Capítulo 113
Sempre sentia isso, mas o corpo de Raphael era surpreendente. Um corpo enorme e forte como uma pedra, não somente era perfeitamente natural, mas também obra de um treinamento intenso durante um largo período, exercia tanta pressão mesmo quando quieto. Quando abraçou Cayena, era como se fosse prendê-la completamente sob si, era como se entrasse na menor prisão do mundo. A beleza de estar vestido pode não ser possível, a menos que se tire a roupa. Ela terminou engolindo em seco.
Raphael estava louco por ela, chupando e bebendo de seus suaves lábios. Quando varreu com as mãos e tocou seu corpo, um som fervoroso saiu do interior de sua garganta.
— Oh, merda.
Era tão difícil de suportar que sentiu que ia seguir adiante até o fim. Ele apertou o descanso de braços do sofá onde Cayena se reclinava. Essa foi a última gota de racionalidade, seu desejo primitivo surgiu do mais profundo de seu corpo e tentou manipulá-lo.
O vestido de Cayena era bastante fino para a temporada, e o encaixe que cobria a pele parecia fraco como se ao beliscá-lo se rasgaria. Ou poderia simplesmente levantar sua saia e pegar suas pernas.
— Umm…
Mas a cerimônia de maioridade começaria logo. Era hora de concluir o doce momento aqui. Cayena era tão encantadora que Raphael inalou sua doce respiração e beijou várias vezes seus lábios e seu suave cabelo, uma e outra vez em lugar de seu rosto tão cuidadosamente maquiado.
— Faz cócegas.
Ela sorriu e beijou-o novamente na boca, nariz, testa e bochechas como se o respondesse.
— Tenho de ir agora.
Era hora de que Rezef chegasse, era combinado de que ele a acompanhasse ao grande salão. A expressão de Raphael se recompôs. Odiava a situação de ter de deixar Cayena ir em mãos do Príncipe Louco.
Abraçou a cintura dela e escorou a testa em seu ventre plano. Ela acariciou seu cabelo suavemente por atuar como criança.
— Não lhe dei presentes suficientes ainda.
Ela riu de suas palavras mal-humoradas.
— Oh, um presente de maioridade?
— Não gostou?
Ele a olhou como se dissesse que poderia dar tudo o que queria. Certamente gostara do beijo. Ela se inclinou, o beijou suavemente e sussurrou:
— Sim, eu gostei, me dê mais depois.
— …
Ele fechou a boca e seu olhar estava mais escuro.
Ela descobriu que seu cabelo estava solto na testa. Mas ao vê-lo, parecia alguém depois de algo perigoso.
— Bem, é um problema se for bonita demais.
Ela franziu o cenho e passou a mão pelo cabelo. Quando sua aparência voltou a organizar-se, ela se levantou com um sorriso de satisfação.
Sacudiu sua roupa amassada.
— O vejo mais tarde. — Os cumprimentos foram refrescantes.
Ele assentiu suavemente, abraçando sua cintura e baixando seu doce olhar.
— Estarei esperando.
Ela segurou seu braço firme e suspirou quando esteve a ponto de beijá-la.
“Quer seja um urso ou uma raposa…”
Cayena suportou seus impulsos de deixar o corpo controlar, já era quase hora da chegada de Rezef.
— Então realmente irei. Nos vemos no banquete.
Chuu.
Ela o beijou suavemente uma ultima vez. Foi um adeus bonito, como um amante que estará fora por um tempo. Raphael, que saiu primeiro que ela, limpou o rosto e se esfriou. Se fosse ao salão de banquetes assim, estaria atuando como um cachorro no cio ao apenas escutar os saltos de Cayena. Queria atuar de maneira irresponsável, deixar tudo para trás e ir em busca de Cayena. Entretanto, somente quando fosse Duque de Kedrey poderia ajudá-la.
“Terei de me desfazer da luta pelo trono rapidamente.”
Então, se não pudesse estar ao lado de Cayena, quem se converteria em Imperador? De todas as formas, sentiu que tinha de fazer algo. Ou talvez poderia realmente se tornar um cachorro no cio.
Cayena usou magia para limpar a bagunça. Foi simples, apenas teve de retroceder o tempo para quando seu vestido não estava amassado e seu cabelo desarrumado. O uso breve de magia do tempo não lhe causou tanta tensão em seu corpo. Ela abriu a porta do vestíbulo e entrou. Annie já tinha mandado serventes ali para organizar.
— Rezef ainda não chegou?
— Sim.
Ela se sentou no banco e se olhou no espelho, pensando ser um alívio. Se via perfeitamente como se tivesse acabado de se arrumar.
