Capítulo 105
— O que foi?
Os serventes entraram no salão desconcertados pela confusão repentina.
Adivinharam aproximadamente a situação ao ver Olivia levantando a mesa e o remédio no chão.
Provavelmente era pelo Príncipe Rezef.
Os serventes se apressaram em limpar o interior, mas se surpreenderam ao ver sangue no rosto de Olivia.
— Bem, Lady Olivia? Há sangue em seu rosto…
Olivia passou levemente a mão ao redor de seu queixo ao ouvir as palavras do servente.
— Oh, antes.
Rezef havia segurado seu rosto com as mãos empapadas de sangue.
Ela molhou seu lenço com água e limpou as manchas de sangue.
— Peço que continuem o que estavam fazendo.
Saiu do salão e entrou no local onde ficavam as serventes. Isso devido a que os documentos foram atualizados por não encontrarem suficientes mãos-de-obra para o banquete de maioridade.
Se afastasse os olhos por um momento, sempre verá algo novo acontecer uma e outra vez.
Ainda que estivesse um pouco preparada para ter uma vida difícil no Palácio, como era possível que eventos assim ocorressem frequentemente?
Viver no Palácio Imperial era o mesmo que se podia ver em um livro em que não era possível distinguir a falta de uma página.
“Tem de ser flexível, assim é como funciona esse lugar.”
Se um bambu está em posição vertical em um Palácio que não há vento, se romperá depois de ser arrastado pelo mesmo. Olivia estava aprendendo a se comportar como uma vara de pesca.
Parte do trabalho consistia em conhecer um homem chamado Rezef e ganhar seu amor.
— Suponho que Vossa Alteza o pensou assim.
Cayena não se tornou forte por conta própria, mas sim utilizou uma estratégia para enfraquecer a outra pessoa.
A fraqueza do oponente é como dizer que Cayena se torna mais forte.
É uma besteira tomar medidas contra um oponente o qual não se pode vencer imediatamente.
Olivia gradualmente teve uma ideia do que podia e deveria fazer.
Observou que se planificou cuidadosa e silenciosamente. Isso era o que ela devia fazer por Cayena.
Guardou os documentos e saiu do castelo. O Grande Salão e o salão menor tiveram de ser reexaminados para igualar a quantidade de convidados.
Olivia se dirigia ao Grande Salão e comprovou a lista quando viu o nome de Kedrey.
Seria melhor discutir isto com Cayena.
Dando golpes com o dedo nos papéis, quando encontrou um senhor com uma aura que não correspondia ao Palácio.
— Quem é?
Era pulcro e elegante, mas incomodava como se estivesse usando algo fora de lugar.
Não parecia um aristocrata, mas também não parecia um vagabundo.
Parecia mais velho, dando a impressão de que levara uma vida dura.
Será pela larga cicatriz na bochecha esquerda?
Olivia girou a cabeça e tentou passar despercebida.
— Espere, Senhorita.
— …?
Estava um pouco envergonhada por não esperar ouvir semelhante engano no Palácio.
Nenhum aristocrata chamaria uma Lady da forma que o fez. Olivia o olhou calmamente.
— Pois não?
— Onde estão os Cavaleiros Reais aqui?
— Os Cavaleiros Reais?
Parecia um pouco envergonhado.
— Sou Olivia Grace, você é..?
— O quê? Oh, ahm. Sou Jedair, Jedair Ross.
“Ross..? Nunca ouvi falar deles.”
— Por que busca os Cavaleiros Reais?
A Ordem Imperial de Cavaleiros era um lugar onde os filhos de nobres famílias recebiam seus títulos e se tornavam cavaleiros. Entretanto…
— Oh, a partir de hoje irei me alistar ali.
Jedair lhe mostrou sua carta de recomendação.
“Carta de recomendação de Zenon Evans…”
— Siga-me.
— Oh, obrigado.
Jedair a seguiu rapidamente.
Esteve bastante ocupado ultimamente. Ele, que era apenas um plebeu, não esperava entrar no palácio assim e inclusive ser qualificado como cavaleiro.
Não esperava que o sonho frustrado de seu irmão se fizesse real desta maneira. Coçou próximo à cicatriz de sua bochecha por hábito.
Olivia foi até o Templário Imperial.
— Aqui estamos.
Logo adentrou o local e chamou Eden, um cavaleiro que costumava escoltar Cayena.
Ela lhe ajudou com tudo e depois segurou a dobra de seu vestido e dobrou ligeiramente os joelhos em cumprimento.
— Então, adeus.
Nesse momento, Jedair a cumprimentou igualmente educado.
— Oh, sim, obrigado.
