Capítulo 16
Uma sequência de pensamentos começou a tomar conta da cabeça de Slezzy.
“Não, não é possível que eu esteja vendo essa cena… Ele é literalmente uma criança! Como pode estar dando ordens para funcionários com talvez… mais de dez anos de trabalho!? Argh! Eu devo parar de pensar assim.”
— Ei, garoto! — alertou Edward. — Acho melhor sair de perto daí!
Logo após aquela fala, uma porta de aço que descia do teto começou a tapar toda a entrada da sala. Rapidamente, Slezzy caminhou até o lugar que Edward e Jean estavam.
Nos grandes telões, podia-se verificar toda a situação dos soldados da FMA, em tempo real, através da câmera de seus capacetes. Ainda do lado de fora, os mesmos trocavam tiros com os supostos assaltantes.
— Atenção! Eu quero um helicóptero em cada saída deste banco, agora! Não deixem esses desgraçados escaparem! Essa é a nossa grande oportunidade!
Slezzy estava surpreso com o fato daquela criança comandar toda a operação. Ela gritava com um pequeno rádio em suas mãos, enquanto se remexia de lá para cá.
— Quem é esse menino, Edward? — perguntou Slezzy.
— Esse aí? Hum! É o cara mais inteligente de nossa instituição… E também o responsável por toda a parte de tecnologia e comunicações do nosso exército. O trabalho dele envolve quase todas as áreas desse ramo, desde serviços de hacker até operações táticas.
Slezzy se lembrou dos soldados holográficos da Sala Branca naquele instante.
— Ouvi dizer que foi ele quem localizou o Barão… apenas com pequenas pistas e algumas câmeras de segurança implantadas nas regiões mais perigosas de nossa cidade… — comentou Jean, sussurrando.
— Afinal, qual o nome dele?
Antes que Edward ou Jean pudessem responder à pergunta, um grande barulho vindo de uma daquelas telas ecoou sobre a sala. Era uma explosão.
— Eles estão encurralados! A única opção de fuga é pela saída leste, na Rua Prézia! — berrou um dos soldados que confrontavam os assaltantes, ainda na porta principal daquele local. — Preciso de mais soldados cobrindo aquela área!
O Banco Central era enorme e facilmente notável por causa de sua pintura dourada, presente em toda sua estrutura. O monumento possuía grandes janelas de vidro, além de que, em todas as saídas, haviam portas de aço.
Àquele ponto, todas as pessoas ao redor do local já estavam evacuadas.
— Eles estão tentando atrasar todos vocês. Estão desesperados! É uma ótima brecha para avançar! Já! — comentou o menino de cabelos esbranquiçados. — Edward! Preciso de uma ligação telefônica, direta com Dom Cernuno!
Edward se distanciou de Jean e Slezzy, se aproximando daquele menino.
— Creio que o governador deve estar muito ocupado neste momento… Yuki.
“Ah! Então… você é Yuki!”
Yuki se aproximou de Edward, encarou seu rosto e o respondeu:
— Também vou estar muito ocupado quando aqueles assaltantes escaparem, já que não posso convocar os tanques de guerra da FMA sem a autorização daquele idiota!
— Você enlouqueceu? Quer convocar tanques de guerra da FMA para esse tipo de situação? — refutou Edward. — Isso é um assalto, não uma guerra!
Edward saiu da frente do garoto, e em seguida puxou de seu bolso um tipo de óculos; os colocou e começou a olhar fixamente para aqueles telões, analisando-os.
— Ainda não temos o reconhecimento facial… nem a quantidade exata daqueles criminosos, mas tenho a teoria de que sejam barra pesada. Por isso, não podemos subestimar sequer um passo dos desgraçados! — concluiu Yuki.
— A esse ponto… todas as câmeras internas já foram destruídas. Aliás, tiveram tempo de sobra para que pegassem tudo de valor ali. Mesmo assim, só há uma única rota de fuga… — comentou Edward, ainda analisando todos aqueles telões — Não pode ser que isso tudo não tenha sido esquematizado…
Yuki se sentou em uma cadeira branca e relativamente alta, que tinha uma base metálica giratória, que ficava em um canto afastado da sala, distante de todas as outras mesas. E em seguida, começou a girar-se repetidamente. Na sequência, o garoto interrompeu o movimento, indagando a todos os outros funcionários que estavam presentes naquela sala de operações:
— Quantos reféns têm exatamente dentro daquele banco?
— Oito, senhor — disse um funcionário que mexia em um computador, numa daquelas mesas. — Foi o que conseguimos contar a partir das últimas gravações, antes que as câmeras fossem destruídas.
