Capítulo 109
Ethel estava preocupado pelas desculpas ao Conde Hamel até o fim das aulas da Academia. Decidiu receber educação de Raphael a partir de hoje. Entretanto, fora necessário por desculpas ao decidir manter tudo estritamente secreto.
Então, um garoto que teve a mesma aula que ele se aproximou, era um colega que nunca tinha trocado palavras.
— Olá, é Ethel, não?
— Sim…?
Ethel arregalou os olhos, pois pensou que estava tentando criar uma discussão, como os outros garotos. Mas o mesmo sorriu alegremente e estendeu a mão.
— Sou Sain Myers. É um prazer conhecê-lo.
Ethel apertou sua mão enquanto o olhava. Então Sain se aproximou mais e lhe sussurrou:
— O Duque Kedrey me pediu para lhe ajudar. Se supõe que nos reuniremos com ele a partir de hoje.
— …!
— Venha brincar comigo. O que acha?
— Bem…
Eles desceram juntos, onde viram a carruagem do Conde Hamel, da qual um servente abriu a porta e aguardava que entrasse.
— Sairei com ele hoje.
A atenção do servente foi conduzida a Sain.
— A família Myers convidou meu amigo Ethel a brincar. Está bem, verdade?
— Então os levarei nesta carruagem.
Ele negou com a cabeça.
— Iremos na carruagem de minha família, o levarei a casa quando terminar.
Logo a carruagem de Myers chegou.
— Entre, Mestre.
Ethel disse rapidamente:
— Está bem…
Era comum que os jovens aristocratas desta época fizessem este tipo de comportamento inesperado, portanto o servente o considerou insignificante. Ethel subiu na carruagem com Sain.
— Creio que há mais gente na capital, verdade?
O disse enquanto olhava pela janela, Ethel sabia que esse fenômeno era devido à maioridade de Cayena. De repente sentiu saudades de sua irmã.
— Nos mudaremos a outra carruagem sem brasão familiar.
Nesta atmosfera caótica, se perguntou se era necessário desviar a atenção a este ponto, mas Ethel assentiu. Logo mudaram a outra carruagem sem características da nobreza e Ethel olhou a Sain sentado ao seu lado e perguntou:
— É um beneficiado pelo Duque?
— Sabe que a família Kedrey patrocina a Academia, verdade? Sou um dos beneficiados.
Os Myers eram uma família reservada e solidária com o Duque Kedrey. Logo a carruagem chegou a um lugar completamente diferente, não era território nem de Myers, nem de Kedrey.
“Não vim ao lugar errado…”
A casa em si não era grande, mas estava em um lugar tranquilo e que não era visível do exterior. Enquanto esteve perplexo, Sain acenou com a mão o homem que veio recebê-los.
— Sir Baston!
— Bom dia, garotos.
Baston se aproximou sorrindo e disse a Ethel:
— Não conseguimos nos apresentar a última vez, verdade? Sou Baston Deborah, seu assistente e acompanhante.
— Oh, olá, Sir Deborah.
Baston olhou Ethel agraciado.
— Pode me chamar Baston. Oh, o Mestre está esperando lá dentro. Por aqui, por favor.
Ethel o seguiu ao interior da mansão.
— Esta mansão estará destinada a ser utilizada pelo Duque para ensinar ao Mestre, Ethel. Sinta-se livre de usá-la.
— Oh…
Significava que esta casa fora construída apenas para Ethel, Sain estava realmente surpreso e com inveja.
— Feliz por você, Ethel! Além disso, lhe tenho inveja.
— É assim…?
A mansão era quadrada, ao entrar havia um grande gramado e era cheio de instalações relacionadas, talvez utilizadas como campo, todas de alta gama. Baston chamou Raphael, que lutava com outro cavaleiro no campo.
— Excelente! Aqui estão nossos convidados.
Imediatamente parou a luta e deixou a espada. Seus olhos vermelhos eram visíveis através do cabelo preto desarrumado e se direcionaram a eles. Havia algo arrepiante em seu olhar. Ethel engoliu em seco com uma estranha tensão.
Rapidamente a tensão em torno de Raphael se aliviou. Parecia mais sonolento que de costume, mas Ethel se deu conta de que era um disfarce para evitar o medo de seu oponente.
“Esse é o espírito de um homem que lutou na guerra.”
Ethel apertou o punho. Uma pequena sensação¹ subiu por seu corpo neste momento, Sain se aproximou de Raphael com o rosto vermelho e fez uma saudação:
— Olá Duque! Sou Sain Myers!
Os olhos de Raphael se dirigiram a ele. Respondeu sem rodear o pequeno garoto de olhos brilhantes.
— Sim.