Inclinou a cabeça, depois levantou a parte superior do corpo e apontou para o chão com o queixo.
— Há um pouco de sangue deste lado.
Ao escutar isso, Olivia se surpreendeu e pôs a mão no próprio queixo. Pensava ter limpado corretamente quando se olhou no espelho.
— Senti o cheiro e encontrei um leve rastro, me perdoe por ser presunçoso.
Os olhos dela voltaram ao normal. O oponente estava familiarizado com o sangue.
Além disso, seus olhos não eram normais.
— Não, obrigada.
Ela se virou e saiu.
Jedair voltou a coçar a bochecha, não era para dizer?
“Ela é uma garota de olhos profundos, armei um escândalo sem me dar conta.”
Enquanto pensava, Eden apareceu e o olhou com olhos surpresos.
— Encontrou com os Cavaleiros da Casa Imperial antes, verdade?
— Oh, sim, aqui está a carta de recomendação.
Eden comprovou a assinatura, que era feita pelo próprio Zenon Evans.
Não um homem jovem, mas um homem que parece ter se movido de maneira incomum com uma carta de recomendação da família Evans. De qualquer forma, era uma carta de Zenon, então o guiou ao capitão.
— A carta de recomendação de Sir. Zenon, já ouvi sobre ela.
— Oh, sim.
Jedair pensou que o Marquês Evans certamente possuía um grande poder.
Mas, não estão o Grão Duque Heinrich e o Marquês Evans em poderes opostos? Como o Grão Duque conseguiu sua recomendação através deste homem?
Era difícil entender os pensamentos políticos.
De qualquer forma, estava seguro de que poderia conhecê-la.
Quando lembrara da Princesa – a qual nunca vira o rosto – uma estranha tensão recorria seu corpo.
Quando por fim estava só em seu alojamento, se deitou na cama.
“Necessito do elixir. O que devo fazer para ver a Princesa?”
Os olhos dele brilharam intensamente.
Lady Elivan, babá de Cayena, não era uma plebéia, senão uma aristocrata. Apenas sua boa fé e lealdade que a transformaram em sua babá.
Entretanto, a babá de Rezef – Rebeca Dottie – era diferente. Os partidários de Rezef pensavam que uma mulher de status superior ao da babá de Cayena deveria servir ao Príncipe.
Foi a Marquesa Dottie a nomeada.
Ela renunciou como babá após Rezef crescer até certa idade, e agora retornava ao Palácio como servente.
Os Marqueses Dottie e Evans competiam por poder.
Como resultado, as ondas se dividiram naturalmente nas forças de apoio de Rezef.
De qualquer forma, quando Evans hesitou, Rebeca Dottie tentou de algum modo subir à sua família e solidificar sua posição como braço direito do Príncipe.
Então, tão logo quanto entrara ao Palácio começara a escolher seus aliados.
Ela celebrou uma festa do chá secreta no salão do Palácio que lhe foi designado. Aas participantes eram as cortesãs que podiam lhe servir como membros.
— É uma honra conhecer a esposa do renomado Marquês Dottie.
— Encantada de conhecer todos.
Ela sorriu amavelmente.
Ela estava indo à linha de frente, ajudando as mulheres de famílias prestigiosas ao debutar e as ajudando com suas festas de maioridade ou com salões para manter sua influência social.
Entretanto, tais ações não eram tão agradáveis como conquistar os funcionários da corte que apoiavam a família imperial.
“Veja-os, quando apareci, abanaram o rabo e se reuniram.”
Era a corte masculina jovem e bonita que chamara sua atenção em especial Falou com um cortesão masculino com um olhar sutil:
— Isto não será muito divertido para um jovem. Como se chama?
O homem respondeu educadamente:
— Chamo-me Emil Habron. Por favor, me chame apenas de Emil.
Uma pessoa inteligente dos arredores falou:
— Este jovem é muito talentoso. Será conveniente de muitas formas se o mantiver próximo a você.
— Realmente?
— Há muitos jovens burgueses que são próximos e mantém uma ampla rede na parte superior. Costumeiramente recebemos ajuda desse amigo.
Então Emil sorriu encantadoramente e estendeu uma pequena caixa de presente com uma fita.
— Oh! — Exceto em sua juventude, a Sra. Dottie não lembrava ter recebido algum presente tão fofo.
Mesmo se não o abrisse, seu coração já fora atingido.
— Não é muito, mas gostaria de mostrar um pouco de sinceridade à servente que terá muito trabalho duro. Além disso, sempre a admirei, Marquesa Dottie.
— Bem, eu não negaria a sinceridade.
Logo os olhos do homem brilharam perigosamente por um momento e depois voltaram ao estado relaxado.
— É uma honra.
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