“Raphael voltou com segurança ao salão de banquetes?”
Cayena sentiu que estava se tornando mais difícil terminar com ele. Pensou que não deveria deixar seu coração pender a ele, mas teve um conflito ao pensar que queria ser fiel neste momento.
“Temos bastante tempo…”
O contrato mágico consumiu a metade de sua vida, mas ainda lhe restava bastante tempo. Cayena pensou em seu futuro depois de ganhar com êxito o trono. Ela não tinha a vontade para ser Imperatriz em primeiro lugar. Estava destinada a suportar o peso da coroa até que o próximo herdeiro estivesse pronto para assumir o trono. Quando o deixasse, não estaria bem passar o resto de seu tempo com Raphael?
“Por suposto, Raphael deveria gostar de mim até então…”
Sua mente foi perturbada por um momento e suas palavras não pareceram temporais. Cayena estava feliz e ao mesmo tempo triste por isso. Se tivesse vivido bem sua vida, poderia ter sido muito feliz.
Então Donna entrou, com o rosto vermelho.
— Sua Alteza, o Príncipe, está aqui.
Cayena esfriou e focou sua mente. Era momento de se lançar ao campo de batalha chamado banquete. Rezef entrou no vestiário e encontrou Cayena no espelho, era como se fosse a foto de casamento de Cayena com um caixão encrustado de joias e um olhar tranquilo nos olhos.
Ele se sentiu mal.
Mas ainda assim sorriu a ela.
— A escoltarei ao salão.
Quando Cayena levantou e lhe estendeu a mão, Rezef beijou-lhe o dorso.
— Minha irmã segue sendo a mais bonita de hoje.
Ela sorriu vagamente diante do elogio.
— Obrigada.
Ele parou ao seu lado e colocou a mão em suas costas em forma de escolta. Segurou a mão dela com a outra e brincou com seus brincos antes de fazer uma escolta destemida. Os brincos foram um presente de sua parte.
Cayena, ao ver um sinal de satisfação em algum lugar próximo a boca de Rezef, perguntou:
— Se sente melhor?
Ele baixou a mão que brincava com um sorriso no rosto.
— Não quero discutir com minha irmã.
Não queria discutir. Tudo isso era expresso de forma tão linda? Ela sabia que ele era claramente superior nesta relação. Por isso estava tratando de romper seu contrato tão facilmente. Este tipo de contrato pode mudar tanto como seja possível a depender da superioridade.
Ela assentiu suavemente.
— Eu também.
Ele notou uma estranha sequidão nas palavras de sua irmã, mas perguntou vagamente, como se não soubesse:
— Mas não mudará de opinião sobre casar-se, certo?
— Não foi você quem assinou em primeiro lugar? — Rezef tinha um rosto sombrio.
— Estou… Triste. Me sentiria só se minha irmã não estivesse no Palácio.
Ele não era uma criança que diria coisas tão frágeis sem nenhuma intenção.
— É a única família que tenho.
“A única família”, era o que Cayena sempre dizia. Algo que apenas ela costumava dizer, mas nunca fora mencionado por Rezef.
— É o mesmo para mim, Rezef.
Como disse, era assim. Era o único familiar que tinha, Rezef. Ela acariciou suavemente sua bochecha com um sorriso incerto e avançou sem dizer uma palavra.
— Irmã.
Com um olhar ligeiramente envergonhado, Rezef a seguiu e abraçou sua cintura novamente. Logo segurou sua mão de forma que não pudesse escapar e disse:
— É perigoso.
Que diabos? Ela olhou suas mãos.
“É perigoso que me mova de forma que você não pretendia?”
Não era engraçado. Se dirigiram ao grande salão. Tinha sido esse caminho tão incomodo como era hoje desde que caminharam ali dezenas de vezes?
A interpretação da orquestra se tornou cada vez mais audível. Cayena pôs um sorriso no rosto, tornando-se mais bonita. Era uma tarefa fácil e familiar. Quando apareceram ambos, o cortesão pausou a música e anunciou:
— A primeira Princesa de Eldigm, Cayena Hill!
Junto a ela, uma nova música iniciou como anúncio de sua chegada ao grande salão. Quando pararam em frente a escada em caracol, houve gritos emocionados.
Os cumprimentou com um sorriso atrativo. Rezef a acompanhava com um sorriso, assim saíram em direção ao centro do corredor. A música se deteve quando os dois ocuparam o centro da sala vazia, assim como os aplausos também cessaram.
Rezef primeiro a cumprimentou educadamente.
