Capítulo 116
Cena 20, ajudantes.
Raphael visitara o templo no dia anterior ao banquete de maioridade.
— Um prazer conhecê-lo, sacerdote Danian. — Ao seu cumprimento, o sacerdote sorriu.
— Bem-vindo, duque.
Foram até uma capela onde a luz provinha de vidro inoxidável. Não havia ninguém ali. Em primeiro lugar, todas as pessoas que usavam este templo eram as que chegavam crendo em superstições sem sentido. Raphael fez um sinal e se dirigiu ao assento dianteiro da capela. O sacerdote trouxe uma pequena cadeira e se sentou em frente a Raphael.
— Gostaria de oferecer-lhe uma xícara de chá, mas compreenda a situação do lugar.
Raphael disse que não se importava e foi direto ao ponto:
— Necessito da ajuda de um sumo sacerdote íntegro e que não esteja sujeito a força alguma.
Os olhos redondos do sacerdote Danian se arregalaram. O rosto, que parecia antes ter um sorriso, esfriou. Talvez tivesse uma expressão fria e dura quando não sorria.
Sim, deve ter uma razão pela qual dirigia um templo tão nobre e não perdesse seu posto ante outro sacerdote que vinha de uma família de ranking nobre superior ao dele.
Danian disse:
— Eu não intervenho em assuntos políticos.
Raphael estava muito interessado na palavra — eu—.
Suas palavras foram apropriadas. O templo já havia perdido sua neutralidade e estava profundamente infiltrado na capital. Foi um dilema inevitável para uma força enorme. Enquanto isso, parecia dizer que não perderia sua integridade no exterior.
— Não tenho intenção de levar este templo à política. Só quero que o sacerdote Danian proponha algo que coincida com os desejos do atual templo.
— Não seria isso um problema político?
Isso não era correto. O movimento, sim, era um problema político.
— Então, não disse “este templo”?
Frente aos olhos de Raphael, o sacerdote deu um pequeno sorriso.
— Estás tratando de manter a segurança da Princesa?
Para um homem que disse que não interferiria nos assuntos políticos, tinha uma visão bem clara a situação.
Os olhos de Raphael se semicerraram em suspeita.
De repente, lembrou do informe publicado por seu assistente após a investigação do sacerdote Danian. A investigação de Jeremy mostrou que, curiosamente, durante gerações, os sumos sacerdotes do templo permaneciam os mesmos.
— Há um sacerdote chamado Danian, um pouco estranho. É como um fantasma, não uma pessoa real.
Na superfície, parecia viver em um pequeno templo sem influência. Não se lançou a uma embaixada e nem formou uma facção. O estranho foi que todos os sacerdotes tenham atuado desta forma.
“Ninguém encontrou nada suspeito nisso?”
Raphael estava convencido de ter algo com este templo.
— Entendo que manter esse templo não requer um esforço enorme.
Falou vagamente, então era difícil saber se — esforço — significava evitar que forças externas interferissem no templo ou manter o mesmo organizado.
— Não sei, mas estou seguro de que as sequelas do último sequestro ficaram neste templo… — Raphael falou deliberadamente.
Os olhos do sacerdote Danian, antes em semicírculos, se endireitaram. Seu sorriso também tinha mudado. Não era a impressão que um sacerdote de um templo teria. Seu rosto mostrava sinais de anos duros e terríveis.
— Escutei que depois da visita de sua Alteza a Princesa, a embaixada esteve fazendo um escândalo como se fosse uma fraqueza.
— Se acalmarão com o tempo.
— O Grão Duque Heinrich não parece pensar o mesmo.
— Então está dizendo que o Duque Kedrey estará por trás do templo?
Era uma frase que não era nobre em absoluto. Mas Raphael pensara que essa conversa seria melhor. Odiava passar tempo em lugares onde a Cayena não estava.
— Podemos apoiá-lo da forma que desejares. Em lugar de proteger a independência deste templo, só precisa ajudar-me uma vez.
— Como pode me assegurar que é uma única vez?
— Se preferir, posso dar-lhe um pagare em nome de minha família. — Danian falou de forma que demonstrava pensar que era absurda:
— Não creio que tenhas a mínima intenção de ocultar seu coração para a Princesa.
