Capítulo 87

O chanceler Debussy nunca esperou que a princesa lidasse com as coisas dessa maneira. Ele cerrou os dentes e tremia de raiva.

— Se for assim, vamos encerrar a reunião de hoje aqui — Cayena disse, sorrindo brilhantemente.

— … nós atenderemos seu pedido.

Quando a princesa se levantou de seu assento, os vereadores completamente exaustos a seguiram e se curvaram para ela. Vagarosamente, ela saiu da sala de conferências.

“Felizmente, as coisas que preparei foram úteis.”

Ela havia se concentrado no fato de que o chanceler e o cavaleiro comandante não se davam bem. O cavaleiro comandante foi quem ela teve que trazer para o seu lado.

Portanto, foi muito útil estudar seriamente os dados sobre o exército central.

— Sua Alteza! — Naquele momento, Zenon correu atrás dela.

— O que foi, Sir Evans?

O homem parou na frente de Cayena e disse: — Tenho uma coisa para lhe contar. Seu rosto estava sério.

Cayena disse a seus assistentes, incluindo Vera: — Voltarei em breve.

Zenon levou Cayena para um lugar onde nenhum olhar pairava sobre eles. Ele mostrou suas presas para ela uma vez que eles alcançaram uma distância longe de seus seguidores.

— O que diabos você está pensando?

Seus olhos brilhavam com uma raiva quase assassina.

— Que rude, — Cayena retrucou friamente.

Uma vez que Rezef não poderia enfrentar Heinrich sem a família Evans, Zenon inconscientemente estava levando a família imperial com leviandade.

— Você está planejando se tornando a chanceler assim? Ou, — ele se aproximou ameaçadoramente de Cayena enquanto sorria como um tubarão, — você realmente pretende se tornar uma sucessora?

Sua atitude era ameaçadora, como se ele fosse atacá-la.

Cayena se concentrou em sua magia com a intenção de derrubá-lo se necessário. Ela sentiu seu controle espalhar-se pela área.

— Fale honestamente, Sua Alteza. Se você não fizer isso, eu não vou entender nada! 

— Se eu disser que não preciso de tudo isso, você acredita em mim?

O rosto de Zenon se contorceu de uma maneira horrível. 

— Não trouxe Vossa Alteza aqui para brincar com as palavras. Você não entende a situação atual?

— Acho que você é quem não entende.

— … o que você disse?

Cayena zombou: — Por que você simplesmente não cuida de sua irmã mais nova, que se tornou minha exclusiva dama de companhia?

Zenon ficou momentaneamente sem fala com a menção de Julia.

— Isso é importante agora?

Claro que era importante. Como Cayena pensava, Zenon não tinha ideia de como a presença de Julia o afetava.

— Você está irritado por eu ter ganhado alguma influência, mas não consegue entender que tipo de consequências isso vai trazer.

— O que você está…

Cayena o despertou para a realidade. 

— Se eu for a favor de Julia, me pergunto se a família Evans apoiará você ou Julia mais.

— …! — Zenon parecia chocado. Ele finalmente compreendeu o que ela queria dizer.

O chefe da família Evans não era o pai de Zenon, mas seu irmão mais velho. O marquês Evans preferia ter sua irmã mais nova, que era fácil de manipular, no lugar da imperatriz do que seu astuto irmão na cadeira de chanceler.

Zenon mordeu os lábios.

Ele nunca imaginou que houvesse esse nível de cálculo envolvido na contratação de Julia. Como aquela princesa estúpida pôde fazer isso?

— Infelizmente, não parece que Sir Evans seja uma boa embarcação para me segurar.

Dizendo isso, Cayena o deixou sem hesitar e voltou para sua comitiva.

Zenon, que foi deixado sozinho, ficou ali perplexo. Lentamente, ele começou a rir.

— Ha, haha…

Então, segurando o rosto, ele teve um ataque de nervos.

Até Rezef, que o menosprezava sem saber qual era o seu lugar, estava melhor. Rezef era ridículo, já que ele seria um herdeiro potencial apenas no nome, se não fosse pelo poder da família Evans.

Mas Cayena era diferente.

Zenon achou que a princesa poderia ser um troféu decente para ganhar ao assumir o império. Ela era bonita o suficiente para que ele a recebesse como esposa.

Esse troféu revelou suas garras e o provocou.

“Ela se atreve a agir tão arrogantemente comigo?!”

Zenon deveria se manter discreto por causa do sequestro mal sucedido, mas era mais perigoso deixar Cayena em paz.

