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    Cena 26, Juntos.

    Jedair costumeiramente coçava a bochecha esquerda, a qual tinha cicatrizes, mas se deteve, já que não as tinha mais.

    — Não posponha as coisas.

     Disse um gato que se aproximou de repente e desapareceu também.

    Jedair sacudiu os ombros sem querer. Não podia se acostumar a um gato falando.

    — Tenho de roubar Lorde Heimbel logo, mas e se me distrair?

    — Sim, perdão…

    Jedair tinha cruzado a fronteira desde o ducado ocidental do Império Eldigm até Heimbel. Demoravam duas semanas se mover sem paradas, mas chegaram em apenas um dia após a saída graças ao gato… Não, graças a Bayel.

    Quando Jedair estava a ponto de ir, Bayel apareceu em frente a ele dizendo: — Posso ir a Heimbel? — E começou a se mover tão rápido como um vendaval, chegando na fronteira em apenas um dia. Em tal velocidade, Jedair sofreu um colapso e deitou, inclusive dando tapinhas nas bochechas. Depois de beber elixir, até mesmo sua velha cicatriz na bochecha esquerda desaparecera.

    — Vamos mais rápido, vamos.

    Jedair pensou que o tom de Bayel era como o de um gangster de rua, mas não disse nada. Se zombasse erroneamente e sem motivo, era possível que sofresse algo, mas ao invés disso, pediu algo mais:

    — Escute, por que não me dá esse precioso elixir pela ajuda?

    Bayel respondeu sem volteios:

    — Isso é tudo por ter feito um amigo equivocado. Assegure-se de sair com outra gente. Oh, já chegamos?

    Em resposta, Jedair piscou e sorriu fracamente. Bayel também estava fascinado por Cayena e deve ter estado tentando ajuda-la. Jedair revisou seus planos, emboscada em um lugar secreto próximo ao castelo do Lorde Heimbel. 

    Bayel disse:

    — Escute, não preciso de um plano tão ruim.

    Os olhos do gato eram de um azul brilhante e então a névoa envolveu o castelo, criando uma atmosfera sinistra.

    — Os senhores tinham muito medo de algo que não era necessariamente humano e cuja forma lhes era desconhecida os fizera dano, então por que fazem tantas coisas más?

    Então ia assustar muito para responder tal medo e, em voz baixa, olhando o castelo, Bayel disse:

    — Disse que vendia crianças pequenas aos bárbaros, verdade? Me faz dar conta de quão assustador é um fantasma.

    Disse com um rosto frio.

    — Vamos.

    Começaram a entrar no castelo do Lorde Heimbel.


    Na manhã seguinte a que Cayena se despertou, o Imperador morreu e o Príncipe assassinou seu pai. Quando o embaixador ergueu a voz e os nobres estavam confusos pela situação cada vez mais confusa, a cozinha do Duque também estava confusa. Baston foi a cozinha e disse:

    — O proprietário pede que preparem alimentos saudáveis e sobremesas doces.

    Em segundo lugar, Raphael, que tem boa saúde, buscando comida saudável.

    — Uma sobremesa doce? Escutei mau?

    Baston disse firmemente enquanto recebia olhares de suspeita e descrença:

    — Sobremesa doce…! Preparem.

    Arregalaram os olhos a tais palavras incríveis.

    — Desse tipo…?

    — Sim.

    A confusão não só foi na cozinha, mas Baston entrou na habitação do ajudante com uma expressão trêmula e perguntou de repente:

    — O dono de repente sentiu um desejo de flores, alguém que o leve flores?

    — Como saberíamos se sequer somos jardineiros…?

    As flores somente eram para mostrar a dignidade do trabalho do Duque e não estavam relacionadas ao gostou ou passatempos pessoais de Raphael. Então, a menos que fosse momento de dar boas-vindas a convidados, não se atreviam a decorar a habitação com muitas flores. Por certo, Raphael se preocupando de repente pelas ornamentações?

    Ele era um homem que sequer sabia que flores tinha sobre seu escritório todos os dias e, como novo ajudante, Baston queria servi-lo melhor que ninguém.

    “Não, disse que ninguém deveria notar que Sua Alteza vive aqui…”

    Agora que Raphael era mais notável que todos, lhe preocupava dizer a respeito.

    — É primavera, é primavera.

    Ante seu murmúrio, um colega com expressão descrente disse:

    — É verão agora, homem.

