Capítulo 136
Cena 25. O mundo da vilã desapareceu.
Cayena desapareceu. Ante seus olhos, sendo que obviamente a segurou com suas mãos. Mas foi abandonado. Rezef tardou bastante em entendê-lo.
— Onde está a Princesa Imperial?
O rosto distorcido de Raphael foi visto quando Rezef levantou o olhar sem foco. Não pôde controlar-se e sentiu a ira desbordar de sua pele. Era uma ira tão intensa que parecia que o ar ao seu redor estava esquentando.
Só então, gradualmente, prestou atenção aos arredores. O som do sargento lutando, os assistentes sendo presos, os cortesãos gritando, os lamentos e choros… Só Cayena faltava em tal confusão.
— Onde a escondeu?
Seus olhos rodaram.
— Onde escondeu minha irmã?
¹
— Fez com que minha irmã fugisse do Palácio. Se não fosse por você, não me deixaria!
Tinha os olhos bem arregalados, com o rosto distorcido como um demônio e suas palavras foram ditas com muitas estacas.
— Me dê.
Rezef vence o mal e lança o punho em direção a Raphael.
— Me dê, me dê, me devolva-a!
Raphael engoliu forçosamente sua ira e evitou revidar, mas finalmente o acertou no rosto.
Paf!
Rezef, quem foi golpeado por um punho desprevenido, rodou pelo tapete. Raphael não se deteve ali, se não que saltou sobre o mesmo e o golpeou. Estava indignado e gritou, sem usar honoríficos.
— Foi você! Você quem fez com que a Princesa fugisse!
Raphael já não se importava se seu oponente era ou não o Príncipe. A reação de Rezef deixou claro que Cayena tinha partido. Ela escolheu a melhor vingança que pode, a escolha excelente. Tão logo quanto Rezef se deu conta de que havia sido abandonado, se tornou difícil para suportar.
— Por que é por mim?
Seu pescoço se tornou vermelho² e gritou: — Por que eu? Por quê?!
Raphael deu um passo atrás, com um rosto cansado.
Sentia dor como se estivessem rompendo sua cabeça. O mundo pareceu colapsar ante o fato de que Cayena tinha desaparecido. Estava surpreso pelo fato de ela ter de tomar tal decisão, mas não havia nada que pudesse ser mudado. Rezef quebrou tudo que pôde alcançar e explodiu em ira.
— O que fiz? Por que diz que tudo é minha culpa?
Os cavaleiros e outros serventes se retiraram do dormitório com tal atmosfera cruel. Só restaram as duas pessoas no dormitório que haviam perdido ao mesmo tempo Cayena.
Nesse momento, Raphael encontrou o diário jogado ao chão, que não parecia pertencer ao local. O recolheu com uma estranha premonição e tão logo quanto o abriu, soltou um suspiro. Era o diário da Imperatriz. Com ele, Cayena descobriu toda a verdade.
— Lhe disse para ficar apenas ao meu lado e me disse que escutaria tudo, mas por quê diabos não está escutando?
Raphael jogou o diário para Rezef, que ainda lutava.
— Leia.
Rezef, irritado, olhou para baixo. Era o diário que Cayena convocou antes, era por ele que desaparecera?
Rapidamente o abriu e seus brilhantes olhos azuis começaram e lê-lo rapidamente. Logo, os mesmos tremeram gradualmente e a mão que segurava o diário apertava-o cada vez mais. Passou as páginas de uma a uma, como se estivesse quebrado.
— Creio que agora o sabe…
Isso era tudo no diário. Permanecendo imóvel por um momento, Rezef então jogou o diário contra a parede. O mesmo, derrubou os enfeites da chaminé, golpeou a parede e caiu ao chão.
— Ahhh!
Foi o grito de uma besta. Gritou e quebrou coisas em frente a ele. Não lhe importava se suas mãos estivessem sangrando e ficassem cheias de cicatrizes ou se suas bochechas estavam arranhadas pelo vidro.
