Capítulo 124
Recordou as palavras que disse o assistente: que haviam pessoas observando a Baronesa Clarence Elivan antes e que foram perseguidos. Esse era o poder de Cayena?
— Quem foi, irmã? Não tem tanto poder, então alguém o disse.
— Se preocupa por como fazer sua irmã seguir todas as suas ordens.
— Por que faz isso?
Rezef riu.
— Vai me trair por uma mulher que não vê a dez anos e sequer lembra direito?
Estava irado, era realmente estúpido, sequer sabia cuidar dela.
— Sejamos sinceros, não é nada, ainda que sejamos irmãos.
— …
— Não é importante o peso do sangue?!
Cayena perdeu a vontade de lidar com ele em um futuro próximo.
O garoto não sabia realmente qual o problema, seus dedos se esfriaram. As sequelas de usar magia não foram nada comparadas a essa sensação terrível em seu corpo, como se a devorasse, não podendo ser facilmente explicadas como ira ou tristeza.
— Me sinto cansada, preciso descansar.
Cayena o ordenou a ir embora.
— Saia.
Rezef tentou dizer algo, mas logo se foi.
— Por favor, deixe de pensar coisas estúpidas, irmã. — A advertiu antes de sair.
Um momento depois, as damas de companhia mais novas, guiadas por Annie, entraram com cuidado e aguardaram até que Cayena fosse à cama.
— Se está cansada, posso lhe dar uma massagem?
Ante suas palavras, Cayena assentiu.
— Sim, por favor.
Cayena foi massageada por Annie.
— E Donna?
Annie respondeu:
— Não há nenhum movimento particular, mas comparado a antes, definitivamente tem mais tempo para estar próxima a Sua Alteza.
— Siga observando-a.
— Sim, Alteza.
Cayena deixou de falar e acalmou sua mente enquanto recebia a massagem. Não esperava algo de paciência por parte de Rezef. Em primeiro lugar, tinha renunciado a trata-lo como um ser humano. Não sabia quanto tempo tinha e devia olhar para a frente e se apressar, mesmo que fosse um sacrifício, estava decidida a chegar até o fim.
Foi então que pensou em Raphael. Disse que deveria ser sincera?
— Annie…
— Sim, Alteza.
— Tenho um trabalho que requer sua ajuda.
— Quer ajuda? — Annie piscou curiosa.
— Um relatório do Palácio Imperial.
O porteiro que custodiava a passagem secreta inclinou ligeiramente a cabeça.
— Palácio Imperial…?
Não era a voz costumeira que sempre entregava informação urgente ao Palácio. Entretanto, dado que essa passagem era estritamente secreta, pensava ser uma nova empregada que não conhecia. Tal pensamento o convenceu ainda mais, já que a mulher que era a anterior encargada das notícias de emergência já não seguiu vindo.
Entrou no local com a informação, bloqueando a vista da mulher, o cavaleiro que esperava chamou Jeremy.
Ele perguntou curioso:
— Alguém do Palácio Imperial?
Essa pessoa estava encoberta, quando observou ser uma das pessoas da Princesa, suspeitou que fosse uma armadilha.
“É pouco provável que tal passagem fosse reconhecida por alguém mais.”
Estava pronto para atacar seus oponentes, desceu a habitação onde a informação foi entregue e viu uma pessoa oculta por uma capa.
— Mostre-me seu rosto.
— Que os cavaleiros se retirem.
Jeremy parou. Essa voz lhe era familiar. Fez algo que nunca tinha feito:
— Todos podem sair.
Saíram do local onde estava Jeremy e a mulher baixou o capuz. Mesmo com o rosto coberto por um véu translúcido, ainda era possível perceber a beleza atrás do mesmo.
— Saúdo a Princesa…
— Shh.
Ela levou o dedo aos lábios e voltou a por o capuz.
— Quero falar com o Duque.
Jeremy estava surpreso, mas não tardou em acalmar seu coração e recuperar os sentidos.
Mesmo hoje, Raphael bebeu e foi para a cama. Ainda que tenha deitado, existia uma grande possibilidade de que não estivesse dormindo. Jeremy guiou educadamente Cayena, não havia guardas ao redor do dormitório de Raphael, pois o mesmo não gosta de ser vigiado.
Toc, toc.
Jeremy bateu na porta do dormitório.
— Mestre, é Jeremy.
