Índice de Capítulo

    Circe chegou a um dos vilarejos pouco tempo depois, seguindo por suas ruas e portando a foice. Optou por não esconder a arma por duas razões: queria ser chamativa e precisava estar armada para lutar com poder máximo. Atrair a atenção de todos provavelmente faria Rotsala aparecer mais facilmente, e era isso que queria.

    Conforme a fumaça das chaminés atravessava o ar, centenas de pessoas caminhavam. Os passos, com seus sapatos rudimentares, ecoavam a cada batida no caminho de pedras escuras. Os conjuntos pedregosos que demarcavam as ruas entrelaçavam-se e seguiam para a margem do grande lago luminoso.

    Era madrugada, mas tudo parecia muito animado e ativo por lá.

    Não era raro encontrar papéis úmidos largados entre ruas, sendo congelados e desmanchados pela umidade. Todas as letras estavam ilegíveis.

    “Esses papéis são jornais?”

    “Já deveria existir isso nessa antiguidade?”

    Estranhamente, ninguém parecia se importar com ela carregando sua arma de um lado para o outro. Tratavam a foice com normalidade, algo corriqueiro.

    Enquanto questões sobre a tecnologia e cultura do mundo percorriam seus pensamentos, esbarrou em uma criança. O garoto caiu sentado na neve. Tiveram uma troca de olhares prolongada, e algo inesperado veio:

    — Que foice bonita, moça! Veio ajudar na colheita no lago?

    Circe assentiu ao menino que julgou ter algo entre oito a nove anos. Ela cravou firmemente a arma na neve, ao lado dele.

    — Pode olhar mais de perto se quiser — disse, amigável.

    “Então é por isso que acharam normal?”

    “Deve ser comum usar foices por aqui… Aquelas plantações próximas ao lago pareciam enormes mesmo.”

    Através de uma breve conversa com a criança, Circe descobriu que naquela madrugada ocorreria a colheita mensal. Todas as plantas sob influência do lago cresciam aceleradamente e em perfeita sincronia, amadurecendo e dando frutos no mesmo dia.

    O líder daquele agrupamento de vilarejos já estava lá, segundo o que o garoto disse. Pressupondo que se tratava de Rotsala, ou que havia envolvimento dele nisso, ela se despediu e rumou para o lago.

    O vento ficava cada vez mais intenso, fazendo algumas tochas pelo caminho se apagarem como meras velas. A escuridão, no entanto, não reinava lá. O brilhante ciano das águas fazia as trevas naturais uma impossibilidade à margem.

    Parou atrás de uma grande cerca de madeira, apoiando-se nela. Balançava a foice e analisava os arredores.

    “Ninguém está prosseguindo até as águas…”

    “Tem algum motivo para isso?”

    Circe estreitou os olhos para tentar distinguir o outro lado da margem. Com sua visão aguçada, conseguiu notar pequenas movimentações em outro vilarejo. Repetia-se o ato, ninguém parecia cruzar um certo limite.

    Um agourento e grave estalo ressoou pela região, trazendo uma chuva de papéis. Não seguiam o vento, não respeitavam a física de qualquer maneira. Desciam como pedaços de pedra, velozes e impiedosos.

    “O q-que é isso?”

    Iluminados pelo lago ciano, pareciam formam um paredão branco-azulado nas alturas. Cada uma das folhas voou até seu alvo. No instante que aquilo chegou aos pés da deusa, ela teve o impulso de pegá-lo.

    “Um jornal?”

    Motivada pela curiosidade, desatou o nó que segurava o jornal bem fechado e enrolado. O barbante tocou o chão nevado e, naquele momento, quem gelou foi Circe. Um calafrio percorreu todo o corpo, dos pés à cabeça.

    Tragédia às Margens do Lago: Circe Encontrada Decapitada em Cena Macabra!

    Reportagem por: Vall Rotsala Farall, Correspondente de Segurança e Justiça.

    Em um desfecho chocante e sombrio, Circe foi encontrada morta no amanhecer, vítima de uma decapitação brutal. O cenário do crime, às margens do icônico lago, foi marcado por detalhes assustadores: sua foice, ferramenta que a acompanhava em suas atividades, estava destroçada ao seu lado, enquanto parte de seu sangue já se diluía nas águas tranquilas do local.

    — Ele sabia que eu estava aqui?! — A voz saiu esganiçada e irregular, assustada.

    No centro do lago, irradiou um vermelho puro. Emergiu das águas um galeão — um navio de pouco mais de quarenta metros de comprimento —, perturbando a calmaria das águas. As velas içadas aproveitavam-se dos ventos congelantes para seguir.

    “Mas que coisa é essa?! Como tinha um navio desses afundado nas águas?”

