Capítulo 30
Enquanto Raphael a segurava, o corpo de Cayena tremia ligeiramente.
“O que está errado?”
Quando ele teve aquele pensamento estranho, Cayena virou a cabeça e fez contato visual com ele.
Seu rosto estava pálido. Ela estava apavorada. O rosto de Cayena estava encharcado de medo quando seus olhos encontraram os de Raphael, mas rapidamente se transformou em uma expressão de alívio. Foi uma mudança dramática que o fez sentir-se um aliado confiável.
— … Raphael.
Seu nome em sua boca era estranhamente desconhecido.
Era porque ela só o chamava de Sir Kedrey ultimamente?
Cayena se levantou. Raphael a ajudou.
Ela parecia um pouco distraída.
Ela ainda estava segurando o braço de Raphael, mas ela não parecia estar ciente disso.
Raphael também não percebeu que não sentia desconforto com o contato.
Vera furiosamente agarrou Gillian com uma cara zangada. — Que desrespeito é esse?! — As escoltas de cavaleiros que esperavam um pouco mais longe chegaram naquele momento.
— O que está acontecendo aqui?
— Leve aquele homem embora agora. Ele se atreveu a tentar prejudicar Sua Alteza! — Eles sabiam que Gillian era o herdeiro de um aristocrata, mas ainda faltavam quatro meses antes que ele tivesse qualquer poder real, então eles não foram muito cautelosos.
Eles imediatamente agarraram Gillian e começaram a levá-lo embora.
— O quê? Eu só me ofereci para acompanhá-la. O que você está fazendo?! — Gillian gritou com os olhos fumegantes.
— Eu nunca vi uma escolta tão pouco cavalheiresca! Você moveu suas mãos ameaçadoramente em direção a ela! — Vera olhou para Gillian com desprezo, como se quisesse dar um tapa na bochecha dele.
Gillian rapidamente liberou a raiva de seu rosto.
— Você está enganado. Vi que Sua Alteza estava com uma empregada, mas sem acompanhante, então me ofereci para acompanhá-la de boa vontade. É verdade que minhas mãos estavam rígidas porque eu estava nervoso, mas nunca tive más intenções.
Por ser uma resposta plausível, os cavaleiros se entreolharam com rostos intrigados.
Raphael, que observava a situação em silêncio, abriu a boca.
— Henverton Gillian.
Então, o olhar de Gillian alcançou Raphael.
Por um momento, Raphael viu seu olhar pousar na mão de Cayena.
— Também vi a situação por trás. Você diz que não tinha intenções impuras, mas certamente não pareceu agir por consideração à senhora.
— … sir Kedrey. Não estou dizendo que não sou culpado. Lamento meu erro.
Gillian parecia arrependida, embora ainda desprezível.
Cayena se lembrou de como ele agia como um cavalheiro lá fora, mas abusou dela quando voltou para casa.
Ele era bom em mentir.
— … acho que exagerei porque houve tantos incidentes recentemente.
Ao dizer isso, ela levantou levemente o braço, que ainda estava envolto em gaze.
A princesa tinha sido queimada por uma torta quente não muito tempo atrás, então ela encorajou a noção de que foi a razão pela qual ela foi surpreendida por um comportamento inesperado.
— Eu acredito que o senhor Gillian se ofereceu para me acompanhar com boas intenções. Ainda assim, a princesa imperial poderia sair por aí sem escolta?
— É minha culpa, Sua Alteza. Peço desculpas.
O cavaleiro imediatamente curvou-se e admitiu seu erro.
Cayena abanou a cabeça.
— Não. Compreendo. A maioria dos cavalheiros ficaria surpresa e não abordaria uma mulher que não estava acompanhada por ninguém que não fosse uma empregada.
Ela ressaltou a grosseria de Gillian enquanto fingia perdoar os cavaleiros que deveriam tê-la escoltado.
— Você deve ter ficado surpreso também, Senhor Gillian, ao se aproximar.
Gillian estava sorrindo, mas ele olhou para Cayena persistentemente com olhos misteriosos. Educadamente, ele respondeu: — Com licença, Vossa Alteza. Vou dizer “olá” corretamente da próxima vez.
Gillian partiu e Cayena sentiu o calor retornar às pontas dos dedos frios.
— Eu sempre acabo encontrando com você, — ela disse a Raphael com um olhar triste.
Sua atitude foi mais uma vez calma e direta. Mas sua mão ainda estava segurando o braço de Raphael com força.
Ele agarrou a mão de Cayena.
— …! — Foi então que Cayena percebeu que ela ainda estava segurando Raphael.
Foi quando ela tentou tirar a mão dele para deixá-lo ir.
— Peço desculpas que um vassalo da minha família surpreendeu você assim.
Seus olhos azuis ergueram-se novamente. Raphael estava com um humor estranho por algum motivo.
— Eu vou te levar para a carruagem.
Então, ele percebeu.
O calor dela nas mãos dele não era nada desagradável.
Cena 6. Uma nova aparência.
A pele de Cayena ainda estava branca.
Suas mãos estavam começando a esquentar. O tremor de seu corpo diminuiu gradualmente.
