Índice de Capítulo

    Olivia e Julia saíram da oficina e encontraram Susan do outro lado do corredor.

    — Eh?

    Susan também pareceu surpresa ao não ter escutado sobre a entrada de Julia no Palácio. Quando viu sua bochecha com grande susto, seus olhos se arregalaram até onde não puderam mais.

    — O que aconteceu a sua bochecha, Senhorita?

    Com apenas um olhar significativo, Julian cumprimentou Susan vacilante.

    — Olá, Senhorita Susan Le Paul.

    — Oh… Sim, escutei sobre a morte de Lorde Evans, que descanse em paz.

    Então Julia baixou os olhos, impotente.

    — Sim…

     Como algo parecia incomum, Olivia e Susan trocaram olhares.

    — Aconteceu algo mais com o Marquês?

    — Oh, não.

    Mas Olivia não acreditava, estava claro que deve ter acontecido algo com sua decisão de querer ser sucessora da família.

    — Julia, — Olivia a olhou seriamente. — Se há algo que possa fazer para ajudá-la, a ajudarei.

    Julia sentiu como se seu coração tivesse se partido quando encontrou tais olhos determinados, lhe foi difícil conter as lágrimas.

    — Na verdade… — Ela se obrigou a engolir o choro e respondeu com tremor na voz. — Meu irmão, Zenon, me bateu.

    — O quê?!

    — Não estava maluco? Como se atreveu a bater no rosto de uma mulher? Isso é, alguém mais jovem que você? Vou cancelar este funeral! Que vá ao inferno!

    — Susan.

    Olivia olhou para os arredores do corredor e pareceu envergonhada. Rapidamente segurou as mãos de ambas e as levou ao salão. Lá dentro, Vera estava no meio de uma pilha de documentos e levantou a cabeça com curiosidade.

    — O que aconteceu com vocês…? — Julia chorava e mordia os lábios, Susan bufava de ira.

    “O que diabos está acontecendo aqui.”

    A porta do salão foi fechada com um golpe. Rodeada de mulheres que não acreditava serem próximas, Julia foi soltando lentamente o acontecido, engolindo as lágrimas.

    — Oh meu Deus!

    Vera se surpreendeu pelo comportamento de sangue-frio de Zenon e Marquês Rodrick, que consideravam Julia como uma ferramenta. Olivia lhe deu um abraço com um afago nas costas e ela soltou as lágrimas que tinha segurado até agora.

    — Não vai deixar por isso, verdade?

    Susan estava tão irritada que não sabia o que fazer.

    — Susan, preciso que se acalme um pouco…

    Julia abriu os olhos.

    — Creio que sim.

    Ela disse:

    — É ridículo. — Expressou seus verdadeiros sentimentos mesmo se rissem dela. — Se me converto na Marquesa Evans, consertarei essas coisas.

    Olivia segurou a mão de Julia com força, então Susan sorriu friamente e estendeu a mão.

    — É a primeira vez que dizes algo que quer.

     Julia olhou a mão com os olhos apagados.

    — O que está fazendo? Pegue. — Julia segurou sua mão para ouvir as palavras de Susan.

    — Quero que seja Marquesa, lhe ajudarei tanto física, como mentalmente.

    Vera, que tinha um rosto sério enquanto escutava a história, assentiu lentamente.

    — Estou segura de que está bem. É a nosso favor aumentar a influência da Senhorita Julia sem antagonizar com Sua Alteza o Príncipe Rezef. — Susan sorriu com tais palavras.

    — Não terminou o jogo então?

    — Não podemos sacar conclusões precipitadas.

    Ainda que o disseram, todas tinham rostos confiantes. Julia sentiu uma nova sensação de calma, como se tivesse estado vazia desde o dia que chegou ao Palácio. Esse sentido de pertencer foi o primeiro de sua vida. Essas pessoas, diferentemente de seu cunhado, a viam como uma pessoa, não um objeto.

    — Apesar de ter sido tão terrível pessoalmente…

    Seus olhos se tornaram escuros, o fato de que fossem aliadas não era confiável.

