Slezzy caminhava normalmente até a portaria do prédio da FMA.

       Os soldados em volta o observavam entre relances. O nome do garoto circulava entre as bocas dos militares, não importando o nível de seus cargos.

       O forte sol daquele dia impedia que o jovem enxergasse a sua frente com clareza, além de superaquecer sua roupa social.

       Uma semana havia se passado desde o ataque terrorista à escola pública mais conhecida da cidade. Aquilo se repercutiu, além de se tornar o assunto principal de manchetes, entrevistas e acima de tudo, as redes sociais.

       Ao alcançar a portaria, Slezzy a cruzou; e logo se deparou com a recepcionista daquele local.

       Assim como do lado de fora, vários outros o encaravam ali dentro.

       — Oh! Há quanto tempo, Slezzy Kaliman! — disse Laura, sorridente e repleta de alegria. — A sua reunião no décimo oitavo andar… começará em minutos!

       Enquanto andava em direção ao elevador principal, Slezzy a respondeu:

       — Você não precisa fingir que nada aconteceu, Laura. Esse não é o seu trabalho.

       O sorriso da recepcionista desapareceu imediatamente após aquela fala. Sua face foi envolvida por um grande sentimento constrangedor.

       — Espera, você disse… “décimo oitavo andar”? — comentou Slezzy, pausando seus passos por um momento, ainda de costas para Laura. — O andar da sala do Capitão!?

       — Uhum… — confirmou ela, totalmente sem graça.

       Slezzy, percebendo que havia a decepcionado, decidiu reverter a situação:

       — Escute… — O garoto moveu sua cabeça, encarando-a de relance. — Seja lá o que todos eles estejam comentando, eu nunca ousaria sequer em pensar que você também estivesse envolvida nisso; pois sei que você é alguém… a quem eu possa confiar, Laura! — concluiu seriamente.

       A jovem se encheu de alegria novamente:

       — Obrigada, Slezzy! Fico feliz em saber que pensa isso de mim!

       Antes que o jovem retornasse ao seu trajeto, Laura sussurrou:

       — E pra falar a verdade… todos estão apenas chocados com o fato de que… um jovem recruta… pôde derrotar um dos criminosos mais procurados de Maple.

       — Então, essa é a fofoca da vez? Estou impressionado!

       Slezzy tornou a caminhar finalmente, até o elevador. Ele notou que também havia militares que sorriam para si, porém aquilo era uma rara exceção quando comparado a maioria.

       Após apertar o botão que solicitava a descida do elevador àquele andar, Slezzy ouviu alguns passos de trás de si, em sua direção, que emitiam um som conhecido, calmo e amigável.

       O jovem, vidrado na porta maciça do elevador, decidiu não se virar; pois já sabia a quem pertencia aquelas pisadas.

       — Que coisa; você também foi chamado pra essa tal reunião!? — falou Sanches, ficando lado a lado com o jovem. O tom de sua fala, transmitia o mesmo sarcasmo e alegria que conquistou a amizade de Slezzy, a meses atrás. Aquilo reconfortou o coração do garoto.

       — Me avisaram sobre isso… de última hora — respondeu Slezzy, com o mesmo tom brincalhão.

       A dupla percebeu que o elevador estava a apenas alguns andares de altura dali, através de seu som inquietante, que se aproximava.

       — Você já deve estar sabendo da mais nova fofoca, não é? — perguntou Slezzy, provocando um leve sorriso em Sanches. — É impressionante como o meu nome passou a se meter com facilidade… na boca de todos por aqui. Seja por “desafiar” os superiores do NCC… ou sair por aí caçando estes criminosos.

       — Faça chuva… faça sol… o dia é sempre o mesmo, garoto!

       Após a conclusão da fala do Agente, as portas do elevador se abriram.

       Os dois entraram calmamente. Porém, ao ocuparem o lado de dentro e se virarem de frente para as portas, se depararam com um pequeno grupo de jovens militares, que passavam por ali naquele exato momento.

       Slezzy e Sanches notaram que haviam rostos conhecidos ali: Shane, Helena, Jean e Kine.

       Ao perceber a presença de Slezzy naquele elevador, Shane cessou seus passos imediatamente para observar o garoto com precisão. Os outros membros do grupo fizeram o mesmo, ao perceberem a atitude do menino espadachim. Todos eles portavam roupas especiais e pretas, que continham linhas brancas no seu contorno.