A Sain lhe encantou o fato de o Duque responder sua saudação. Ethel encontrou estranha a figura com seus olhos brilhantes desejando atenção.
“Fiz o mesmo à minha irmã…?”
Ele coçou a bochecha e olhou diretamente Raphael, se aproximou torpemente e o saudou.
— Olá, professor.
— Aqui está você.
Ele o respondeu com indiferença, se afastou um pouco e jogou água fria em sua cabeça. As gotas desciam por sua mandíbula marcada, um decote suado e um uniforme preto ligeiramente aberto. O sol brilhava como uma joia por sua pele.
Ele sacudiu o cabelo molhado com as mãos. Agora estava mais tranquilo. Até agora a vida estava determinada por uma batalha. Não podia tratar com garotos nestas condições. Entretanto, a cena parecia um pouco diferente a dos demais.
— Oh…
Os serventes que passavam exclamavam suavemente ante a aparência molhada de Raphael. Ao ver tal cena, Baston arregalou os olhos.
“O que diabos está fazendo o Mestre?”
“Essa é uma visão de muita má educação emocional aos garotos.”
Baston passou por seus próprios pensamentos e os encontrou bastante prejudiciais aos menores. Rapidamente girou ambos os garotos.
— Agora, Mestre Ethel, ponha seu traje de treinamento e o Mestre Sain, vá ao salão.
Raphael olhou a cena e secou o cabelo e rosto com uma toalha seca. Logo apareceu Jeremy, que ao ser visto por outros lhe informaram a Raphael.
— Temos notícias do Grão Príncipe. Um cortesão chamado Emil Hebron é obra dos Heinrich, o mandaram a Lervans Dottie.
— Com qual propósito?
— Creio que tenha encontrado informações, mas o estranho é não ter encontrado propósito algum.
Raphael respirou, organizando calmamente seus pensamentos, analisando como os movimentos de Heinrich o conectam aos da babá.
— Que tipo de pessoa é?
— Especializado no mundo social.
A Sra. Dottie era uma aristocrata típica. Uma pessoa com forte sentido de autoridade que gostava de mostrar influencia e odiava brigas. Talvez seja uma ideia de mostrar seu orgulho exercendo grande influência na cerimonia de maioridade da Princesa, celebrada pouco depois de sua entrada no Palácio. Quando a família Evans fraquejar, querem derrota-los e tomar o trono do Príncipe Herdeiro.
— O Príncipe Heinrich pode estar utilizando a Sra. Dottie para distrair o interior do Palácio.
— Não estariam criando uma situação caótica da qual não se pode fazer um julgamento preciso? Mas para que o necessita?
Jeremy respondeu:
— Disseram que tinha muitas balastras e armas para o concurso de caça. Dizem que já entraram no parque Central.
— Balestras e armas…
— Se usam o som equivocado, os cavalos se assustaram, mas não creio que seja inesperado.
O som é, certamente, maior e mais pesado que o de uma flecha. Não é difícil prever que a atmosfera do terreno de caça ficaria arruinada se, se encontrasse com o poder de Yester.
Certamente planejam algo para o concurso.
Tal concurso não era um simples jogo que termina em um dia. Em primeiro lugar, quando se estabelecia o terreno, os caçadores profissionais rastreariam pegadas e comprovariam a mata para ver se há animais ferozes próximo. Depois disso, se o número de herbívoros fosse muito pequeno e o de animais perigosos como os javalis, eram estabelecidos alguns pontos de caça. Logo, acampariam longe do terreno, os nobres se mudarão ao acampamento quando se proporcione munição, armazenamento de alimentos e residências temporais para que as damas descansem o suficiente.
Não há muito para preparar para os nobres que participam do concurso. Cavalos, pistolas, munição, espadas, cavaleiros para ajudar na casa, muitos usos para uma retirada confortável. Não só tem como objetivo mostrar suas habilidades de caça, mas a linha de sangue e aparência de seus cavalos, a família e beleza da amante que lhe apoia e mostrar o preço dos vestidos e acessórios.
Raphael pensava ser uma competição estúpida. Originalmente, o objetivo era controlar a quantidade de animais que atacariam as terras agrícolas próximas onde eram e serão plantados novos cultivos durante a primavera. Entretanto, a atual era nada mais que riqueza e poder aristocrático.
Ele não tinha intenção alguma de participar ativamente, se pegasse um coelho, ninguém duvidaria de suas habilidades.
Foi um guerreiro que participou da guerra. Um cavaleiro que atuava como um cachorro da capital nunca lançaria luvas, sequer por diversão, diante de um verdadeiro guerreiro como Raphael.
