Capítulo 131
Volume 5: Cena 23, Temporada de caça (II)
O dono do submundo mudou.
Esse fato parecia não ter relação com a sociedade aristocrática, mas por trás, todos gritavam: — É o fim do Conde Zodiac! —. Alguns nobres sabiam da identidade de Yester como Conde Zodiac. Mas quem foi a mulher que se atreveu a derrotar o Duque Heinrich? Todos começaram a prestar atenção nos movimentos de Madame Medea, que derrotou o antigo proprietário.
Yester perdeu o que poderia ser chamado seu poder central no submundo.
Ainda assim, a situação não favorecia Rezef. Tanto o Príncipe, quanto Yester tinham um poder ridiculamente fraco, apenas Cayena ganhava poder.
— Oh, Duque Heinrich, chegou?
Yester havia chegado e cumprimentava as pessoas.
— Era um pouco tarde para preparar as ferramentas de caça.
— Bem…
A outra pessoa sorriu estranhamente ao ouvi-lo.
“Esse pequeno animal…”
A cabeça de Yester se inclinou ligeiramente e seus olhos mudaram.
— Oh, então deveria me vestir para a caçada.
O nobre se sentiu incomodo e escapou rapidamente. Tão logo quanto Yester chegou em sua tenda, explodiu em ira. Já havia suportado demais.
— Ainda não encontrou essa maldita cadela!
— Sinto muito, Duque.
— Ah… Se atreve a me desprezar por coisas que sequer pude fazer.
Sua cabeça doía e serviu um copo de conhaque e o tomou com um só gole.
— Essa competição de caça é sua oportunidade, está bem preparado, correto?
— Não se preocupe, não importa quanto os Paladinos tenham vasculhado a área, não poderão encontrar nenhum rastro das bestas.
— E os barris?
— Os empilhei próximo às barracas.
Suas palavras fizeram surgir um sorriso sinistro no rosto de Yester. Os barris de rum eram apenas fachada, em realidade eram pólvora.
— Agora só preciso encontrar Medea e destruí-la.
Graças ao elixir, seu corpo machucado voltou ao original. Entretanto, o mesmo não apagou a dor de sua memória.
Madame Medea não apareceu pelas ruas noturnas desde o enfrentamento deste dia. Yester se pôs frenético e gastou dinheiro tentando averiguar a identidade da mulher, mas não encontrara o que diabos esteve fazendo sem importar o quanto gastasse.
“Medea… Quem diabos é?”
Agora mesmo, com o dinheiro investido no submundo, não muitos possuem tal riqueza. Além disso, o mago de máscara de gato a protegeu do nada?
Existia a possibilidade de que tal mago fosse o buscado pelos homens de capa negra. Era lamentável que o mago encapuzado corroesse tudo e não pudesse escutar sua conversa porque teve de fugir.
— Primeiro deve averiguar quem é o buscado pelos magos, é muito provável que seja ele quem assistirá ao acampamento hoje.
— O investigarei.
Quando os magos começaram a lutar, intuiu que se não fugisse, não escaparia da morte. Seus instintos primitivos sempre o salvaram da morte e Yester também sobrevivera essa vez.
— Tudo iria bem apenas se a Princesa se embebedasse.
Estalou a língua e murmurou:
— O que diabos está fazendo agora?
Não foi bom que ela tenha aumentado sua popularidade entre o povo do país.
Sim, em qualquer caso, com a tomada do poder, Cayena como Imperatriz seria tão poderosa que seria difícil controlar.
— Por que estou tão irritado se,se trata da Princesa ou Madame Medea, não importa?
Madame Medea era uma mulher louca, então não se preocuparia por isso, como se não se importasse por sua identidade.
— O Duque Kedrey tem algo a ver?
Se são as três famílias principais do Império, só a família imperial…
Yester se deteve.
— A família imperial?
Teve um estranho pressentimento que o percorreu, quando esteve prestes a mergulhar na ideia, ouviu:
— Duque, está ai?
