Capítulo 52
O diretor olhou para ela sem expressão e perguntou: — Os outros… alunos?
— Quero dizer ao bando dissimulado que atacou essa criança. Eu vi todas aquelas crianças vindo da mesma direção.
Cayena ainda tinha a tela colocada, então o sorriso em seu rosto era claramente visível.
— Eu me lembro de todos os rostos deles também. Vamos procurá-los juntos?
O diretor empalideceu e agitou as mãos apressadamente.
— Não, Alteza! Eu vou encontrá-los! — Com um sorriso relaxado, Cayena acrescentou calmamente:
— Espero que você cuide disso de acordo com os regulamentos da academia.
— Claro. Eu vou… eu vou seguir as regras.
Com a menção aos regulamentos da academia, o rosto do diretor caiu.
“Se seguirmos os regulamentos da escola, isso não seria suspensão? Ou é expulsão?”
Os alunos que lutaram eram crianças de famílias renomadas.
Eles devem ter acreditado na força de suas famílias para tocar o filho amado do imperador.
Se fossem punidos de acordo com o regulamento, dificilmente o diretor manteria seu cargo. Mas isso não era nada que preocupasse Cayena.
Cayena continuou com uma expressão astuta.
— Então, eu preciso tratar o rosto bonito do meu irmão mais novo. Onde fica a enfermaria?
— … e neste caminho.
O diretor ouviu atentamente as nuances das palavras de Cayena. Ela claramente o chamou de“meu irmão mais novo”.
— Devemos ir?
Cayena estendeu a mão para Ethel.
— …
Ethel olhou para a mão enluvada que tinha um pouco de sangue no polegar. Ele sabia que Cayena o protegeu.
“Por que?”
Foi uma pergunta natural.
Até agora, eles viveram como estranhos. Eles nunca se conheceram antes.
Portanto, não fazia sentido para ela de repente cuidar dele como seu irmão mais novo. Ela talvez quisesse algo dele?
Naquele momento, Cayena falou.
— Quando você não tem poder, precisa fazer uso de pessoas poderosas.
Ethel ergueu a cabeça com as palavras dela. Cayena ainda parecia despreocupada.
— Saber como pegar na mão de alguém é uma forma de sobreviver.
“Ela… ela quis dizer que eu deveria usá-la?”
Ethel hesitou, então agarrou a mão dela. Ao fazer isso, Cayena sorriu amplamente como se tivesse feito algo bom.
— Vamos lá.
Sua mão, segurada com força na dela, parecia quente.
Ethel acompanhou seu passo, embora ele parecesse que estava sendo arrastado com relutância.
De alguma forma, seu coração fez cócegas.
Eles chegaram à enfermaria. No entanto, não havia enfermeira e o diretor estava muito nervoso.
— Se vossa alteza esperar um minuto, encontrarei alguém para ajudá-lo!
— Está bem. Você está dispensado.
— C-com licença?
— Eu mesma cuidarei disso, então saia. Pode levar algum tempo para você encontrar o grupo de alunos que cometeu a agressão.
— … então, irei embora.
Cayena fez Ethel sentar-se e remexeu na enfermaria. Ethel olhou para ela com dúvida.
— Você sabe o que está procurando?
Ela pegou um frasco de remédio e o sacudiu levemente.
— Eles têm rótulos.
Cayena preparou álcool, algodão e pomada e começou a tirar as luvas para tratá-lo.
— Eu farei isso, Sua Alteza, — disse Olivia, que estava ao lado dela.
Cayena balançou a cabeça.
— Está tudo bem.
Ela mesma cuidou dos ferimentos de Ethel. Quando Ethel franziu a testa com a picada, ela até soprou no ferimento.
Ethel não suportou seu constrangimento. Ele perguntou: — … por que você está fazendo isso por mim?
Cayena disse alegremente: — É natural para um adulto proteger uma criança. Além disso, você é meu irmão mais novo.
Ethel mordeu os lábios e murmurou com uma voz triste. — Mas eu sou apenas um desgraçado.
Por outro lado, a ascendência de Cayena não podia ser contestada por ninguém. Ela era a única filha do imperador e da falecida imperatriz.
— Isso não é uma razão para você não ser protegido.
Cayena descobriu que ele estava muito mais calmo do que antes. Mas talvez seu coração fosse diferente.
Ela largou a mão que estava aplicando a pomada e perguntou: — Meu comportamento faz você se sentir desconfortável?
Ethel agarrou sem querer a mão de Cayena quando esta se afastou dele.
O toque urgente surpreendeu Cayena. Enquanto isso, Ethel ficou chocado com seu próprio comportamento e retirou sua mão.
Ele desviou o olhar e falou em voz baixa.
— … não importa.
Cayena começou a aplicar a pomada novamente com um sorriso gentil.
— Estou feliz.
Foi a primeira vez que um adulto além de sua mãe cuidou dele assim.
A afetuosa preocupação e proteção que Cayena lhe ofereceu eram doces. Ethel agitou sua mão.
— Você não deve ganhar cicatrizes.
Depois de passar a pomada no rosto, Cayena também arrumou os cabelos desgrenhados.
