Capítulo 56
Muitos militares estavam reunidos em um grande salão, que ficava ao lado do grande prédio da FMA, ainda na área restrita. O local era bem iluminado.
Era uma noite dominada pelo extremo frio, além de intensas ventanias.
Aquelas pessoas discutiam entre si a respeito da invasão à suposta base do Barão II, que estava prestes a ser realizada. Elas demonstravam diferentes emoções, de ansiedade até total frieza.
Slezzy havia acabado de chegar ao lugar, portando sua veste especial e preta.
Estavam estacionados na frente daquele salão exatos cinco carros fortes. Alguns seguranças o vigiavam, sendo um deles, o agente Henegan.
— Ei! — gritou Henegan, acenando para Slezzy.
Enquanto o jovem de trajes negros se aproximava do grande agente, ele pôde observar que quase todos os militares naquela noite utilizavam uma roupa pesada, cercada por armamentos.
— Você está atrasado! A reunião sobre a invasão está prestes a começar, dentro do salão! — alertou o agente, segurando um grande fuzil.
— Ok! É bom te ver, Henegan! — respondeu Slezzy, sorridente, se despedindo do agente; partindo para dentro do daquele local.
Ao adentrar o grande salão, o jovem se deparou com muitos rostos conhecidos dentre os militares reunidos. O General Santos conversava com o Capitão Roy em uma região frontal do lugar.
Slezzy caminhou pelo salão até se encontrar com Shane e Helena, que estavam conversando em uma região não tão bem iluminada do lugar.
— Ei, que ironia! Aquele que todos faziam fofocas sobre não concordar com os ideais do governo, naquele pequeno departamento do NCC… está hoje no que será a maior operação militar de todos os tempos! — comentou Helena, empolgada, abrindo seus braços para receber a presença de Slezzy.
Slezzy se aproximou da dupla, com um pouco de timidez devido à presença de Shane.
O salão era dominado pelo barulho das conversas avulsas entre os militares.
— Ah, qual é? Estamos prestes a enfrentar a maior máfia da cidade e você não vai nem dar ao menos um “boa noite” para o nosso querido amigo? — implicou Helena à Shane.
Shane, com uma expressão de seriedade em seu rosto, a respondeu:
— Acho melhor você se concentrar.
— Han?
— Você não percebeu até agora? Tudo isso está mal planejado! A maioria dos agentes não está presente. Muitos ainda não retornaram nem sequer das ruas. Tudo isso tende a fracassar.
— Eu não acharia isso… garoto — disse um homem com uma veste similar à de Henegan; de cabelos longos, cacheados e embaraçados.
Slezzy se virou.
Aquele homem era Sanches.
— Ora… ora… O professor do meu “querido amigo” acabou de chegar! — falou Shane, com um tom irônico.
Sanches ignorou aquele comentário.
— Ouçam. Há um esquema por trás de tudo isso, encabeçado pelo Capitão Roy e pelo pequeno gênio. No início, eu pensei que essa invasão seria algum tipo de blefe, mas agora… percebi que se chegamos até aqui… à espera do discurso para coordenar toda essa operação, significa que tudo isso teve ao menos algum tipo de planejamento, no mínimo!
“É um bom ponto, mas… onde está Yuki!?”
— Acho que você só está complicando mais ainda as coisas — retrucou Shane.
Sanches encarou o menino com uma expressão desafiadora desta vez:
— Pela minha pesquisa de campo, os mandachuvas da FMA, de fato, possuem o verdadeiro endereço da base da Sociedade Nobre; mas, por algum motivo, estão escondendo-o durante todo esse tempo.
— O que? Mas eles já nos revelaram a localização da base! — retrucou Helena.
Sanches sorriu, a encarando desta vez:
— É mesmo? Aposto que eles também convocaram você e o seu parceiro de infância, Lierond Shane, para uma reunião em particular, não é?
Shane o encarou com uma pequenina raiva em seus olhos.
— Claro! — respondeu Helena.
— E qual foi a localização que te passaram? — indagou Slezzy.
— Na realidade… eles também nos ordenaram que não deveríamos comentar com mais nenhum agente sobre a tal reunião — respondeu Shane.
Sanches ignorou o garoto, novamente indagando Helena:
— Não foi um bar ou algo do tipo, não é?
— Han? — retrucou ela, confusa.
— Foram feitas várias reuniões, em torno de quarenta. Suponho que eles tenham passado várias localizações… para diversos agentes.
— O que…?
— Está tudo muito confuso. De fato, foram poucos os agentes selecionados para a operação de hoje, que teoricamente seria a mais importante de todas… para toda a corporação militar e a segurança da cidade.
Todo aquele clima tenso foi interrompido por um chiado agudo, emitido por um microfone, vindo da região principal do salão. O Capitão Roy, lado a lado com o General Santos, encarava todos os agentes daquele lugar.
O barulho das conversas paralelas cessou imediatamente.
