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    Toc, toc.

    Podia escutá-lo claramente, deixar sua caneta na mesa, estava tudo tão silencioso que era possível escutar sua respiração. Neste silêncio, Cayena sentiu uma breve calma.

    Virou a cabeça e olhou pela janela, o Palácio fora iluminado com cores amarelas e já era barulhento apesar de o festival ainda não ter começado.

    — Por fim será amanhã…

    Ela olhou a paisagem exterior indiferentemente, diferente de qualquer pessoa que celebre seu aniversário. Parecia que todos estavam emocionados, exceto ela.

    — Ultimamente houve muitos eventos horríveis, portanto, este tipo de festival é bem-vindo.

    Cayena liberou a tensão de seu corpo e jogou o cabelo para trás. A partir dessa semana, o exército central será relocalizado e começará a recuperação de terras. Acabava de dispor todos os documentos ao respeito.

    — Vai ser um desastre por um tempo.

    Se levantou de seu assento e tirou uma pequena caixa escondida do armário.

    Click.

    Quando abriu a caixa, apareceram duas pequenas garrafas de vidro. A caixa apareceu do ar e a pôs suavemente sobre a mesa. Uma chaleira com água, uma xícara de chá vazia e uma faca de abrir cartas também apareceram, todas sendo colocadas uma ao lado da outra. Ela observou a movimentação do lado de fora com um rastreio de mana.

    — Annie e Donna, o cavaleiro escolta Eden, Jedair…

    Não há uma dama superior. Todos saíram cedo do trabalho por terem de se vestir bem para a cerimônia de amanhã. Ela se expressou de uma maneira diferente com seu poder. Um fino campo envolveu o escritório, mantendo-o inaudível para quem vinha do exterior. Fechou a porta como modo de prevenção.

    — Estou pronta.

    Cayena ia fazer um elixir hoje. Propositalmente fixou o dia em que todas as damas maiores estavam fora do Palácio.

    Se sentou em frente a mesa e esquentou a folha com uma vela. A chaleira flutuava no ar e enchia a xícara com aproximadamente a metade de água. A forma de fazer um elixir era fácil. Deveria verter o sangue do mago até que a cor da água dentro da xícara se torne verde.

    — Tomara que os números escritos no livro sejam exatos.

    Lamentavelmente, recordara que simplesmente se descreveu a necessidade de muito sangue. Cayena pôs o fio da faca em sua palma.

    — …

    Não importa quão necessário fosse, era difícil machucar o próprio corpo. Apertou os dentes e cravou a faca em sua palma.

    O sangue escorreu sobre a água, enchendo a xícara de chá branca. Ela apertou a palma da mão quando o sangue que fluía já não era suficiente e não queria voltar a cortar sua mão. Ela seguia vertendo sangue na xícara, mas a água não se tornava verde. Era uma luta para a paciência fazer um elixir.

    Cayena olhou fixamente para a xícara. Talvez era apenas um sentimento, mas se sentia fria e com náuseas.

    “Gostaria de ter uma seringa ou algo.”

    Então poderia sacar o sangue e vertê-lo.

    “Derramei muito sangue?”

    Sentia que iria desmaiar. Apertou os dentes e tentou se manter acordada. Se não pudesse fazer um elixir, não poderia ganhar a luta pelo trono.

    Sentia como perdia muito sangue. Entretanto, a quantidade de água não havia aumentado nada, portanto também não conseguia estimar quanto sangue havia derramado. Na realidade, a água ao invés de aumentar, diminuía.

    “É este o sinal de que está sendo feito o elixir?”

    Whooo!

    Uma luz azulada surgiu na xícara. Um pequeno vórtice surgiu e a água que era totalmente vermelha agora mudava lentamente de cor. Finalmente o colar estava completo. Respirou fundo e agitou a xícara suavemente. O elixir se moveu como uma gosma pegajosa. Verteu todo o líquido em uma das garrafas e uma gota na outra, tudo dependeria de Jedair.

    Cayena também bebeu uma gota do elixir. Com nova energia, a ferida de sua palma desapareceu sem sinais de haver existido.

    “É este o fim da cerimônia de maioridade?”

    Rapidamente apagou os rastros de ter feito o elixir.


    No dia da cerimônia de maioridade, a poderosa atuação da orquestra era audível desde o exterior dos muros do Palácio. Era o dia de primavera mais colorido para todas as rosas, o banquete oficial que marcava a abertura da temporada social era um êxito sem precedentes. As carruagens trazendo os nobres de toda a região entravam e saiam da Cidade Imperial. Entretanto, houve uma que chamou a atenção de todos.

