Índice de Capítulo

    Ele ficou impressionado ao ponto de sua boca abrir. Pensava que Julia não sabia nada e que era uma jovenzinha tonta, não sendo capaz de dizer algo assim.

    — Mas há alguma evidência de que houve uma carta de recomendação?

    — Esse cavaleiro poderia ter se convertido na excelente ferramenta de outra pessoa que tomou seu nome emprestado. Como bem sabes, se requer a misericórdia de Sua Alteza para fazer isso.

    — …

    O Marquês Rodrick parecia muito mais tranquilo que antes.

    A ideia de Julia era excelente. Além de que, ao ver a atitude da Princesa, parecia ser muito apreciada por ela, provavelmente por isso lhe ofereceu tal ajuda. O temperamento do Príncipe Rezef fora escutado várias vezes através de Zenon. Mas não tem apenas dezoito anos?

    Ele pensou que seria correto  cooperar com a Princesa agora para obter futuros ganhos. Sentiu que Julia não era apenas uma ferramenta utilizada apenas para o casamento, se não alguém que poderia seguir ajudando, o deixando de bom humor.

    — Já sabes qual sua prioridade, siga observando e se mantenha alerta.

    De todas as formas, teriam de proceder com o trabalho depois de deliberar com seus parentes. Enviou Julia fora e fechou a porta.

    — Uff.

    Julia esfregou suas mãos suadas em sua saia.

    A notícia sobre a morte de Jedair foi informada a Yester por três pessoas.

    — O quê? De verdade…?

    — Dizem que entrou em segredo no dormitório da Princesa, mas foi visto e assassinado. Quando vi o corpo, era o próprio Jedair.

    Yester não pode esconder sua irritação, então tocou sua testa e gritou:

    — Se escondeu no dormitório da Princesa e morreu? Isso faz sentido?!

    — …

    — Não há nenhuma ligação comigo? Se desfaça imediatamente da mansão e dos serventes que lhe foram dados. Entendeu?

    — Sim, Duque!

    Nesse momento, três homens encapuzados entraram no escritório.

    Assim que os viu, sua irritação desapareceu e um agradável sorriso surgiu em seus lábios.

    — Oh, os esperava, por favor, sentem-se.

    Disse aos homens e piscou ao seu assistente para que saísse. Quando não havia mais ninguém além deles no escritório, Yester se sentou também e falou:

    — O que aconteceu para que me buscassem? Tinha muita vontade de prestar meus esforços.

    Uma voz áspera surgiu de um dos homens encapuzados:

    — Não é algo com que deva se intrometer.

    Yester sabia bem.

    — Mas não precisam de ajuda?

    O homem tirou algo de seu bolso com suas mãos cobertas por luvas de couro negro, nelas estava um elixir.

    Os olhos de Yester brilharam, sabia para o que servia. Depois de tudo, tem sorte, os céus devem ter enviado estes magos para colocá-lo no trono.

    — É uma coisa muito preciosa…

    — Há uma pessoa no Palácio que buscamos.

    Yester curvou os olhos.

    — Haverá outro evento digno de ver nesta competição de caça, portanto poderá conseguir o que quiser nesse momento.

    O homem encapuzado pôs a garrafa de elixir sobre a mesa.

    — Espere.

    Desapareceram como fumaça. Yester tirou uma pintura da parede e pôs o elixir no compartimento do interior, logo murmurou:

    — Há alguém que buscam no Palácio.

    Então, primeiro averiguou quem era e um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.

    — Talvez possa conseguir mais elixires?


    O início da temporada social é próximo à saída da Academia Imperial, os nobres dão grande importância a essa temporada, pois, para eles, é mais importante estabelecer conexões nesta época. E por isso, Raphael pôde usar comodamente a biblioteca imperial.

    Esquivou todas as pessoas e usou vários truques para poder entrar em uma esquina que nunca antes havia estado. Os títulos ali eram ainda mais desconhecidos.

         Magia Antiga,

    Por que os magos desapareceram?

