Índice de Capítulo

    A Sra. Dottie abriu a boca para falar sobre a importância de unir as pessoas.

    — Eu planejava passar o resto da vida em silêncio depois da gloriosa missão de criar o Príncipe Rezef com minhas próprias mãos. Mas como posso fingir que não vejo quando o palácio está um caos?

    “Desde quando ela se importa com a ordem imperial?” Algumas das pessoas presentes mal seguraram o riso.

    — Em especial, me incomoda o fato de ele não ter uma dama à altura — disse a Sra. Dottie, apertando os lábios.

    — …

    — É assim que se preparam para a cerimônia de maioridade? Como esperam organizar um banquete decente apenas com as jovens criadas do Palácio Imperial?

    — Você tem razão.

    — Ainda bem que ainda temos uma semana até a cerimônia.

    As damas da corte trocaram olhares.

    — Isso quer dizer…

    A Sra. Dottie pousou a xícara de chá e sorriu.

    — Este homem está tentando voltar ao auge para a cerimônia de maioridade de Sua Alteza.

    Foi uma declaração clara de que pretendiam tomar a dianteira da cerimônia em benefício próprio.

    Cena 18. Olha só!

    O lançamento pesado não atingiu o alvo, mas o esmagou completamente.

    — Fofo.

    Yester Heinrich tentou um novo arremesso e lançou com força contra outro alvo.

    Quang!

    Mais um acerto. Quem estava ao seu lado engoliu seco ao ver o alvo destroçado.

    — Como era de se esperar de você, Grão-Duque!

    — Tão talentoso que ganhou o torneio de caça!

    Todos sorriram e aplaudiram.

    — Caçar animais não tem graça. Ganhando ou não.

    Yester respondeu com desdém e perguntou ao homem atrás dele:

    — E você? Como foi?

    O homem era Emil, um jovem da corte que havia presenteado a Sra. Dottie. Também era um espião de Yester.

    — Ela está determinada a liderar tanto a caçada quanto a cerimônia. Já fiz as conexões que você mencionou.

    — Ah, algo fantasminha?

    Yester riu, divertido. A conexão que Emil fez era com alguém que era só um nome, sem influência real. Quando a Sra. Dottie percebesse o erro, já seria tarde demais.

    — Ajude a Lervans Dottie a perder o controle e se descontrolar. Assim, a cerimônia de maioridade vai ser um desastre.

    — Sim, Grão-Duque.

    Yester já tinha se envolvido com Lervans Dottie outras vezes. Ele foi adotado pelo Grão-Duque e odiava que ela interferisse no futuro de Rezef. Por mais que ele se escondesse, não era possível que a esposa de uma concubina desprezasse a princesa.

    Mas a Sra. Dottie agia como se tivesse autoridade igual à da imperatriz, só por ter sido babá do príncipe herdeiro. Isso tornava as coisas fáceis. Por isso, Yester adicionou à sua volta três jovens bonitos de quem ela gostava.

    — Ela acha que é a mãe biológica do príncipe e vive tentando reafirmar seu poder.

    Yester estalou a língua e abriu uma caixa de madeira ao lado. Dentro, havia um rifle.

    — Em que época estamos, e ainda caçam com arco e flecha?

    Carregou uma bala, encostou o rifle no ombro e olhou ao redor com uma expressão decidida.

    — Se eu estiver no trono, vou mudar a lei e liberar as armas de fogo imediatamente.

    — Tem razão.

    Os nobres pensaram que, se um dia as armas fossem legalizadas, seriam os primeiros a levar um tiro na cabeça do próprio Yester. Ele jogou o rifle de volta na caixa, como se tivesse perdido o interesse. Quando o fez, todos suspiraram aliviados.

    — E os“presentes de aniversário”? — perguntou Yester.

    — Assim que o terreno de caça estiver pronto, soltaremos os herbívoros primeiro. Se o local parecer promissor, vamos avançar mais fundo.

    Satisfeito com a resposta, Yester se aproximou do assistente e disse:

    — E aí sim…

    Bam!

    Levantou o dedo como se apontasse para um criminoso e agarrou o ombro do ajudante.

    — Começa a verdadeira caçada sangrenta. Que graça tem caçar herbívoros?

    Yester deu um tapinha no ombro dele.

    — Caçar gente é bem mais divertido.

    O ajudante apenas assentiu, sem reação.

    — As feras estão dopadas e presas.

    — Sim, cuide disso. Essa cerimônia precisa ser grandiosa e marcante.

    Assobiando, ele se aproximou da mesa montada pelos criados e se sentou.

    Na mesa havia chá, bebidas e petiscos. Yester pegou uma garrafa de uísque, abriu e bebeu direto. Os nobres começaram a se acomodar aos poucos ao redor dele. Tinham servido queijo e aperitivos como se fosse uma festa ao ar livre, mas ninguém conseguia sequer saborear um gole de chá em paz com Yester por perto.

