Índice de Capítulo

    Rezef jogou o candelabro empapado em sangue no chão e saiu, com o guarda-costas que o trouxera ainda o esperando lealmente.

    — Organizem-se e digam que Sua Majestade faleceu.

    — Aceito as ordens!

    As coisas foram bem, diferentes de quando sua irmã estava no Palácio, na qual não havia ninguém para detê-lo.

    — Digam onde está Leo Francis agora mesmo.

    Era o momento de se desfazer de Leo. Pode descobrir rapidamente o que o homem fazia, seu assistente se aproximou e, apontando com a cabeça, falou:

    — O Duque Kedrey tem uma pensão fora da capital, o que tenho de fazer?

    Rezef cerrou o punho e pediu ao criado que trouxesse sua capa.

    — Irei ali.

    Havia uma pistola no seu cinturão e tão logo quanto encontrasse seu pai, pensou em atirar em sua cabeça.

    O assistente pensou em detê-lo. Se o ex-Duque Kedrey, fora da área monitorada, fosse morto por Rezef, seria descoberto. O assassinato entre aristocratas era um delito grave, sendo executado independentemente. Além disso, Leo Francis, ainda que cometendo infidelidade, era seu pai. Em uma sociedade aristocrática que valoriza a face visível, não haveria forma de perdoar tal imperfeição.

    A morte do Imperador Esteban, previamente morto por Rezef, estava bem e se podia administrar facilmente, uma vez que era um paciente que tinha pouca vitalidade. A cabeça do chefe Laden desapareceria e seria manipulado para parecer obra do Imperador. Mas o caso de Leo Francis era diferente, pois não bastava com ser secreto, mas não era o local em que o Duque Kedrey montava guarda?

    Entretanto, o assistente não pôde deter Rezef, pois era má educação e, se zombasse, não escaparia do mesmo fim que teve o Imperador.

    “Ainda assim… Será como chocar contra uma extremidade.”

    Os assistentes esperavam não encontrar com o ex-Duque Kedrey. Rezef montou a cavalo e saiu correndo da capital, vendo uma pequena mansão construída em um lugar tranquilo surgir ante seus olhos. Desceu do cavalo a uma grande distância.

    Pah!

    — Busquem.

    Os assistentes desceram e se aproximaram da mansão. Curiosamente, pouco se moveram os cavaleiros do Duque. Não, não estava bem dizer que não havia nada. Leo Francis se encontrava em outro lugar? Os assistentes estavam desconcertados e entraram facilmente na mansão.

    Logo encontraram um guarda próximo a uma habitação e, enquanto esperavam, continham a respiração, vendo como os guardas conversavam e iam embora. Os assistentes forram rapidamente buscar Rezef, agora seria uma grande oportunidade. Rezef entrou facilmente no local, parando em frente a habitação em que estaria seu pai biológico. Finalmente agarrando a fechadura da porta.

    A mesma se abriu lentamente, revelando um pequeno quarto. Nele, era visível um homem olhando pela janela. Cabelo dourado e olhos azuis vívidos olhando para trás. Era um homem bonito, clássico, com uns impressionantes olhos ligeiramente caídos que, em sua juventude, foram mais bonitos.

    Rezef poderia saber que era Leo Francis mesmo sem apresentações. Era muito parecido a ele.

    — Vossa Alteza Real…?

    Depois do que aconteceu com Leo, quase nunca havia saído do ducado ocidental, pelo que não conhecia a aparência do Príncipe ou da Princesa. Porém, como as pessoas que o visitaram e informaram que tinha um filho real, era notável que o reconhecesse de imediato.

    Com os olhos arregalados, olhou Rezef como se desacreditasse. Soube à primeira vista que os rumores do mundo social falavam sobre o nascimento do Príncipe, supondo que o mesmo o encontrou desse modo por querer conhecer seu pai biológico.

    — Se parece a ela e a mim.

    Disse isso em voz baixa e um rosto emocionado em direção ao Príncipe. Esse garoto era seu sangue real, sem cabelos pretos ou olhos vermelhos, se não louro e bonitos olhos azuis como ele e ela. Diferente de Noah Kedrey, que não o amava, podia ver nele a amável Imperatriz. Era uma reunião emocionante. Leo se aproximou de seu filho com um cálido sorriso.

