Índice de Capítulo

    Como a Sra. Dottie não acreditava, Bahail trouxe o cartão de férias com o selo da mesma. Quando viu tal cartão, pareceu a ponto de desmaiar.

    — Esse louco! Como se atreveu a tomar meu selo à vontade?!

    Recentemente esteve frequentemente convidando-o à sua habitação. Também lhe dera uma habitação pessoal próxima. Emil selou em segredo o cartão de férias enquanto estava fora e enviou o documento.

    — Deveria ter me informado disto no mesmo instante, por que não o fez?!

    — Isto é… Pensei que, por sua amabilidade pela pessoa, o deixou ir de férias. Quem pensaria que estaria fazendo isso em segredo?

    Bahail tinha uma expressão desconcertada, mas ainda se queixava internamente.

    “Que importa se Emil Habron está agora de férias? O que faremos com estes alimentos e ingredientes estragados?”

    A Sra. Dottie, que tinha terminado de resolver a situação, gritou aos serventes.

    — Encontrem Emil agora mesmo!

    — Mas, por que o procura repentinamente?

    — Ele me roubou!

    — Roubou?!

    Tal palavra era inesperada. Roubar? Como se atreve com a Marquesa Dottie? 

    — Vamos, vamos !

    Só então os serventes se deram conta da situação e se moveram para encontrar Emil Habron. Entretanto, não havia forma de encontrar um homem tão decidido a roubar no Palácio. Mesmo os trabalhadores que chegaram hoje foram contratados dos bairros marginais. O que era ainda mais louco era que o letreiro do alto Mahad fora destruído. Alguém fora enganado sem poder fazer nada por um plano que fora feito com o objetivo de engana-la.

    — Não, não pode ser! Como se atreve a enganar a família Evans?!

    Que ridícula era Julia, a mais nova da família Evans não se atreveria a ser má!

    “O que faremos com tudo isso?”

    O pagamento havia sido feito adiantado, isso se deve a que tiveram que compartilhar dinheiro manipulando livros. Se preparassem a comida com estes pobres ingredientes, os aristocratas criteriosos a descobririam imediatamente.

    “Se podemos deixar todas essas responsabilidades ao Palácio Imperial agora… Não, já é impossível devido a estes ingredientes.”

    Os aristocratas haviam desfrutado apenas do melhor desde que nasceram. Mesmo os melhores manjares já não os impressionava, portanto não poderiam preparar algo com esses ingredientes.

    — Precisamos esconder. Devemos nos desfazer de tudo isso agora mesmo!

    Mas como faria isso? Eram vinte carruagens. A quantidade de pessoas que assistiram era maior que a quantidade de carros. Então, de repente, seu olhar se afundou e se tornou completamente negro:

    — Sua Alteza Real?!

    — …!

    A Sra. Dottie olhou para trás, horrorizada pelo nome que nunca deveria escutar aqui. Ela era a verdadeira Princesa. De fato, Cayena aparecera no corredor de cargas com o vestido do banquete.

    Todos no local se ajoelharam e mostraram educação.

    —  Saudamos Vossa Alteza, a Princesa!

    Os olhos de Cayena recorreram o local apenas uma vez. Seu olhar indiferente os fez suar. Ela se dirigiu a Sra. Dottie:

    — Escutei sobre o ocorrido.

    — …

    Não se atreveu a pedir perdão.

    “Vamos, necessito que chame o Príncipe.”

    Então ele se poria ao seu lado, era a babá que o criou e esposa do Marquês Dottie, seu maior aliado.

    — Creio que tenhas algo a dizer-me, servente Lervans Dottie.

    Cayena a olhou friamente.

    A Sra. Dottie estava estupefata pelo fato de que não podia olhar frente a frente com a Princesa. Agora ia rir de seu fracasso, não? Ia contar aos nobres e de alguma forma fazer com que as coisas estivessem a seu favor! 

    Seus dedos esfriaram. Sentiu como se todo seu corpo tremesse perante a ideia de mostrar indecência frente a Princesa, que sempre a desprezava. Logo, se tornou mais rancorosa.

    Estava segura de que era um truque da Princesa. É isso! Deve ter usado este truque sujo para fazer dano a ela e ao Principe Herdeiro!

    Seus olhos brilharam de ira.

    — Tem algo a dizer?

    Cayena estava em uma reunião informal com Zed para se preparar com antecipação sobre o problema de recuperação de terras. Entretanto, uma pessoa a cargo da carga e descarga da cozinha central lhe informou que havia um problema com os alimentos.

    O informe não a surpreendeu em absoluto, devido a que um banquete dirigido pela Sra. Dottie teria as mãos de alguém, quer seja Evans ou Heinrich.