— Talvez esteja tratando de causar um acidente ao Príncipe. É difícil descartar a possibilidade de destruição dos terrenos de caça.
— Não quer que a família Evans atue antecipadamente? Estou seguro de que foram informados sobre o comportamento de Heinrich.
— Bem.
— Se a Sra. Dottie é uma mulher que influenciou na cerimônia de maioridade, a família Evans vai querer arruiná-la, ainda que seja perigoso.
A Sra. Dottie não tem a capacidade de prever o futuro e prever as anomalias de Yester. Era hora de que necessitassem as habilidades de gestão de crises de Rezef.
Entretanto, a pergunta era se tudo terminaria apenas com a crise de Rezef. Raphael não queria que Cayena estivesse em uma situação perigosa.
Suspirou com o cenho franzido. Não sabia se o festival estava a ponto de ter lugar como parte da celebração do aniversário da Princesa ou se era véspera de uma tormenta que sopraria imediatamente.
— Creio que possa acabar com Yester se o fizer bem.
— Dado que o Paladino está na capital, seria bom ampliar seu alcance de atividades.
O problema era a integridade do templo. Seria difícil encontra-los sem dinheiro da família Evans ou do Duque Heinrich.
O Marquês Evans quer o fracasso da Sra. Dottie e o Principe Heinrich quer a ruína de Rezef. Se tornou difícil mover o templo pois os interesses de ambos foram em confronto em um piscar de olhos.
— Alguém que seja sumo sacerdote de um templo que seja o suficiente poderoso como para me ajudar, mas que não pertença a nenhuma força?
Jeremy pensou que seu mestre estivesse fazendo um peido muito difícil, mas se esforçou muito. Os sacerdotes de alto rango que lhe vieram à mente foram apagados como as folhas do outono.
“Acha que esse tipo de pessoa realmente existe…? Hã…?”
Jeremy levantou a cabeça.
— O sacerdote Danian!
— Danian?
— Sim, o templo ao qual fui a última vez.
— …
Raphael franziu o cenho, logo pensou pausadamente.
“Certamente…”
Só havia uma pessoa que parecia ser um sacerdote aprendiz em um antigo templo construído em um lugar tranquilo. Entretanto, o interior do templo estava muito limpo e a condição do refeitório era quase a melhor. Queria dizer que usava suficientes serventes para mantê-los assim. Logo, que continuamente chegavam doações de lugares que se sabe ter experiência no casamento ou sucessão entre damas de famílias nobres. A autoridade do templo é determinada pela doação, portanto, um templo deniano certamente não tem um poder pequeno.
— Mantenha sua visita ao templo, iremos averiguar antes da entrada.
— Sim, Senhor.
Então Baston, tendo trocado a roupa de Ethel, se aproximou. Ethel escutou Raphael o chamar à — entrada.
— Vai ao Palácio…?
Raphael o olhou.
— Serás admitido antes da maioridade.
Ethel ainda não tinha idade para participar do banquete. Geralmente, as pessoas de 16 e 17 anos realizam seu debut social, o que o entristeceu por não poder comemorar o aniversário de sua irmã.
Baston não se deu conta da aparição de Ethel e olhou Raphael com seriedade.
— Preparaste um presente, não?
— Preparei um conjunto de pedras preciosas.
Então Baston interveio.
— Esse não é o fim da cerimônia de maioridade. Não sabe? Presente de maioridade!
“Esse é o presente de maioridade?”
Raphael olhou Baston com desconfiança. Ethel também tinha curiosidade.
— Há três presentes indispensáveis para a cerimônia de maioridade.
— Três presentes?
Baston agarrou o peito. Foi muito condescendente ao deixar Raphael, um novato apaixonado, soubesse o que não sabia.
— Rosas, perfume e… beijos!
Pah!
Jeremy acertou Baston na nuca.
— Argh! Por que me bateu?!
— O que foi essa bobagem?
— Não, que palavra é essa? Isso é o que os jovens fazem hoje em dia!
Ethel mirou com desprezo a Baston por ser pervertido. Jeremy tentou ignorá-lo como se não tivesse nada mais a escutar.
— Lhe juro que é real! Jeremy tens mais de trinta anos, assim que não o sabes, mas eu ainda tenho vinte e poucos!
— Cresce, filho da puta! E quem está com trinta e poucos? É apenas o começo!
Baston murmurou injustiçado.
— Não, todos dizem… Não, todos conhecem a moda dos jovens.
— Deixe de murmurar, que vergonha!
Ante tal reprimenda, ele cerrou os lábios e Raphael fez algum som.
— Hm…
“Flores de rosas, perfumes, beijos?”
“Tudo o que tenho de fazer é preparar mais rosas e perfumes.”
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.