“… será melhor matá-la.”

Os olhos de Zenon ficaram sombrios.

Cayena baixou os olhos para as próprias mãos. Eles estavam tremendo um pouco.

Foi por causa do medo? Mas sua mente estava vazia de tanta emoção.

Então, esse foi um movimento reflexivo que não tinha relação com a vontade dela?

“Não sei por quê. Eu me senti ameaçada, mas não tinha medo de Zenon…”

Ela teve que experimentar mais para ver o quão poderosa sua magia era, mas por usá-la até agora, ela sabia que era capaz de erguer pessoas. Ela ponderou sobre sua situação, posição e o motivo pelo qual suas mãos tremiam. Talvez então suas mãos parassem de tremer.

Mas o tremor não parou.

“Isso poderia ser um efeito colateral do contrato mágico?”

Anteriormente, Zenon a havia alertado e preparado sua magia. No entanto, era um pouco problemático se suas mãos tremerem assim.

Confirmando com seus próprios olhos que seu corpo estava realmente enfraquecido, sua cabeça esfriou. Cayena cerrou o punho para parar os tremores.

— Sua Alteza? — Vera chamou. 

— Você está bem? Sir Evans…

Foi só então que Cayena percebeu que havia esquecido de esconder sua expressão.

Cayena interrompeu Vera antes que ela pudesse dizer mais.

— Nada aconteceu. Acabamos de falar sobre os itens da agenda da reunião.

— Entendo…

Vera não parecia convencida, mas assentiu.

Enquanto Cayena e sua comitiva pararam brevemente, os vereadores começaram a sair da sala de conferências, um por um. Localizando Cayena, eles rapidamente se curvaram e desapareceram.

Parecia que sua primeira reunião de conselho implantou a impressão de que ela não era para ser confundida.

Logo, o Comandante Jed também saiu da sala. Foi quando Cayena estava prestes a voltar para seu palácio depois de acenar para ele.

— Sua Alteza.

Cayena se voltou para ele com um olhar perplexo.

— Não vou esquecer o favor. — O Comandante Jed curvou-se profundamente para Cayena.

Ela podia adivinhar por que ele estava sendo tão educado. A atmosfera do exército central obviamente teria sido ruim por causa dos contínuos cortes no orçamento. Mas hoje, os soldados poderiam recuperar sua compensação legítima.

Jed nunca teria imaginado que a princesa o ajudaria assim.

Cayena respondeu despreocupadamente: — Não é nada. Ah, mas já que estamos conversando, você pode me enviar um resumo do que o exército central precisa melhorar? Vou começar a trabalhar nisso assim que você fizer.

— Com licença? Tão rápido…? Não é demais?

— Já decidi apoiar o exército central. Que motivo tenho para hesitar? Devemos fazer as coisas antes que alguém irritante tente nos repreender.

Jed sorriu amargamente, entendendo que o“alguém chato” se referia à chanceler Debussy.

Então, ele olhou para Cayena com um rosto estranhamente admirado.

Quando o imperador inicialmente a nomeou deputada para os assuntos de estado, ele ficou internamente preocupado. Mas olhando para os resultados da reunião do conselho de hoje, foi uma vitória decisiva para Cayena.

Além disso, ela parou os cortes abomináveis no orçamento. Na realidade, os cortes no orçamento foram a mesma coisa que pressionar Jed a renunciar.

Jed estava sinceramente grato a Cayena.

— Então tchau.

Cayena começou a voltar para o palácio da princesa mais uma vez.

“Com isso, o cavaleiro comandante será mais amigável comigo.”

Construir confiança dessa forma foi crucial.

“É assim que vou impedir Rezef de se livrar de mim quando começar a me achar desagradável.”

Como Cayena já havia estabelecido um relacionamento amigável com o comandante Jed, Rezef e suas forças não agiram precipitadamente.

“Zenon parecia nervoso demais. Ele deve sentir muita pressão por não ter me sequestrado.”

Parecia que Zenon e Rezef estavam mais distantes do que Cayena pensava.

Isso deve ser claramente porque Rezef valorizava Cayena em vez de Zenon enquanto ela fazia planos que se adequavam a seus gostos.

“Rezef vai tentar ler minhas intenções com os lanches que eu sempre dou a ele.”

Embora ela estivesse cansada e ocupada, ela tinha que continuar fazendo lanches para ele por um motivo simples.

Ela precisava parecer que ainda o apoiava.

Foi um ato simples e transparente, mas havia uma diferença clara entre fazer e não fazer.

Ela tinha que viver adequadamente.