Capítulo 110

Cena 19: Cerimônia de maioridade.

Olivia franziu o cenho enquanto olhava a lista de preparação para a cerimônia de maioridade. Voltou seu olhar para a dama da corte.

— A babá trocou tudo novamente sem o discutir?

— Sim, me disseram que era diferente das ordens da Corte Imperial, mas…

A dama da corte olhou ao redor e guardou silêncio. Olivia suspirou brevemente.

Desde o dia que entrara no Palácio, a Sra. Dottie começou a interferir em tudo que tinha a ver com as preparações do banquete e competição de caça. Teria sido aceitável se, se tratasse apenas de uma interferência, mas ela mudou a decoração ou mudou a localização do salão sem consulta prévia. O problema é que o salão assignado ao Duque de Kedrey fora escolhido para ser um salão ao ar livre onde todos poderiam encontrá-lo facilmente.

“Estou em problemas…”

 É comum que aristocratas como Raphael estejam em um salão mais privado. Isso devido a que tinha de ser menos acessível para que não pudesse haver pessoas curiosas ao redor.

Olivia não queria causar discussões com a babá, por isso fez o que queria, mas era difícil seguir adiante. Se não cuidassem destas partes básicas, dirão que o Palácio não tem as habilidades básicas para preparação de um banquete. Seria uma vergonha para a Princesa.

De fato, que a Sra. Dottie dirigisse o trabalho não era importante para eles. Os nobres queriam de alguma maneira encontrar falhas nas ações dos poderosos. Especialmente se tratando de uma mulher jovem e bonita como Cayena.

Olivia nunca poderia permitir que Cayena recebesse uma avaliação tão ridícula. Visitou a Sra. Dottie.

— Saúdo a dama.

A Sra. Dottie abriu os olhos e observou sua oponente.

— Olivia Grace?

Uma vez que se deu conta de que era a senhorita que haviam comprometido com o Duque Kedrey, entretanto, era apenas um dia após outro.

— O que aconteceu?

O sobrenome Grace é de uma família que não é páreo para Dottie, por isso desprezou Olivia.

— Estou aqui porque tenho que dizer-lhe algo sobre a preparação do banquete de maioridade, Senhora.

O sabia, a Sra. Dottie assumiu que Olivia viria a seu encontro para discutir sobre a cerimônia.

— Sinto muito, mas gostaria de continuar com algumas partes premeditadas segundo o indicado, mas, em particular, gostaria que devolvesse a escolha de salas e compra adicional de alimentos.

A Sra. Dottie arregalou os olhos diante suas palavras.

— Como se atreve a refutar minhas palavras quando és uma servente mais velha que acaba de começar a trabalhar no Palácio?

Olivia piscou envergonhada. Esperava que a refutasse, mas pensara que seria por razões lógicas. Não sabia que tentariam pressioná-la assim, a Sra. Dottie era a classe de aristocrata que mais odiava.

— Sabe quem sou? Quero dizer, se atreve a saber quem enfrenta agora?

Ela, que se orgulhava de haver criado o Príncipe, mostrava seu poder como se fosse a Imperatriz.

Olivia queria apontar o erro em sua escolha de palavras, mas se deu conta de que seria prudente manter a cabeça baixa e atuar. É impossível que tal pessoa tenha uma conversa racional, portanto abandonou tal conversa.

— Sinto muito se fui presunçosa.

A Sra. Dottie se surpreendeu ao ver Olivia sem sinal algum de se encolher ou ter medo diante de seu grito. Não pode evitar inclinar a cabeça quando sequer pôde pedir desculpas. Se não olhasse a si mesma, não poderia ter mostrado tal atitude.

— Preparei as salas e ingredientes com anos de experiência! Qual é o número esperado de visitantes e vão preparar esta quantidade de comida?

Na realidade, a comida do banquete era suficiente agora, mas a Sra. Dottie estava tratando de induzir os ajudantes de Cayena a cometer erros, como aumentar de forma inecessária a quantidade de pratos. Essa foi uma boa oportunidade para vencer a Princesa do Palácio Imperial.

Olivia apenas terminava os preparativos para o banquete de maioridade. Devido ao status de Cayena como agente dos assuntos estatais, o número esperado de visitantes aumentou demais, o que dificultava a coordenação.

— O número de serventes que trabalham na cozinha é fixo, mas como podem fazer tudo isso?

Mas a Sra. Dottie estava criando problemas inúteis, lhe dando dor de cabeça.

— É só o fato de administrar os ingredientes que já introduzimos consumindo muita mão de obra.