    Ela revisou os ingredientes um a um. Todos não estavam frescos e até mesmo alguns podres.

    — Como assumirá a responsabilidade por isso?

    A Sra. Dottie forçou a mandíbula travada pela ira e pronunciou algumas palavras:

    — Temos de nos desfazer deles, eu cobrirei o custo de tais produtos.

    Era uma atitude nervosa, mas como se pedisse algo natural.

    — O que irá preparar hoje no banquete é no mesmo nível?

    — Realmente não…

    Cayena sorriu e se aproximou lentamente a Sra. Dottie.

    Ela estremeceu com sua aura e se encolheu, Cayena baixou a cabeça e sussurrou:

    — Está me provocando?

    — O quê?!

    Falou em tom calmo, que não era comum à família real. Havia uma risada estranha em sua voz. Era estranhamente violenta. Se encolheu baixo a estranha sensação de que poderiam lhe machucar.

    A Sra. Dottie estava tão envergonhada e sem saber o que pensava que exclamou:

    — Alteza…!

    Então a voz ainda mais fria chegou severamente aos seus ouvidos:

    — Sim, seu oponente agora se parece a mim?

    — …

    Nunca tinha visto um olhar tão assustador, mesmo quando a Princesa era uma idiota imatura.

    Essa mulher tinha de ser presa. Assim seria mais sentido, era pior que Rezef. Ela deveria…

    Era mais assustadora que os dias em que o Imperador Esteban ainda comandava o Império.

    A Sra. Dottie se deu conta de que algo andava terrivelmente mal. A Princesa não era a garota estúpida que conhecia. Não tinha sentido que a estúpida Princesa a olhasse como se ela fosse a ridícula, não gostava disso. Uma mão fina e enluvada tocou seu corpo.

    — Eh, o que está…

    Cayena arrumou a decoração de seu vestido desarrumado de um modo estranho.

    — Se importa se alguém mais ver como falo mal com alguém?

    — …!

    Um sorriso floresceu em sua boca. Onde fora tocada adormeceu como se fosse uma faca que encostasse em sua pele. Apesar de que era um gesto nobre e relaxado, não era nada brusco, mas sentiu como se a estrangulassem.

    — Voltou ao cenário, mas não se sabe até que ponto.

    Sua coluna tinha calafrios, sentia que tinha se convertido em nada. Seu tom de voz e seus olhos eram horrivelmente assustadores. Tinha a ilusão de que seria engolida.

    A Sra. Dottie queria estender a mão, mas seu oponente era da família real. Seu queixo tremia levemente. Não importava o quanto tratasse de repetir o fato de que seu oponente era uma mulher humilde que sequer poderia tocá-la, não saiu tão bem como planejava. Em contrapartida, abriu os olhos como se não estivesse assustada e falou duramente:

    — Mesmo se é a Princesa, não pode me culpar pelo Príncipe. O servi durante muito tempo, e devido a um acidente tão pequeno, se quer falar mal de mim, abra um julgamento!

    Para quem seria bom o julgamento? Se chegassem a tal ponto, é óbvio que as obrigações seriam jogadas a outros, exceto a Sra. Dottie e muito menos com um castigo leve.

    — Está mal interpretando.

    Cayena sussurrou com um sorriso.

    — Estou tratando de ajudá-la a sair do meio dos problemas. Uma disputa familiar causada pelo truque de um jovem… É um pouco estranho, verdade?

    A Sra. Dottie segurou a mão de Cayena e gritou com força, já que não suportava mais.

    — De que está falando?!

    Então Cayena deu um passo impotente.

    Segurou a mão que a segurou e distorceu levemente o rosto.

    — Entregarei esse carregamento para os que vivem afora. O que acha que estou fazendo?

    Que bobagem era essa? A Sra. Dottie enrugou o rosto.

    — Que decepção, Marquesa Dottie. Está dizendo que é a dama de honra que representa meu banquete?

    — O quê…?

    Ante as palavras de Cayena, quem as rodeava começaram a sussurrar e seu olhar mudou.

    — Não esperava que isso acontecesse porque queria dar tanta comida aos bairros marginais em nome da celebração de meu aniversário.

    — Você foi que planejou isso! Acha que não sei? Deve ter posto um véu estranho em seus olhos e o induzido a me roubar. Estás buscando o trono e afastar as coisas superficiais de Heinrich!

    Quando ela perdeu a cabeça e gritou, todos engoliram um grito.

    O ar se tornou frio. Os olhos se tornaram facas que varreram estritamente a Sra. Dottie.