    — Bem, nossa combinação é muito boa, não?

    Todas se olharam ante as palavras de Susan.

    — É uma boa combinação para um jogo.

    — O que quer dizer com jogo…?

    Susan sorriu enquanto se questionavam.

    — Tudo que faz a servente é irritante, mas muito bom.

    Vera semicerrou os olhos.

    — Não aumente seu trabalho, Senhorita Susan.

    Então Susan encolheu os ombros e Vera suspirou de ansiedade. Susan disse com um olhar travesso de quem planeja brincadeiras de mau gosto:

    — Observe como faço e me siga.

    Rezef recolheu o braço sobre a mesa, se afundando profundamente no sofá. Jogou com a mão sobre as peças de xadrez sobre a mesa. Só tinha um pensamento enquanto  movia a mão de forma aleatória:

    “O que fiz de errado?”

    Um Rei, com um cavalo de xadrez na mão, caiu sobre o tabuleiro, Rezef olhou para a Rainha. A Rainha, feita de jade claro e transparente, estava só em um tabuleiro no qual caiam todos os cavalos. O cavalo, se estendia de forma elegante como uma mulher com um vestido e coroa sobre a cabeça, parecia Cayena.

    “O que diabos ela quer? Liberdade? Por quê? Por quê? Não poderá encontrar verdadeira liberdade se não sair do Palácio.”

    Ele segurou a Rainha em suas mãos, o pequeno cavalo parecia não ter chances de escapar nunca de suas mãos grandes.

    “Que lindo seria que dançasse em minhas mãos para sempre?”

     Apertou a peça com força em suas mãos e levou o punho aos lábios, para logo sussurrar:

    “Acha que irá me deixar?”

    Fugir do Palácio significava fugir de Rezef. Lhe deu o apoio para suceder o trono que tanto deseja, dizendo que o dará e partirá.

    “Minha irmã.”

    “Lhe disse que eu era sua única família.”

    Ele distorceu tristemente sua expressão, terminando com um rosto triste e sombrio, cheio de solidão, como se tivesse se convertido em um ser solitário. Uma voz fracamente ditada soou como se fosse se partir logo.

    “Disseste que eu era o único…”

    “Como pôde me fazer isso?”

    Juntou as mãos com a Rainha e baixou a cabeça. Seus ombros começaram a tremer pouco a pouco enquanto se enrolava com o punho apertado contra a testa. Ao princípio, soava como um soluço. Entretanto, seus ombros se sacudiram de forma brusca e logo se ouviu uma risada frenética.

    “Então realmente sou o único que tens.”

    Constantemente sentia a necessidade de organizar os arredores de Cayena, mas agora não era suficiente.

    Necessitava privar Cayena de tudo. Lar, vida, amigos, interesses, espaço… E seu posto. Tudo o que lhe restaria era se aproximar dele, então a faria depender dele pelo resto de sua vida como uma completa boneca.

    Sorriu.

    Deixou cair a Rainha de suas mãos em um copo transparente talhado com o mais fino cristal. Era uma prisão bonita e agradável para a Rainha branca.

    Toc, toc.

    Respondeu ao ouvir o toque.

    — Entre.

    A porta abriu e seu assistente secreto, Jamil, entrou. Mas ele não estava só, lançou ao chão a mulher que vinha arrastando.

    — Ahhh! — A mulher estava jogada de barriga ao chão e tremia penosamente. Rezef ergueu seu rosto.

    — Disse que seu nome é Donna…?

    Donna era uma servente de baixo rango no Palácio e uma das ajudantes mais próximas de Cayena. Donna sentiu que ia chorar tão logo quanto viu o rosto de Rezef, mas se obrigou a suportá-lo. Ela foi quem passou muito tempo no Palácio antes de se converter em uma dama de honra inferior.

    Ela sabia a personalidade de Rezef, sabia o que significava estar confinado em um espaço assim, onde não havia ninguém e ser lançada em frente a ele, só podia significar morte. Fora assim que todos morreram até agora.