Então a Sra. Dottie riu.

— Sabes quantos pratos comeu no banquete do Conde de Whisnia o ano passado?

— …

— Se o Palácio preparar menos que o banquete da Condessa, quem suportaria tal humilhação?

O tamanho da cerimônia de maioridade era absurdamente grande, portanto, a quantidade de alimentos não se pode preparar tanto como no banquete da Condessa. Ainda assim, nunca lhe faltou nada. Mas Olivia já tinha se dado conta de que estes não eram temas importantes para a Sra. Dottie, o que a fatigava.

— Mesmo se este é o banquete para a cerimônia de maioridade de Sua Alteza, a Princesa, meu nome está a cargo de Sua Alteza o Príncipe Rezef. Mas, para onde acha que irá toda a humilhação caso o banquete seja simples?

Ela seguia falando intencionadamente.

— Tendo em conta que pedir tantos ingredientes leva muito tempo, o resolverei eu mesma… Incrível!

Entretanto, há vários meses foram calculados cuidadosamente o pedido de alimentos para o banquete. A Sra. Dottie tem razão, mas a quantidade adicional que pediu foi demais para ser coberta. Não podia persuadi-la se tivesse mais conversa. Olivia pensou que teria de discutir isso com Cayena.

— Não pensei tanto, perdão pelo incômodo.

A Sra. Dottie, que pensou que havia perdido pelas palavras de Olivia, murmurou em direção a ela:

— Bem, é de uma família que não vale a pena ver.

— …

Olivia fez uma reverência educada, independente das palavras.

— Então me despeço.

Estava tão desiludida com a atitude da Sra. Dottie. Esses grandes banquetes ou concursos de caça estão sujeitos a mudanças mesmo se, se desenvolvem segundo o planejado. Como o tamanho era grande, não tinha modo que ser um problema. Disse para a servente:

— Iremos ao Palácio Imperial.

A medida que se aproximava a cerimônia, Cayena deixou os assuntos estatais ao Ministro. A cerimônia era a mesma, mas havia coisas demais das que se preocupar para a recuperação de terras com o exército central. Incomumente se encontrou bruscamente com Olivia, que se queixava da Sra. Dottie.

— Deixe-a seguir.

Olivia a olhou como se não compreendesse.

Ela prosseguiu com um olhar tranquilo:

— Não se meta com a dama de honra se for brigar assim. Se ficar feia, somente me siga.

— Mas, Alteza, essa cerimônia certamente não terá comparação ao passar da história. Não podemos permitir que aconteça problema algum.

— Será muito melhor se esse for o caso.

Cayena sorriu.

— Não se escreve a história em favor do último ganhador?

— É…

— Então posso ganhar no final.

Olivia estava feliz e ansiosa por sua distribuição.

— E podemos designar uma habitação a mais ao Duque Kedrey, que não esteja na lista.

— Ah…

— Não se preocupe demais pelos ingredientes. Podemos deixar de enviar alimentos para o exército central e mudá-los por isso.

— Então talvez a parte do trato original terá queixas a você?

— Sabes o poderoso que é estar na parte superior do fornecimento de artilharia? Não estarão descontentes, estarão ansiosos.

Cayena explicou mais a Olivia, que ainda não havia compreendido totalmente.

— Se isso acontece com frequência, terei uma opinião diferente. Mas neste caso inevitável, se o trato for suspenso, dirigirei a flecha em direção a Sra. Dottie em lugar a mim.

— Compreendo…

Olivia agora parecia completamente aliviada, diferente a antes. Cayena sorriu e lhe deu um tapinha no ombro.

— Estás passando por muito.

— Me sinto lisonjeada. Devo fazê-lo.

Ela olhou para a lista.

— Mas não temos uma habitação separada para ser usada como salão neste momento. O que fazemos?

Cayena respondeu:

— Deixe-o entrar no Palácio Imperial.

— Já eliminei todas as áreas de descanso do Palácio, mas…

— Há um segundo piso.

Originalmente, o segundo piso não era designado como salão a menos que seja para a própria família imperial.

— Mas estará bem?

Cayena respondeu com tato.

— É um salão secreto que ninguém conhece, o que acha?

Olivia estava um pouco envergonhada e disse com um pequeno sorriso:

— Seguirei suas ordens.

Enquanto falavam, escutaram um golpe na porta.

— Entre.

Os olhos de Olivia se dirigiram naturalmente para a porta. Uma mulher loira familiar entrou com uma bebida na mão.

— Senhorita Julia…?