“Existe alguma razão para ela ter tanto medo de Henverton Gillian?”
Era quase lamentável o quanto ela estava fingindo estar bem.
Talvez seja por isso que Raphael não se ofendeu com o contato dela e sentiu que tinha que levá-la para a carruagem.
Cayena sabia que não podia andar sozinha. Então, em vez de ser teimosa, ela agradeceu por seu favor.
— Então, estou sob seus cuidados.
Vera e os cavaleiros ficaram para trás e os seguiram.
Cayena gradualmente sentiu sua razão voltando para ela. Sua mente ficou mais estável, e mesmo quando ela se lembrou dos olhos brilhantes de Gillian, ela não hesitou.
Ela olhou para a mão de Raphael. Parecia ser por causa de Raphael.
“Não sei por que fiquei tão aliviada no momento em que vi o rosto de Raphael.”
Ainda era assim agora. A única coisa que mudou de antes foi a presença de Raphael, mas ela sentiu como se este espaço tivesse se tornado completamente seguro.
Na verdade, os nobres que invadiram a biblioteca imperial para ver Cayena não podiam nem pensar em se aproximar.
Uma clara decepção apareceu em seus rostos.
“Não foi dito que ela não gostava mais de Raphael?!”
Eles esperavam se tornar genro do imperador ou ganhar algum outro favor por meio de Cayena. Foram pessoas que sempre tiveram expectativas e desejos. Mas ela estava caminhando carinhosamente com Raphael.
Nenhum nobre, se eles podiam voar ou rastejar no chão, poderia se comparar na frente de Raphael Kedrey.
“Mas por que Raphael está aqui?”
Cayena ficou intrigada com a aparição repentina de Raphael.
— Sir Kedrey, posso perguntar por que você veio aqui?
Ela estava se referindo a ele assim novamente.
Pensando que o motivo de Cayena havia retornado, ele disse: — Havia um trabalho que eu precisava fazer na academia imperial.
Isso fazia sentido porque a academia ficava bem ao lado da biblioteca. Mas ele veio até aqui sozinho?
— Vim aqui porque ouvi dizer que Vossa Alteza estava aqui.
— …
Ele ainda tinha aquela maneira direta e objetiva de falar que poderia causar mal-entendidos.
Cayena riu como se fosse um absurdo, depois acrescentou uma explicação.
— Definitivamente, havia muitas coisas acontecendo no palácio que poderiam deixar você curioso. Você tem alguma pergunta para mim?
Raphael olhou de soslaio para a bochecha de Cayena, onde sua pele estava totalmente recuperada.
— Este não parece ser o momento certo para isso.
Cayena piscou porque não tinha pensado que ele ficaria preocupado com sua condição.
Então, ela sorriu com sincera gratidão.
Era um sorriso refrescante que não combinava com o tempo nublado.
Então, gotas de chuva começaram a cair do céu. Ela de repente olhou para Raphael, que não havia trazido nenhum acompanhante com ele.
— Está chovendo. Você ficará bem voltando? Você pegou uma carruagem?
— Eu não fiz. Eu andei porque estava perto.
Ele realmente não se importava se ficasse um pouco molhado, então disse como se não se importasse. Cayena franziu ligeiramente a testa.
— É fácil pegar um resfriado na primavera, então você tem que ter cuidado.
Ela chamou um servo.
— Pegue um guarda-chuva emprestado da biblioteca.
— Sim, sua Majestade.
A carruagem de Cayena já havia chegado.
Enquanto o servo foi pegar um guarda-chuva emprestado, ela não podia sair primeiro, então ficou parada e esperou.
“Acho que posso soltar minha mão agora…”
Cayena olhou para a mão dela, como se fosse problemática.
Raphael, como um cavalheiro, segurou a mão dela com firmeza para que ela pudesse andar, um passo de cada vez.
Ela estava grata pela ajuda, mas não queria mais o ofender.
— Eu realmente aprecio sua ajuda hoje.
Ao dizer isso, ela naturalmente tirou a mão da posição em que estava enquanto era escoltada.
Raphael novamente sentiu que Cayena estava se distanciando intencionalmente. Ele não conseguia descobrir por quê.
Ela agia como uma pessoa que se sentia desconfortável com o contato humano. Ela parecia ter os mesmos sintomas que ele.
Aquilo foi estranho.
Mas não. Não que ela se sentisse desconfortável com o contato. Ela não aceitou facilmente a escolta de Rezef? E quando ela saiu antes, ela o segurou primeiro.
“Ela parece ter consideração por mim.”
Era como se ela soubesse que ele realmente odiava tocar nas pessoas.
“… estou pensando demais.”
Não tinha como. Um ajudante que o serviu por muito tempo pode estar vagamente ciente disso, mas ele nunca admitiu em voz alta. Como ela poderia saber algo que nem mesmo seus próprios pais sabiam?
Então, o servo chegou com um guarda-chuva. Cayena se afastou de Raphael com um olhar aliviado.
— Então, vejo você novamente na próxima vez.
Raphael olhou enquanto Cayena entrava na carruagem e partia, como um conto de fadas sobre uma mulher que fugiu antes que a magia pudesse ser desfeita.
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