Cayena segurou as laterais do vestido e se posicionou para começar a dançar, então escutou uma risada em seu ouvido. Simplesmente moveu os olhos ligeiramente para ver quem ria. Pôde ver Yester com um copo de álcool sentado preguiçosamente em uma cadeira, seu cabelo prateado completamente jogado para trás. Estava rindo deles.
— Irmã.
Rezef chamou sua atenção por não ter seus olhos pousados nele. Odiou terrivelmente que sua irmã tivesse dado atenção a este desgraçado. Começaram a dançar perfeitamente ao ritmo de uma melodia alegre e bonita. Alguém sussurrou suavemente:
— Gosto mais desta canção.
Cayena estava cansada desta canção. Havia dançado ao ritmo, tinha tantos parceiros que não conseguia lembrar. Deveria estar seu ex-marido dentre eles. Dançar era apenas uma tarefa agora.
Rezef se perguntou se ela dançava com mais suavidade do que recordava, mas não parecia feliz em absoluto. Cometeu um erro proposital para que pudesse puxar sua cintura. Então o olhar insensível como o de uma boneca girou a ele com curiosidade.
— O que aconteceu?
— Cometi um erro…
— Está cometendo um erro assim.
O murmúrio da voz de Cayena lhe deixou com os nervos por um fio. Mesmo se estivesse tentando prender seus olhos, não podia, pois não parecia que ela tivesse substancia. Se sentia incômodo por isso.
Depois deste ato, todos vitoriaram a dança bonita. Cayena respondeu com um sorriso por obrigação e de repente encontrou Raphael entre a multidão.
— Ah.
Nesse momento, um sorriso floresceu, como se o aroma soprasse. Raphael, que estava olhando, também sorriu suavemente, com os olhos em meia-lua.
Enquanto ela tentava se aproximar dele, Rezef segurou sua mão.
— Para onde vai? — ¹
Por suposto, tinha de dançar com uma segunda pessoa, então iria dançar com Raphael. Entretanto, o olhar de Rezef era incomum.
— Rezef…?
— Raphael? Vais dançar com ele?
— Isso é…
Foi quando de repente alguém gritou:
— Oh, nobre Princesa!
Ambos olharam na mesma direção pela voz aguda como um ator de ópera. Yester Heinrich foi visto se aproximando com um sorriso e os braços abertos.
Rezef lhe lançou um olhar e rosto frios.
— Eu, Yester Heinrich, me atrevo a falar com Cayena Hill, a representante dos assuntos estatais. Que a glória infinita brilhe sobre ti.
Yester era um exemplo de movimentos teatrais, além de cheirar a whisky. Era algo que fez as pessoas ao redor soltarem gargalhadas ao serem cumprimentadas. Não era efeito do álcool, apenas era ele mesmo.
Cayena sorriu suavemente, curvando um pouco os cantos da boca.
— Quanto tempo sem o ver, Grão Duque.
Yester estava interessado no uso da engenharia. Originalmente, havia dito que não era um membro da família real e por isso não era justo.
“Definitivamente mudaste. Seus olhos, aura…”
Uma estranha sensação de excitação² se estendeu desde a ponta de seus pés. Tinha o pressentimento de que a mulher o entenderia mais do que esperava.
Ele disse lentamente, ainda sorrindo:
— É a primeira vez que a vejo desde que me disse que sou um descarado imprudente e que em meu sangue não fluía o sangue real.
Ela manteve o sorriso sério e buscou em sua memória.
— Bem… disse coisas tão duras em público?
Não importava quanto buscasse em minha memória, não o encontrava. Por suposto, lembrava de ter dito algo similar algumas vezes. Parecia que tal linguagem abusiva não era particularmente memorável por ser uma cena do cotidiano.
Yester segurou e beijou o dorso de sua mão, com olhos gananciosos disse:
— Estive esperando para vê-la desde então, e olhando-a nos olhos assim…
Que calor fazia, ele engoliu as palavras com um sorriso de que cumpriria seu dever como cavalheiro. Entretanto, não fora difícil prever que já havia vários murmúrios vergonhosos por sua forma de falar.
— Oh, não mal interprete. Não me ofendi em absoluto.
Uma voz baixa e pegajosa pareceu engoli-la. Rezef, que estava justo ao lado de tal atmosfera, não pode deixar de notar.
“Maldito desgraçado…”
Nem sequer podia ver os vermes que se atreviam a entrar em contato com Cayena, mas até mesmo se atreveu a olhar para ela.
— Mantenha os modos, Grão Duque.
Quando Rezef estava em guarda como se rosnasse, Yester deu um salto e se perdeu em riso.
— As pessoas gananciosas pelo poder não diriam nada sobre a falsa família real diretamente.
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