Capítulo 93
A carruagem dirigiu-se para a residência do conde Hamel, não para a nova mansão para a qual Catherine se mudara.
Parecia que Catherine ficaria com os Hamel por um tempo para comunicar aos outros que eles haviam se tornado uma família.
Assim, Cayena solicitou uma visita para ver sua nova tia.
“O conde Hamel provavelmente me daria as boas-vindas com as duas mãos.”
O conde provavelmente estava inquieto porque não conseguiu entrar em contato com a princesa. Isso porque Rezef restringiu o acesso a sua irmã enquanto a protegia de questões políticas.
Rezef estava especialmente vigilante, pois achava que o conde Hamel poderia dizer algo desnecessário para Cayena.
— O arquiduque Heinrich achará difícil se mover por um tempo, — disse Cayena a Olivia.
Olivia não perguntou por quê. Ela apenas ouviu.
— Você disse que os cobradores de dívidas ligados ao arquiduque estão apenas aumentando o valor total, sem importunar o pagamento, eu acredito. E eles continuam a emprestar dinheiro à sua família?
— Isso é correto, Sua Alteza.
— Este é um dos truques do arquiduque. Ele assume títulos e empréstimos, e então ameaça famílias a se juntarem à sua facção. É assim que ele vem aumentando sua influência.
Olivia mordeu os lábios com a explicação de Cayena.
— Como pode um homem tão cruel…
Yester era uma pessoa que usaria inflexivelmente qualquer truque sujo para ter sucesso.
“Ele usará violência se necessário.”
Yester não pôde ser apaziguado por meras palavras. Apenas dinheiro e poder o alcançaria.
— Nós chegamos, Sua Alteza.
A carruagem parou na residência do conde Hamel.
Cayena sentiu-se nostálgica ao ver a impressionante mansão, que parecia tentar mostrar o prestígio da família.
“Eu costumava pensar que esta mansão era incrível.”
Mas olhando para ela agora, Cayena podia sentir como era superficial.
— Saudamos Sua Alteza, a Princesa! — Os servos do condado curvaram-se ao ver Cayena.
Parecia que eles estavam lá fora esperando por ela há muito tempo.
Todos os seus rostos ficaram com uma tonalidade vermelha quente por estarem sob o sol da primavera.
— Eu estava esperando por você, Sua Alteza! — Um homem de cabelos loiros e olhos verdes cumprimentou Cayena. Era o tio materno de Cayena, Sir Jonathan.
— Já faz muito tempo, tio.
Jonathan sorriu amplamente.
— Sim. Ah, você está se sentindo bem?
— Sim, claro.
— Tantas coisas aconteceram nestes dias que seu tio ficou extremamente preocupado. Eu queria ir ver você, mas…
Sua expressão endureceu quando ele pensou em Rezef, e ele cerrou os dentes um pouco. Então, ele sorriu novamente.
— Entre. Já faz um tempo que esta casa recebe tantos convidados jovens ao mesmo tempo.
Cayena hesitou.
“Jovens convidados?
O conde Hamel era um velho desagradável e Jonathan, o próximo conde Hamel, um cavalheiro de meia-idade. Que jovem viria para um lar tão enfadonho?
Cayena estreitou os olhos, sentindo uma espécie de mau presságio.
“Talvez aquele que plantou o espião tenha vindo.
— Oh meu. Existem outros convidados?
— Sim. O duque Kedrey apareceu.
— … você disse, Duque Kedrey?
Naquele momento, a porta da sala se abriu, revelando Raphael elegantemente bebendo chá lá dentro.
Raphael cumprimentou Cayena descaradamente.
— É bom ver você aqui, Sua Alteza.
Cayena ficou pasma. Ela riu.
— … sim. Que coincidência.
“Como ele sabia que eu iria… Raphael é realmente o mestre de Annie?”
Ela sorriu externamente para Raphael enquanto o olhava com suspeita.
— Estou muito surpresa em vê-lo aqui na casa da minha família materna.
Raphael assentiu serenamente.
— Também estou surpreso.
Sua mentira descarada foi surpreendentemente descuidada. Olivia silenciosamente engoliu uma risada e cumprimentou Raphael, levantando a barra de sua saia.
— Saudações, Duque Kedrey.
— É um prazer, Srta. Olivia.
Suas saudações eram muito básicas.
O relacionamento entre os dois parecia o relacionamento que Cayena tinha com seus colegas de trabalho em sua vida passada.
Seus rostos eram familiares, então eles apenas se cumprimentaram enquanto passavam.
“O coração de Raphael está focado apenas em mim…”
Era estranho que seu relacionamento fosse tão árido, mas Cayena também sentiu algum alívio. De qualquer forma, havia algo mais importante para perguntar agora.
— O que você está fazendo aqui, duque Kedrey?
Raphael respondeu casualmente: — Vim aqui para encontrar alguém.
Dizendo isso, ele naturalmente se aproximou de Cayena e estendeu a mão para que ele pudesse beijar as costas dela.
Cayena sabia muito bem que ela era a pessoa de quem ele estava falando.
Ela gentilmente concedeu sua mão. Raphael segurou não na ponta dos dedos, mas além deles, na palma da mão.
Quase a fez estremecer.
Em pouco tempo, sua respiração fez cócegas nas costas de sua mão e Raphael pressionou suavemente seus lábios. Seus olhares se cruzaram no ar.