Uma voz o chamava de fora da tenda.
— Quem é?
— Chegou um convidado.
“Convidado?”
Enquanto se perguntava de quem se tratava, a porta se elevou e uma pessoa inesperada surgiu: uma beleza loira de olhos azuis sorria. Yester arqueou as sobrancelhas e lhe saudou.
— Saúdo Vossa Alteza o Príncipe…
Era Rezef, que o saudou com um sorriso próprio de sua bonita face.
— Vim aqui cumprimenta-lo antes de adentrar o campo, não estou incomodando, verdade?
Sequer era divertido, desde quando trocavam cumprimentos e mostravam sorrisos? Entretanto, Yester só abanou com a mão.
— Ah, não o é, também é bom termos tempo antes da competição.
Os homens não eram compatíveis em caráter, mesmo se competiam pelo trono. O lado ganhador terminará golpeando o pescoço do oponente, por isso nunca estiveram a sós assim, era um grande problema se sentassem um de frente ao outro e envenenassem o chá que bebiam.
Mas assim o fizeram antes de começar a competição.
O assistente de Yester preparou o chá e levou. Por suposto, não se falaram.
“O Príncipe não é alguém que viria a minha tenda apenas cumprimentar.”
Yester arregalou os olhos e disse:
— É realmente inesperado que Vossa Alteza venha atrás de mim.
Rezef só tinha dezoito anos, mas sua astucia e crueldade estavam mais além do sentido comum, mesmo Yester se abstinha de golpeá-lo de frente.
Esse Principe louco era o tipo que fazia as coisas fielmente por emoção, sem medir as consequências, não era como se estivesse atuando após considerar perdas e ganhos.
Rezef olhou a xícara de chá e a colher de prata frente a si. Era realmente de prata?
Pôs açúcar no chá e o revolveu com a colher, não houve mudanças na mesma.
— Tenho uma sugestão.
— Qual seria?
Rezef tinha uma razão para visita-lo hoje.
— Proponho uma aliança temporal com o Duque. — Yester deixou então de fingir relaxamento enquanto bebia o chá.
— Se é uma aliança temporal… qual seria o propósito?
— Minha irmã mostrou sua vontade pela luta pelo trono.
Crack.
A xícara quebrou nas mãos de Yester, molhando suas mãos e a toalha de mesa.
— Disse que a Princesa Cayena demonstrou vontade de lutar pelo trono? Oh, sinto muito, estava tão surpreso que não pude controlar a força. Assim que todos seus movimentos até agora eram para se converter em sucessora?
Yester perguntou.
— Quer formar uma aliança e impedir o surgimento de um novo sucessor?
— Pretendo depor minha irmã.
— …
— Está louco.
Yester engoliu as palavras que quase solta. Depois de tudo, esse Príncipe estava louco, mas gostou de seu plano.
— Como pretende depô-la?”
— Isso é…
Rezef beliscou a colher que não mudara de cor, Yester reconheceu rapidamente o plano.
— Estou planejando envenenar o Imperador e culpá-la.
Se tiver êxito, seria um grande plano. Mas e se falha? Não achava que pudesse voltar a sorrir.
“A Princesa fez com que essa pessoa se tornasse completamente louca.”
Pobre idiota, não sabe que tipo de desastre ocorrerá logo e está prestando atenção ao que não deve. Yester recebeu a algum tempo notícias interessantes de que o Príncipe não era de fato filho do Imperador, mas sim do ex-Duque Leo Kedrey.
Não Leo Kedrey, mas seu trabalho.
De todas as formas, foram os magos com túnicas negras que o deram tal informação. Essa boa notícia era bem conhecida, Yester se pôs em contato de imediato com Leo: — Encontrei o filho que teve com a Imperatriz.
Rezef falou com Yester, que já sentia sensação de vitória, com um rosto inexpressivo:
— Escutei a desafortunada história que aconteceu ao Duque.
— Do que fala? — Rezef disse.
— Parece que minha irmã desaparecia em algum lugar pelas noites.