Julia fez uma pausa quando a chamaram pelo nome. Ficou rígida e olhou para Olivia.

Olivia estava a par da morte de Zenon, o irmão de Julia. Talvez estivesse tão deprimida pelo acontecido que falou com pesar:

— Escutei a notícia. Sinto muito.

— Sim…

Entretanto, a aparência de Julia era diferente a que costumava ver. Julia, que sempre preferiu cores vivas, se vestiu hoje com um vestido de cor lima claro. O cabelo estava elegantemente decorado com uma fita verde-escura bordada com fio dourado.

— Creio que esteja a seus gostos…

Olivia ladeou a cabeça e se surpreendeu ao ver o rosto de Julia, pelo grande curativo em sua bochecha.

— Julia! O que aconteceu? Está ferida?

Ela olhava para a bochecha de Julia e franzia o cenho como se fosse ela a ferida. Julia não sabia o que fazer. Cayena lhes disse:

— Tomamos um pouco de chá enquanto conversamos?

Julia pôs rapidamente as bebidas que tinha sobre a mesa.

— De agora em diante, trabalharão juntas.

— O que quer dizer com que trabalharemos juntas?

— Julia, aprenda a etiqueta imperial geral de Olivia no futuro. As pessoas se veem diferentes apenas por sua forma de falar e modos.

Diferente de antes, Julia assentiu em silêncio, sem ter o orgulho ferido.

Por outro lado, Olivia estava desconcertada. Não soava como se Cayena estivesse tratando de criar Julia?

— Olivia.

Depois de um momento de desconcerto, Olivia respondeu rapidamente ao chamado de Cayena.

— Sim?

— Se Julia começar a andar com você, a Sra. Dottie não será tão obstinada como costuma ser. Então reúna os que se queixaram dela com Julia.

— Sim, seguirei suas ordens…

Olivia se sentiu ainda mais estranha quando seguiu a conversa com a Princesa. Julia é membro da família Evans. Isso significa que estava ao lado de Rezef como a Sra. Dottie. Mas Cayena falava como se Julia tivesse se convertido completamente em sua própria pessoa.

“Essa bochecha tem algo a ver com o funeral?”

Do contrário, estava celebrando um funeral para Zenon Evans e Julia estava se perguntando quando regressou ao Palácio.

— Julia será a próxima Marquesa Evans. — Cayena disse.

— …!

Olivia quase deixou escapar uma exclamação. Foi então quando as peças do quebra-cabeça, que haviam se dispersado confusamente, pareceram ter encontrado seu lugar rapidamente.

— Sabes o que é mais importante para ser um sucessor?

Julia olhou os arredores e disse com cuidado.

— Não é isso uma força de apoio…?

— Exatamente.

 Julia sorriu largamente com as palavras de Cayena.

— Menos mal que o sucessor do Marquês Rodrick seja apenas um recém-nascido.

Cayena umedeceu os lábios.

— Entre uma criança que quando cresça o suficiente para segurar uma caneta e Julia, creio que esta última será assustadoramente rápida para persuadir seus parentes de sangue para que se converta na próxima Marquesa.

Olivia também assentiu e disse:

— Se mostramos aos Evans como ganham grande influência no Palácio, não terão mais remédio que confiar na Senhorita Julia. Se tornará em uma conversa sobre assumir o controle.

Julia perguntou novamente:

— Mas não estará acabado se trouxer gente nova de minha família como ajudantes do Príncipe Rezef?

Foi uma suposição válida, mas Cayena conhecia bem Rezef. Antes de renascer, quando ascendera ao trono, a família Evans não pôde converter Zenon em Primeiro Ministro, nem Julia a Imperatriz. Isso, devido a que Rezef não queria seguir desenvolvendo a influência da família Evans.

— Mas ele não quer que sua família tenha mais influência. Possivelmente por isso está dando tanto poder para a Sra. Dottie.

— Tem a intenção de igualar o poder de Evans e Dottie para que lutem entre si.

O coração de Julia doeu ao escutar tais palavras.

— Se não vai fortalecer o poder de minha família, nunca serei Imperatriz.

Então esse foi o motivo do sorriso amigável de Rezef? Julia estava confusa. Ela, que experimentou como a pessoa que estava sentada no topo tratava as pessoas, se perguntou se Rezef era igual.

“Não, não creio… “

Entretanto, a suspeita que surgiu uma vez não se foi.

“E se fosse tão doce para se aproveitar de mim?”

Se fosse assim, nunca voltaria a entregar seu coração a homens mais jovens. Pensava melancolicamente.