    — Tédio.

    Ele inclinou a cabeça para trás e comentou:

    — Não dá pra fazer nada com esses paladinos vigiando a capital.

    Ainda não haviam descoberto que Zenon Evans esteve envolvido no sequestro da princesa.

    — Zenon… disseram que ele morreu, né?

    — Sim. Dizem que foi suicídio…

    Yester sorriu satisfeito com isso. Claro que não foi suicídio.

    — Se aquele príncipe adorável tivesse mesmo me irritado, aí sim poderia ter sido suicídio.

    — O Marquês disse que foi uma morte injusta e que fará o funeral por conta própria, sem enviar o corpo ao templo.

    Então alguém comentou:

    — Talvez ele use dinheiro pra conseguir enviar o corpo. Seria uma vergonha admitir isso tão facilmente, não?

    — Deve ter algum motivo pra não mostrarem o corpo.

    “É muito conveniente usar um morto pra encobrir um caso de drogas. Um fim bem patético.”

    — Preciso descobrir mais sobre a morte do Evans…

    “Talvez uma dama da nobreza saiba mais, né?”

    Ultimamente, sempre que pensava na Imperatriz, seu corpo inteiro se arrepiava.

    Ah, ele estava curioso demais por aquela mulher imprevisível. Mas não teria graça se ela cedesse tão rápido. Era um brinquedinho divertido que ele pretendia manipular com cuidado pra não quebrar logo.

    — Está difícil ver a princesa… cheia de cães ao redor, especialmente aquele mais feroz.

    Alguém falou, meio hesitante:

    — Mas em breve ela atinge a maioridade.

    Yester sorriu. Como foi dito, faltava menos de uma semana.

    — Sim. Vamos fazer uma cerimônia de maioridade espetacular, como nunca antes vista.

    Ele achava entediante pensar em uma cerimônia com orquestra e caçada a cervos. Queria algo mais… marcante. Como alguém ficando aleijado ou morto durante a caçada. Yester sorriu, encantado com a ideia.

    — Preparem seus lenços. Vamos celebrar um funeral junto com a cerimônia de maioridade de Sua Majestade.

    Jedair percebeu três coisas apenas três dias depois de começar a trabalhar no palácio. Primeiro, os cavaleiros imperiais eram como funcionários públicos desmotivados — pareciam receber sem trabalhar. Segundo, todos os cavaleiros diretos serviam a Rezef. Terceiro… ninguém queria escoltar Cayena.

    Até a segunda parte ele entendia. O palácio estava sob o controle de Rezef. Mas por que todos recusavam escoltar a princesa?

    Eden se aproximou de Jedair e lhe deu um tapinha no ombro.

    — Obrigada por me acompanhar hoje, Lorde Jedair.

    Hoje, a princesa sairia para ver o fim da mulher que foi sua babá. Jedair achou que seria uma boa chance de conhecê-la melhor e decidiu escoltá-la.

    — Ouvi dizer que ela era alguém importante. — Eden sorriu, meio amargo. 

    — Foi recomendada pela família Evans, então tentei ficar de olho nela… mas desconfio de você.

    “Não tô do lado dos Evans de verdade.” Jedair riu, meio grosseiro.

    — Você mencionou o nome do Marquês Evans e disse que todos os cavaleiros que escoltaram a última princesa morreram…

    No dia do encontro no templo, três cavaleiros que falharam em proteger a princesa foram mortos por ordem de Rezef.

    Jedair coçou a bochecha. O sequestro tinha relação com ele. Ao saírem da Cidade Imperial, encontraram uma carruagem esperando diante do saguão.

    Ele aguardou ali e viu as mulheres descendo as escadas. Entre elas, uma vestida inteiramente de preto. Não usava véu, mas dava pra perceber que era luto — certamente uma viúva. Então, ela e o mago deviam estar por perto.

    Ao lado de Cayena, havia muitas mulheres — criadas seniores, jovens, até algumas do mercado.

    Jedair franziu levemente a testa e olhou com atenção para a pessoa que parecia ser o mago.

    — Não te vi antes?

    Antes que percebesse, a princesa estava diante dele.

    — Sim, esse é um novo recruta… chegou há poucos dias por recomendação da família Evans.

    Eden parecia um pouco sem jeito de apresentar um novato. Normalmente, recrutas tinham uns dez anos. Este estava no fim da adolescência.

    — Jedair Ross, conheça Sua Majestade, a Princesa. — Cayena sorriu e fez uma saudação.

    — Vamos nos ver com frequência. Prazer em conhecê-lo, Sir Jedair.

    — …!

    Os olhos de Jedair se arregalaram com a voz dela.

    “O mago!”

    A princesa era o mago.

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