Cayena liderou um grupo de guardas no Palácio todas as noites com a desculpa do homem que entrou no seu dormitório. Logo deixava-os vigiando para que não entrasse ninguém.
Rezef duvidava de tudo, o fato de que o homem chamado Jedair entrara sob recomendação de Zenon Evans, fez algo fora do normal e sua irmã o matou.
Rezef conhecia sua irmã melhor que ninguém, ela nunca seria capaz de matar alguém. Sequer pode matar esse Henberton Gillian?
— Sabe o que aconteceu no mercado negro?
A cabeça de Yester começou a doer de repente. De que diabos se tratava isso tudo? Não conseguia pensar com claridade, mas seu corpo se pôs rígido e sentiu um calafrio.
— Isso é o que descobri.
Logo seria o momento de montar num cavalo e partir para o bosque, então Rezef se levantou.
— Pense sobre.
Ele saiu da tenda e Yester levantou a cabeça para olhar o teto da mesma.
— Então a Princesa…
Seus pensamentos confusos começaram a clarear.
Uma mulher de enorme poder econômico e a voz fria que falava com indiferença, essa personalidade inquietante o lembrava alguém.
— Hahaha…
Soltou uma risada de loucura e cobriu os olhos com a mão. Era tão patético que não se dera conta até agora, terminou de rir e rangeu os dentes.
“Ah, por que não o imaginei?”
Yester se viu sob uma ira incontrolável que o deixou tonto.
Era a Princesa, estava seguro.
Sim, não tinha motivos para que o Principe Rezef falasse de um plano que estava contra si. Sabia que Yester se irritaria e aceitaria a aliança, era alguém astuto.
— Ahh!
Era um plano perfeito, Yester parecia estar ficando louco, sua única vontade era matar a Princesa de imediato.
— Vou matar todos.
Seus olhos dourados brilharam com intenções assassinas.
Quando o calor da tenda diminuiu um pouco, Cayena acordou. Raphael a abraçou por detrás.
— Falta pouco para começar a competição.
— Não importa.
Em primeiro lugar, não se importava pela competição em si. Cayena se apoiou contra ele e tomou um breve descanso antes de levantar e voltar a vestir o vestido e enfeites jogados ao chão, recuperando a aparência com a qual chegara, mas com uma fatiga acumulada, ainda não pensando em beber o elixir.
“Se supõe que deva bebê-lo sempre que ocorrer algo assim?”
Não era fácil lidar com a resistência de Raphael, que esteve completamente absorto em Cayena, mas por alguma razão sentia como se estivessem ficando sem tempo.
— Que habilidade é?
Perguntou ele quando viu que o vestido e as joias voltavam para a posição inicial.
— É a magia de controle de tempo e espaço.
Raphael fez um som entre um gemido e um suspiro. Sabia que ela podia se teletransportar, mas controlar o tempo e espaço, não era o mesmo que ser considerada uma deusa?
— Oh.
Cayena estendeu a mão, mostrando um lenço de seda.
— É um lenço de amantes que vão para a caça, o que há dentro se chama elixir…
Ante a palavra elixir, Raphael franziu o cenho.
— Um elixir que te salva da morte?
Se se tratasse do mesmo, o leu em um livro, no qual dizia que para prepara-lo poderia morrer por hemorragia, mas ainda assim o fez.
— Estudou muito sobre…
Cayena entregou a garrafa e o lenço a Raphael e logo beijou sua bochecha.
— Me preocupa que Yester finja loucura no bosque e lhe dispare com uma arma, beba-o assim que estiver em perigo.
— Sim, Vossa Alteza…
Quando se aproximava o momento de ir ao campo, Baston voltou a entrada.
— Mestre, está dormindo?
Parecia que Raphael não saíra por um tempo, portanto pensou que estivesse dormindo.
— Cuide-se, por favor.
Enquanto ela sussurrava, ele a beijou nos lábios e assentiu. Ela usou magia e voltou a sua tenda.
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