Capítulo 68
Não havia nada tão perturbador quanto a dor do que mais desejava ser arrebatado. Ela tomaria o trono de Rezef como se tivesse colocado a lâmina em sua bochecha na frente de Henverton.
Cayena foi direto ao imperador.
— Estou ansiosa porque há muitas coisas a fazer antes da minha celebração da maioridade, — disse Cayena.
Como de costume, ela preparou lanches para o imperador. Também como de costume, ela enviou alguns para Rezef.
Portanto, na superfície, parecia que tudo estava normal. Foi apenas o coração de Cayena que mudou.
— Eu gostaria de visitar o templo.
O imperador Esteban tomou um gole da sopa aguada de abóbora. Curioso, ele perguntou: — O templo?
Foi inesperado. Um templo, neste momento? Cayena não era uma crente devota.
Ela respondeu educadamente: — Ouvi dizer que existe um templo milagroso, então quero fazer uma doação lá. Já ouvi coisas boas sobre isso.
Os templos geralmente conduziam os negócios dessa maneira. Normalmente, as senhoras nobres confiam em tal poder para orar por um parto fácil ou um bom casamento para seus filhos. O imperador não sabia que sua filha acreditava nessas coisas.
“Recentemente, tem havido muita pressão sobre ela.”
Também ficaria bem para quem está de fora se Cayena visitasse o templo para purificar seu corpo e mente.
— Isso soa bem.
Cayena sorriu e abraçou levemente o imperador.
— Vou orar pela recuperação de sua majestade.
O imperador subconscientemente sorriu com seu adorável comportamento.
Era bom que sua filha fosse inteligente, mas também foi um grande prazer vê-la agir de forma tão fofa.
— Então, vou me retirar.
Tendo alcançado seu propósito, Cayena curvou-se graciosamente e deixou os aposentos do imperador. Ela se virou para Vera.
— Prepare minhas roupas com antecedência. Acho que irei simplesmente com um servo.
— Com licença?
Vera ficou assustada.
— Não é muito simples para o seu passeio? Por favor, leve uma das senhoras da corte sênior.
— Está bem. Será o suficiente para trazer alguns cavaleiros de escolta. Não parecerá bom trazer muitos atendentes ao templo.
— Mas…
Todos os cavaleiros da escolta eram homens, então eles não poderiam ajudá-la nem cuidar dela enquanto ela trocava de roupa.
— Vou usar roupas simples que posso colocar e tirar sozinha.
Vera se perguntou se Cayena realmente acreditava que o estranho templo poderia realizar milagres. Ela não parecia o tipo de pessoa que acreditava nessas superstições.
“Mas ela passou por muita coisa recentemente.”
Talvez isso fosse o suficiente para fragilizar o coração da princesa, mas Vera duvidava.
“Eu tenho que conseguir o poder mágico, mas vai ser difícil se eu estiver acompanhada por uma dama de companhia.” Cayena pensou.
Neste mundo, a magia existia. Olivia foi trazida de volta da morte com o poder da magia.
Cayena sabia como obter esse poder desde que tinha lido o romance. Isso compensaria significativamente o desamparo de Cayena.
Portanto, ela teve que colocar as mãos nesse poder.
Não havia muito o que preparar. Ela só precisava de um tributo para oferecer ao templo, uma serva adequada e um cavaleiro de escolta.
Vera continuou a expressar suas preocupações, mas Cayena os dispensou.
— Não seria melhor se preparar melhor e partir amanhã?
Ela não conseguiria. Cayena teve que se apressar e terminar antes que Rezef ouvisse a notícia, suspeitasse dela e colocasse alguém para segui-la.
Logo, tudo estava pronto.
Cayena colocou um capuz e subiu na carruagem.
— Vai estar frio à noite, então, por favor, certifique-se de usar um robe.
— Eu sei. Não se preocupe muito.
Cayena fez contato visual com Olivia, que estava parada em silêncio atrás de Vera.
Para as damas da corte se despedindo dela, ela disse: — Eu voltarei.
Logo, a carruagem deixou o palácio imperial. Cayena olhou pela janela sem expressão.
Mesmo na capital, havia um pequeno templo em um local remoto. Ficava perto das favelas, então ninguém o usava.
No entanto, devido a alguns rumores estranhos, senhoras nobres visitaram secretamente o templo.
“O templo está fadado a ser milagroso.”
Foi o templo onde um mago se escondeu dos olhos do público.
— Chegamos.
Cayena desceu da carruagem e olhou para o edifício solitário à sua frente.
Um jovem padre se aproximou dela.
— Você é a senhora que solicitou uma visita hoje?
— Eu não solicitei.
O padre ficou um pouco surpreso ao ouvir a voz de uma mulher muito mais jovem do que o esperado. Ele não podia vê-la por causa de seu manto, então ele pensou que ela era uma mulher nobre que frequentemente visitava este templo.
Cayena levantou o capuz do manto ligeiramente e encontrou os olhos do padre. Os olhos do jovem padre se arregalaram.
