Capítulo 86: Um Plano Melhor
Nina saiu para a escola. Como havia feito tantas vezes ao longo dos anos, mais uma vez acreditou na promessa de seu tio — acreditou que ele a esperaria na loja até que voltasse da escola.
Ou talvez ela já tivesse deixado de acreditar há muito tempo, mas ainda insistia em agir como se acreditasse.
Duncan ficou parado atrás da vitrine da loja de antiguidades no térreo, observando a silhueta de Nina correr rapidamente até dobrar a esquina da rua, desaparecendo de sua vista.
O tio Duncan ficaria na loja esperando ela voltar — ele prometeu.
“Ai, venha aqui.”
Assim que o pensamento passou por sua mente, uma chama verde-espectral cortou o ar, e a pomba apareceu diante de Duncan.
A ave inclinou a cabeça, observando seu dono com seus pequenos olhos esverdeados.
Através da conexão estabelecida pelo fogo espiritual, Duncan conseguia sentir claramente a posição e o estado da pomba — embora ainda não pudesse compartilhar completamente seus sentidos, o nível atual de percepção já permitia muitas possibilidades.
Duncan abaixou a cabeça e olhou diretamente nos pequenos olhos de Ai.
“Você é muito inteligente, não é? Entende tudo o que eu digo e pode fazer muitas coisas, certo?”
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A pomba imediatamente bateu as asas com orgulho.
“Lealdade além das palavras! Lealdade além das palavras!”
“Então, tenho uma ideia ousada e quero que você a experimente.” Duncan sorriu e tirou do bolso o amuleto do sol, que agora funcionava como um ‘alarme de aproximação de cultistas heréticos’.
Cuidadosamente, embrulhou o medalhão com um pedaço de tecido para impedir que ficasse exposto a pessoas comuns. Depois, amarrou-o com uma tira de pano no dorso de Ai, certificando-se de que ficasse bem preso.
A pomba cooperou perfeitamente do início ao fim, chegando a usar o bico para ajudar Duncan a dar o nó na tira. Parecia entender exatamente o que seu dono queria fazer — apesar de não conseguir expressar seus pensamentos com precisão, sua inteligência era praticamente humana.
“Voe livremente pela cidade e, quando o medalhão esquentar, tente localizar o ponto exato da ressonância – de preferência, identifique o prédio específico.” Duncan instruiu a pomba com seriedade. “Eu vou rastrear sua posição… Ah, e concentre-se no Distrito Inferior e no Distrito da Encruzilhada primeiro. Não vá para o Distrito Superior – não conheço bem aquela área, e só com a localização eu não conseguiria determinar o endereço exato.”
A pomba bateu as asas e inclinou a cabeça.
“Que tal um pouco de batata frita?”
Duncan manteve a expressão séria.
“Se você conseguir localizar pelo menos um, eu te enterro em batatas fritas.”
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Sem hesitar, Ai disparou em direção à porta, como se temesse que seu dono voltasse atrás.
Duncan observou com um leve sorriso enquanto a pomba subia aos céus, afastando-se rapidamente. Em sua percepção, ele podia rastrear com precisão a posição da ave e ter uma noção geral do ambiente ao seu redor.
Então, voltou ao interior da loja, pegou um mapa da cidade-estado de Pland e o colocou sobre o balcão. Enquanto observava o mapa, tentava se lembrar dos detalhes da estrutura do Distrito Inferior, ao mesmo tempo em que acompanhava mentalmente o trajeto de Ai, verificando constantemente sua localização.
Para sua surpresa, o processo era ainda mais simples do que imaginava – a conexão estabelecida pelo fogo espiritual estava mais forte do que antes. A rota de voo da pomba era como uma linha luminosa e clara em sua mente. Com o auxílio do mapa e de suas memórias, acompanhar os movimentos da ave não era nada difícil.
Este método parecia promissor.
Duncan soltou um leve suspiro e se recostou confortavelmente atrás do balcão. Ele havia prometido a Nina que não sairia por aí ‘se metendo em perigo’ – e pretendia manter essa promessa.
Mas ninguém disse que ele não podia soltar a pomba para caçar enquanto escrevia denúncias em casa…
Para ser justo, este método era muito mais eficiente. Uma pomba que pode voar tem uma taxa de sucesso muito maior do que ele vagando pela cidade em um veículo, tentando encontrar pistas ao acaso.
É claro, havia desvantagens. Se Ai encontrasse um esconderijo de cultistas heréticos, ele não teria como se infiltrar e obter informações por conta própria. Sua única opção seria denunciá-los.
Mas Duncan não se incomodou muito com essa limitação. Baseando-se na experiência da última reunião do culto, era evidente que os cultistas fáceis de encontrar geralmente eram apenas peões coletando informações nas camadas inferiores. O valor de suas informações já era limitado.
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Agora, se Ai realmente detectasse um ‘peixe grande’… então haveria formas de lidar com isso.
Afinal, a pomba Ai não era apenas uma entregadora de encomendas…
Se um peixe grande fosse descoberto, Duncan poderia simplesmente ordenar que Ai abrisse um portal no local e teleportasse a pessoa diretamente para o Banido. No final das contas, estando a bordo de seu navio, ele teria um ambiente muito mais conveniente para conduzir um interrogatório detalhado.
Ele ainda não havia testado a habilidade de Ai de teleportar um ser humano. Não poderia experimentar isso com cidadãos inocentes – mas com aqueles sacerdotes hereges, que passavam o tempo livre arrancando corações, a situação era diferente.