    Ao abaixar o olhar por reflexo, viu no fim do jornal algumas poucas palavras:

    Circe poderia ter impedido esse destino cruel ajudando na colheita. Por não ter feito isso, encontrou um fim doloroso e amargo.

    Era um cenário muito confuso e repentino, mas não restava muito tempo para pensar criticamente. Ela ergueu a foice e pulou várias centenas de metros em direção ao centro do lago, ficando acima da grande embarcação em questão de segundos.

    Em queda, girou a arma nas mãos e proferiu: — Revelação: Agregação Púrpura!

    A foice foi infestada de chamas roxas extremamente intensas. O olhar semicerrado da divindade buscava a posição exata em que ele poderia estar. No ar, surgiram centenas de suas criaturas de rasgos na realidade, mergulhando contra o barco.

    “Ele deve estar lá dentro em algum…”

    Na proa, avistou a figura sentada em uma cadeira de praia, bebendo água de coco com um canudinho rosa. Tinha um jornal aberto sobre as pernas e uma caixa de bombom ao lado em uma mesa com alguns papéis.

    “Bombom?”

    “Espera aí, nem é isso que me irrita mais! Esse idiota acha que vou aturar ele relaxando assim na minha frente após uma ameaça de morte?!”

    Foi questão de tempo até várias das invocações de Circe atingirem o convés e outras parte da embarcação. A cada toque, tudo tornava-se mais e mais roxeado. Coloriam a madeira e preparavam-na para sua mestra.

    Ela chegou ao nível do barco, acertando em cheio o ponto mais roxo de todos. Parte da madeira foi apagada da existência, decaindo ao vazio eterno. Fumaça obscura tomava o lugar onde anteriormente havia matéria.

    — Você é Rotsala?! — Bateu a foice contra o chão do convés, cercada das invocações, enquanto a estrutura inteira rangia pela falta dos materiais que sumiram.

    As criaturas que não acertaram o alvo diretamente afundavam nas proximidades.

    — Adoro esse bombom de banana, mas parece que não vou poder aproveitar, né não? — Ele levantou da cadeira de praia com um largo sorriso no rosto. — Circe, você parece bem perigosa…

    O homem gerou um novo jornal e, a partir dele, criou uma muleta do nada. Apoiado nela, permanecia sorridente e animado como uma criança.

    “Jornais, bombom, um maldito galeão! Ele…”

    — Você não é desse mundo? — perguntou receosamente.

    — Bingo, madame! — Ele ergueu a mão livre. — Sou novo por aqui, mas ganhei uns poderes muito saborosos! Yavavahahaha!

    “N-niguém além de mim deveria ter a permissão de cruzar realidades… De onde saiu essa pessoa?”

    “Ele é realmente uma anomalia, m-mas de onde ele veio?”

    O homem possuía cabelos vermelhos arrepiados com pontas escuras, quase cobrindo seus olhos. Junto da volumosa barba e grande bigode, parecia um leão de juba escarlate. Seu olhar, marcado por uma sombra cinza carregada e um delineado preto, brilhava de alegria ao fitar Circe. Ele avançou alguns passos, ajustando suas roupas com cuidado: uma camisa branca de mangas compridas e um longo manto negro aberto, decorado com padrões triangulares.

    — Me diga quem é você e de onde veio! — Ela deixou a energia nefasta percorrer o navio inteiro. — É uma ordem!

    — Opa, opa, lindona! Calminhaaa! — Rotsala ergueu a muleta. — Yavavavaahahaha… É melhor botar essa foice aí pra trabalhar na colheita! Lembra da notícia?

    “Essa aberração… preciso restringir isso agora!”

    Circe comandou a escuridão a descer sobre o lago ciano. As sombras e trevas devoraram a luminosidade e o som de tudo ao redor, deixando as vilas e o inimigo em um breu.

    “Ótimo, agora ele não pode falar para usar suas Revelações. Eu vou…”

    Igual vidro, a escuridão se rachou e foi partida em milhares de pedaços bem na frente dos olhos dela. O som retornou e a luminosidade do lago também. Rotsala não estava mais lá.

    — C-como?!

    Tomada por um frio na barriga, uma ansiedade torturante, mandou suas criaturas checarem cada mísero canto das águas e do interior da embarcação. A resposta chegou em pouco tempo: nenhum sinal dele nas proximidades.

    “Eu deveria usar meu melhor ataque?”

    “Ahh… Onde ele está?!”

    Um clarão ofuscou-lhe a visão, e ela cobriu os olhos rapidamente por reflexo. Grunhiu, incomodada antes de acostumar-se à claridade repentina. Abriu os olhos e viu algo que fazia menos sentido ainda.