    Alguém cobriu a boca com um leque e exclamou:

    — Oh! Essa carruagem é tão romântica!

    Um cavalo branco guiando uma grande carruagem de dobro tamanho, sem teto e com laterais com relevos coloridos. As rodas prateadas brilhavam ao sol. A carruagem em si não era tão romântica, mas sim o fato de estar repleta de flores, não pessoas.

    — Creio que são todas rosas… Uh, oh, existia uma rosa desta cor?

    Todos arregalaram os olhos para as coloridas rosas em seu interior. A carruagem, cheia de rosas de cor creme, rosa e vermelhas, estava em frente a entrada, chamando a atenção de todos os nobres. A dama da corte se aproximou do cocheiro que trazia a carruagem com um rosto desconcertado.

    — De que família veio?

    — Este é um presente do Duque de Kedrey para Sua Alteza, a Princesa.

    Posteriormente, parou uma magnífica carruagem conduzida por um cavalo negro. Nele, Raphael, vestido com um traje formal, desceu lentamente. As Senhoritas ao seu redor suspiraram tristemente. O cortesão, que tinha o papel de guiar Raphael, apareceu rapidamente.

    — Saúdo o Duque Kedrey. Me siga, por favor.

    Raphael se dirigiu ao salão, acompanhado por Jeremy e Baston. Jeremy olhou a localização do salão e franziu o cenho.

    — É um salão aberto, temos de fazer algo sobre isso.

    Raphael tampouco gostou muito da localização deste salão, mas não disse nada. Quando abriu a janela e observou o exterior, Jeremy observou a movimentação com olhos sutis e falou algo:

    — Não queres saltar pela janela, certo? — Raphael fechou a janela com o rosto em branco.

    — De modo algum! — Baston fez um escândalo.

    — Lhe prenderão se sair pela janela desta altura! Deve haver uma passagem secreta em alguma parte. Dirija-se ao Palácio Imperial… ! — Jeremy suspirou e repreendeu Baston.

    — Deveria começar a tomar medidas.

    Toc, toc. 

    Então alguém bateu na porta. Era Annie que entrou no salão.

    — Meu nome é Annie, uma dama de honra de baixo rango no Palácio Imperial. — Jeremy descobriu quem era sua oponente, uma espia do Duque.

    — Mas enviá-la aqui…

    Foi quando seus olhos brilharam com uma espécie de pressentimento, Annie falou educadamente:

    — Houve uma ordem de Sua Alteza de designar informalmente outro salão do Duque devido à localização inadequada do salão.

    — Onde está?

    — No Palácio da Princesa, segundo piso.

    Todos se surpreenderam pelas palavras. O segundo piso do Palácio era um lugar onde as pessoas não podiam ficar como salão de descanso a menos que fosse da realeza.

    Raphael respondeu:

    — Vamos.

    — Lhes guiarei.

    Annie abriu a porta traseira, não a porta principal.


    Não havia pessoas no segundo piso do Palácio. Estava demasiado tranquilo para dizer que o personagem principal de hoje estava neste lugar. Entretanto, a atmosfera era desanimada.

    Raphael tinha tanta informação que podia imaginar o que estava ocorrendo no Palácio. Entretanto, tinha pouca informação da própria Cayena. Os espiões do Palácio, incluída Annie, se dirigiam sobre o mundo exterior. Mas se perguntava por ela centenas de vezes durante o dia. O que estava fazendo agora mesmo? Não estava exagerando? Sequer pensava em si?

    Mas não queria coloca-la sob risco. Tampouco queria decepciona-la, mostrara mais paciência do que conseguia, uma vez que queria vê-la na cerimônia. Assim se consolava.

    Entretanto, sua paciência chegou ao limite desde o momento em que pisou no Palácio. Pensou que se, se aproximasse dela, poderia aliviar sua sede terrivelmente irritante, mas não foi assim. Os olhos vermelhos se tornaram mais escuros.

    Annie parou e o guiou a habitação. Ao entrar no pequeno salão, passou as mãos pela parede e com isso apareceu uma porta secreta.

    — Toda esta habitação é para o Duque.

    Raphael notou que o lugar secreto nesta parede, não este salão, era realmente para ele. Quando Annie saiu, se aproximou da parede aberta e, como esperado, havia outra porta dentro.

    Click.

    Quando a porta se abriu, o perfume de Cayena o golpeou. Se sentiu tonto, então uma voz risonha chegou aos seus ouvidos.

    — Escutei que me enviou uma carruagem de flores, é certo?

