não conseguia esquecer o que tinha feito.

Cayena não queria mais ser manipulada. E ela foi sincera em seu pedido a Rezef sobre a escolha de seu próprio marido.

“Embora, a pessoa com quem vou me casar não existirá neste mundo!!”

Cayena pretendia inventar uma pessoa com quem ela se casaria.

“Até então, eu só preciso continuar sobrevivendo e manter Rezef feliz.”

— Alteza, dizem que o culpado foi preso, — disse Vera, interrompendo seus pensamentos.

Cayena enxugou a boca com um lenço de seda e respondeu: 

— É mesmo?

“Então ele fez o que eu mandei.”

Cayena não tinha pressa. Ela só tinha que esperar o momento certo até que Rezef se movesse como ela queria.

— Hoje é o dia da sua execução. Você vai ver?

Cayena balançou a cabeça. Ela não tinha vontade de assistir a algo tão terrível. Nessa época, as pessoas se reuniam para ver as execuções. Agora, Cayena só sentia repulsa pela prática.

O aristocrata que envenenou Sua Princesa Imperial Cayena ajoelhou-se em frente à guilhotina. Todos os olhos estavam nele enquanto ele falava.

— Fiz isso porque a amava demais! Nem mesmo a morte pode impedir meu amor por ela! — O criminoso era um aristocrata desconhecido que havia caído em desgraça. Os nobres conversavam entre si, perguntando se este homem esteve presente no salão de banquetes.

“E pensar que ele encontraria alguém disposto a morrer em apenas duas semanas.”

Os nobres hesitaram em falar sobre o caso de envenenamento, pois rumores diziam que o estado da princesa era grave.

Os apoiadores de Rezef estavam fazendo um alvoroço sobre como Rezef, embora fosse jovem, deveria ser oficialmente nomeado príncipe herdeiro.

Os nobres que apoiavam o arquiduque Heinrich estavam tentando abafar o incidente e a eles. 

— O Príncipe Rezef não é o único que pode suceder ao trono! Não podemos ser muito apressados.

No entanto, suas palavras foram abafadas por um artigo oportuno nas colunas de fofoca, descrevendo como a beleza da princesa Cayena havia levado à morte de alguém.

— Ele teve que comprar os jornais também. Ele devia estar ocupado.

A fofoca fluía facilmente na boca das pessoas, e o pessoal do arquiduque Heinrich tinha se dedicado a levar adiante sua agenda. Agora, porém, Heinrich foi empurrado para fora dos olhos do público pelo incidente.

O pessoal de Heinrich ficou ofuscado, pois todos estavam muito mais interessados em falar sobre a beleza de Cayena..

— Você sempre foi linda, mas as pessoas estão realmente percebendo isso mais agora, não estão. Vossa Alteza?

Cayena riu das palavras de Vera.

A beleza de Cayena já era famosa, mas agora, a palavra “beleza” por si só parecia faltar para descrevê-la.

“Uma beleza que chama à morte.”

Uma revista de fofocas comparou Cayena a uma rosa com um espinho venenoso. Os rumores e a atenção que ela recebeu continuaram a crescer suavemente, e quando Cayena cancelou suas aparições nas festas que ela havia agendado anteriormente, a emoção se transformou em loucura.

As histórias do incidente de envenenamento já estavam sendo contadas para divulgar a beleza de Cayena Hill.

— Dizem que os nobres estão ansiosos pela sua cerimônia de maioridade.

A cerimônia envolveria um número sem precedentes de pretendentes.

— Você pode ficar noiva de alguém em breve. Você acha que Lorde Kedrey seria uma boa combinação? — Vera perguntou com cuidado.

Cayena sabia que sua resposta seria repetida direto para Rezef. Ela fingiu ignorância.

— Não tenho certeza. Parece que pode ser muito problemático, considerando que o imperador não aprovaria.