Então se deu conta de forma desesperada de que já não tinha irmã que viesse limpa-lo. Se ajoelhou no chão, compreendendo por que Cayena dissera isso, por que de repente chorou e por que sentia dó de si mesma. Lembrou de todos os momentos que tentou mudar até agora com suas mãos.
Algo pesado apertava sua garganta, sua cabeça estava confusa e seus olhos ardiam como fogo.
— Desculpa…
A pessoa a quem pedia perdão já desaparecera dali. As lágrimas de Rezef caíram no tapete e orou com fervor.
— Me equivoquei, irmã…
Suplicou como uma criança, rogando de novo: — Fiz tudo errado, por favor, me perdoe. Não se vá assim, por favor…
Entretanto, por mais que rogasse com fervor, sua irmã não reapareceu em frente a si. Realmente havia desaparecido completamente.
Raphael cobriu o rosto com ambas as mãos. O mesmo ocorria a si quando se desse a volta. Entretanto, apenas manteve a razão, mordendo os lábios. Os personagens do cenário preparado por Cayena deveriam se mover de acordo aos seus papeis e seu papel estava claro.
— Sua Majestade acordou!
Raphael ordenou aos cavaleiros que vigiassem Rezef e partiu para ver o Imperador. O guarda que cuidava o dormitório impediu sua passagem.
— Sua Majestade, O Imperador apenas acaba de despertar, a próxima visita…
Raphael ignorou o mesmo e se dirigiu ao dormitório.
— Du-Duque! Não faça isso!
Todos estavam assombrados e rapidamente sacaram suas espadas para detê-lo. Os assistentes de Raphael os confrontaram com um impulso de desagrado.
Raphael abriu o dormitório e entrou. Lá, havia um médico examinando o Imperador que acabava de reviver e o chefe Laden. Ao se aproximar da cama, ele sacou a espada, como se a secasse, e a pôs na almofada que anteriormente o Imperador havia deitado. O rosto de perfil do Imperador se refletiu na espada de prata.
— Duque!
Todos gritaram, mas o Imperador se deteve levantando sua magra mão.
— Todos saiam.
— Ha, Vossa Majestade!
— É uma ordem real.
Todos estavam confusos, mas obrigados e seguir suas palavras. Raphael disse com frieza.
— Destrua o vicioso Príncipe Rezef, que a fez desaparecer por tampouco estava tratando de maltratar Vossa Majestade.
— Hahahahaha…
Não havia vitalidade no riso que brotava de seu corpo, cuja vida quase se esvaíra. Tremeu sem forças, tossindo e dizendo com um rosto cheio de malícia:
— Destronar o Príncipe? Bem, Duque, por que eu o faria?
Sua voz era áspera e rouca, com pouca vitalidade nele. Não, não era vida, era loucura. Raphael grunhiu em voz baixa, dizendo:
— Não é uma recomendação, Majestade.
O Imperador franziu os olhos entrecerrados.
— O Imperador não quer duvidar do Príncipe, Duque.
Uma merda, não é que queira duvidar, mas sim que quer deixa-lo ir!
— Está dizendo que, em contrapartida, sua filha não é importante? A Princesa lhe salvou e diz que ainda pode falar assim?
— Duque Raphael, os filhos devem manter seus pais, e essa criança fez tudo pela piedade filial.
A intensão assassina era densa sob as críticas agudas, incomparáveis a anterior, que subiram até a ponta de sua língua.
Raphael pensou que passaria se baixasse o cabo de sua espada agora, então sua boca deixará de dizer bobagens. Entretanto, o Imperador ainda tinha um papel que desempenhar, por isso Cayena o salvara.
O Imperador riu com orgulho.
Pode adivinhar o que Rezef faria em seguida? O que faria se o público soubesse que seu pai biológico era Leo Francis?
Talvez Rezef apagasse seu pai biológico do mundo e fingisse que nunca existiu. Não, definitivamente servirá. O Imperador sentiu alegria, era o fim da morte em mãos de seu filho, não era, no fim, a vingança perfeita?
— Então passamos ao seguinte assunto…
Raphael tirou a espada da almofada e falou friamente:
— Receba Cathrin Hamel como Imperatriz e ponha Ethel como sucessor oficial.