Logo Raphael abriu a porta apenas com um robe e calças.
— O que foi?
Jeremy não interferiria em seu tempo a sós a menos que fosse urgente.
Entretanto, significava que havia uma urgência. Jeremy deu um passo atrás e baixou a cabeça.
— …
Em um momento de assombro, notou a mulher encapuzada e a observou.
— Venham buscar-me pela manhã.
— O quê?
Nesse momento, a mulher entrou empurrando o peito de Raphael, que reflexivamente tentou empurrar o oponente ao chão.
— Vossa Alteza…?
Quando levantou o capuz, viu o rosto sorridente de Cayena.
Ele franziu o cenho por um momento. Tinha bebido demais e agora tinha visões? Cayena tirou a capa, estava de pijama. O vestido, de tecido grosso, envolvia seu corpo, mostrando sua figura.
Se aproximou de Raphael e puxou seu robe.
— Quero você, Raphael.
O significado era claro. Raphael agarrou Cayena e se dirigiu à cama, sua respiração se agitou.
A tênue luz do amanhecer despertou Cayena, que abriu seus olhos pesados lentamente, vendo o céu ainda não azul, sem brilho algum. Parecia ter tempo antes do nascer do sol.
Um leve suspiro saiu de seus lábios, o tom de cor desconhecido que alcançava seu olhar, a textura ligeiramente diferente dos lençóis, o corpo sólido atrás de si e o braço do homem envolto em sua cintura a despertaram gradualmente. Teve pensamentos que antecederam a apreciação desconhecida de todas essas sensações.
“Não estou morta.”
Era uma sensação indescritível e estranha. De qualquer forma, hoje era outro dia, esse fato por si só era importante, pois podia fazer mais.
Cayena deu a volta lentamente para regressar ao Palácio. Entretanto, como se previsse sua fuga, Raphael a segurou em seus braços, não sendo fácil lutar contra sua força, se deu por vencida.
Os bocejos fluíam, fora abraçada por Raphael desde cedo e seus inúteis esforços se repetiram ao tentar se levantar uma e outra vez. Parecia que ainda não amanhecia, mas a hora que vira antes de dormir era aproximadamente três horas.
Cayena se girou e olhou o rosto de Raphael, que fora iluminado por um raio de luz. Os traços impecáveis criados por este último eram lindos: cílios longos, lábios grossos. Apesar de saborear os mesmos, ainda eram bons de ver.
— Hmm…
Estava inquieta ao olhá-lo, surgindo um sorriso. Dizem que esse homem bonito me faz bem? Pensei que minha vida ia por um bom caminho.
Cayena levantou a cabeça e beijou levemente a ponta de seu queixo. Era hora de ir, não era necessário nenhum preparativo, saiu com cuidado de seus braços e vestiu novamente seu pijama, mas sua mão fora pega. Mesmo nesse momento, Raphael não acordou.
— Não creio que tenha dormido bem ultimamente.
Que tipo de preocupações e angustia sente para que não possa dormir a noite? Cayena se aproximou e beijou sua testa.
— Raphael.
Ainda que o disse suavemente, só escutou sua respiração. Só Jeremy sabia que estava aqui, mas havia dito para que viesse pela manhã, portanto tinha de retornar só ao Palácio, então pensou em como voltar.
— Está um pouco longe, estará bem?
Ela começou a liberar mana ao lembrar de seu dormitório, ia se teletransportar, assim que conseguiu uma imagem clara, desapareceu do dormitório.
A luz em suas costas brilhou no rosto de Raphael, ainda era possível escutar o som tranquilo de sua respiração. O pequeno som no local se deteve em um silêncio estranho.
— …
Os olhos vermelhos se abriram para refletir a luz do amanhecer.
Cayena regressou a seu quarto, tirou a capa e se deitou em sua cama. Não se esqueceu de beber o elixir, já que poderia haver sequelas em seu corpo. Mesmo se não fosse ao banquete, havia muitas coisas que discutir hoje.
Em um dia assim, as serventes sabiam a que horas Cayena costumava acordar: justo ao amanhecer. Portanto entraram cedo no dormitório, sem ser estranho que Donna e outras serventes subissem juntas.
— Está desperta, Alteza?
Cayena subiu as cortinas como se acabasse de acordar.
— A água para o banho está pronta.