       As portas começaram a se fechar; e no mesmo instante, Slezzy pôde ouvir com clareza as palavras persuasivas de Shane, enquanto o encarava:

       — Parece que você provou o seu valor. Espero que isso sirva de motivação a partir daqui, para que os outros tentem lhe superar. Parabéns… recruta — concluiu com a mesma expressão de seriedade, de sempre.

       O elevador se fechou em seguida.

       Slezzy se surpreendeu com aquelas palavras. Logo depois, Sanches observou a face do garoto e o abordou com um novo assunto, aproveitando do pequeno tempo que passariam ali, enquanto o elevador subia.

       — A Velinha… daquela lanchonete…

       — Han? — Slezzy relanceou seu olhar.

       — A alguns meses atrás, antes da primeira visita àquele lugar, eu investigava um assassinato que havia acontecido bem ali: a morte do ex-dono do local.

       Slezzy ficou curioso. Seu parceiro prosseguiu:

       — Segundo o relato oficial do NCC, um desentendimento entre o ex-dono da lanchonete e um homem misterioso… havia ocorrido ali. O motivo teria sido por finanças atrasadas. O principal suspeito do assassino do ex-dono foi detectado, e ele se encaixava em um perfil de agiota ou algo do tipo, porém… nunca foi encontrado até hoje.

       — Qual era o nome do ex-dono?

       — Brandt. E a atual proprietária, a Velinha, era sua esposa naquela época.

       — Mas, isso é apenas o que o relato disse — Sanches assumiu outra postura em seguida, mais séria, para continuar sua fala. — Pra falar a verdade, na manhã posterior ao assassinato, eu tive a oportunidade de visitar a Velinha. Foi assim que a conheci. Ela chorava e berrava. O corpo de Brandt estava esparramado sobre o chão do estabelecimento, que estava escorregadio devido à quantidade de sangue que o sujava. Mas… percebi que a morte do marido não era a maior razão para as lamentações daquela mulher.

       — Por que? — O jovem ficou perplexo.

       — Graças a minha sonogamia, pude perceber que um demônio estava lado a lado daquela mulher. Aquela criatura tinha uma aparência cativante: era humana, porém sua pele se encontrava em um estado degradante. Chifres saíam das pontas laterais de sua cabeça, cujo eram entrelaçados por seus cabelos volumosos e secos. Os brincos enormes de suas orelhas; e tatuagens de flores ao longo de seu pescoço chamavam bastante a atenção.

       Sanches puxou uma cartela de cigarros de um bolso do terno que utilizava, e dali retirou uma unidade. Após isso, prosseguiu, enquanto procurava seu isqueiro nos outros bolsos:

       — Um demônio pode ver outro demônio, mesmo que ambos estejam em suas formas espirituais. Então, aquela criatura sabia que eu era um mentoreado, já que poderia enxergar Rayrack ao meu lado. Torci para que ele apenas desconhecesse a minha sonogamia; e assim se deu. Logo, finalizei minha investigação e entreguei minha conclusão pessoal ao Tenente Jan — Sanches fez uma pausa ao finalmente encontrar seu isqueiro; se acalmou e tornou a discursar posteriormente, enquanto tentava acender aquele objeto desgastado por inúmeras vezes. — Deduzi que… o assassino misterioso sabia de algo, relacionado ao poder daquele demônio. Então, dominado momentaneamente por um sentimento ruim, ele decidiu matar Brandt, que havia visto seu rosto. Com base nas gravações das câmeras do local.

       — Sanches… por que está me contando isso? — perguntou, receoso.

       — Han? Você não se lembra? No dia em que nos conhecemos, lhe prometi que quando você descobrisse a “maldade” desta cidade, eu poderia lhe contar o porquê de estar “pendurando conta em uma lanchonete de fim de rua”.

       — Ah! É claro! Como eu poderia me esquecer desse dia!? — Slezzy se alegrou com o sentimento de nostalgia.

       Coincidentemente, Sanches conseguiu acender o cigarro ao mesmo tempo em que as portas do elevador se abriram.

       A dupla saiu do grande cubo de metal e pisou sobre a madeira confortável do décimo oitavo andar. Não havia nenhuma pessoa ao redor daquele corredor inicial; apenas barulhos de conversas paralelas a uma distância considerável dali. A brisa das paredes e o teto, ambos brancos, além dos fortes ventos que invadiam as grandes janelas do prédio, levantou o alto astral de Slezzy. Porém, tudo aquilo não foi suficiente para impedir sua extrema curiosidade:

       — Afinal, qual era o poder desse demônio?

       A dupla iniciou uma lenta caminhada naquele corredor, enquanto o agente mais velho, respondia seu parceiro:

       — Nos meus primeiros anos como mentoreado, e também recruta do NCC, eu tive a chance de reconhecer vários demônios… ao longo de meus confrontos por essas ruas. Incrivelmente, em uma missão de espionagem, conheci aquele mesmo demônio; e tive a chance de presenciar o seu poder. Seu nome é Anichneu. Sua classe é a de Conjurador de Manipulação Humana.

       — Manipulação Humana?

       — Esse tipo de poder, quando bem controlado, pode realizar grandes estragos, já que o detentor do mesmo, é capaz de facilmente manipular os comportamentos do humano afetado por sua magia. Isso parece ter alguma relação com a habilidade que Kayber tinha posse, com aquela espada… — Sanches passou a mão esquerda em uma parte rebelde de seu cabelo. — Sendo assim, concluí que: como Brandt era uma pessoa de terceira idade… e não lhe restava muitos anos de vida para ceder em troca dos poderes oferecidos pelos contratos de Anichneu, ele decidiu assinar apenas o primeiro, para explodir os lucros de seu negócio.

       — Hum?

       — O contrato de Midén oferecido por Anichneu, é um dos mais poderosos que já pude conhecer. É bem simples de compreender: após a assinatura do contrato, todas as pessoas que lhe entregarem qualquer coisa, de bom grado e de vontade própria… estarão na verdade… entregando a sua própria consciência e capacidade de realizar suas próprias decisões.

       — Você está dizendo… que… as pessoas que compravam naquela lanchonete, tinham suas mentes invadidas pelo poder desse demônio?

       — Exato. Para pagar a conta da lanchonete, as pessoas entregavam o dinheiro na mão de Brandt. Com isso, ele utilizava do poder do contrato para manipular a mente de seus clientes, criando um tipo de vício naquele estabelecimento. Aquilo fez com que seus negócios alavancassem, e provavelmente, chamassem a atenção de pessoas, como o assassino misterioso.

       — Uau! Esse cara… pensou em algo realmente genial! Mas, o que aconteceu com as pessoas manipuladas por Brandt após a sua morte?

       — Por regra do Coração das Sombras, todas deveriam ser libertas daquele tipo de manipulação, já que o responsável pela magia foi assassinado.

       — Interessante.

       — Após o dia do assassinato, creio que o demônio tenha feito a Velinha assinar o seu Contrato Preambular, por medo ou algum outro motivo. Desde então, visitei o lugar periodicamente, e acabei até mesmo pedindo alguns pratos. Mas, nunca paguei, pelo fato de que eu seria facilmente manipulado pelo poder de Anichneu.

       A dupla estava próxima da porta principal do escritório daquele andar.

       — Por que um demônio estaria interessado em pessoas idosas? Contraditório, não? Já que a quantidade de vida é o maior objetivo de todas essas criaturas.

       À apenas meio metro de distância da porta principal, Sanches agarrou, com sua mão desocupada, a maçaneta da mesma. Antes de abri-la, o agente respondeu o jovem:

       — Esse é só um… dentre os mais diversos mistérios, que o Mundo dos Demônios pode nos envolver, garoto — concluiu com seu clássico sorriso.

       Sanches empurrou a porta principal e se deparou com um grupo de pessoas, que cochichavam inquietamente em um canto da sala. Slezzy o acompanhou.

       A sala era consideravelmente pequena. Toda a parte lateral era formada por uma enorme vidraça, que concedia uma linda visão dos outros prédios da cidade. Havia mesas de diversos tamanhos, ocupadas por computadores, documentos e inúmeros acessórios daqueles funcionários.

       Slezzy percebeu uma notável presença em outro canto da sala: o Tenente Jan. Ele preparava um café em uma pequena máquina.

       Os funcionários, todos trajados de roupas sociais brancas, se surpreenderam com a chegada da dupla. Logo, uma daquelas pessoas se aproximou de Sanches:

       — Senhor, por favor, apague o seu cigarro! Esse tipo de prática está estritamente proibido, tanto nesse andar… quanto no prédio inteiro!