— Hahaha! — O Imperador explodiu em uma risada repugnante, intoxicado pela vitória, e respondeu: — Obrigado, muito obrigado, Duque.
Raphael deu a volta e saiu do dormitório sem responder, sentindo como se sua cabeça rachasse e querendo gritar. Mas ele fez tudo racionalmente, colocando um cavaleiro na mansão de Cathrin, para protege-los.
Depois de se mover de acordo com os planos de Cayena, ele desapareceu rapidamente, como se fosse o final de uma pólvora. Sentia como se houvesse perdido tudo, seu espirito rolou pelo barro e quebrou. Realmente poderia se recuperar dessa condição? Era desconhecida a resposta.
Voltou ao ducado e abriu a porta de seu dormitório.
— …
Estava alucinando? Cayena estava dormindo em sua cama, com seus cabelos dourados espalhados.
Ele fechou a porta com muito cuidado para que não fizesse ruído algum. Logo, passo a passo, se aproximou com cuidado da cama e, quando lá chegou, deixou de respirar. Realmente era Cayena, a mulher que pensou ter abandonado tudo e desaparecido, agora dormia em sua cama.
No momento que se deu conta desse fato, a escura sensação que parecia rasgar seu estômago se acalmou.
Raphael vacilou um momento, então foi até a janela e fechou as cortinas. Regressou e fechou as cortinas da cama, logo trancando a porta de seu dormitório. Raphael se ajoelhou ao chão e se apoiou contra a cama, olhando de perto Cayena dormindo. Seu cabelo dourado e sua pele branca, brilhando em uma luz opaca, se tornaram cinza. Parecia como se estivesse descansando na escuridão parcial, seu corpo, coberto com uma manta, inspirava e exalava, causando pequenas ondulações. Tudo era tão maravilhoso de se ver.
Não era tarde demais, graças a deus. Estava muito contente de ter tempo para voltar, loucamente agradecido pela existência de Cayena e por estar ali.
Apertou as mãos e rezou, apoiando a testa contra o punho fechado. Nunca havia rezado a deus no campo de batalha, mas agora o fazia desesperadamente.
“Deus, se não gosta dessa pessoa, não a deixe parar de respirar. A menos que o valor da existência dela exploda, simplesmente não enfrente provas tão difíceis.“
Então ela se moveu e abriu os olhos lentamente. Submergida em escuridão diferente do comum, os olhos de cor intensa o fitaram. Suas mãos deslizaram pela manta, segurando as mãos de Raphael em oração.
— …
Os olhos de ambos se encontraram em silêncio. Havia muitas coisas a serem ditas, discutidas e planificadas. Também era necessário abraçar e consolar a dor, cultivando uns aos outros.
Entretanto, não fizeram nada. Raphael soltou sua mão em oração, tocando a testa de Cayena e seu cabelo.
— Sabia que as rosas se foram e o dia é quente?
Falou em voz baixa, séria, mas suave.
— Por favor, durma mais.
Ela ainda estava dormindo, mas ele disse em voz baixa, cobrindo seus olhos opacos com suas grandes mãos: — Está bem ter um descanso agora.
Os lábios doces que não foram cobertos por sua mão eram pequenos e doces. Ele sussurrou docemente: — Seguirei estando aqui.
Então ele sentiu o farfalhar de seus cílios que picavam sua palma.
Podia descansar, era o que Cayena mais precisava no momento. Logo houve um som leve e ele retirou a mão, cobrindo-a com a manta. Originalmente, não era colocado ninguém próximo do dormitório, mas Raphael indicou a Jeremy e Baston que tomassem controle total da área.
Acendeu uma lâmpada, cuidando para que a luz não a acertasse no rosto e, por um momento, foi ao vestiário e trocou para roupas interiores, colocando a bata negra sem precisar de amarrações e botões, junto com calças interiores.
Toc, toc.
— É Jeremy.
Jeremy trouxe alimentos leves em uma bandeja.
— Não comeu nada hoje?
— Estou bem.
— Não está bem, porque não está. — Raphael lhe deu um tapinha no ombro.