Se necessário, eles poderiam servir como… ‘cobaia’.
Duncan recostou-se na cadeira, monitorando a posição de Ai enquanto elaborava seu plano. Quanto mais pensava, mais perfeito lhe parecia. Seu rascunho de denúncia, o esboço dos interrogatórios, o fluxo de busca e teleporte – tudo já estava pronto. Só faltava uma ‘bolsa de ouro ambulante’ chamada crente do Sol para financiar a operação.
O único detalhe pendente era como explicar para Nina se as autoridades realmente pagassem uma recompensa pelas denúncias. Afinal, ele havia prometido que não sairia ‘caçando’.
Duncan refletiu por um momento e, de repente, teve uma ideia.
Neste mundo, que já havia alcançado um estágio industrial, existia um sistema chamado banco.
Era um resultado inevitável do desenvolvimento econômico e produtivo – uma infraestrutura essencial.
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Embora o sistema bancário deste mundo não fosse tão avançado ou acessível quanto o da Terra, pelo menos a funcionalidade básica de contas bancárias existia.
As cidades-estado do Mar Infinito até haviam estabelecido um sistema financeiro interligado – mesmo que mantê-lo fosse um desafio imenso, eles conseguiram construir essa rede.
O antigo dono deste corpo não havia tido muito sucesso na vida e, consequentemente, nunca abrira uma conta em um banco da cidade-estado – o que era algo comum no Distrito Inferior. Normalmente, apenas as pessoas respeitáveis do Distrito Superior atingiam o ‘nível’ de lidar com bancos. Mas, tecnicamente, as instituições bancárias estavam abertas para todos os cidadãos.
E havia um banco no Distrito da Encruzilhada.
Com isso em mente, Duncan tomou uma decisão.
Nos próximos dias, ele iria até o Distrito da Encruzilhada e abriria sua primeira conta bancária neste mundo. Dessa forma, quando suas atividades no mundo humano aumentassem, a movimentação de fundos ficaria muito mais conveniente.
Mesmo se não pensasse no futuro, essa solução resolveria um problema imediato – ao escrever denúncias, ele não precisaria mais fornecer um endereço para receber a recompensa. Bastaria deixar os dados da conta.
É claro, ele ainda precisava testar se esse plano funcionaria na prática. Afinal, o antigo Duncan não tinha muita experiência lidando com o setor de segurança da cidade-estado – ou, para ser mais preciso, não tinha muita experiência positiva.
Mas, em sua análise, a ideia parecia bastante viável.
Neste mundo onde a segurança era instável, denúncias anônimas provavelmente eram a escolha natural para muitos cidadãos bem-intencionados que preferiam agir com cautela.
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Quanto a hoje… Duncan decidiu que passaria o dia tranquilamente na loja de antiguidades.
Isso não era apenas por querer seguir à risca sua ‘promessa’ para Nina. Era também porque esta era a primeira vez que ele deixava Ai voar tão longe e dependia do fogo espiritual para rastrear sua localização. Como ainda não estava totalmente familiarizado com esse processo, precisava manter um alto nível de concentração, e para isso, era essencial estar em um ambiente estável.
Outro motivo era que ele realmente precisava, pela primeira vez, tentar administrar o negócio – desde que assumira a loja, ainda não tinha feito uma única venda.
Duncan espreguiçou-se e se levantou de trás do balcão. Caminhou até a porta, pendurando do lado de fora a placa de ‘Aberto’.
Agora ele tinha um plano mais estruturado e novas estratégias a seguir. E pensar que tudo isso começou com uma simples promessa feita a uma garota de dezessete anos…
Era, sem dúvida, uma experiência curiosa.
Nos arredores da Distrito da Encruzilhada, dentro de uma fábrica abandonada e em ruínas, guardas da igreja, vestidos com longos mantos negros adornados com bordas prateadas, já haviam cercado a área com uma barreira de segurança.
Vestindo uma armadura leve e carregando uma Espada Sagrada, a Inquisidora Vanna desceu as escadas inclinadas que levavam ao porão da fábrica, acompanhada por dois Sacerdotes do Mar Profundo.
O local permanecia inalterado desde sua descoberta. Assim que os primeiros guardas chegaram e identificaram o espaço como um local de reunião herege, ele foi imediatamente isolado.
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O cheiro de sangue era enjoativo no vasto porão, misturado ao odor acre de substâncias químicas queimadas pelo fogo. Os corpos dos cultistas estavam espalhados pelo chão em posições grotescas. No entanto, além dos cadáveres desses hereges do Sol, não havia qualquer vestígio do ‘agressor’.
Nenhum outro corpo. Nenhum pedaço de roupa descartado. Nada.
Vanna franziu levemente a testa.
Isso não foi uma batalha.
Foi um massacre unilateral.
O atacante superou imensamente esses cultistas, que em sua maioria eram apenas pessoas comuns. E tudo aconteceu de maneira tão súbita que muitos deles nem tiveram tempo de reagir antes de serem mortos.
Quem poderia ter feito isso?
Um forasteiro extraordinário, com um rancor pessoal contra os cultistas?
Uma seita herege rival, com poder suficiente para esmagá-los?
Ou… um ritual de sacrifício que saiu do controle, no qual esses tolos acabaram invocando algo que nunca poderiam dominar?
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A jovem inquisidora mergulhou em pensamentos profundos.
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