    “Esse idiota é realmente meu pai.”

    — Pare.

     Os passos de Leo cessaram.

    — O que disse agora…?

    — Não me olhe com esse olhar repugnante, inseto.

    Rezef sacou a arma de sua cintura e soltou a trava de segurança. Leo olhou todo o processo com olhos arregalados e cheios de surpresa. Estaria seu próprio filho tentando mata-lo?

    Rezef empurrou o cano da arma em direção a Leo, como para recorda-lo da realidade e o homem distorceu o rosto,

    — Vossa Alteza!

    Essa era uma imagem que nunca esperara. Não duvidou de que ele faria o mesmo, igual quando abriu seu coração para ver Rezef como filho, não eram assim os laços sanguíneos?

    Entretanto, a expressão no rosto de Rezef não mudou em momento algum, como se olhasse um objeto, olhando Leo com olhos insensíveis. Rezef tentou apertar o gatilho como deveria.

    — Ah!

    Do nada foi audível um grito detrás. Quando olhou para lá com assombro, havia uma dama e vários nobres com roupa elegante. Alguns rostos eram familiares. Ah, não era o sucessor da família Francis? Eles o olharam com assombro, vendo Rezef, a arma e Leo frente a ele.

    — O que é isso, Alteza?

    Sir. Mailon Francis exclamou. Acabavam de chegar para levarem Leo Francis quando chamados pelo Duque Kedrey. Mas tal situação absurda que acontecia…

    — O assassinato de um nobre é um delito grave, acaso não o sabe?!

    Rezef ainda não atirou.

    — Vossa Alteza!

    Foi quando o som de passos se aproximou, logo houveram cavaleiros completamente armados por detrás da família Francis. Algumas pessoas lhe eram familiares e o Duque Kedrey, Raphael, lhe deu um aviso frio:

    — Largue a arma.

    Rezef se deu conta de que Raphael, que havia espalhado a infidelidade do Duque, apareceu de repente aqui, justo nesse momento, com cavaleiros.

    “Oh, uma armadilha, esse filho da puta a tinha planejado.”

    Começou a entender em um instante, como se a situação se montasse como um quebra-cabeças. Quando pensou estar preso em sua casa por decepção, parecia estar preparando sua difamação.

    A partir de então, a situação que enfrentaria era obvia: Haverá opinião pública que simpatiza com Rezef, que varria a capital até agora, também sabendo bem que havia espaço para discussão se retrocedesse nesse ponto. Mas…

    — Por que eu?

    Rezef apertou o gatilho.

    Bang!

    Um tiro ressoou estrondoso e terrível no espaço. Leo, que recebera o tiro, arrojou sangue e caiu no chão.

    — Ahhh! Leo!

    Raphael pulou para ação assim que Rezef disparou.

    Bang!

    Rezef deu a volta numa segunda tentativa de disparo, mas acertou o lugar errado da camisa de Raphael e, em meio a uma mistura de gritos e confusão, chegaram os cavaleiros para conter Rezef.

    Raphael o olhou, submetido e preso ao chão e ordenou:

    — Levem-no.


    Cayena não acordava e Raphael parecia estar louco por não acordar durante três ou quatro dias.

    O primeiro dia que retornara ao Palácio e a encontrou dormindo foi um grande alívio, o seguinte, silenciosamente trouxe ansiedade ao ver que poucas vezes acordava e o terceiro, Cayena sequer estava bem.

    Intuiu que ela não só estivesse dormindo, mas não podia fazer nada além de especular vagamente que tal fenômeno tinha a ver com a magia.

    Isso não significava que não pudesse esperar a que acordasse. Formou uma organização de serventes de confiança para proteger a segurança de Cayena. Depois disso, buscou um médico competente que não pudesse suspeitar do entorno ainda que desaparecesse por muito tempo. Jeremy informou:

    — Dizem que um homem chamado Valdemar vive na torre leste e foi médico de Sua Majestade, a Imperatriz a muito tempo. Atualmente adotou a imagem de homem pobre. Além disso, esteve em contato com Cayena e disse que suas forças escuras estiveram negociando.

    Raphael tomou-o imediatamente sob a guarda do ducado Kedrey, trazendo Valdemar em segredo para a vila.

    — Dorme a três dias?

    Examinou-a, mas não encontrou anomalias.

