Capítulo 23
— Ei, Slezzy! Vamos comer! — era a voz de Diana.
Slezzy acordou daquele mergulho em suas memórias, abrindo a churrasqueira em seguida.
Um cheiro de carne queimada subiu.
— Acho que você pensou demais, rapaz! — comentou Haram, rindo.
— Cale a boca! — sussurrou Slezzy, seriamente.
Slezzy colocou os pedaços de carne em um grande prato, e logo caminhou para dentro da enorme casa, carregando-o.
No caminho; ele pode ver que Harvim ganhava de Rainn, com muita facilidade, no jogo de tabuleiro; já que tinha uma quantidade exorbitante de peças a mais e uma posição superior.
— Ei, crianças, venham se servir! A comida está pronta! — dizia Emmeline, na porta. Ela estava com vestido estiloso e azulado.
Slezzy a cumprimentou com um beijo; e depois partiu para a mesa de almoço, carregando o prato com as carnes assadas.
Havia panelas e iguarias espalhadas por aquela grande mesa; com seis cadeiras a cercando. Os detalhes da casa de paredes brancas eram sutilmente agradáveis.
Os meninos chegaram e logo serviram seus pratos, com a comida daquela mesa, enquanto Slezzy ligava uma televisão que ficava na parede central do cômodo, em um canal de notícias.
Havia uma grande foto emoldurada, em uma daquelas paredes, de um homem barbudo e sorridente, que vestia terno de tom bege.
Harvim e Rainn subiram as escadas.
— Ei, garotinhos! Venham almoçar com a gente! — propôs Emmeline.
— Emmy, deixe eles! — comentou Slezzy, sorrindo para a garota. — Eles estão se divertindo!
Os Irmãos Sam observavam toda aquela cena, assumindo, ambos, a forma espiritual naquele momento; ficando visíveis apenas para Slezzy.
Slezzy, Diana e Emmeline se serviram e sentaram-se, com uma visão favorável diante do programa de televisão.
Naquela tela, uma repórter entrevistava manifestantes das ruas da cidade de Maple:
“— Todos nós estamos de luto por todos aqueles reféns!” — dizia uma mulher de aparência envelhecida. — “Todos eles… mortos pelas armas da FMA, sem nenhuma segunda chance! Com suas vidas… condenadas injustamente!”
Um homem de pele amorenada e cabelos cacheados se aproximou da repórter, falando no microfone, sem ao menos ser chamado previamente:
“— Vocês, militares! Eu sempre soube que nunca tiveram um senso de justiça! Desde o dia em que essa cidade foi dominada pelos crimes mais abomináveis, a população não teve sequer um dia de paz! Essa é a solução? O primeiro comando a partir de agora é atirar sem nenhuma averiguação!? Vocês são mesmo um bando de incompetentes! Agora eu sei que estamos de fato perdidos! Onde está o nosso governador nessas horas? Como podemos aceitar esse tipo de segurança… —” O restante do áudio daquele homem foi censurado pelo programa.
Adiante, o apresentador daquele jornal comentou alguns fatos sobre o grande e recente assalto do Banco Central:
“— Apesar da manifestação da população nos últimos três dias, pela vida de todas as pessoas inocentes… que morreram no dia do assalto, as investigações continuam. A instituição das Forças Militares Armadas determinou a partir de imagens flagradas que todo o esquema, que resultou na perda de aproximadamente um milhão de dólares, foi comandado pelo nomeado “Corvo”, reconhecido atualmente como o líder da Asa Negra. Creio que a partir de agora, todos os dois milhões e setecentos mil habitantes de nossa cidade… estejam cientes do nível que ela chegou. Será que realmente… seremos de fato, dominados por todas essas facções criminosas em um futuro próximo?
Diana pegou o controle e desligou a televisão:
— Chega de notícias ruins por hoje!
Os três terminaram suas refeições após alguns minutos. A seguir, Diana indagou Emmeline:
— Emmy… Você sabe que assim que conseguir um emprego, eu aceitarei cuidar de Rainn, não é?
— Estou ciente, Diana… E realmente fico muito agradecida! — respondeu a garota, sorridente. — Mas… acho que não conseguirei um emprego na área governamental tão cedo… a concorrência é muito grande. Nunca pensei que lidar com as relações públicas dessa cidade fosse ser algo tão complicado!
— Tenho certeza de que você vai conseguir! — comentou Diana, confiante. — E quanto a você, Slezzy?
— Depois da minha reprovação no treinamento da FMA e desse maldito assalto ao Banco Central, fui afastado temporariamente do NCC. Provavelmente… as instituições militares vão passar por alguma grande mudança nos próximos dias.
— Vocês sabem que, apesar do meu falecido marido ter deixado o suficiente para o restante da minha vida e para Harvim, ainda posso ajudá-los…
Emmeline interrompeu a fala de Diana:
— De jeito nenhum, Diana! Sabemos que suas intenções são as melhores, mas não estamos mesmo precisando de dinheiro! Pode ficar tranquila! Ainda vamos superar tudo isso, de alguma forma!
Diana apertou as mãos de Slezzy e de Emmeline, simultaneamente, por alguns segundos. Porém o momento foi interrompido pelo tocar do telefone de Slezzy.
O garoto retirou o aparelho do bolso com a outra mão. Ele recebia uma chamada telefônica.
— Que estranho. É o Tenente Jan!
— É melhor você atender, querido! — afirmou Emmeline.
Slezzy se levantou da mesa e foi em direção ao quintal.
— Tenente?
“— Boa tarde, Slezzy —” O Tenente estava com uma voz séria.
— Boa tarde! Ah…
“— Preciso que você me visite no Hospital de Western, Slezzy —” afirmou Jan, interrompendo o garoto. “— Você pode aproveitar e visitar o Agente Sanches. Precisamos ter uma conversa. As coisas estão prestes a mudar, bruscamente.”
— Tudo bem… — respondeu. Antes que pudesse postergar sua fala, o telefone emitiu um pequeno ruído. Jan havia encerrado a chamada.
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