Era início de um novo dia.

    Slezzy caminhava em passos rápidos, na direção da porta de seu apartamento.

    — Pra onde vai com tanta pressa? — indagou Emmeline, enquanto faxinava um dos cômodos.

    Slezzy se aproximou de Emmeline, beijando-a e se despedindo:

    — Não se preocupe! Estou apenas entrando em forma… para a minha volta ao NCC!

    Emmeline o estranhou, já que ele revestia quase todo o corpo, escondendo suas feridas.

    Slezzy foi até o quarto de Rainn, acordando-o em seguida com palavras calmas:

    — Vamos lá! Está na hora de ir para a escola!

    Rainn resmungava, tentando se esconder entre as cobertas.

    Aproveitando que seu irmão não estava acordado, o garoto manipulou a coberta com um de seus novos poderes, arrancando-a facilmente do menino.

    — Ei! Como você fez isso? — confrontou Rainn, surpreso. — Está muito frio!

    — Vamos! Se arrume e vista um moletom! Por que hoje… eu vou te acompanhar até a escola!

    Rainn se animou com aquela fala, levantando-se imediatamente, partindo em direção ao seu guarda-roupa.

    Depois de exatos cinco minutos, Rainn se despediu de Emmeline, saindo pela porta principal logo depois, acompanhado de seu irmão.

    Emmeline acenou de volta, com um meio sorriso em seu rosto.

    A seguir, a garota largou os materiais em que utilizava para tal faxina, e sentou-se sobre o sofá da casa; pegando um porta-retratos que estava sobre a escrivaninha ao lado. Logo, em meio a algumas lágrimas, ela passou a observar uma linda foto que continha a presença daqueles três, felizes, em um parque da cidade.

    Ela se encolheu, abraçando o porta-retratos fortemente sobre seu peito, enquanto uma forte luz solar batia em seus pés.

    *

       Slezzy e Rainn se aproximavam de uma grande escola, localizada bem no centro da Região Oeste da cidade. Suas paredes eram em maioria brancas, com janelas escuras ao longo das mesmas. Algumas grades negras cercavam todo aquele lugar.

    Havia um grande movimento de crianças e adolescentes naquela mesma rua, além de vários ônibus escolares.

    Um extenso gramado, cercado de outras pequenas construções ao redor e até mesmo um grande campo de futebol americano, formava a parte detrás daquele colégio.

    Rainn avistou Harvim dentre aquele movimento e correu ao seu encontro, sem se despedir do próprio irmão, tomado de alegria.

    — Ei! Tenha um bom dia! — falou Slezzy, apressadamente, para que Rainn o escutasse antes que se distanciasse demais.

    Na porta de entrada do colégio, Rainn se juntou a Harvim, que estava com o seu mesmo traje social de sempre.

    Logo, ambos caminharam em direção à entrada da escola.

    — Agora… vamos ao que realmente interessa… — sussurrou Slezzy, para os Irmãos Sam ao seu lado. Os três sorriram em sincronia, mesmo que os demônios estivessem levemente abismados com a ligeira desumanidade do garoto.

    *

       Slezzy se encontrava na velha fábrica, mais uma vez.

    Ele havia treinado intensamente durante todos os últimos dias; desde seu físico, com corridas e exercícios de musculação, até o controle do Arché Superior, com auxílio dos Irmãos Sam. A conjuração de Slezzy já era perfeita e consolidada.

    Os raios dispersantes de seus poderes estavam vivos e altamente coloridos.

    Mesmo com um só contrato, ele enfrentava as dificuldades das conjurações.

    Em um certo momento do dia, no pôr do sol quase completo, um dos Irmãos Sam o confrontou:

    — Você melhorou muito… rapaz! Estamos realmente impressionados com tal façanha. Nunca havíamos presenciado uma evolução tão rápida… sem qualquer auxílio de outro contrato, entre todos os nossos mentoreados anteriores.

    — Muito obrigado, Hiram — agradeceu Slezzy, após dar um gole numa garrafa d’água, observando as primeiras estrelas que surgiam no céu, através do vão da fábrica.

    Seus trajes estavam um pouco rasgados, devido ao intenso treino.

    — Os outros mentoreados… Como eles morreram? — perguntou em seguida, sem se importar com a sensibilidade de tal. — Já que… um mentoreado tem a companhia do demônio até morrer, logicamente, todos os outros nove morreram para que eu pudesse assinar, não é!?

    — Você quer realmente saber? — falou Haram.

    — Tem algum problema? — Slezzy dava mais um gole naquela garrafa.

    — Bom… Não quero entrar em detalhes a respeito disso, mas os nove cometeram o mesmo erro, sem exceção.

    — Hum? Que tipo de erro!?

    Hiram abriu um pequeno sorriso em seu rosto antes de responde-lo:

    — Todos eles… não souberam a hora de parar de ceder suas vidas em troca de mais poderes. Eles estavam completamente sedentos. E é por isso… que estamos tão impressionados. Você conseguiu controlar o Arché Superior… de maneira perfeita, com exímia maestria, em menos de uma semana!

    — Qual é o próximo passo, Slezzy? — perguntou o outro demônio, de repente.

    Slezzy sorriu e caminhou para dentro da fábrica, retornando ao centro daquele andar; guardando aquela garrafa d’água em sua mochila.

    Ele se virou para as criaturas e respondeu com um tom firme:

    — Não importa o próximo passo, Haram. O que importa agora… é que estou pronto para afundar qualquer um daqueles desgraçados no fundo do inferno!

    Os Irmãos Sam ficaram animados com tal comentário. E logo, Hiram exclamou:

    — Sendo assim, vamos incendiar esse parquinho!

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