    Lenda do elixir. 

    Raphael suspirou, não tinha conhecimento algum sobre essa área, portanto não tinha ideia de qual livro ler. De qualquer forma, não sabia o que fazer e não tinha um lugar que buscar conselhos, então começou a tirar livros tanto como pôde e dentre eles, um título lhe chamou a atenção.

    — O jardim mágico…

    Raphael pegou alguns livros, pensou um momento e também pegou — O jardim mágico— , se sentou no chão de um canto da estante, não na mesa, como fazia quando tinha aulas na Academia.

    Como quando era jovem, não tinha espaço suficiente ali para esticar as pernas, então ficou com uma perna dobrada sem apoio e a outra apoiada contra a estante. A luz do sol que vinha da janela era suficiente para que não precisasse também de uma lâmpada.

    Começou a folhear os livros com os braços sobre os joelhos verticalmente, sem muito que dizer, pois a maioria se centrava no desaparecimento dos magos e quão grande era o elixir criado.

    — Fazer um elixir requer o sangue do mago…

    Às vezes capturavam um mago mais fraco e os convertiam em elixires, costumeiramente morrendo por hemorragia. Raphael franziu o cenho e pegou o próximo volume. Era o jardim mágico e quando abriu o livro, começou inesperadamente a falar.

    Os magos poderosos tem seu próprio jardim, que floresce com poder mágico absorvendo vida e continua florescendo novas flores.

    Um mago com jardim pode criar um novo mago, mas seu preço é a vida deste.

    A qualidade e tamanho da capacidade mágica para fazer florescer variam com a duração do contrato, mas o talento do indivíduo é uma parte muito importante.

    Às vezes aparecem humanos com talentos extraordinariamente poderosos em comparação à vida útil que dedicam, mas estes novatos devem ter cuidado.

    Porque o poder da magia sempre é em troca de sua vida.

    Como conseguir a magia? Jardim mágico? Esperança de vida? Era um livro completamente diferente aos que havia lido até agora.

    — O dono do jardim negro troca habilidades mágicas por uma vida, há uma rosa negra nas costas do mago que fez o intercâmbio…

    Rapidamente passou ao próximo capítulo: Há três categorias principais de magos.

    O dono do jardim negro, um mago natural, o mago por contrato que negociou sua vida.

    Um mago natural é um ser humano que desenvolveu poderes mágicos desde o nascimento. Não é suficiente somente classifica-los como novos humanos.

    Tem as qualidades para se converter em proprietários dos jardins, mas estão longe de serem os proprietários dos jardins negros.

    O poder do dono do jardim negro está mais além da imaginação. É bom perder a esperança a menos que um mago natural tenha a magia de lidar com o tempo e espaço.

    Os magos naturais costumam ter fortes habilidades de luta e podem roubar a rosa, o contrato do mago pelo que trocou sua vida. Nesse caso, o mago cujo contrato foi incumprido, morre.

    Seus olhos ficaram quentes. Não, melhor dito, ardiam? Não o sabia realmente, sua visão parecia borrosa e uma dor terrível e desconhecida emergiu de seu corpo, sua respiração se agitou antes que notasse.

    Toc.

    O livro caiu de sua mão e terminou no piso, apertou as mãos sobre os olhos e parecia se sentir mais incômodo que quando apertava a mão dos outros e falava com dezenas de pessoas no salão de banquetes ou quando seu pai o olhava com desprezo.

    “Por quê? Por que demônios?!”

    Não, deve ter sido uma ilusão, se confundiu por um momento. Não houveram balas disparadas e o atirador foi dominado desde o princípio.

    Sim, isso tem sentido, deve ter sido a obra de um escolta secreto quando roubou o armazém de pólvora de Yester, mesmo na noite que pensou que compartilhavam um só coração completamente…

    — …

    Raphael pôs todos os livros em seu lugar, como alguém que nunca tinha lido tais coisas como retroceder o tempo, voltou a ter um olhar perdido. Estou acostumado a fingir, o esteve fazendo desde que tinha dez anos.

    As pessoas riam quando estavam felizes, choravam quando estavam tristes, mas ante sua mãe, pai e família, mostrava não ter emoções. Cayena apareceu em sua vida desértica, nunca poderia renunciar essa pessoa. Uma mente fraca não resolve a situação e o sabia bem, então esteve lidando constantemente com isso e essa vez foi o mesmo. Mas, e se Cayena houvesse trocado sua vida útil?

    “Pobre de mim.”

    Essa foi a razão pela qual perguntara o que faria se morresse amanhã? Não tinha nada de medo. Mesmo se uma faca voava frente a seus olhos, tinha menos medo. Assim que, durante a guerra, o deram o apelido de juiz por sua atitude dura e fria, mas essa vez… Estava tão assustado e tinha realmente medo.

    Raphael subiu silenciosamente na carruagem, esteve confuso todo o caminho de volta a vila. Como se fosse um garoto perdido, sem entender nada. Agora estava conhecendo pouco a pouco a felicidade, se sentia ansioso e atuou cuidadosamente, mas ainda era o mais precioso que possuía.

    Cayena é uma maga por contrato e trocou sua vida, assim que… assumindo que poderia morrer imediatamente por trocar grande parte dessa vida, se sentia asfixiado agora que entendia tudo. Descobriu a causa de todos esses momentos em que ela o afastou, vacilou e demonstrou confusão. Devia ser uma pessoa que se sacrifica e está comprometida com a vingança?

    — Mestre.

    Quando ele levantou a cabeça, Jeremy viu sua expressão confusa.

    — Agora…

    Mesmo antes de terminar suas palavras, Raphael olhou para alguém no jardim e seu ritmo se deteve.

    — …

    Sua pele clara e brilhante, cabelo loiro semelhante a luz do sol, seus olhos ligeiramente caídos de cor azul topázio. Ainda que fosse um homem de meia idade, possui uma grande beleza, voltou seu olhar a árvore do jardim.

    — Chegou?

    Como se houvesse perdido a voz, não houve nada a ser dito no momento.

    — Pai…

    Leo Francis sorriu ante sua chamada, como se fosse um pai amoroso. Alguma vez havia sorrido dessa maneira a ele? Jurava que nunca ocorrera. Isso se deve a que, quando o chamava de pai, sempre voava em sua direção uma garrafa de álcool ou um cinzeiro, mesmo quando o buscava para uma visita.

    — O que está fazendo aqui?

    O homem respondeu:

    — Passou um tempo que lhe vi, mas sequer me oferece uma xícara de chá?

    Sempre foi carinhoso e amável, era o que escutava de outros, que seu pai era uma pessoa que fala desta forma. Mas com ele, o tratamento era frio desde sua infância. Raphael assentiu, se sentindo um pouco cansado.

    — Entremos.

    Os serventes da vila estavam prontos para receber os convidados e continham a respiração. Leo Francis olhou a série de ações com um sorriso.

    — Também é um Kedrey.

    Não era o mesmo discurso cheio de ódio de antes, Raphael apontou para o assento.

    — Sente-se e relaxe.

    — Está bem…

    Se sentaram ambos. Leo inclinou a cabeça enquanto tomava um gole do chá que o serviram.

    — O chá tem um sabor forte.

    A Duquesa Noah gostava do sabor do chá preparado, portanto os membros da família Kedrey costumavam prepara-lo desta maneira, mas era algo amargo.

    — Se não se adapta a seus gostos, pedirei outro.

    Seu pai negou com a cabeça ante suas palavras.

    — Não, não sabia que tinha esses gostos.

    Falava como se o culpasse por sua indiferença, era abominável até o ponto de ser doloroso seguir escutando.

    Raphael perguntou:

    — Por que está aqui?

    — Já te disse que fui ao Grande Templo…

    — Isso não é certo, verdade?

    — …

    Seu pai ainda seguia sorrindo e deixou a taça sobre a mesa, seus bonitos olhos azuis se dirigiram a Raphael.

    — Vim buscar meu filho.

    Seu filho? As palavras deixaram sua mente e coração em branco. Pensou ter se tranquilizado, mas pouco a pouco aumentavam as batidas. Raphael se perguntou se não era demasiado tarde.

    — O que quer dizer com filho…?

    Não é como que suas expressões mostrassem a dor de saber que Leo Francis sabia que teve um filho com a Imperatriz.

    — Como diabos o soube?

    O Imperador disse claramente que seu pai não sabia disso, a ex-Duquesa Noah não poderia ter dito, seu pai seguia sorrindo amavelmente. Se sentiu intranquilo de novo.

    — Pode ser que se sinta um pouco envergonhado, o entendo, me surpreendeu saber disso a algum tempo.

    A voz suave e gentil de seu pai se converteu em uma espada que cortou-lhe os ouvidos, queria deixar de escutar imediatamente, mas seu pai não deixou de falar.

    — Sabes que não tive uma boa relação com sua mãe.

    Então, era uma história que valia a pena?

    — Não é comum na sociedade aristocrática ter ao menos um filho fora do casamento?

    Foram palavras tão descaradas que era difícil para Raphael escutar mais dessa história.

    — Então, sabes quem é?

    — Ah…

    Seu pai sorriu estranhamente e se apoiou profundamente contra o sofá, agora esperava que Raphael falasse. Talvez, dependendo da resposta, Raphael cometesse um crime hoje. Deliberadamente não tirava seu fino abrigo de inverno, pois dentro dele continha uma arma.

    — Bem, acabo de descobrir que posso encontrar meu filho.

    Isso é correto? Estava ocultando a verdade? Quem o disse? As suspeitas estavam ali, seu pai falou calmamente:

    — Mas quando vejo seu rosto, vejo que parece a mim e sua mãe biológica, o suficiente para reconhece-lo de um olhar.

    Não pensara que seu pai tivesse um sentido de paternidade. Entretanto, era demais falar de maneira aberta e casual sobre injustiça diante de seu filho.

    — Pode haver escândalos no mundo social. Ainda acha que pode encontra-lo?

    — Raphi.

    Raphael apertou inconscientemente o punho ante o apelido, odiava escutá-lo, não se atreva a fingir ser amável comigo.

    Era desagradável e repugnante apesar de que não havia contato com seu pai a uma distância moderada. Pouco depois de que descobrisse tal impactante fato, foi porque sucedeu algo terrível que o atormentou novamente? Era mais difícil que o habitual permanecer no mesmo ambiente que os outros.

    Sua face e expressão pareciam indiferentes a seu pai, Leo Francis franziu as sobrancelhas diante das palavras de Raphael e o culpou:

    — É seu irmão mais novo, não fale tão grosseiramente.

    Dito isso, o corpo de Raphael se esfriou, a frieza de seu pai não parou ali:

    — Alguma vez disse que o sentia? Nunca lhe pedi para que cumprisse seu dever como filho? Sequer te repreendi por fazer um pedido de divórcio.

    — …

    O divórcio foi vontade de ambos pais e a razão foi porque a família Francis exigiu repetidamente uma pensão alimentícia ridícula.

    Sua mãe não queria fazer as coisas fáceis para seu esposo e família, mesmo se uma espada se cravasse em sua garganta e morresse de imediato. Assim que realizaram um divórcio discreto, Raphael, que viu a briga e toda sujeira, fez uma grande doação ao Grande Templo e agora era culpado.

    — Pai, posso perguntar que título recebeu?

    Seu pai ficou envergonhado e disse em voz baixa:

    — Herdei o título de Visconde.

    Raphael fechou lentamente os olhos e logo os abriu, torcendo o canto da boca.

    — Alguma vez se arrependeu por não ser um bom pai, Visconde?

    — Cuida do seu modo de falar com seu pai, Raphael!

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