Agora, todos prestavam total atenção naqueles dois superiores.
Logo depois, o General iniciou seu discurso, com auxílio do microfone:
— Boa noite a todos! Sei que há um clima de confusão e ansiedade instaurado aqui, em relação à operação que realizaremos daqui a alguns minutos. Porém… peço que tenham total compreensão para com nossa estratégia!
Roy recebeu aquele microfone do General, e logo se posicionou confiantemente perante todos os outros. Ele estava prestes a iniciar seu discurso.
— Não se esqueça… Slezzy…— Haram sussurrou no ouvido de seu mentoreado, antes da fala de Roy. — Você pode solicitar qualquer contrato, a qualquer hora…
Slezzy o encarou brevemente, disfarçando sua atitude logo depois; já que estava cercado de outros agentes.
O Capitão discursou:
— Nos últimos dois dias, selecionamos os agentes mais capacitados para esse tipo de operação, chegando até a contagem de setenta, dentre todos os membros da Operação Caos, criada há apenas poucas semanas. Desde então, estivemos organizando esse evento às escuras, com objetivo de aumentar a taxa de sucesso da nossa invasão.
Slezzy percebeu que Sanches encarava o Capitão com olhares desconfiados.
— Há duas horas atrás, recebemos um mandato do governador Dom Cernuno, autorizando a todos os militares, hoje e aqui presentes, que tivéssemos liberdade total para invadir qualquer local suspeito nos arredores da cidade. Mas… fiquem calmos! Não é como uma ditadura…! Nós apenas invadiremos todos os lugares suspeitos que já foram pré-selecionados.
“Agora… todo aquele papo estranho… está começando a fazer algum tipo de sentido”
— Fora deste salão, estão estacionados exatamente cinco carros de comboio. Selecionamos todos os melhores seguranças para conduzir quatorze de vocês em cada carro-forte, com destino à sua respectiva localização. Dito isso… vamos ao trabalho! E claro… não se esqueçam que… hoje, estamos prestes a derrubar a máfia mais forte e antiga de Maple, deixada pelo líder Barão! — Roy estendeu seu braço para cima, fechando seu punho. — Pegando-os de surpresa, sabemos que eles terão uma péssima performance ao tentarem revidar, já que estão sobre a péssima administração de Barão II, um líder inexperiente. Não tenham medo ao enfrentar todos aqueles que atormentam as vidas de nossas famílias. Avante, soldados!
A maioria dos militares iniciou uma onda de gritos, correspondendo ao chamado do Capitão.
— Do jeito que estão gritando, parece que estamos indo para a uma guerra…! — comentou Helena.
— E estamos! — respondeu Slezzy, apreensivamente.
Os militares começaram a sair do salão, organizadamente, até os carros-fortes, em meio aos gritos de guerra.
Shane deu alguns passos à frente, confrontando Sanches:
— Esse plano é plausível pra você?
Logo depois, o menino espadachim seguiu o caminho até a saída do salão. Helena o acompanhou, sem se despedir de Slezzy e Sanches.
— Você ficou convencido? — perguntou Slezzy ao seu parceiro.
— Faz algum sentido. Mas ainda é estranho…
O Capitão Roy e o General se reuniram com outros militares de patente superior, ainda na região frontal daquele salão, antes de partirem dali.
Slezzy realizou uma sequência de perguntas:
— E quanto aos outros? Jean… Kine… Clay… onde eles estão?
— O Capitão Roy designou os agentes mais jovens e menos experientes para a responsabilidade do Tenente Jan. Eles ficarão reunidos no NCC; e só entrarão em ação, caso seja necessário.
— E quanto a nós? Entraremos em um daqueles carros-fortes?
— O que? Nem pensar! — Sanches riu, ironicamente. Mas, rapidamente admitiu uma expressão séria. — Nós acompanharemos essa operação de perto, dentro do meu carro. Podemos seguir algum daqueles carros ou algo do tipo, mas ficaremos na retaguarda. Como você já sabe, eu não quero confiar em mais nada e ninguém, até saber o que realmente Roy está tramando.
Conforme os militares se reuniam na parte externa em relação ao salão, aqueles carros-fortes deixavam o extenso campo da FMA, partindo para diferentes locais.
A dupla saiu do salão e caminhou até um estacionamento em área aberta. Lá estava o Mustang de Sanches.
Antes que se aproximassem do veículo, Sanches indagou o jovem:
— Você se lembra daquele papo… de que você precisaria ocultar sua identidade?
— Hum…! Claro!
— Que bom, porque eu tive uma ideia exótica! Espero que você não tenha nenhuma alergia à tinta!
— Han…?
Sanches não o respondeu.
Slezzy percebeu que Roy, Santos e os outros militares, saíram do grande salão, caminhando até um tipo de carro totalmente blindado, longe dali. Após alguns segundos, a dupla, já dentro daquele Mustang, começou a seguir o último carro-forte que partia do campo da FMA.
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