    Uma, dez, cem delas; diversas luas tomaram o céu acima. Cada uma delas em fases ou fenômenos diversos. Luas cheias, minguantes, crescentes, novas e de sangue. O coração de Circe parou por um instante perante aquela visão absurda.

    Quando se deu conta, cada uma de suas criaturas estava desmanchada no chão do barco; pareciam açúcar derretido. No segundo seguinte, entre um mero piscar de olhos, a situação piorou.

    “Espera…? O mundo está…?”

    Estar de pé em uma parede, essa era a sensação que caminhava por seu cérebro. O barco, o lago e o território circundante parecia estar de lado em sua percepção. Olhando os arredores, sentia-se tonta e um pouco enjoada.

    Caiu do céu e cravou-se na madeira um jornal, o exato mesmo de antes. A notícia sobre sua decapitação que ocorreria no amanhecer.

    “Onde está esse covarde?”

    “Com certeza ele está por perto! Posso apagá-lo da existência, mas não quero matar a população…”

    — Uma invasora contra um invasor… Vamos testar quem é mais perigoso! — Ergueu a foice e concentrou uma quantidade massiva de Roha.

    Emergiram das águas e do solo uma bizarra quantia de suas invocações. Na casa das dezenas de milhares, rapidamente tornaram tudo no mais puro roxo. A realidade dilatava-se e parecia lamentar a própria existência.

    “Isso vai tocar ele em algum momento, é questão de tem…”

    Circe caiu no chão, derrubada por uma energia opressiva e avassaladora. Seu corpo forçado contra o convés, tentando, em vão, levantar-se. Por mais que fortalecesse o corpo, não conseguia sair do lugar.

    Todas as criaturas foram aniquiladas. O roxo que antes dominava o região desapareceu como uma mancha apagada por um pano úmido. Ela sentiu o mundo se inverter novamente, e tudo parecia estar de cabeça para baixo.

    Rotsala reapareceu à sua frente, com um sorriso enigmático. A sensação de estar diante dele era insuportável. Circe queria desaparecer, fugir, morrer… qualquer coisa que a tirasse daquela situação. Finalmente, ela compreendeu o que os outros deuses queriam dizer sobre uma sensação horrenda.

    Esmagada pelo mau agouro e terror, lacrimejava. Cada segundo naquele inferno parecia se desdobrar em infindáveis outros. O que deveriam ser poucos segundos logo tornaram-se minutos, horas, dias, meses, tudo contido em míseros momentos entre piscares de olhos.

    — Não adianta lutar contra mim… Dentro do território que cerca esse lago, sou eu o único e verdadeiros deus. — Gerou outro jornal e passou a lê-lo de pé diante dela. — Sou capaz de remodelar o futuro e criar ilusões com meus jornais…

    — Você… — balbuciou, a voz trêmula e chorosa.

    — Eu já testei, qualquer coisa que apareça nos jornais vai se concretizar, mesmo que seja fisicamente impossível. Então é melhor que você siga minha recomendação: vá colher os frutos na beira do lago.

    O espaço foi revertido aos seus sentidos originais, fazendo as direções voltarem a soar corretas. Circe tossiu, contendo uma ânsia de vomito estranha. Não tinha nada no estômago, mas mesmo assim a vontade surgiu.

    “Esses… esses poderes só funcionam no lago…?”

    “Eu preciso fugir daqui…”

    Os lábios pressionados um contra o outro abriram-se para dizer o nome do Deus do Enigma, Ni, para poder sair de lá. Entretanto, as palavras que saíram de sua boca foram: — Estou pensando em me teleportar para fora da área de efeito dos poderes de Rotsala…

    — Honestidade é uma benção… — Deu uma risada baixa e falhada.

    Circe notou ele segurando um outro jornal, apresentando uma notícia de que ela diria todos os seus planos antes de realizá-los. Enquanto o galeão começava a afundar, ela arregalou os olhos e cobriu a boca rapidamente.

    “É muito difícil lidar com esse nível de m-manipulação da realidade… Parece que ele pode se antecipar e anular todos os meus atos…”

    “Deve haver um limite para isso ou alguma regra geral…”

    “Encontrar uma brecha! Preciso fazer isso logo”

    — Você continua bem animadinha, né? — Ele coçou a nuca, tranquilo. — É melhor só desistir e ir colher os frutos… Não existe chance. É meio feio ser uma má perdedora.

    “É verdade… Já deve ter antecipado isso…”

    Circe limpou as lágrimas que escorriam pelo rosto. Ainda afligida pela sensação demoníaca, pegou a foice e encarou Rotsala antes de pular para fora do galeão.

    O homem que parecia um leão vermelho, por conta da cabeleira, retornou à cadeira de praia na proa. Acomodou-se e voltou a degustar dos chocolates, mesmo ocorrendo o afundamento. A água invadia partes furadas e inexistentes, avançando mais e mais.