       Jan, de costas para todos os outros, riu em voz alta, enquanto ainda preparava o seu café.

       O funcionário que havia abordado o agente, se surpreendeu com a próxima atitude do mesmo: Sanches retirou um distintivo e o apontou em sua direção.

       — Agente Sanches, o melhor investigador dessa grande e ferrada cidade! Sou eu! Então… O que planeja fazer!? Me demitir? Não? Então… eu sugiro que todos vocês, secretários, saiam dessa merda de sala, imediatamente!

       Todos os funcionários se assustaram perante aquela fala.

       Em seguida, todos, além dos agentes, saíram em rápidos passos daquele pequeno escritório, pela porta principal. Eles ainda puderam ouvir uma última provocação de Sanches:

       — E NUNCA MAIS… FALEM ALGO DO MEU CIGARRO!

       Com o bater da porta principal, Sanches caminhou até o Tenente, indagando-o:

       — Até você… está metido nessa tal reunião!?

       Jan se virou, com uma xícara de café em suas mãos:

       — Se eu fosse você, diminuiria as expectativas. Pelo que fiquei sabendo, o foco dessa reunião é o garoto!

       Slezzy ficou apreensivo.

       — Certo. E onde está o “cabelinho alaranjado”? — perguntou Sanches. Seus olhos se cravaram no Tenente.

       — O Capitão Roy? Deve estar resolvendo algum assunto pendente no momento. Ainda restam dois minutos para a reunião — respondeu, tomando quase todo seu café em seguida.

       Slezzy passeava pela sala, observando as mesas, enquanto os militares trocavam informações. Ao se aproximar um pouco, o jovem pôde ouvir nitidamente uma parte da conversa:

       — De acordo com Yuki, um barco em alta velocidade foi flagrado pela Guarda Costeira, no mesmo dia do ataque terrorista realizado por Kayber e Salvador.

       — Espera… você está dizendo que a suposta “vingança pessoal” dos capangas… era apenas uma distração para que o Corvo e o restante da Asa Negra, pudessem escapar ilesos?

       — Não exatamente. Segundo a Guarda, vários capangas foram detectados no barco, e inclusive… todos conseguiram fugir com sucesso. O curioso é que o líder da máfia não estava presente.

       — Talvez… ele estivesse infiltrado entre os capangas, sem sua clássica máscara para não se entregar — sugeriu Slezzy, se intrometendo na conversa.

       — Não… aquele homem não optou por retirar sua máscara em situações piores. Então, não acho que ele faria isso agora, devido ao seu ego — respondeu Jan.

       — A questão é… Mesmo com uma fuga planejada… por que ele decidiria ficar no centro da cidade, cercado pelos militares, que estão dominando cada vez mais áreas a cada dia!? — perguntou Sanches.

       — Talvez… ele possa ter escapado por outra direção! Ou quem sabe, até ter saído da cidade pela Região Sul, não acham? — comentou o jovem.

       Jan e Sanches se encararam após aquela fala, com olhares extravagantes.

       Slezzy constatou que havia algo de estranho ali.

       De repente, os três se surpreenderam com a chegada do Capitão Roy, que havia acabado de cruzar a porta principal do escritório a apenas alguns segundos atrás.

       — Obrigado, Sanches. Todos os meus funcionários estão traumatizados, agora; e alguns pediram até mesmo demissão! — falou o Capitão.

       Sanches riu debochadamente daquilo.

       O Capitão estava vestido com a mesma roupa de sempre: seu clássico terno de tom branco. Ele carregava uma maleta preta em suas mãos.

       — Slezzy, por favor, venha comigo… — disse Roy, com seriedade desta vez, caminhando em direção a uma das mesas mais próximas da grande vidraça que cercava o escritório.

       Sanches e Jan, mantiveram suas posições, enquanto apenas observavam aquele momento.

       Ao chegarem próximo da vidraça, Slezzy se encantou pela linda visão que a mesma poderia lhe proporcionar; desde os carros a dezenas de metros abaixo até os mais altos dos prédios de Maple.

       O Capitão posicionou a maleta sobre a mesa, e logo depois chamou a atenção do jovem, antes de iniciar seu discurso.

       Slezzy se virou; encarando Roy a seguir.

       — A única razão da convocação do Tenente Jan e do Agente Sanches… foi para que você sentisse o máximo de conforto… ao realizar a sua próxima decisão.

       — Decisão?