— V-Vossa Alteza! — Ele se curvou apressadamente.
— Eu saúdo Sua Alteza, a Princesa.
— Prazer em conhecê-lo.
O rosto do padre ficou vermelho. O motivo foi que ele viu, de longe, a pessoa mais linda que já conheceu.
— Eu gostaria de fazer uma doação para este templo.
O padre, momentaneamente cativado por sua beleza, ficou pasmo. Como se tivesse sido atingido por um raio, ele correu para a entrada do templo.
— Por favor, entre, Sua Alteza.
— Obrigada.
Cayena sorriu para o jovem padre e tornou a colocar o capuz. O rosto do padre estava vermelho como um tomate maduro.
Quando Cayena entrou no templo, um sacerdote de alto escalão com voz calma se aproximou. Ele parecia muito fiel e tinha uma aura benigna.
— O que você está pensando em fazer?
— Quero fazer uma doação aqui.
O sumo sacerdote sorriu com seu tom casual. Ele percebeu quem ela era.
— Eu saúdo Sua Alteza, a Princesa.
Cayena acenou para a criada que ela trouxe. O servo entregou uma caixa ao padre. O sumo sacerdote perguntou com um sorriso,
— Você gostaria de orar?
— Claro.
O sumo sacerdote conduziu Cayena para a sala de oração.
— Então, que Deus cuide de você.
Cayena disse ao criado e aos cavaleiros que esperassem no saguão. Os cavaleiros confirmaram que não havia ninguém e obedientemente retiraram-se para o saguão.
Havia um total de quatro salas de oração. Sem hesitar, ela entrou na última sala de oração.
A porta se fechou e Cayena disse: — Mestre do Jardim Negro, vim fazer negócios com você.
Então, a parede de madeira dentro da sala de oração começou a se mover e alguém saiu de dentro. Ele era bonito, com cabelos castanhos, caramelo macios e olhos castanhos claros.
Cayena cumprimentou o protagonista masculino secundário que encontrou.
— Olá, Bayel.
A expressão de Bayel endureceu friamente desde que ele foi chamado por uma pessoa não identificada. Ele se aproximou e agarrou Cayena com força.
O capuz de Cayena caiu para trás, revelando seu deslumbrante cabelo loiro e olhos azuis. Sua expressão ficou estranha.
— Quem é você?
Cayena sorriu com uma cara que parecia irreal.
— A pessoa que receberá a rosa de você.
— Você acha que vou apenas dar a você?
Bayel ficou pasmo. Cayena falava descaradamente, como se já tivesse recebido a rosa.
— Claro. Já que você também vai precisar de mim.
Muito mais irritante do que sua imprudência era sua atitude de sabe-tudo.
Havia um cálculo meticuloso por trás do rosto com o sorriso malicioso.
Bayel teve a forte sensação de que, se baixasse a guarda, seria engolido por aquela mulher desconhecida.
— Não faz um tempo desde que uma nova rosa floresceu?
Com as palavras de Cayena, Bayel se assustou e apertou seu controle sobre ela. Ela estremeceu porque não havia se curado completamente das feridas que recebeu durante o sequestro.
— Isso dói…
— Ah.
Bayel ficou surpreso e rapidamente retirou sua mão. Vendo que as mangas dela estavam enrugadas, ele usou mais força do que pretendia.
— … desculpe.
— Isso está bem.
Cayena alisou o rosto como se não tivesse sentido dor há apenas um momento.
A nuance de suas palavras casualmente ditas era tão estranha que os olhos de Bayel foram involuntariamente atraídos para Cayena.
“Isso está bom?”
Isso significava que ela não se importava com a dor até certo ponto?
Pode ter sido um salto, mas Bayel tinha uma intuição aguçada.
Ele pensava que Cayena era um tanto insensível às coisas que poderiam machucá-la.
“O que a torna mais perigosa.”
Ela parecia uma flor brilhando com o orvalho ao sol da manhã, mas seu ar era o do céu escuro antes do amanhecer. Como uma mulher, como ela soube da existência do Jardim Negro?
Além disso, suas palavras estavam certas. A situação de Bayel não parecia boa.
— Este negócio não será ruim para nenhum de nós. Eu recebo o poder mágico e você obtém fertilizante para o seu jardim.
Suas palavras mostraram que ela sabia o custo de obter o poder mágico.
Bayel a examinou cuidadosamente de novo.
O manto era feito de tecidos luxuosos e seu broche era adornado com pedras preciosas. Ela deve ter vindo de uma família importante. Não havia nenhuma maneira de uma mulher como ela desejar o poder mágico apenas para se divertir.
As transações com o dono do Jardim Negro foram feitas com a própria vida.
— Se você quiser usar um pouco de magia, você tem que trocar pelo menos 10 anos de sua vida. Mas…
— Metade.
— O quê?
Cayena sorriu brilhantemente.
— Vou oferecer metade da minha vida ao seu jardim.
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