Seu uniforme escolar estava bagunçado, então ele teria que trocar por um diferente.
— Olivia, você pode trazer uma muda de roupa para Ethel?
— Sim, Vossa Alteza.
Cayena então chamou seu novo cavaleiro acompanhante de hoje.
— Ansel.
— Sim, Vossa Alteza.
— Diga ao diretor para cuidar das aulas de Ethel. Ele vai voltar para as aulas da tarde.
— Não seria perigoso para você ficar sozinha?
Cayena balançou a cabeça com a preocupação do cavaleiro.
— Há outro cavaleiro aqui que derrubou cinco pessoas sozinho, então vai ficar tudo bem.
O rosto de Ethel ficou vermelho com essas palavras.
— Atenderei a sua ordem.
Os lacaios da princesa saíram para cumprir suas ordens, deixando apenas os dois para trás.
Ethel achava que não havia nada que Cayena não pudesse fazer acontecer se ela quisesse. Ele percebeu que isso deve ser o que eles chamam de“poder”. Tudo o que ele pensava que nunca poderia ser feito, ela estava fazendo com facilidade. O diretor, que tratava Ethel como um inseto, não podia ameaçá-lo com as regras da escola.
Ethel nunca o vira tão envergonhado, exceto quando estava lidando com o herdeiro Kedrey.
“Alguém assim me ajudou.”
Ethel não tinha outros irmãos.
Muitos daqueles que ele considerava seus amigos o deixou quando o imperador adoeceu. A única pessoa com quem ele podia contar era sua mãe. No entanto, sua mãe se sentiu oprimida ao tentar manter suas vidas normais. Cada vez que isso acontecia, Ethel se sentia culpado.. Sua mãe estava sofrendo porque ele nasceu.
Ele não tinha nenhum desejo de se tornar o príncipe herdeiro. Ele só queria um pouco de paz e sua família.
Ele queria colocar as flores de que sua mãe gostava sobre a mesa e comer juntos, e também queria ter um cachorrinho. Ele desejava o tipo de vida cotidiana em que, quando viesse para a academia, pudesse se dar bem com os amigos.
Agora, tudo estava uma bagunça. Em migalhas. Lentamente, pouco a pouco, tudo foi ficando escuro… até que ele conheceu Cayena hoje. Ela não era brilhante como o sol, nem tão perigosa quanto a luz de velas.
Ela era exatamente como o luar suave. Ela apenas deu a quantidade de luz que ele precisava, mas estranhamente, ele tinha certeza de que ela sempre estaria lá.
Enquanto Ethel estava passando por uma mudança de opinião, Cayena estava perdida em outros pensamentos.
“Se Rezef não conseguir se controlar e se tornar um tirano, essa criança se tornará o imperador.”
Quando ela pensou sobre isso, ela não pôde deixar de se sentir angustiada.
Ela estava tomando medidas para garantir que tal situação não acontecesse.
No entanto, ela sabia muito bem que uma pessoa pode não fazer a diferença, não importa o quanto ela trabalhe.
TOC TOC.
Olivia, que conseguiu roupas novas, entrou. Cayena entregou as roupas a Ethel.
— Você vai tirar a roupa?
— Do que você está falando?! — Com seu grito, Cayena arregalou os olhos.
— Você não tem feridas no corpo? Tenho que aplicar a pomada.
“Mesmo se eu for jovem… e mesmo se eu for o irmão mais novo dela, isso e…”
Ethel ficou vermelho até o pescoço.
— Eu mesmo farei isso, então está tudo bem! — Bem, se você diz.
Cayena pensou casualmente:“Essa criança já está na puberdade?”
Olivia, que viu a cena de lado, virou ligeiramente a cabeça como se estivesse rindo. De vez em quando, Cayena agia como uma velha nobre. Ela não parecia estar ciente disso, no entanto .
Então, o cavaleiro da escolta voltou.
— Recebi a confirmação de que o diretor vai cuidar das aulas, como você falou. Além disso, vi que a carruagem do Ducado Kedrey chegou.
— Já?
Era mais cedo do que eles concordaram em se encontrar. Claro, Cayena também chegou antes da hora marcada.
— Olivia, você iria cumprimentar Sir Raphael primeiro?
— Sim, Sua Alteza.
Ethel ouviu a conversa em silêncio, segurando o uniforme com força na mão. Parecia que Cayena sairia em breve para uma reunião.
Ele rapidamente se levantou e foi para trás de uma divisória. Por alguma razão, ele se sentiu irritado e jogou suas roupas estragadas no chão.
Do outro lado da divisória, Cayena perguntou: — Você pode colocá-lo sozinho? Você precisa de ajuda?
Ethel gritou.
— Tenho 13 anos! Eu posso me vestir sozinho!
“A puberdade acontece por volta dos 13 anos…?”
Cayena balançou a cabeça.
Já era difícil lidar com seu irmão mais novo, que poderia se tornar um tirano. Ela não esperava que também tivesse que lidar com seu irmão mais novo, que estava passando pela puberdade.
Ela suspirou tão sutilmente que os outros não conseguiram perceber.
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