    — Bem, não sabes que um cavaleiro que não sabe poesia é só uma massa de músculos ignorante?

    — Do que estás falando…

    De todos modos, é primavera. A primavera, que passara em confusão era falsa e a primavera aqui recém começava.

    Baston bateu na porta de Raphael.

    — Mestre, é Baston, tenho tudo que pediu.

    A porta abriu e Raphael saiu usando um traje de luto negro, marcando que hoje era o dia da morte do Imperador, então logo sairia. Os olhos dele se dirigiram ao carrinho que Baston trouxera, as refeições saudáveis cobertas, as sobremesas e as flores frescas para a decoração da mesa não eram tão mal assim.

    — Bom trabalho.

    Baston sentiu um arrepio ante seu elogio.

    “Não, por quê me elogia de repente?”

    Somente preparar a comida, sobremesa e flores. Tais elogios eram raros no trabalho de alta intensidade ao qual Baston fora inserido. Se diz que o amor muda as pessoas, mas lhe parecia absurdo até o ver.

    Se dirigiram a uma pequena habitação secreta, construída originalmente para fins impuros, logo bloqueada da vista exterior e ninguém podia invadir os arredores. Isso, devido a um lago que flui na parte traseira. Logo, Raphael entrou na vila:

    Cayena apareceu na varanda exterior e olhava os arredores. Raphael, que a viu, desenhou um sorriso na boca. Logo, ela ao se sentir observada, virou a cabeça e os olhos de ambos ao se encontrar fizeram com que ela entrecerrasse os seus e sorrisse, duas pessoas bonitas em um dia lindo. Ela, que voltou a olhar o claro espaço verde, falou com um tom profundo e tranquilo:

    — É um lugar privado e romântico para esconder do governo.

    — Boa sorte!

    Baston, que não sabia que tal frase sairia nessa situação comovedora, engoliu ar e se engasgou tossindo. Raphael assentiu sem prestar tanta atenção.

    — Escutei que se usou muito para esse propósito.

    — Também me pareceu assim.

    Era a primavera uma ilusão…? Baston não podia imaginar que tipo de doçura se podia sentir da conversa desses amantes.

    Como era manhã, Cayena se sentou na varanda, vestindo uma fina bata sob fria temperatura. Logo, uma quantidade excessiva de café-da-manhã fora servida para os dois e sobremesas agradáveis aos olhos foram postos sobre a mesa. Baston deu um passo atrás, dando um bom exemplo:

    — Então, me retiro.

    Raphael pegou a sopa em uma vasilha e a colocou em frente a ela, que se serviu de uma colher.

    — Gosta do sabor?

    Ante sua pergunta, Cayena assentiu. Não estava tratando de ser educada, mas sim estava delicioso. Estava mais tranquila que nunca, seja por comer comida quente ou por ter uma manhã tranquila depois de tanto tempo. É como uma manhã normal. Já está acostumada a despertar ao sair o sol, portanto saiu cedo para a varanda e olhou o local.

    De fato, passar tempo sem fazer nada era bastante incômodo e ansioso, uma vez que era uma pessoa que acordava antes de todos, se movia rápido e dormia pouco. Pensava que ver o amanhecer em silêncio era um luxo que nunca teria na vida.

    Não, de fato ela era alguém que não entendia coisas assim. O sol sempre nasce e se põe, mas o trabalho falha quando se perde tempo. Cayena não viveu uma vida que tolerasse o fracasso, então não podia falhar. Todos os momentos de falha resultaram em morte.

    Glub.¹

    Raphael lhe serviu uma bebida fria em uma xícara de prata. Cayena ergueu o olhar depois de erguer outra colher de sopa. Raphael não comia e seguia a olhando.

    — Creio que deveria comer em meu lugar?

    Então Raphael riu como se estivesse armando algo.

    — Sinto que já terminei de comer.

    Cayena olhou para seu rosto. Essa pessoa agora era feliz e era bastante surpreendente que pudesse sentir sua felicidade com tanta clareza. Uma brisa suave soprou em seu coração, um vento estranho, com sabor doce e amargo.

    Cayena sabia pela roupa de Raphael que estavam de luto, mas não perguntou nada. Depois de acordar desse longo sonho, Valdemar disse que não tinha problemas de saúde, mas a aconselhou a descansar mais um dia. Não pôde ficar com Raphael muito tempo, para manter a estabilidade, mas teve tempo de  perguntar como estavam as coisas lá fora. Ainda assim, não perguntou nada, pois era possível que tudo estivesse terminado. Não era difícil adivinhar de maneira aproximada as muitas relações casuais que ocorreram no processo.