“Mesmo…”
Cayena de repente sentiu vontade de suspirar.
Foi por causa de seus olhos. Os olhos de Raphael quando ele olhou para ela não eram nem frios nem opacos como eram originalmente.
Eles eram de um vermelho intenso, escuro e bonito.
Quando Cayena tentou retirar sua mão, Raphael abaixou suas mãos enquanto fingia soltar.
Eles ainda estavam se tocando, compartilhando calor.
Aplausos!
Jonathan bateu palmas com um sorriso.
— Por favor espere um momento. Vou acompanhar a Srta. Catherine.
Jonathan ficou encantado com o fato de as duas pessoas mais notáveis da capital estarem em sua sala.
Ele planejava ficar casualmente na sala de visitas, acompanhando Catherine.
Quando Jonathan estava saindo da sala, Raphael guiou Cayena com a mão que ele ainda segurava em um assento.
Cayena perguntou francamente: — Foi você?
Foi ele quem colocou Annie como espiã?
No entanto, Raphael fingiu não entender.
— Do que você está falando?
Cayena não caiu nessa. Com um sorriso no rosto, ela argumentou gentilmente: — Você não tem motivo para vir para o condado de Hamel.
Raphael encolheu os ombros como se não soubesse a que ela estava se referindo.
— Vim visitar Ethel Hamel hoje.
“Por que ele visitaria Ethel?”
Mesmo que fosse verdade que ele veio ver Ethel, ele não tinha nenhum motivo adequado para fazê-lo.
A menos que… ele decidiu apoiar Ethel como sucessor do trono?
Cayena parou para pensar enquanto era conduzida a uma cadeira por Raphael. Sentando-se, ela olhou para Raphael.
Seu olhar encontrou o dela imediatamente, visto que ele já estava olhando para ela.
— Duque, por que você está visitando Ethel?
— Isso é…
TOC TOC.
Alguns criados entraram pela soleira da sala.
Cayena e Raphael calaram a boca.
— Há nozes dentro?
Olivia perguntou a um criado.
— Claro que não.
— Prepare um pouco de leite morno. E traga algo macio para Sua Alteza comer.
— Sim, senhora.
Olivia havia deliberadamente desviado a atenção dos criados para longe da estranha atmosfera, examinando cuidadosamente os refrescos.
Enquanto isso, Raphael suavemente mudou seu assento para ficar ao lado de Cayena.
Jonathan logo voltou com Catherine. Eles cumprimentaram Cayena formalmente; Catherine se ajoelhou e se curvou.
— Eu saúdo Sua Alteza, a Princesa.
Cayena rapidamente a ajudou a se levantar. — Você é um membro adulto da minha família materna; não há necessidade disso.
Jonathan riu e disse magnanimamente: — Sim, claro. Somos uma família! — Catherine abaixou a cabeça ligeiramente, desta vez cumprimentando Raphael.
— Muito bem, duque Kedrey. Eu sou Catherine Hamel.
— Meus cumprimentos. Eu sou Raphael Kedrey.
Todos eles se sentaram.
Quem sabia quando eles foram chamados, mas uma banda entrou na sala e começou a se apresentar.
Tudo parecia um encontro elegante planejado com bastante antecedência. Talvez por isso fosse tão fácil interpretar as altas expectativas de Jonathan.
Ele e o conde Hamel pareciam pensar que o aumento da influência de Cayena os ajudaria.
Eles devem ter calculado que ela visitaria Catherine e estavam usando a oportunidade para ganhar poder e estabelecer seu prestígio.
Cayena escondeu seu escárnio.
Infelizmente para eles, Cayena só precisava dos Hamels como ferramenta. Ela não sentia nenhum apego especial por eles.
Os Hamels estavam podres demais para segurar.
Catherine abriu a boca primeiro.
— Aconteceram tantas coisas ao lado de Vossa Alteza que é preocupante. Mas agradeço por ter vindo me visitar assim.
— Você é minha tia agora.
Eles agora podem ser parentes no papel, mas ainda era incomum que Cayena a tratasse com tanta familiaridade.
Portanto, Catherine estava desconfiada. Além disso, era estranho que Raphael tivesse vindo ver Ethel.
Um encontro entre o duque Kedrey e seu filho poderia ser visto como um novo competidor pelo trono, então ela se sentia ansiosa.
Quando Catherine estava pensando nessas complicações, Cayena começou a falar.
— Ethel ainda está na academia?
— Sim. Ainda é hora da aula. Ele deve voltar logo.
Recentemente, Catherine tinha ouvido Ethel falar muitas vezes sobre Cayena.
Ele disse que ela se parecia com ele e deixou que a chamasse de“irmã”.
Catherine também sabia que Cayena havia defendido Ethel na academia. Ela estava grata por isso.
No entanto, ela questionou as intenções da princesa por trás de tal bondade. Ethel e Cayena nunca foram próximos.
O relacionamento deles foi ainda mais complicado por Rezef, que se interpôs entre eles.
Cayena conseguiu adivinhar os pensamentos de Catherine.
— Na verdade, pedi para visitá-lo porque tenho um pedido.
Os olhos de Jonathan brilharam como uma faca enquanto Cayena explicava seu negócio.
— Como não tenho mãe ou babá, não tenho um adulto que possa me ajudar na minha maioridade.
— Você quer dizer…
— Tia Catherine, por favor, seja minha acompanhante.
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