       — Exato. Nos últimos anos, e principalmente nos últimos meses, muitas pessoas que estavam ao nosso lado, morreram sem saber a verdade que está escondida por trás de Maple, durante todo esse tempo. Muitas injustiças estão sendo cometidas diariamente, e estamos fartos de tudo isso.

       Os Irmãos Sam, que estavam atrás de seu mentoreado naquele momento, não conseguiam retirar seus olhos do Capitão. Eles estavam ansiosos pela proposta que o mesmo estava prestes a realizar.

       Roy continuou:

       — Você demonstrou o seu potencial, de todas as formas. Ao derrotar Salvador; ao acabar com a raça de Barão II… e ao deter um grande número de criminosos durante sua estadia na Operação Caos. O seu talento foi revelado, e assim, a FMA não gostaria de desperdiçá-lo.

       Slezzy o encarava atentamente.

       “— Parece que você provou o seu valor. Eu espero que isso sirva de motivação a partir daqui, para que os outros tentem lhe superar. Parabéns… recruta”. As palavras de Shane ecoaram brevemente sobre a cabeça do jovem.

       — Se lembra da invasão à prisão antiga? No final daquela operação, você estava praticamente inconsciente… e quase desmaiado sobre uma das macas dos carros de emergência… Naquela noite, as suas palavras me marcaram, Slezzy.

       — Minhas palavras? — perguntou, desentendido.

       — Você me perguntava, sobre o motivo de não ter sido selecionado para a FMA durante aquele treinamento de meses atrás…

       Roy manteve a sua postura séria e a mesma convicção.

       — Slezzy, você não foi convocado anteriormente por uma única razão: você não poderia garantir sua própria segurança, mesmo com um intenso treinamento; sem qualquer ligação com o Mundo dos Demônios, assim como Jean e Kine.

       — Espere… você está dizendo que… apenas mentoreados são recrutados para a FMA? — Slezzy perguntou com um tom de indignação.

       — E também os mais habilidosos em suas áreas. Mas tudo isso… pouco importa agora, rapaz — concluiu o Capitão, destrancando a maleta e abrindo-a em seguida.

       O jovem ficou encantado com a peça de roupa que o Capitão havia retirado de dentro dali. Seu estilo era o mesmo das que os jovens militares utilizavam, quando os havia encontrado mais cedo.

       O Capitão deu dois passos à frente e estendeu seu braço direito, oferecendo ao jovem aquela peça de roupa, que continha uma blusa de manga longa além de uma estilosa calça. Ambas de tom preto e contornadas por linhas brancas.

       — Pegue-as! — ordenou o Capitão.

       Slezzy não hesitou e recolheu aquelas roupas para si. Ele as estendeu para que pudesse visualizá-las completamente, em direção ao sol que iluminava a vidraça; girando todo o seu corpo de repente.

       Sanches e Jan ficaram extremamente felizes com aquele momento.

       — No ano que vem, com a chegada das eleições políticas, muitas coisas ainda estarão por vir. Haverá muita pressão da população; e os criminosos, mesmo que atordoados temporariamente com a queda das grandes figuras, não vão descansar. Mesmo que o império do crime esteja caindo dia após dia.

       Em seguida, Roy posicionou a mão direita sobre a testa, prestando continência ao jovem; discursando:

       — Por isso, eu, Capitão Roy Khaisara, responsável por todos os esquadrões militares dessa querida instituição, gostaria de lhe convidar, Slezzy Kaliman, para finalmente abandonar o cargo de recruta… e se tornar um membro oficial das Forças Militares Armadas, ocupando a última vaga restante do Esquadrão Setenta e Sete!

       Slezzy, friamente, movimentou o seu corpo para trás novamente, com os olhos fechados, ficando frente a frente com os três mentores.

       Com a peça de roupa especial em seus braços e um grande raio de luz solar sobre seu ombro direito, duas únicas cenas dominaram a mente do jovem: A sua última visita a Rainn, que estava em coma, internado no Hospital de Western; e uma velha promessa à Emmeline:

       “— Além de que… eu não posso te perder, Slezzy! Você sabe muito bem que… essa família foi a única que me restou após…”

       “Você não precisa dizer isso… Aqueles desgraçados, ainda vão pagar com a própria vida!”

       Após alguns segundos, Slezzy abriu seus olhos lentamente, encarou os militares; e por fim, sorriu.

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