    Como podia fazer isso? Não acreditava, então… Uma mistura de emoções dominava o lugar, tornando a atmosfera pesada.

    A Sra. Dottie sentiu que estava no julgamento e que tinha se tornado uma pecadora em frente da multidão, a cena anterior à queda da guilhotina. Retrocedeu. Algo tocou suas costas, era uma carruagem com os alimentos imprestáveis.

    “Não há o que temer. Sou esposa do Marquês Dottie e a babá do Principe. Sou a única que pode fazer o mesmo que a esposa do Príncipe! “

    Sem saber que seu poder era puramente emprestado, a Sra. Dottie se enfureceu abertamente com Cayena.

    Ela, que apenas observava tudo, arregalou os olhos.

    — Tudo o que dizes ou fazes, como uma servente de Rezef, é puramente descarado.

    Ela sacudiu a cabeça.

    — Em relação ao trabalho de criada, diga ao Príncipe Rezef que o deixo em suas mãos.

    — Aceito as ordens.

    Então o rosto da Sra. Dottie se iluminou.

    “Que boba.”

    Parecia crer firmemente que Rezef a ajudaria.

    — Ainda que a família Evans não possa deixar passar essa oportunidade. Mantenha a servente presa até que o Principe Rezef tenha disposição.

    Os cavaleiros prenderam a Sra. Dottie sob seu comando.

    Cayena ordenou a verificação de antecedentes dos trabalhadores que estavam presos no corredor de cargas e olhou para as carruagens cheias de alimentos.

    — Annie.

    Então esta, tranquilamente parada atrás, levantou a cabeça.

    — Por favor, dê-me as ordens, Alteza.

    — Avise minhas damas de companhia que venham a verme tão pronto como recebam a notícia.

    — Sim.

    As carruagens chegavam a ser mais de vinte.

    “Quanto tempo leva para que enviem todos os ingredientes de uma vez?  Com essa quantidade de comida, seria demais para servir apenas ao Exército Central…-“

    Como explicara a Olivia outro dia, falava com quem abastece o exército central e usaria seus chefes.

    — O que quer que faça?

    Bahail estava inquieto e fez tal pergunta.

    — Consiga todos que puderem se prontificar para selecionar os ingredientes que podem ser usados para fervê-los, o restante, jogue fora.

    — O quê? Ferver…?

    — Faremos uma sopa e distribuiremos aos pobres. Pode ser usado em comemoração a minha maioridade.

    Então, mesmo que houvesse rumores entre os nobres, poderiam facilmente serem resolvidos. Podia ter uma boa imagem entre o povo.

    Deu instruções para os serventes da cozinha prepararem a sopa com os ingredientes que escolhesse. Pensou que um cozido seria perfeito para a produção em massa.

    A cortesã estava envergonhada por seu plano.

    — Alteza, creio que será um pouco difícil por estarmos tão apertados com as preparações para o banquete.

    Precisariam de muita gente para fazer um cozido, levar a comida e controlar a distribuição.

    — Deveríamos falar com Zed, o diretor da divisão de armas, e conseguir parte da mão de obra que se destinará a recuperação de terras.

    Ainda assim, foi difícil conseguir a mão de obra. A verdadeira recuperação de terras começaria no dia seguinte.

    Cayena se assegurou de que não houvesse confusão entre os que se fizeram seus subordinados com um julgamento rápido e preciso. Só então poderia economizar mão de obra.

    — Chame o mensageiro imediatamente e avise toda a capital. Faremos a distribuição de sopa no local e hora designados a partir de amanhã.

    — Não temos suficientes pratos para alimentar tudo isso…

    — Por que não pedir que tragam seus próprios pratos?

    — Oh…

    Logo outro rolou os olhos e disse cuidadosamente:

    — Oh, bem, as formas dos pratos são diferentes, verdade? A quantidade será desigual…

    — Não se trata de quantificar o prato, mas sim utilizar uma concha de medida.

    — Entendo!

    Neste ponto, a cabeça de Cayena ardia. Não podia esperar para ver suas damas da corte competentes. Entretanto era hora de que os nobres começassem sua entrada para o banquete de hoje. 

    Cayena se viu obrigada a dirigir isso tudo sozinha.

    “Quem dera houvesse mais gente. Estamos com pouca mão de obra…”

    Então Annie se aproximou. Chegaram as damas? 

    — Sua Alteza, o Duque Kedrey entrou no Palácio e se encontra agora no salão.

    Cayena entendeu que o salão ao que Annie se referia era o do segundo piso do Palácio. Se apressou ao mesmo. 

    Bam!

    Ajude-me a comprar os caps - Soy pobre

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota