Capítulo 129
Cena 23, Temporada de caça (I)
Um dos distritos de entretenimento mais prósperos da capital, Elquiem¹, é um lugar chamado Noble Night Street². Ali, se encontra uma mansão incomumente grande e colorida, a mansão do Conde Zodiac. As pessoas que a visitam e os que ali trabalham levavam máscaras, então Cayena e Jedair se infiltraram, fingindo serem visitantes mascarados e disfrutavam.
— Continuemos!
— Sim!
Com o estalo do grito de Jedair, o sinal para que os seus entrassem em peso foi dado.
Ante tal situação repentina, os homens de Yester estavam confusos.
— Detenham-se! Prendam todos!
— Ahhh!
Os cavaleiros que começaram a entrar estavam armados e começaram a destruir tudo que Yester tinha conquistado. Usar uma arma facilitaria muito as coisas, mas também permitiria que o exército do Palácio se movesse. Era uma regra implícita que não se usasse armas nas ruas do submundo. O lugar se transformou em um campo de batalha, Cayena caminhava por ele calmamente entre tal mundo congelado.
Passeou entre todos, acendeu uma lâmpada e, quanto menor a luz, mais fácil de ativar. Deteve o tempo para evitar que seus aliados terminassem feridos, de forma que o parava em momentos de perigo. A sala de jogos no primeiro piso da mansão rapidamente se tornou um desastre.
Cayena varreu as lâmpadas com uma barra de ferro nas mãos para que os nobres fugissem mais rápido.
— Oh meu Deus!
As lâmpadas dispostas em fila se romperam e chicotearam em todas as direções, suas chamas se espalharam e a mansão começou a se incendiar.
— Há fogo!
Os nobres, que disfrutavam a diversão mascarados já gritavam e corriam para fora.
Então foi audível uma voz familiar.
— Nunca convidei uma louca à minha casa.
Era Yester, o homem de máscara de raposa.
— É você, Madame Medea?
Perguntou como se fosse devorá-la. Entretanto, ela não só não respondeu, como brandiu sua arma em direção a Yester.
Boom.
Deu um passo atrás com assombro, como se não soubesse que ia terminar assim.
— …
Cayena tinha controle do tempo, mas nenhuma habilidade especial de combate. A reação de Yester era rápida mesmo que ela a diminuísse.
Yester apertou os dentes e disse a Cayena vestida de negro:
— Se o proprietário aparece, não tens de cumprimentar? Te vi rondando minhas ruas estes dias.
Meteu a mão em seu jaleco e sacou uma arma.
— Já sabe, a raposa não costuma cumprir regras.
Não importava como, não podia se mover mais rápido que uma bala.
Bang!
Cayena correu para frente, tornando o tempo mais devagar. A bala foi disparada e chocou com a barra de ferro, ricocheteando para a cintura de Yester tal como esperava.
Crack.
— Ahh!
Yester gritou como uma besta pela dor terrível que atingiu seus órgãos.
— Mestre!
Seus subordinados também sacaram as armas e apontaram a Cayena. Entretanto, Jedair foi um pouco mais rápido.
Boom!
Cayena também havia obtido armas de fogo de Jedair, não apenas Yester que teve intenção de desobedecer às regras em primeiro lugar.
Enquanto isso, Yester agarrou sua arma e olhou Cayena com os olhos cheios de ódio.
“Tem grande coragem.”
Cayena atrasou o tempo para evitar a bala, mas dessa vez rompeu o braço que segurava a arma.
— Ahh…
Yester gritou afogando um gemido.
— Maldita seja!
Boom!
De algum lugar vinham as explosões, pareciam haver muitos explosivos na mansão. Também havia um armazém de pólvora, então supôs haver tal dispositivo.
Cayena riu atrás de seu véu.
— Retirada!
Sua voz ampliada com magia soou com um tom de burla.
— Obrigada por poupar o esforço, Yester.
O que fazia realmente no submundo? Na realidade, não tratava de mudar o dono da rua, se não de mostrar para a comunidade aristocrática que Yester havia perdido seu poder. Portanto, ele não poderia suportar os nobres que pensavam como animais e o usavam para alcançar o trono.
— Você…!
Yester olhou Cayena sem sua máscara de raposa, com o rosto exposto.
— Sabe quem sou e faz isso?
— Tão irritante.
Cayena não queria falar mais, então levantou a barra de ferro para romper sua perna.
— Curandeiro!
Algo agarrou sua barra de ferro, então se deu a volta com assombro, mas não havia ninguém. Algo parecido a fumaça negra envolvia sua barra de ferro e a corroía, antes que chegasse a sua mão, Cayena soltou a barra de ferro.
Crack.
Se corroeu e se converteu em pó oxidado que caiu ao chão.
Isso era magia.
“Há outro mago!”
Essa pessoa soltava uma energia muito sinistra. Não, uma só pessoa? Pode haver vários. Cayena tentou deter o tempo, mas como já estava cansada, se sentiu tonta.
— Vadia estúpida!
Yester tirou o elixir do colete e o bebeu, se recuperando. Deu um golpe em Cayena com os olhos cheios de ódio, mas ela não teve tempo de se preocupar com isso.
Pam.
Um homem com máscara de gato apareceu de repente e agarrou o braço de Yester.
Yester chutou o homem sem duvidar. Entretanto, a aparência do oponente desapareceu como um espelhismo, só então se dera conta de que o homem de máscara de gato também era um mago.
— Magos, me ajudem! Aqui está quem buscam!
Bayel, o da máscara de gato, agarrou a cintura tremulante de Cayena e fechou o escudo ao redor da fumaça negra, disparando como uma flecha para a frente.
Clang, clang!
A mansão colapsou rapidamente e três homens encapuzados apareceram nas ruínas.
O homem mais baixo do meio brincou.
— O dono do jardim negro veio até aqui.
Bayel tentou desaparecer com Cayena, que suava e estava confusa.
— A mulher é minha.
— Deixe de dizer bobagens.
Então o homem tirou o capuz que usava, seu rosto mostrava uma loucura inquietante, mas havia algo estranho, pois se parecia a Bayel.
— Não decidiu não intervir em assuntos humanos, irmão?
— Quem é seu irmão!
— É triste, é minha única família.
Bayel rangeu os dentes.
— Oh… Talvez gostasse de visitar o jardim negro.
Os olhos do mago parecido a Bayel mudaram de forma repentina e explodiu fumaça negra dele.
Foi então que disse:
— Não se irrite.
Claaang.
A fumaça negra explodiu e desapareceu antes de se aproximar de Bayel e Cayena, que havia estado se retorcendo, se pôs de pé com um suspiro, o suor frio gotejando de sua cabeça, mas a consciência a fez retornar com uma mente mais aguda, rindo do homem que parecia Bayel.
— De qualquer forma, estas coisas são entre irmãos.
Ela se aproximou dele, torceu o espaço-tempo e esteve a ponto de apagar a outra pessoa do espaço assim, mas o oponente não era fácil, desapareceu em fumaça e reapareceu em outra parte.
— Ah, essa é uma habilidade realmente genial!
Cayena aplaudiu com cara de alegria.
— Realmente… Quero fazê-la minha agora mesmo!
— Basta, Cain!
Bayel explodiu em raiva, mas o mago, Cain, não se importou e aumentou a fumaça negra pra formar uma mão enorme, a balançando amplamente.
Plaf.
Tudo que a fumaça tocava se corroía e derretia rapidamente. Nesse momento, Cayena agarrou Bayel e alterou o espaço.
Plaf.
Entretanto, ainda estava esgotada, portanto, ao sair da mansão, seus joelhos estavam fracos.
— Tenha cuidado.
Quando ela tropeçou, Bayel ajudou.
— Como tem um irmão mais novo assim…?
Enquanto ela ofegava, Bayel com expressão irritada disse:
— Seu irmão é pior!
Ele se sentia injustiçado.
— E agora, esse não é meu irmão! Os magos são seres independentes!
Então Cain surgiu da mansão com a fumaça negra e com uma expressão triste disse:
— Está dizendo coisas tristes, irmão. Quero mata-lo.
Bayel suspirou e disse a Cayena:
— Corre enquanto luto contra ele.
A fumaça branca surgia de Bayel, Cayena sentiu institivamente que seria perigoso usar mais magia.
Boom.
Se apressou a mover no espaço. Mas o que queria o mago? Ela se perguntava enquanto se movia no espaço.
Só se deu conta de que não tinha nenhum conhecimento sobre o mundo mágico, já que tudo que sabia era que o mago era uma identidade bastante independente. Assim que sequer pensou que poderia se unir a outros magos exceto Bayel, já que na novela que leu, não havia outro mago além de Bayel.
— Bayel parece saber porque o homem chamado Cain apontava a ela.
Lhe disse que entregasse o jardim negro? Era como se fosse o Imperador deste lugar, parece que necessitava Cayena para isso, mas olhando suas ações, não tinha intenção alguma de mantê-la viva.
“Pode tomar meu poder?”
De todas as formas, por agora precisa se concentrar em voltar ao seu dormitório, recuperar energia e se esconder.
As ruas estavam envoltas em caos devido as explosões na mansão do Conde Zodiac, havia pessoas fugindo e enchendo as ruas, os delinquentes estavam soltos, cavalos e carruagens corriam loucos tratando de sair.
Cayena suspeitava de qualquer um, portanto era difícil que a pegassem. Se estivesse em boa forma, não teria medo de nada, mas não estava bem.
Agora suas pernas estavam tremendo e sua vista escurecendo, era impossível usar magia continuamente nesse estado, teve de deter a magia de alteração espacial e voltar ao esconderijo enquanto se ocultava no escuro tanto quanto fosse possível, tudo que tinha de fazer era chegar.
— Afastem-se do caminho, movam-se!
A carruagem que transportava os nobres corria sem piedade, com ou sem gente na frente, ele passava pelo beco em que Cayena se escondia.
— Se não querem morrer, afastem-se!
Varias carruagens passaram de uma vez só pelas estreitas ruas, os cocheiros gritavam com um rosto amargado e conduziam os cavalos.
Bam!
Alguém a agarrou.
— Venha por aqui.
Uma voz suave surgiu sobre sua cabeça.
— …
O homem envolveu suavemente Cayena e se moveu para evitarem a carruagem. Ao levantar a cabeça, viu um homem com máscara de lobo negro.
— É esse o homem na mansão de Zodiac hoje?
Mas sua voz, altura, físico e a gentileza com a que a tocou lhe era familiar.
É Raphael.
Quando finalmente se deteve frente ao esconderijo, Cayena se girou a ele.
— Como soube?
— Se é Madame Medea, a observei desde sua aparição.
Era surpreendente que visse os gangsters que apareciam nas ruas do submundo, mas o fato de que também soubesse suas identidades, era estranho. Ele abriu a porta, como se estivesse familiarizado, até mesmo reconhecia a localização oculta do edifício.
— Entremos.
Segurou a mão que ele lhe oferecia e entrou com seu apoio, quando ele entrou no local em que não era acessível ao exterior, tirou a máscara, negou com a cabeça e arrumou o cabelo.
— Como me reconheceu?
Quando voltou a perguntar, ele olhou fixamente ao véu negro que a cobria, como se pudesse ver através dele.
— Se não for magia, então não há explicação.
Ante suas palavras, Cayena se calou.
— Como soube que era magia?
Raphael era uma pessoa comum que sequer sabia que a magia existia neste mundo. Mas como soube que era magia e que também era uma maga? Certamente…
— Estava fingindo dormir nesse momento?
Não havia outra explicação exceto no dia em que ela o visitou.
Ele não respondeu, mas apertou suavemente o rosto sob o véu com as mãos. A pálida luz da lua atravessava uma pequena abertura e iluminava o rosto de Raphael, que tinha uma expressão cheia de dor.
— …
Não podia respirar.
Seu coração batia de maneira selvagem. Esse homem o sabia. Sabia que tinha trocado sua vida para ganhar poder mágico…
Ela apertou os lábios e logo o chamou de forma cautelosa:
— Raphael…
Ele fechou os olhos e os abriu lentamente, endurecendo sua expressão.
— Posso saber quanto tempo lhe resta?
“O sabia.”
Sentia tristeza, mas aguentou.
“É impossível que Bayel o tenha dito.”
Parecia ter buscado informação sobre a magia, Cayena vacilou e falou sinceramente:
— Troquei metade de minha vida.
Enquanto falava, segurou a mão dele.
Os olhos do homem se agitaram. Ela queria que ele se irritasse com ela e não que a tratasse pacientemente.
— Pode se irritar sobre como o fiz, não pensei sobre você ficar vivendo só sem mim.
Ante suas palavras, ele negou com a cabeça e baixou as pálpebras.
— Como posso fazer isso?
Ele sabia melhor que ninguém porque tomara essa decisão.
¹ Anteriormente era dito Eldigm, mas o nome na tradução espanhola mudou para Elquiem.
² Nobre rua da noite ou Rua noturna dos nobres.
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