A alguns meses, a Princesa passava seu tempo rigorosamente. Os funcionários da corte imperial já haviam se acostumado a se preparar para vesti-la pela manhã segundo o comum.
Quando se despertou, estava de sapatilha e uma suave manta de pelo de marta cobria seus ombros. Seria um grande problema se a Princesa, que havia acordado e banhado, vestisse um pijama fino.
Cayena foi ao vestiário, que interiormente tinha muita luz e as damas já a aguardavam para usá-lo antes de que chegasse ao dormitório. Como ainda está próximo do amanhecer, não havia luz suficiente, portanto as velas seguiam acesas por muito tempo em cima de uma mesa estreita e horizontalmente longa, prostradas lado-a-lado.
Quando Cayena olhou a roupa preparada ao banquete, disse:
— Não há necessidade de um vestido para ir ao grande salão.
Não tinha intenção alguma de ir ali hoje, e ninguém se surpreenderia durante um dia após os acontecimentos do dia anterior.
— Dê-me a roupa que pareça de plebeu e uma capa para ocultar minha aparência.
As serventes não entraram em pânico apesar de suas instruções e rapidamente lhe deram o que pediu.
Donna perdeu o foco do olhar, queria levar essa notícia rapidamente ao Palácio, mas tinha de preparar uma sopa para Cayena. Seu Mestre se dará conta rapidamente, logo o encontrará estranho, mesmo se for um pouco tarde.
Donna pensara estar atuando o suficientemente bem para não ser descoberta e fez uma sopa cremosa de abóbora. Cayena pegou um pouco e tomou a sopa lentamente com uma colher de prata.
Não havia nada mais que preparar. Cayena recebeu informações sobre a identidade do criminoso que fora interrogado durante a noite.
— É trabalho de Kate, era um nobre local, mas parecia ter bastantes problemas privados ao descobrir que a família se endividou e foi absorvida por um homem que agora se chama Conde Zodiac.
Conde Zodiac era o nome de Yester no submundo.
Cayena riu.
— Devo criar um apelido como esse ao ir ao submundo.
— Sim, assegure-se de investigar quem é Zodiac.
No fim, era Yester.
“Creio que apenas o Marquês Rodrick Evans conhece o fato de Conde Zodiac ser Yester. “
Além disso, se informaria sobre o número de condados centrais que se moverão hoje para a retomada de terras e a disponibilidade de instalações de comida gratuita que se construíram em toda a capital.
Toc, toc.
Quando a porta fora aberta, entrou o cavaleiro imperial, Eden.
— A carruagem está pronta.
Enquanto descia do vestiário, viu a aparição de um jovem vestido com uniforme de cavaleiro real.
Quando subiu na carruagem e fechou-se a porta, abriu a janela imediatamente. Como era esperado, Jedair subiu no cavalo ao lado da carruagem.
— Que diz o Duque Heinrich?
Jedair se surpreendeu e tentou falar, mas pensou que havia bloqueado o som com magia novamente.
— Me disseram para que me tornasse cavaleiro real nesta semana.
Era óbvio que se tornaria um cavaleiro do Palácio.
— Hm… Sério? Então, como pensa se tornar um cavaleiro do Palácio?
— Desde ontem, os cavaleiros imperiais são cada vez mais autônomos. Todos recebem dinheiro do Marquês Evans.
— Bem, suponho que ia formar parte do Palácio por sua conta.
— Não será mais difícil sair do Palácio?
Quando se tornasse membro da cavalaria imperial e saísse de seu escritório, demonstraria que naturalmente está fazendo algo sob instruções da Princesa.
Cayena disse:
— Me alegro de que Yester dispusesse bem suas cabeças?
Enquanto ele a olhava desconcertado, prosseguiu:
— Você deve entrar de maneira suspeita, sem se importar.
Então tudo se resolveria por conta.
— E o que acontecerá se for assassinado?
Em lugar de ser exilado, parece que seriam confinados na prisão devida natureza suspeita… Cayena respondeu:
— Bem, serão decapitados.
— Sim…?
— Não se surpreenda muito nesse momento do anúncio.
— Como posso não me surpreender quando diz que serei decapitado?
Cayena riu.
— O corpo sairá do Palácio e viverá como uma pessoa morta. Seria um pouco incomodo, mas de qualquer forma não preciso de um bom nome para uma pessoa que viverá na escuridão.
— Sim…
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