— Não creio fazer nada ainda que o saibas.
Nesse momento, surgiu uma voz desconhecida atrás de Raphael.
— Isso não é suficiente.
De onde viera? Não havia sentido nada.
Raphael olhou para trás com os olhos ligeiramente arregalados. Era um homem de cabelo castanho brilhante e olhos de cor caramelo.
— Quem és?
O sacerdote disse o nome do estranho:
— Está bem não sair, senhor Bayel.
— Bayel…?
O cenho de Raphael estava franzido. Não foi esse o nome que Cayena dissera que seria seu esposo fictício no templo?
— É uma coincidência?
Mas toda a atmosfera do homem era incomum e seus olhos, os havia visto antes. Raphael baixou a mão à cintura, sacaria uma pistola ou uma espada.
— Aqui está o dono do templo.
— O quê…?
— Este sacerdote ali é meu superior.
Ante as palavras de Bayel, o sacerdote Danian negou com a cabeça. Pareciam bastante próximos.
— É um nobre?
— Um nobre? Bem, se quiser, pode ou não ser.
— Sou o verdadeiro dono deste templo, mas não sou um sacerdote e nem um nobre.
Raphael notou que um homem chamado Bayel era o motivo pelo qual se interessara neste templo. Em outras palavras, Bayel era quem conseguiria o que quisesse.
Raphael se levantou e se aproximou de Bayel, que estava em pé.
Bayel olhou Raphael com o cenho franzido enquanto se aproximava. Desde seus ombros e pernas largas, não era necessário dizer que tinha boas proporções.
— Por que os jovens são tão altos atualmente…?
Tinha 1,80 de altura, mas teve de levantar o olhar para ver Raphael. Sentia ter perdido em algo.
Raphael disse:
— O que quer?
— És um mau argumentador.
O que queria realmente? Não parecia estar interessado em nada que não estivesse relacionado com a segurança da Princesa Cayena.
— A Princesa era estranha, mas este garoto também o é.
Não é comum descobrir o que Bayel estava fazendo e quais suas fraquezas? Entretanto, Raphael só perguntava o que ele queria com um rosto bonito que nunca tinha visto antes. Se perguntou de qual novela poderia ser esta frase para o protagonista masculino.
— Não, não, não. Geralmente, isso deveria ser escutado pela protagonista feminina.
Bayel desembaraçou seus diversos pensamentos.
— Escutei que a nobreza pode ser acompanhada de um parceiro.
Os olhos de Raphael se semicerraram, Bayel tinha algo a consultar com a Princesa.
— É fácil entrar com o uso de magia, mas…
O problema fora escutar o que ela havia dito antes no templo. Quando seu nome foi dito ao perguntarem como se chamaria seu esposo fictício, quase saltara diante dela e lhe perguntara se estava louca.
— Humanos.
Bayel planejava ser seu ajudante em cooperação com Raphael. Isso devido a que houve um toque de simpatia pelo seu destino infortúnio.
Disse o que Raphael deveria fazer:
— Tudo o que tens de fazer é ser amigo de Bayel Kronos.
— …!
Kronos era o apelido do reino caído Madrena. O nome estava completamente em conjunto aos planos de Cayena.
— Então moverei o paladino, o que acha?
Raphael não resistiu em perguntar:
— És tu um homem de Sua Alteza, a Princesa?
— Digamos que sim.
Bayel se aproximou e lhe estendeu a mão, perguntando:
— Então, seremos amigos ou não?
Raphael olhou sua mão. Amigo de um homem cujo nome fora dito pelos lábios da mulher que ama quando disse que se casaria…
Suspirou brevemente. Queria se desfazer dele, mas não podia evita-lo. Tudo relacionado com Cayena tinha força maior.
Raphael uniu suas mãos.
— Certamente.
O aniversário de Cayena sempre tinha muita gente, pois era o primeiro banquete a ser realizado após o início da temporada social. Ainda assim, o número de pessoas que assistiram fora demasiado alto. O grande salão estava completamente cheio e todos os tipos de rumores já haviam se expandido pela capital.
— Oh, Duque Kedrey! Parabéns por sua sucessão.
Raphael fora a única pessoa, provavelmente, a ser tão felicitado quanto Cayena. Isso devido a ter sucedido sua família a não muito tempo.