— É exatamente isso… — disse Yuki.
— Do que você está falando? — confrontou Edward, se virando para o garoto.
— É o último recurso deles… por que acha que escolheram justo um domingo, restando apenas uma hora e meia para o anoitecer?
— Eu acho que nunca fui a um banco num domingo. Além disso, hoje é tudo tão tecnológico… — comentou.
— A maioria daqueles reféns podem ser funcionários, Edward; fora que… se nenhum segurança estiver vivo, eu diria que…
Yuki foi interrompido pelo barulho de uma das portas de aço; daquele banco, que começou a rugir de repente. Eram as portas da saída principal.
Tensos, todos os soldados apontaram suas armas na direção daquela saída. De repente, várias pessoas com vestimentas e máscaras negras começaram a sair dali. Todos estavam com armas e bolsas em sua posse, e a maioria tremulava.
“— Não atirem!” — gritou uma daquelas pessoas, alertando os soldados. “— Eles estão entre nós!”
— O que fazemos? Eles estão avançando! — gritou outro soldado.
“— Yuki! Você está aí!?” — era a voz do General Santos, que ecoou sobre toda aquela sala, através do sistema de comunicação.
As pessoas de vestimentas escuras começaram a avançar lentamente, em direções opostas, dando alguns passos a cada período de segundos. Os soldados apontavam suas armas sem realizar qualquer disparo.
— Ouça-me, General… é impossível saber quais daquelas pessoas são de fato os assaltantes em questão, e mesmo que alguns estejam trêmulos, isso não quer dizer absolutamente nada.
Edward começou a se retirar da sala, distanciando-se de Yuki.
— Para onde você vai, a essa hora!?
— Acho que é a melhor hora para falar com Dom Cernuno. Você sabe que isso não vai acabar nada bem… — disse Edward, enquanto saia com uma certa pressa daquela sala.
A porta de aço se levantou. Não havia mais nenhum barulho do lado de fora; e quase todos os funcionários que estavam ali, apenas relanceavam seus olhares para dentro do salão principal daquele andar.
O General voltou a se comunicar com Yuki:
— Eles já avançaram consideravelmente… caso você não tenha nenhum plano, terei que tomar providências extremas.
“— Tenho todos eles na mira, General!” — era a voz de Saith desta vez, através daquele mesmo sistema de comunicação. “— Eu e meus parceiros… só precisamos do seu comando!”
Saith se encontrava no topo de um dos prédios próximos àquele banco. A vida de todas aquelas pessoas de preto estava na palma de suas mãos.
Jean e Slezzy observavam toda a situação.
A maioria dos soldados que vigiavam as outras saídas do banco, abandonaram seus postos, correndo para a saída principal.
Slezzy tomou coragem e começou a se aproximar do centro daquela sala, onde estavam a maioria dos funcionários e Yuki:
— Yuki… Algo está errado, porque os soldados estão abandonando as outras saídas?
Ignorando Slezzy, Yuki puxou o rádio e comentou:
— Eles não estão fugindo…
“— Não é o que parece!” — disse Saith.
“— Desembucha logo, garoto!” — ordenou o General.
— Todas as pessoas de preto, somam no total doze, mas só havíamos detectado oito reféns nas câmeras de segurança… mesmo que ainda haja uma pequena possibilidade de reféns não detectados, seria praticamente impossível de que apenas quatro bandidos assaltassem um banco, nessas proporções. Portanto… Eu não sei o motivo, mas com toda a certeza, eles “sacrificaram” no mínimo quatro criminosos, misturando-os entre aqueles reféns! Eles fugirão pela outra saída!
Um suspense tomou conta de toda a via de comunicação, entre todos os soldados da FMA presentes no local do assalto, e as pessoas daquela sala.
Mais uma explosão surgiu. Dessa vez, na saída apontada à Região Sul da cidade.
Paralelo a isso, todas as pessoas de preto começaram a correr, disparadamente, em direções contrárias.
“— Eles estão fugindo! Precisamos do comando, General! Agora!” — berrou Saith.
Todos os funcionários da sala de operações entraram em total estado de transe. Eles olhavam fixamente para os telões, que transmitiam tudo aquilo ao vivo.
Naquele tipo de situação, sem a voz final do governador e sem mais tempo para decidir alguma estratégia, o último comando seria responsabilizado pelo General Santos.
Após o levantar da arma de um dos supostos reféns em direção aos soldados, o General ordenou, berrando em seu rádio:
“— ATIRAR!” — A última sílaba daquele comando mal pode ser distinguida após a sucessão de tiros de todos os soldados e franco-atiradores.
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