    Rezef parecia triste e passou os dedos pela bochecha de Donna.

    — Por infortúnio, seus pais não estão bem. Deve ter passado por um mal momento.

     Com a menção de seus pais, seu rosto se pôs pálido como se não pudesse estar acontecendo. O sangue pareceu ter sido drenado de seu corpo.

    — Perdoe minha vida, Alteza…

    — Oh. — Ele a olhou.

    — …

    — Quem disse que a ia matar?

    — …

    Em lugar de responder apressadamente e cometer erros por seu medo excessivo, Donna seguiu olhando-o nos olhos, Rezef tinha maldade em seu interior. Era uma garota inteligente, por isso era uma servente próxima a sua irmã, mas para ele, não interessava sua inteligência.

    — Não posso dormir nem por um segundo de tanta preocupação por minha irmã, que esteve enfrentando um desafio desde que se converteu na representante de assuntos estatais.

    — …

    — Para protege-la, necessito de alguém que se mova como minhas mãos e pés no Palácio.

    Em outras palavras, pretendia convertê-la em espiã.

    Donna mordeu os lábios com força, isso seria claramente traição a Cayena, Entretanto, Rezef não teria ajudado seus pais sem nenhum motivo. Era uma ameaça de que seus pais não estariam a salvo se não o escutasse. Donna fechou os olhos com força.

    — Pense cuidadosamente.

    Nesse momento, sua voz doce e sonolenta penetrou nos seus ouvidos como uma tentação do diabo.

    Os olhos dela se abriram lentamente. O cabelo dourado de Rezef caia sobre seus olhos de aspecto inocente, curvados de maneira fascinante. Se via incrivelmente bonito mesmo em meio a uma crise.

    — Esteve no Palácio durante bastante tempo, então sabes como funciona o poder.

    Não podia evitar sabe-lo, o ninho do poder estava neste Palácio.

    — Se, se converter em uma das minhas, seu posto não terminará como servente de baixo nível.

    Donna mordeu mais os lábios, Rezef segurou seu rosto com as mãos e baixou a cabeça como se se ajustasse a sua boca.

    — Veja a Sra. Dottie. Quem pode detê-la?

    Donna pensou que nunca deveria dar seu coração a este diabo encantador, mas ele tremia impotente.

    — Foi difícil, não? Tudo será mais fácil a partir de agora.

    Ele disse sussurrando em seu ouvido.

    — Quando me converta em Imperador, ainda mais.

    Ameaçou matar seus pais e lhe deu o poder que poderia ter ao mesmo tempo. Mesmo um sorriso horrível era bonito, Donna não tinha forças contra um homem tão bonito.

    Não, nunca vira um homem tão bonito se não Rezef.

    Ainda que Donna sabia que era um cálice envenenado, sua razão se esfumou quando a grande mão segurou seu rosto.

    “Sim, quando se supõe que eu, uma plebeia, tenha uma oportunidade como esta? Conhecerei um homem comum que não tem nada a ver com este Palácio espetacular, me casarei com ele e viverei o resto da vida como alguém comum.”

    Como de costume, se preocupou pelo preço dos remédios e como ganhar na vida.

    Um homem que logo teria poder absoluto para si mesmo se aproximava, seus lábios pareciam arder. Queria segurar o Santo Graal e por seus lábios sobre ele de boa vontade. Pensou que sua sede não desapareceria sem beber este veneno rapidamente. Entretanto, sua gratidão por Cayena, que restou em seu coração, se viu obstaculizada pela sua lealdade em respeitar a Princesa.

    Por último, Rezef disse algo mágico que dissiparia por completo a culpa de Donna.

    — Tudo é por ela. — Donna fechou os olhos com força.

    — …

    — Tudo que tens de fazer é não fazer nada que machuque a Princesa. Do contrário, pode me dar informação útil sobre este assunto.

    “Sim, isto não seria traição.”

    O veneno do Santo Graal a envolveu.

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