    No quarto dia, Raphael abriu um anexo oculto em segredo nas paredes da mansão, já que era difícil mantê-la oculta em seu dormitório. O local encheu com um pequeno número de usuários e se reforçaram os limites das passagens secretas.

    Enquanto isso, Cayena seguia sem acordar. Gradualmente, seus sentidos de desespero cobriram o corpo, como se lutasse contra a depressão.

    — Mestre.

    Jeremy veio visita-lo.

    — Lady Vera e Lady Olivia Grace desejam vê-lo.

    Eram convidadas que esperavam vê-lo. Raphael olhou Cayena dormindo. Não sabia quanto tempo estaria dormindo, mas ele já havia decidido escondê-la e se ofereceu para arrumar a situação.

    “Destruirei a vingança do Imperador e destronarei Rezef.”

    Com a expressão séria, deixou a vila e se dirigiu ao salão.

    — Bem-vindas.

    — Saudamos o Duque.

    Os três trocaram comprimentos simples. Vera estava surpreendentemente tranquila, apesar da situação sem precedentes da desaparição da Princesa a que servia. O mesmo com Olivia, já que eram membros da organização feita por Raphael.

    — Sua Alteza está bem?

    Vera perguntou, Raphael suspirou brevemente, sem ter ideia se deveria dizer que sua condição é segura ou séria.

    — Não há nada mal em sua saúde.

    Era melhor dizer. Vera sentiu suspeitas, sem poder investigar. Raphael ocultou sua expressão cansada e tirou o estojo.

    — O que está acontecendo com o Marquês Evans?

    — A gente da família Evans entrou em acordo em derrubar o Marquês Rodrick, um golpe direto que as três obras do Grão Duque Heinrich deixou no Marquês.

    Ante as palavras de Vera, Raphael assentiu. Era natural a possibilidade de se envolver com Yester, já que estava em meio a uma difícil provação.

    Ele não esperou a que Cayena despertasse. Não era difícil dizer que arrumaria toda a situação em seu nome, seu trabalho era claro, revelando intimamente as ações sem piedade do Imperador.

    Não sabia se era fortuito ou não, mas era fácil de revelar pela existência de evidências de que o Imperador Esteban abusada do Príncipe Rezef. Matar sua esposa e maltratar os filhos é fatal, devido a ser completamente contrário à doutrina do Império.

    O desespero de Cayena foi atribuído ao fato de que o Imperador não perdoou a defunta Imperatriz. Também foi ele quem caluniou que o demônio era na verdade o Imperador, usando rumores nos quais Yester dizia que a Princesa era maga. O povo acreditava mais nas mentiras provocativas que na verdade e todos diziam que era compreensível que, como o Imperador era uma pessoa tão malvada, também era um demônio.

    Desta forma, ia criar opinião pública que simpatizasse com Rezef e revelasse a imoralidade do Imperador.

    Vera disse:

    — Mesmo nos círculos sociais, tomamos medidas para difundir os rumores planejados.

    — Acenderemos fogo no público, assim logo chegarão aos ouvidos do Imperador.

    Não era difícil adivinhar que o mesmo saltaria no caminho. Talvez o exército tentasse castigar os difusores dos rumores? O Imperador não perdoaria as pessoas que os enganam, sua vingança deveria ser completa da melhor maneira.

    Entretanto, Raphael virou o tabuleiro e essa era sua vingança em nome de Cayena. O Imperador seria o primeiro a duvidar de Rezef, uma vez que todas as circunstâncias apontavam a ele.

    — Nesse caso, existe uma grande possibilidade que mate o Imperador por sua personalidade.

    Se não o matasse inesperadamente, Raphael se ocuparia disso. Entretanto, houve um ponto cego que ocorreu quando isso aconteceu:

    — Rezef pode subir ao trono com a opinião pública de respaldo.

    Sequer pensara nisso, Raphael não conhece Rezef tão bem como Cayena, mas ainda o conhecia bem. Rezef tentará matar Leo Francis nesse intervalo, portanto ele manteve seu pai em uma pequena mansão como armadilha para atrai-lo.

    Se houvessem testemunhas diretas do momento que Rezef tentava matar seu pai, que era um nobre, a opinião pública de simpatia que se formara até então seria derrocada. Raphael planejava unir forças, incluindo a nova Marquesa Julia Evans, e acusar a crueldade do Príncipe.