— Obrigado, mas me ocuparei com isso mais tarde. Tenho algo importante para fazer, então está bem se nem Baston nem você passarem por esse corredor.
— Oh…
Jeremy congelou em branco.
“Oh, nunca falou com alguém primeiro…?”
Que Raphael desse tapinhas nos ombros, animando seus subordinados como os demais faziam… Jeremy olhou rapidamente a face de seu mestre, não encontrou nada estranho. Raphael parecia não se dar conta do que tinha feito.
— O quê?
Jeremy, confuso, saiu sem compreender segurando a bandeja.
Raphael voltou rapidamente ao dormitório. Após garantir que Cayena seguia dormindo, trouxe uma pequena mesa e uma cadeira ao espaço ao lado da cama. Seu olhar era como o de uma criança vendo uma borboleta que sairia voando assim que tirasse os olhos.
Ele seguiu ao lado dela até que a luz do sol desapareceu e a luz da lua deixou linhas brancas na almofada. Supunha que deveria estar aqui.
— Mas onde está Bayel? Tem de romper o contrato.
Tentou não ficar nervoso, mas acabou impaciente.
Ele franziu as sobrancelhas com firmeza e prendeu a respiração quando Cayena girou o corpo. Ela voltou a si, seguiu deitada e gemeu, parecendo ter despertado do nada.
— Uh…
Raphael levantou a cabeça e suspirou aliviado. A essa altura, lá fora era como um forno aceso. A ex-Duquesa Kedrey também estava nervosa dada emergência, sem entender por que seu mestre estava preso no dormitório em tal momento crítico.
Entretanto, Raphael passava pelo momento mais importante de todos, sendo esse também o mais tranquilo.
“É como ser um vigia, mas não ter poder.”
Um sorriso seco apareceu em seus lábios e logo saiu. Obviamente havia algo que vigiar, mas não uma espada para proteger. Essa era sua condição agora. Seu olhar se aproximou e caiu em Cayena, que dormia profundamente. Uma luz amarelada passou sobre os seus olhos vermelhos como profundas águas. Raphael ficou em silêncio e passou o tempo. Não havia nada que amasse tanto como o silêncio, mas isso agora era o mais assustador.
Esperava que sua respiração continuasse sem parar. Desejava sinceramente que assim fosse.
Cayena abriu os olhos e pensou — Isso é um sonho. — .
O sol que brilhava era branco e o vento suave. Entretanto, a textura da manta não era a mesma que se usava no dormitório da Princesa. O cheiro tampouco era o de seu dormitório ou o de Raphael naquele momento, então onde era esse lugar?
Enquanto piscava confusa, ouviu uma voz familiar:
— Quando acordar, deveria se levantar, o que está esperando?
Não havia dois do mesmo no mundo, e era um gato descarado: Bayel.
— Me sequestrou?
— Assim como acorda, me xinga!
Cayena levantou da cama, o espaço era de um aspecto branco e sagrado, calçou as pantufas suaves que estavam debaixo da cama e se dirigiu a mesa onde estava Bayel, perguntando:
— Isso é um sonho?
— Muito bem. — Respondeu ele sem rodeios e convocou um bonito jogo de chá na mesa branca.
— É a primeira vez que bebo chá preparado por um gato.
— Pareço um gato, mas não sou um de verdade!
Cayena sentou em frente a ele, fingindo escutar, e se serviu uma xícara de chá do bule com bonitas flores em frente a ela. Sentia o aroma do chá no sonho, mas tudo parecia muito claro, mas algo a fez sentir dúvidas.
— Não bebe o chá por ser um gato?
Bayel tentou refutar não ser um gato.
Cayena passou o dedo pela xícara de cor branco leitoso, linda como um botão de flor.
— Parece que é um chá especial, pois só eu bebo.
“Certamente, essa Princesa…”
Não acostumado a esse olhar desfocado, Bayel disse:
— Bem, é algo mágico que revoga o contrato.
Cayena não mostrou uma reação específica, apenas assentindo suavemente.
— É hora de parar, já não conseguiu o que queria?
— …
— Conseguiu tudo o que queria…?
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