— Obrigado.
Apertou as mãos de vários aristocratas que não conhecia, pela primeira vez.
Sentia náuseas. Se não fosse pelo calor que Cayena lhe dera antes de entrar no salão de banquetes, teria abandonado o local imediatamente.
Raphael era um homem que odiava banquetes pelos seus defeitos de infância. Originalmente, tinha vindo ao salão por um momento breve e evitaria o contato com as pessoas tanto como fosse possível. Mas não hoje. Queria ver Cayena logo. Respirou fundo, se sentiu calmo e confirmou que ainda estava a salvo e bem aqui. Graças a isso, pode assistir desde cedo a cerimônia de maioridade.
— Vossa Excelência.
Jeremy, vestido formalmente, se aproximou de Raphael e lhe entregou um pouco de água fria.
— Por que não sai um momento? — Sacudiu a cabeça e suportou a sugestão de Jeremy. Era hora de que Cayena aparecesse logo.
A música mudou e ela desceu as escadas escoltada por Rezef. Só de vê-la lhe fez sentir estranhamente melhor. O fato de que ainda estivessem no mesmo espaço o fez sentir estabilidade.
Mas não pensou que viveria apenas de olhá-la. Pensou não ser apenas por sua condição.
— Estás aqui.
Escutou a voz de sua mãe. Olhando para trás, viu a ex-duquesa Noah com um perfeito vestido de banquetes, sem lugar a falhas. Parecia alguém incômoda.
— Estás aqui.
Apesar de tal reação seca, a Duquesa Noah continuou falando. Sempre fora assim entre eles.
— Por que comprou uma estufa de rosas?
— Não o sabe?
— Não vais fazer obras de caridade em nome de Sua Alteza sem motivo.
A Duquesa bufou diante a interferência de seu filho.
— Deveria ter de escolher um presente com sua permissão?
— Sim, se houver alguma mudança na segurança de Sua Alteza, a Princesa.
Uma das sobrancelhas de Noah se arqueou com tal resposta.
— Alguma vez este garoto mostrara tanto interesse em alguém?
Era a primeira vez que via o carinho de Raphael impregnado em seu olhar para alguém ou quando mencionado em seus lábios. Mesmo o olhar em seu rosto ao fazer contato visual com a Princesa…
Raphael olhou ao redor e falou:
— Não vejo a acompanhante.
— Entendo…
Yester se aproximou de Cayena após a primeira dança.
Raphael procurou casualmente algo em seu paletó. Era um espaço para armas. Se esperava que este lixo se aproximasse, mas… Queria apenas disparar em sua cabeça em lugar de fazer um plano para silenciá-lo. Entretanto, não podia arruinar o banquete de Cayena.
— Posso lhe pedir algo não complicado?
Os olhos da Duquesa se semicerraram. Adivinhara por completo o que lhe seria pedido.
— Me pede para interferir na conversa dos três?
— Sim.
— E você?
— Não é uma cena a qual possa interferir.
Esse foi o combinado com a Duquesa Noah. Se Raphael interferisse na situação entre Cayena, Rezef e o Grão Duque lutam entre si, claramente se tornaria uma luta de poder.
— O farei. Será melhor que saias do salão de banquetes por um momento. Fingindo que não viu a situação.
— Suponho que sim…
Não era muito tentador deixar Cayena entre tantos loucos. Mas fora a falta de vontade, escutou os planos de Cayena e acreditava que pudesse lidar com eles. A natureza franca de sua mãe nunca se cansou do Principe e da Princesa.
Quando saiu do salão de banquetes, o penetrante odor de sol que se desvanecia gradualmente tocou a ponta de seu nariz. O desgosto que se vira obrigado a engolir durante todo o banquete havia sido aliviado gradualmente.
Baston se aproximou.
— Chegaram notícias de que o sacerdote Danian entrou no monastério.
— Bastante rápido.
O homem chamado Bayel era realmente o dono do templo? Raphael assentiu.
— Como era previsto, garanti o status de Bayel Kronos e chamara a atenção.
— Sim.
Bayel ia ser transformado em um descendente do reino caído e um conhecido de Raphael.
— Ele não será realmente esposo da Princesa…
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