    Olivia disse:

    — O processo de inscrever Lady Cathrin e Ethel como membros da família imperial foram postos em marcha para que possamos fazê-lo o mais rápido possível.

    O plano estava perfeitamente planejado e sem desvios. Agora só precisavam que Cayena despertasse, pois o cenário que montara funcionava perfeitamente com os personagens e autoridade que ela lhes deu atuando como o previsto.

    De repente se recordou do apelido que ela tinha antes nos círculos sociais: — A marionete do Príncipe. — . Quem podia chama-la de marionete agora? Não era melhor dizer que todos eram suas marionetes?

    O tempo infernal em que Cayena seguia dormindo seguia passando.

    Raphael estava acostumado a ir ao lugar onde ela dormia e beijar com cuidado sua mão. Um beijo de saudades.

    “Por favor, desperte amanhã.”

    Não tinha de ser hoje, desde que, por favor, acordasse. Passou outra terrível noite assim.


    As pálpebras de Cayena se abriram lentamente, revelando uma íris azul fria. Enquanto caminhava pelo dormitório, a luz do sol parecia deslumbrante. Quanto tempo dormira? Quando acordou, lembrou do olhar de Raphael muito sincero e detalhado:

    “Certamente não creio que este seja o dormitório de Raphael…”

    Parecia ter sido movida a um espaço secreto. Ela moveu a cabeça, Raphael dormia com a parte superior do corpo apoiada na cama de forma incômoda. Estava a seu alcance quando estendeu a mão e suavemente acariciou seu cabelo negro, lamentando ter pensado em deixar essa pessoa em algum momento.

    — Quanto deve ter sofrido?

    Raphael, sentindo seu toque, estremeceu e acordou de seu cochilo. Levantou a cabeça, olhos arregalados olhando Cayena como se entendesse a situação.

    — Está desperta…

    Quando estava prestes a lhe dar bom dia, ele a abraçou. Um abraço de quem enfrenta alguém que retornou dos mortos. Ela se sentiu envergonhada por um abraço tão profundo ao ponto de parecer atá-los e o deu tapinhas nas costas.

    — Lamento desaparecer repentinamente.

    Raphael não pôde dizer nada, afundando sua cabeça em seu pescoço, a segurando. Parecia prestes a chorar. 

    “Realmente chorarei assim.”

    Suas lágrimas caíram um pouco assustadoras ao pensar nisso, Cayena estava muito envergonhada.

    — Raphael.

    Seus olhos estavam cheios de lágrimas, suas bochechas fundas. Cayena apertou seu rosto e secou as lágrimas, ele apertou suas mãos com cuidado.

    — Pensei que não acordaria.

    A voz baixa e rouca tinha um atrativo que golpeava o coração com um martelo. Seus olhos sequer estavam irritados e as lágrimas fluíam, mas sua expressão fez com que seu coração estivesse agitado.

    — Dormi por muito tempo?

    Raphael respondeu:

    — Esteve dormindo por uma semana. — Cayena suspirou.

    “Dormi por uma semana.”

    Pensava ser um sonho muito curto, mas não  o era. Cayena abraçou Raphael com a sensação de ser uma pecadora.

    — Acordei tarde demais, sinto muito…

    — Não.

    Raphael estava agradecido o suficiente pelo fato de que Cayena acordasse de seu profundo sonho. Ela o abraçou ainda mais forte e sorriu.

    — Conversei com Bayel em meu sonho.

    Raphael então se pôs de mau humor.

    — Disse que revogaria o contrato.

    — …

    Raphael lentamente assimilou, olhando-a com olhos tremidos:

    — Eu o cancelei.

    Cayena bebeu o chá rosa e tão logo, acordou do sonho. Enquanto falava com um garoto chorando, o acalmou com grande sensibilidade.

    — Agora não tenho limite de tempo, não é maravilhoso?

    Raphael a abraçou em silêncio, ela riu e retribuiu. Mesmo se não o dissesse, sentia o aliviado que estava essa pessoa no momento.

    — Disse que se escapasse do Palácio, me esconderia, então eu vim.

    E assim foi, tão pronto como a viu no Palácio. Ela disse:

    — Me esconda, Raphael.

    Ele disse com um leve sorriso:

    — O quanto for necessário.

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