    Os olhos de Raphael procuraram a dona da voz com urgência. Logo que a encontrou, viu uma mulher vestida deslumbrantemente para o banquete. A chamou como se estivesse vomitando o ar que havia segurado por muito tempo.

    — Vossa Alteza real…

     Cayena esticou o braço, ele distorceu sua expressão ao ponto de não ser possível dizer se estava feliz ou triste.

    — Venha aqui.

    Raphael fez uma pausa momentânea. Logo, como se não houvesse mais dúvidas, se aproximou a ela e a derrubou.

    — Oh.

    O segurou em seus braços. Certamente, se alguém visse, era ela quem parecia estar presa em seus braços. Cayena o abraçou e riu suavemente. Era fofo abraçá-lo tão gentilmente apesar de seu tamanho. Ao comportar-se assim, Raphael era lindo.

    Além de estar em seus braços, ele esfregou sua testa contra o pescoço dela e deixou claro que queria senti-la por todo o corpo. Soltou uma frase com voz fraca e distorcida, enquanto a abraçava com mais força:

    — Senti sua falta.

    — Passou muito tempo desde a última vez que lhe vi, junto ao Conde Hamel, certo? — Assentiu.

    Cayena sentiu pena em voz baixa por Raphael, que se comportava tão lindo como um cachorro vira-latas.

    — Tens algum plano para hoje…?

    Ela sofria de uma intensa necessidade de lhe acariciar o cabelo e beijá-lo aqui e ali. Mas hoje estava tão bem vestido e tinha o cabelo tão bem arrumado.

    — Está muito bonito hoje. — Ele levantou o olhar para ela.

    — É de seu gosto?

    Estava vestido de forma a parecer bonito, assim queria se adaptar às preferências de Cayena.

    — Certamente que sim. Bem, acho que gostarei mais da forma em que tens menos roupa.

    Era meio brincadeira, mas Raphael falava sério. Imediatamente baixou a mão para desabotoar sua jaqueta.

    — Agora não…

    — Estás cheio de atitude.

    Cayena se surpreendeu e o arrastou a um sofá tão largo como uma cama, segurando-o.

    — …?

    Ela se reclinou em uma posição entre uma almofada e Raphael, que estava inclinado para a frente. Ele estremeceu por um momento.

    — Pensei que estaria muito ocupada no salão de banquetes, por isto lhe chamei aqui antes disso.

    Ela falou como se não fosse nada.

    Ele respondeu:

    — Ah… — Estava congelado e sua voz saiu fracamente enquanto abraçava a cintura dela torpemente.

    Ela se deu conta de que a brincadeira tinha um sabor inesperado.

    — Seu rosto está vermelho.

    — …

    Ele voltou a cabeça bobamente e passou a mão pela bochecha. De repente, Cayena entrou em contato físico com ele de maneira imprudente… Honestamente, lhe era difícil retomar os sentidos.

    — Faz um pouco de calor.

    — Então o esfriarei.

    Ele a abraçou com força e um olhar envergonhado enquanto ela tentava deixar cair seu corpo.

    — Não, não faz calor.

    — Mmm?

    Quando os olhos dela semicerraram, ele descobriu que estava obcecada por zombar dele. Vacilou perplexo.

    — Não deveria me provocar tanto…

    — Como?

    Ele não pôde explicar a reação de seu corpo e franziu o cenho.

    — Ahh…

    Suspirou profundamente e de repente abraçou Cayena para que se deitassem. A posição de ambos rapidamente fora invertida.

    Ela deu um breve grito de surpresa:

    — Raphael!

    Quando foi chamado por seu nome, respondeu — sim — e arrumou seu cabelo desorganizado. Ainda que bagunçado assim, era bonita, seus olhos arregalados eram encantadores e era lindo vê-la assim. Ele sorriu inconscientemente pela expressão sempre alternante de Cayena.

    — Está rindo? Parece que meu vestido está completamente amassado.

    — Sinto muito.

    — Sinto muito, esta é uma desculpa sincera, Lorde Raphael?

    — Não. — Ela era incrível. — A resposta não é o único que posso dizer. — Ele não sabia porque ela gostava tanto de repreendê-lo.

    — Sim.

    — Está me escutando, não?

    Ele beijou os lábios que o repreendiam.

    — Isto conta como guardar silêncio…?

    — É um presente para sua maioridade.

    — Isso?

    — Sim, a carruagem de flores, o perfume delas e agora isso.

    Esta vez, não foi um beijo lindo, mas um beijo francês que abriu seus lábios com a língua e os lambeu. Cayena abraçou seu corpo como reflexo.

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