    Vigiada pelo carrasco inevitável, começou a cortar coisas como trigo e milho, separando em pilhas. Pegava frutas e legumes com rapidez, organizando tudo pela margem do lago brilhante. As cem luas ilusórias refletiam naquele azul.

    Seguiu assim por algumas horas, até ver a luminosidade do sol despontar no horizonte e quebrar a escuridão. Perdurava nos pensamentos a condição de sobrevivência exposta no jornal. Colhia, imparável, crendo que era a única esperança.

    No momento em que o primeiro raio de sol ultrapassou diretamente o horizonte do céu rosado e laranja, caiu um novo jornal diante dela. Apreensiva, pegou e leu.

    Grande Colheita às Margens do Lago: Circe Ajudou na Colheita!

    Reportagem por: Vall Rotsala Farall, Correspondente de Agronomia.

    Em um desfecho chocante, Circe colheu metade dos alimentos sozinha, ajudando os povoados locais. O cenário, às margens do icônico lago, foi tomado por suculentos legumes e frutas. Sua foice, ferramenta que a acompanhava em suas atividades, precisa ser amolada após isso.

    — Opa! — Ele acenava logo atrás.

    A deusa virou-se e viu uma multidão de pessoas. Homens, mulheres, crianças e idosos seguiam o jornalista do lago ciano. Circe viu, desnorteada, Farall estender a mão para ela com um cálice prateado.

    — O que é isso…?

    — Vinho. — Balançou o recipiente, sorridente. — Não gosta?

    Ela agarrou, bebeu tudo num único gole e, só então, percebeu que tinha algo diferente. Os ombros leves e livres não eram mais pressionados pela energia aterrorizante de antes.

    — Dá para me dizer o que está acontecendo aqui…? — Caiu sentada na terra fofa, sentindo-se exausta, mesmo que fisicamente incapaz disso.

    — Sou o líder de todas essas vilas e vilarejos ao redor do lago há alguns meses! — Gargalhou e apontou para os moradores. — Podem confirmar o que digo? Nossa visitante precisa saber.

    Alguns moradores levantaram a mão para falar.

    — É verdade! Ele é esquisito, mas é gentil e um bom líder! — opinou uma jovem.

    — Ele conseguiu descobrir um método mais eficiente de plantação na margem! Nós conseguimos comer melhor agora!

    — Nãão tenho certeza se isso é relevaaante, mas esse cabeludo me deu um tal de sorvete! — falou um idoso com voz rouca e acentuada. — Quase xinguei ele pensando que tinha jogado tinta em neve para tentar me enganar! Mas era uma delícia!

    Logo uma série de relatos extremamente positivos tomaram conta do lugar. Circe ficou incrédula e acuada, bem encolhida no chão enquanto ouvia tudo. O olhar da deusa para o jornalista misturava desconforto e respeito.

    “Ele é realmente alguém bom?”

    Após um grande grupo de pessoas ter relatado fatos sobre Rotsala, ele pediu para todos agradecerem a visitante pela ajuda com a colheita.

    Uma salva de palmas e uma comemoração se seguiu. Perdida e confusa, deixou-se levar pela situação e apenas aceitou com um sorriso bem incerto no rosto.


    O sol brilhava acima, trazendo um mínimo de calor para aquelas terras desoladas. Algumas pessoas aproveitavam o horário para pescar peixes exóticos no lago.

    “Essa situação é humilhante. Estou mesmo sendo levada sem opções?”

    — Falta pouco para nossa conversinha! — Apontou para ela, exibindo uma tranquilidade anormal.

    — Tudo bem… eu acho…

    Caminhavam sozinhos pela neve até uma cabana afastada. Fumaça subia pela chaminé, trazendo o pensamento de que havia outra pessoa lá, esperando por eles. Não teria como o fogo ter durado todo aquele tempo em que ficaram no lago.

    — Tenho uma pergunta: esse é mesmo seu nome de batismo?

    — Nada! Vall Farall eu mudei no cartório porque perdi uma aposta pra minha irmã, e Rotsala é só o nome ao contrário de um personagem que eu gostava muito.

    — Você fica cada minuto mais estranho…

    — Sou do Brasil, é inevitável ser estranho.

    — …Onde é isso?

    — Um país do meu antigo mundo! Morava lá antes de morrer e vir pra cá!

    A porta da cabana foi aberta, dando-lhes visão de um homem de cabelos grisalhos sentado ao lado do fogo suave da lareira. Ele esfregava as mãos e esperava algo em uma pequena panela ficar pronto.

    — Quem é esse? — indagou Circe, olhando por de trás do ombro dele.

    — Meu vô… — Deu uma risadinha nervosa. — Também veio pra esse mundo, mas veio antes de mim.

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