    — Então, o que pensa?

    Raphael perguntou, olhando-a calmamente, ela respondeu revirando a sopa.

    — Talvez pense… Quando esse homem me beijará?

    — Sim…?

    Ele se surpreendeu por sua zombaria, com a ponta das orelhas coradas.

    — Está envergonhado por isso, mesmo quando vi seu corpo nú?

    Ele, com expressão envergonhada, evitou levemente seu olhar, pressionando com força entre as sobrancelhas.

    — Não isso… Pode ser assustador.

    O significado de uma voz mais baixa estava claro. Cayena não deixou de rir e, com uma voz brincalhona, disse:

    — Está se perguntando se não consegue se controlar, já que o médico disse que me faltava energia?

    Até mesmo o pescoço de Raphael ficou vermelho, se sentindo como uma besta patética. Ainda que não tentasse lembrar o tempo e sentimentos que compartiu com ela, foi difícil se controlar no momento em que recordou seu corpo suave.

    Eram amantes que recém começavam, não tiveram suficiente tempo doce e Raphael era jovem demais para conter seus impulsos. Uma vez iniciado, o problema era que não se detinha com apenas uma ou duas vezes e, tendo em vista sua má condição física, se esforçou por não se sentir cansada. O problema é que era difícil fazer comparação a Raphael, que nunca se cansava.

    Não é diferente de um animal se não puder controlar seus desejos e, certamente, as pessoas deveriam controlar suas necessidades.

    “O sei em minha cabeça…”

    Ao ver o que queria fazer pela manhã, parecia uma pessoa com falta de muito. Raphael suspirou e, como desculpa a Cayena, que zombou , disse:

    — Não é isso. Não é… correto, mas…

    De alguma forma era tonto e não podia organizar corretamente suas palavras, mas finalmente admitiu:

    — Espero ansiosamente, Alteza.

    Seus olhos vermelhos, apaixonados por tudo que tinham, se enfrentaram aos olhos frios de Cayena. Um olhar firme e sério, como se logo o calor se estendesse.

    Entretanto, o calor logo desapareceu, como se fosse uma ilusão. Raphael agora clareou os sentimentos e desejos que estavam espalhados ao redor, como se a razão houvesse retornado. Por dentro, Cayena admirava sua paciência.

    “Deveria dizer que é único.”

    Deixou a colher, aproximou uma cadeira e se sentou. Quando ela deu a volta, os ombros dele tremeram. Ela apoiou a cabeça em seu ombro, como os casais que costumam passar tempo juntos.

    Raphael se deu conta de que raramente tivera um tempo tão normal com Cayena. Estava um pouco confuso. Era uma pena que ela não tivesse um tempo de descanso, se enfrentando a uma grande tormenta. Seria bom se pudesse fazer algo por conta própria.

    Ainda havia uma tempestade lá fora e o vento áspero e ameaçador soprava ainda mais forte, sem pensar em parar. Aqueles que não estivessem preparados para a chuva, certamente serão varridos e desaparecerão sem deixar rastros.

    Raphael acariciou suavemente o cabelo de Cayena. Um fio fino e dourado rolou por seus dedos e caiu.

    — Obrigado por voltar.

    Cayena se calou, sem se atrever a perguntar o significado. Não podia saber o que dissera sobre cancelar o contrato mágico e despertar de seu sonho.

    — Penso que não tenha sido fácil renunciar ao poder mágico.

    Para Raphael, Cayena parecia não ter nenhum apego à vida. Tudo que tal pessoa tinha planejado, foi cumprido. Talvez, tenha tido algo de impotência e ceticismo. Entretanto, sua escolha por viver seria uma consideração com os que ficam. Se não cancelasse o contrato, havia ficado dormindo e nunca acordaria.

    — O disse antes, não sou boa pessoa.

    Não parecia particularmente culpada de condicionar alguém para obter ganhos. Mas não duvidou em fazê-lo, tinha suficiente poder. Si existisse necessidade de mostrar violência, poderia lidar sem dúvidas. Como no caso do sequestro ou como acertar Rezef ou ameaçar o Imperador.

    — Para ser honesta, sou gananciosa. Mesmo esse baixo desejo de monopolizá-lo não podia ser cedido.

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